quarta-feira, maio 04, 2011

“Dança do poste para Jesus”?

Minha [do Mark Oppenheimer] amiga Rachel, uma advogada das liberdades civis, me enviou o link na semana passada. Eu cliquei e vi uma reportagem de TV local do Texas. “Os movimentos de dança antes reservados para clubes de strip-tease estão sendo adotados por mulheres devotas”, afirmava o apresentador. O repórter então nos apresenta Crystal Deans, uma ex-stripper que oferece aulas gratuitas de “pole dance” (dança do poste) para as mulheres que decidem por seu curso, oferecido na igreja para melhorar a forma de sua vida, em seu estúdio em Spring, Texas, nos arredores de Houston. A “Dança do poste para Jesus” é irresistível. As aulas de Deans foram mostradas na televisão e jornais de todo o país, além de websites, incluindo AOL, Huffington Post e, por qualquer motivo, o The Advocate, uma revista popular entre leitores homossexuais. Mas por quê? Os Estados Unidos são o país onde as pessoas fazem dieta por Jesus, lutam boxe por Jesus, apostam corrida por Jesus, jogam golfe em miniatura por Jesus. Na verdade, uma busca no Google por qualquer hobby e a frase “por Jesus” resultará em uma comunidade alegando que o passatempo é feito em nome do Senhor.

O filósofo católico Charles Taylor, autor de A Idade Secular, identifica essa santificação daquilo que é particularmente comum como algo tradicionalmente protestante: Por que não tentar encontrar Deus no ato de fazer manteiga ou dar de mamar aos filhos? Clérigos e comerciantes têm aproveitado à sua própria maneira esta noção de que Deus pode ser encontrado no mundano. Assim, os pregadores usam praças de alimentação ou aulas de pilates para levar adoradores para suas igrejas, enquanto comerciantes vendem produtos rotulados como cristãos para atrair compradores. Mas a maioria dessas misturas entre sagrado e profano não chega ao noticiário nacional. Assim a dança do poste para Jesus se tornou algo tão irresistível para todos.

As pessoas sempre gostam da promessa de ver alguma pele. Mas há um algo a mais quando a pele pertence a uma cristã, pois se presume ser uma boa garota que ficou má - o tipo de garota que, para citar a canção de blues, vai à igreja no domingo e passa a segunda-feira no cabaré. Mas essa história também atrai pela suspeita de hipocrisia – como todo mundo é hipócrita, é delicioso poder ver a hipocrisia nos outros.

Como, nos perguntamos, uma mulher pode girar em um poste e afirmar ser cristã? Não importa que a dança do poste seja hoje comumente encontrada em academias. O tipo de mulher que sabe esses movimentos certamente não pode ser moral. Que ela chame a dança de cristã é demais, somos levados a pensar. [...]

(Mark Oppenheimer, Ultimo Segundo)

Nota: Em minha opinião, ambos estão errados, a ex-stripper Crystal Deans e o filósofo católico Charles Taylor. Deans por achar que pode trazer todos os elementos de sua vida pregressa e usá-los no contexto cristão. A conversão (e não estou julgando a dela) envolve o abandono de tudo aquilo que destoa do estilo de vida apresentado na Bíblia. Evidentemente que uma dança que envolve sensualismo erótico nada tem que ver com os princípios do Evangelho. Mas erra também o católico Taylor por considerar errada a santificação da vida cotidiana, como se o sagrado pertencesse a uma esfera separada, inalcançável, não relacionada com a vida ordinária. Jesus é a prova viva de que a santidade tem que tocar a vida das pessoas no contexto em que elas estão a fim de leva-las para o contexto que Ele deseja. O cristianismo de Deans é do tipo “sal sem sabor”; o de Taylor é o do sal no saleiro. Quando mantemos comunhão com Cristo e estudamos a Bíblia para conhecer a vontade dEle, aprendemos os parâmetros necessários para lidar com o lícito e o não lícito. É Deus quem nos dá o equilíbrio de que precisamos para viver no mundo sem ser dele.[MB]