Mãe não pode chorar. Filho é quem chora. Quando era pequena, sempre que me machucava ou alguma coisa saía do meu controle, eu chorava. E cada vez que isso acontecia, corria pro colo certeiro – o lugar mais seguro do mundo. Minhas lágrimas sempre foram cuidadas por ela. Pra minha mãe, cada uma delas tinha valor. Mas minha mãe, a leoa do lar, nunca chorava. Eu ia crescendo, já não chorava tanto, mas caso isso acontecesse, minha mãe secaria minhas lágrimas.
Eu nunca vi minha mãe chorar, até que um dia, sucumbindo à pressão covarde do mundo, sem poder esconder mais o sofrimento, minha mãe chorou. Nesse momento, entendi porque as mães não podem chorar. Porque, quando uma mãe chora, o mundo é abalado – pelo menos o mundo que existe dentro do filho. Como curar a dor, como entrar nos recônditos da alma onde habita o mais puro amor?
Quando minha mãe chorou, toda a segurança que eu tinha se foi. Queria colocá-la no colo e lhe dar a certeza de que tudo ficaria bem, mas jamais seria capaz de desempenhar o papel que cabia a ela, e só ela executava tão bem.
Quando minha mãe chorou, senti-me a pessoa mais impotente e incapaz do mundo. Profundamente entendi porque mães não podem chorar. Porque elas são donas do amor supremo e não há amor no mundo que possa preencher o vazio no peito ferido. Por isso a ordem normal da vida é essa: os filhos choram a perda das mães. Quando o contrário acontece – os filhos se vão primeiro – as mães choram, e o peito que abrigava o maior amor do mundo passa a abrigar a maior tristeza do mundo.
É, definitivamente, mães não podem chorar. Não foram feitas pra isso. Foram criadas só pra amar. Por isso, se o seu mundo nunca foi estremecido pelo choro de sua mãe, faça de tudo pra que não seja. Creio que Deus não escolhe os filhos que teremos; em Sua sabedoria, Ele escolhe as mães que precisamos ter. E é por isso que cada mãe é a melhor do mundo. E cada filho também precisa ser o melhor, pra nunca, nunca permitir o chorar de sua mãe.
(Danivia da Cunha Mattozo Wolff)