quarta-feira, maio 26, 2010

Projeto Atlanta: Restaurante Cuatro Cruzes

Retomar o projeto Atlanta não foi fácil. Não poderia voltar a Costa Rica sem o visto norte-americano. Mas, por um milagre, me concederam o visto de turista e de negócios por cinco anos. Com o visto em mãos, sai buscando patrocínios. Bati em muitas portas abastadas e todas me fizeram promessas. Me deram “chá de cadeira” e, por fim, recebi um não amargo e definitivo. Restou-me a alternativa de comprar a passagem parcelada para San Jose, capital da Costa Rica, onde interrompi a viagem para vir ao Brasil retirar o visto e buscar apoio financeiro. Acho incrível que, mesmo sendo eu o único brasileiro adventista que sai de seu país montado numa bicicleta, cruzando as três Américas, não encontre quem me ache digno de um patrocínio completo... Não fosse a misericórdia de Deus e alguns bondosos irmãos que têm tirado de suas economias uma parte para me ajudar, esse projeto poderia ter naufragado. Porém, tenho me dedicado a esse serviço tão-somente por ter a certeza de que meu testemunho pessoal tem salvado vidas de diversas nações.

A glória pertence a Deus, e quando Ele quiser, abrirá as janelas do Céu e terei que construir muitos celeiros na terra para conter Suas bênçãos sem medida!

No dia 26 de maio, às 16h, o avião procedente de São Paulo pousou em San Jose. Peguei um taxi e desci na casa do pastor Michael Castro, que estava guardando a “gorducha” (minha bike). Meus olhos brilharam quando vi meu veículo de viagem. Posso até dizer que senti falta dela.

No dia seguinte, às 7h, levei a bicicleta para trocar o cambio traseiro e a corrente que haviam sido danificados na Sierra de la Muerte, na chegada a Costa Rica.

Às 11h desta terça-feira, 27, após me despedir do pastor e sua família, saí “desesperado” para a rodovia Interamerica. Alcançando-a, pedalei rápido por 91 km até que cheguei à cidade chamada Cuatro Cruzes. Eram 18h30 quando cheguei nesse lugar. O sol já tinha se escondido no horizonte. A estrada, sem acostamento estava muito perigosa para prosseguir e então resolvi dormir ali.

Como para essa etapa levo uma barraca, procurei um posto de gasolina e pedi que me deixassem armar a barraca e dormir até o dia clarear. Recebi um não. “O patrão não permite”, disseram os frentistas. Fui a um posto policial próximo. Disseram não haver espaço para a barraca. Fui a um restaurante e pedi para armar no pátio. Dessa vez, a resposta foi sim, porém, era necessário esperar o estabelecimento fechar depois das 22h. Aceitei e, em minha pequena barraca, dormi a primeira noite após o retorno. Sem direito a janta. “Jantei” uma garrafa de água mineral de um litro e meio. Para mim, dormir em hotel ou mesmo comer mais de uma refeição por dia é um luxo. Na verdade, confio que Deus me susterá e fará multiplicar o pão que chegue às minhas mãos.

Agora, minha única alternativa é olhar para frente. Seguir os passos do Mestre. Confiar nas promessas dEle. Acreditar que sigo amparado por Seus anjos. Ter a fé de que este projeto agrada aos seres celestiais e que sou amado por Deus. Sou como um grão de areia diante dos homens. Nem um pouco desejado. Mas tenho fé de que meus passos levando as boas-novas do reino eterno a todos merecem consideração diante do trono do Altíssimo. Não fosse assim, como estaria aqui? Dormindo dentro de uma pequena barraca, a quilômetros dos braços de minha amada Francis e dos meus queridos filhos Gregori e Glendali, Além do que, meu Brasil é o país mais lindo do mundo. Pelo menos até o que conheço agora.

Por isso tudo, continuo seguindo para os Estados Unidos, montado na “gorducha”. Gostaria de ter o privilégio de tê-lo comigo outra vez.

Vamos juntos porque Deus esta aqui!

(George Silva de Souza, atleta e autor livro Conquistando o Brasil)