Por
aqui temos bastante respeito pelo microbiologista James Shapiro, que tem tido a
coragem e a integridade de comparecer no ENV recentemente e discutir sobre a evolução com
William Dembski, Doug Axe e Ann Gauger. Além de ter um novo livro recém-lançado que detalha suas insatisfações
com a teoria darwinista convencional e que defende um ponto de vista
alternativo provocador, Shapiro também blogueia no Huffington Post. Ele continua a ganhar nossa admiração, embora
evoque também alguma acrimônia. Em
uma postagem que chamou bastante atenção, ele tinha algumas coisas sensíveis para dizer aos
colegas evolucionistas. Em vez de se esconder por detrás de “afirmações
absolutistas tipo ‘todosos fato estão do meu lado’”, como faz seu colega Jerry
Coyne, da Universidade de Chicago, Shapiro defende “participação ativa” com os
críticos de Darwin. Entrar na controvérsia sobre a evolução, ele disse, em vez
de fingir que ela não existe.
Quem
sabe até ensiná-la? Shapiro não vai até aí, mas a permissibilidade em admitir a
verdade até para os jovens parece dedução de sua premissa: “Nós precisamos
demonstrar que a ciência de evolução está viva e bem, bem como mostrar como ela
está fazendo progresso notável por meio da aplicação de tecnologias moleculares
- muito embora não tenha todas as respostas.”
Para
o ponderado, cujo trabalho é descobrir os processos naturais, isso é
certamente uma melhor maneira de defender o método científico do que afirmar
dogmaticamente que descobrimos todos os princípios científicos de que precisamos
nos séculos passados. Aos defensores da evolução, ele aconselha que eles devem
admitir que não têm todas as respostas, inclusive sobre uma questão importante
como a origem da vida. Numa impressionante, mas cândida afirmação, ele
escreveu:
“A
fim de sermos confiáveis, precisamos reconhecer que para certas questões, como
a origem das primeiras células vivas, atualmente não existe resposta científica
confiável. Todavia, considerando-se o registro histórico da ciência e da
tecnologia em alcançar o ‘impossível’ (e.g., voos espaciais, telecomunicações,
computação eletrônica e a robótica), não há razão para se acreditar que
problemas não resolvidos permanecerão indefinidamente sem respostas
naturalistas.”
Certamente
que há espaço para se questionar Shapiro sobre o porquê de nossa capacidade de
voar até à Lua dar lugar para a certeza de que uma explicação puramente “naturalista”
da origem da vida irá surgir. O voo espacial é uma realização que acontece em
um mundo material, mas, mais direto ao ponto, é um triunfo de engenharia -
também conhecido como design
inteligente. Isso não poderia ser realizado de modo algum sem a direção de designers com um propósito intencional.
Mas
repare na concordância implícita com Stephen Meyer (Signature in the Cell: DNA and the Evidence for Intelligent Design): todas as explicações
materialistas para “as origens das primeiras células vivas” têm, na verdade,
até a presente data, falhado miseravelmente. Em seu livro, Meyer mostra como a
evidência aponta persuasivamente para a ação de alguma fonte de agência
inteligente. Sob as circunstâncias, se Shapiro estiver certo, isso faria do design inteligente, por default, a única teoria viável da origem
da vida.
Fora
o gesticular para o avanço da tecnologia como uma razão para se manter a fé no
naturalismo, seria interessante saber como Shapiro responde ao caso de Meyer.
E
o que é agudo? Bem, quando defensores de qualquer ideia - seja o socialismo, a
psicologia freudiana ou a evolução - começam a falar sobre a necessidade de
mostrar como sua teoria está “viva e bem”, isso é, tipicamente, um sinal
sinistro. As pessoas somente falam dessa maneira de ideias que estão de fato
moribundas, e não daquelas que na verdade estão bem de saúde.
(David Klinghoffer, Permalink)
Nota do blog Desafiando a Nomenklatura Científica: “James Shapiro deu um exemplo de finesse e uma verdadeira aula de etiqueta e honestidade acadêmica, muito diferente da estratégia adotada por Carlos F. M. Menck, Catarina Satie Takahashi, Darcy Fontoura de Almeida, Fausto Foresti, Francisco Mauro Salzano, Guilherme Kurtz, Henrique Krieger, Horacio Schneider, Mara Hutz, Paula Schneider, Roberto Giugliani, Samuel Goldenberg, Sergio Olavo Pinto da Costa, Sergio Pena e Vera Valente Gaiesky, que enviaram uma carta ao presidente da Academia Brasileira de Ciências, sem mencionar o nome do cientista envolvido, expressando preocupação ‘com a tentativa de popularização de ideias retrógradas que afrontam o método científico, fundamentadas no criacionismo, também chamado como design inteligente’, afrontados que foram ‘pela divulgação de conceitos sem fundamentação científica por pesquisadores de reconhecido saber em outras áreas da Ciência’. Logo em seguida, foi destacado no jornal O Estado de S. Paulo que um grupo de cientistas preocupado com questionamentos feitos contra a teoria da evolução com base não em argumentos científicos, mas em dogmas religiosos ‘disfarçados’ de ciência, propôs à Universidade de São Paulo a criação de um Núcleo de Apoio à Pesquisa (NAP) sobre Educação, Divulgação e Epistemologia da Evolução Biológica. A proposta foi assinada por Nelio Bizzo, da Faculdade de Educação da USP, Mario de Pinna, do Museu de Zoologia da USP, Paulo Sano, do Departamento de Botânica da USP, Maria Isabel Landim, também do Museu de Zoologia, e Acácio Pagan, do Departamento de Biociências da Universidade Federal de Sergipe. Nessa reportagem, apareceu o nome do cientista que está causando todo esse furor na terra incógnita da evolução: Prof. Dr. Marcos Nogueira Eberlin, Unicamp, membro da Academia Brasileira de Ciências e do Núcleo Brasileiro de Design Inteligente; o segundo cientista brasileiro mais citado em publicações científicas. Traduzindo em graúdos: tudo isso acima revela a orquestração de um plano maquiavélico em ação por etapas. Razão? A Nomenklatura científica é antropofágica e destruidora de carreiras acadêmicas estabelecidas e promissoras daqueles que ousam desafiar os paradigmas vigentes e propor novas ideias, hipóteses, teorias. Sem mais comentários... por ora!”