As descobertas relatadas na Science adicionam um novo nível de complexidade a um sistema já reconhecidamente complicado. Primeiro, por motivos que provavelmente têm a ver com a evolução da célula [!], os genes estão preenchidos com “letras” que parecem [que bom que escreveram “parece”, pois devem ter aprendido a lição do DNA “lixo”] ser tranqueira, os íntrons. Na primeira versão do RNA, os íntrons ficam. Depois, são jogados fora quando se forma o chamado transcrito maduro, que efetivamente é lido na hora de montar as proteínas. Dá para jogar com os íntrons de forma a montar transcritos diferentes, de forma que o mesmo gene é capaz de dar origem a várias proteínas diferentes. Além disso, já era conhecida a chamada edição de RNA, na qual a molécula sofre trocas de “letras”. O fenômeno, porém, parece ser bem mais raro do que apontado pela nova pesquisa, e só afeta “letras” químicas do mesmo grupo, enquanto o recém-descoberto faz isso com “letras” quimicamente menos semelhantes. Por fim, às vezes há simplesmente erros de transcrição do DNA para o RNA, considerados raros.
(Folha.com)
Nota: No tempo de Darwin, eles consideravam a célula um simples pedaço de gelatina. O que o naturalista inglês diria hoje, ao contemplar a tremenda complexidade contida no interior de uma “simples” célula? O que ele diria, ao tomar conhecimento da tremenda informação genética e das leituras, edições e transcrições envolvidas nos processos intracelulares? Note que os erros de transcrição são considerados raros, portanto, devemos nossa existência ao perfeito funcionamento do DNA e do RNA, cuja informação e complexidade não podem simplesmente ter surgido e “evoluído”. À medida que a ciência e os métodos de investigação são desenvolvidos, a caixa-preta de Darwin fica mais escancarada. E que mensagem ela contém? A que conclusão podemos chegar desse estudo? Bem, isso depende dos seus preconceitos...[MB]