A crença no paraíso ou na vida após a morte é um “conto de fadas”, disse o renomado físico Stephen Hawking, 69, em entrevista ao jornal britânico The Guardian, na edição do último domingo (15). “Eu considero o cérebro como um computador que vai parar de trabalhar quando seus componentes falharem. Não há paraíso ou vida após a morte para computadores que quebram. Isso é um conto de fadas para pessoas que têm medo do escuro”, opinou. O tema já foi abordado em um de seus últimos livros, The Grand Design (2010), no qual ele desenvolve a ideia de que não há necessidade de um grande criador para explicar a existência do Universo. As galáxias, estrelas e a vida humana teriam emergido a partir de “sementes” – pequenas flutuações quânticas – encontradas no Universo milhares de anos atrás. Para ele, que rejeita pessoalmente as crenças religiosas, as pessoas em geral deveriam preencher seu potencial na Terra fazendo bom uso de suas vidas.
Segundo Hawking, diagnosticado com esclerose lateral amiotrófica desde os 21 anos, ainda sem cura, a doença faz com que ele aproveite mais a vida. “Tenho vivido com a perspectiva de uma morte precoce pelos últimos 49 anos. Não tenho medo da morte, mas não tenho pressa em morrer. Tenho muitas coisas que quero fazer primeiro”, contou.
(Folha.com)
Nota: É bastante arriscado (e, por que não dizer, leviano) fazer afirmações desse tipo, para as quais não se podem apresentar evidências comprobatórias, mesmo quando quem diz isso é o incensado e quase mítico físico britânico Stephen Hawking. Como Hawking pode provar que não existe vida após a morte ou que não exista Deus? Para justificar a existência do Universo, ele fala em “sementes” e “flutuação quântica”. De onde teriam vindo essas tais “sementes”? Mesmo quando alguns cientistas dizem que a matéria pode vir à existência a partir do “nada”, estão se referindo a matéria e antimatéria, portanto, não estão tratando do nada absoluto. O que eles conseguiram fazer foi rasgar o vácuo com um intenso pulso de laser, liberando componentes fundamentais de matéria e antimatéria. Em 2008, o site Inovação Tecnológica publicou um texto no qual aborda essa ideia de que toda a matéria do Universo teria se originado de flutuações de energia. Igor Sokolov, um dos autores do estudo, disse à revista Science que “agora nós pudemos calcular como, a partir de um único elétron, podem ser produzidas várias centenas de partículas. Acreditamos que isso acontece na natureza, perto de pulsares e estrelas de nêutrons”. Mesmo assim, alguns naturalistas mais empedernidos (como Hawking) ainda acham que se trata de “conto de fadas” ligar o surgimento da matéria e da energia à ideia de um Criador. Bem, permanece a pergunta: De onde veio esse “único elétron” primordial? Flutuações de energia? Qual a fonte delas? E mais complicado: Qual a explicação para a organização da matéria? O Universo não “apenas” existe, ele funciona. Qual a explicação para o surgimento das leis finamente ajustadas que regem o Cosmos? E como “surgiram” as constantes sem as quais o tecido da realidade se desintegraria? Se já é complicado explicar o tudo a partir do nada absoluto, como explicar a ordem a partir do caos? Curiosamente, no livro Uma Breve História do Tempo, página 28, Hawking diz que “no tempo real, o Universo tem um início” (e todo mundo sabe que o que tem um início precisa de uma causa). Além disso, no livro O Universo Numa Casca de Nós (p. 161), Hawking admite não saber como a vida “se originou” em nosso planeta, mas quer que agora creiamos que ele sabe que não existe vida após a morte... Acompanho a produção desse cientista brilhante há mais de duas décadas; li os livros dele. Tenho a impressão de que, com o passar do tempo, ele parece cada vez mais amargurado com a religião e a vida, embora queira negar isso. Sei lá... Não sou psicólogo. Para concluir, quero lembrar que o grande filósofo e matemático Blaise Pascal propôs que há 50% de chances de haver vida após a morte e, naturalmente, 50% de chances de não haver. Vale a pena arriscar tudo quando estão envolvidos percentuais tão grandes?[MB]