Fora do cardápio |
Avisado pelo amigo Elyson Scafati, fui
verificar as informações contidas no texto publicado pelo Institute for
Creation Research (ICR) e replicado por mim, aqui no blog, no dia 5 de agosto.
Na verdade, deveria ter checado essas informações anteriormente, como manda o bom
jornalismo, e por esse lapso peço desculpas ao meus leitores, e agradeço ao
Elyson por chamar minha atenção. Num texto postado no netNature, são feitas
críticas procedentes com respeito ao texto do ICR. O artigo de Prasad et al.,
2011 (que o ICR usou) diz que os dinossauros comiam gramíneas da mesma subfamília
(tribo) do arroz (Poaceae), não o arroz propriamente dito, nem mesmo seu
gênero. Segundo as evidências disponíveis
na literatura (e a cronologia evolucionista), o gênero do arroz que consumimos
hoje só surgiu muito recentemente, no Mioceno Médio, cerca de alegados 15-14
milhões de anos atrás. O argumento de “que não havia plantas com flores” no
Cretáceo inferior (100-65 milhões de anos) também não está correto. A origem
das angiospermas mais semelhantes às atuais data entre 190 e 160 milhões de
anos.
Fósseis de
pólen de angiospermas foram encontrados no Triássico Médio (247-242 milhões de
anos). Foi apresentada referência dessa
alegação: Hochuli, P. A.; Feist-Burkhardt, S. (2013). “Angiosperm-like pollen and
Afropollis from the Middle Triassic (Anisian) of the Germanic Basin (Northern
Switzerland).” Front. Plant Sci. 4: 344.
O grupo de
angiospermas Amborellaceae representa uma
linha de plantas com flores que divergiu muito cedo (cerca de alegados 130
milhões de anos atrás). Referência: Soltis, Pamela S. & Soltis, Douglas E. (2013). “Angiosperm
Phylogeny: A Framework for Studies of Genome Evolution.” In Leitch, Ilia J.;
Greilhuber, Johann; Doležel, Jaroslav & Wendel, Jonathan F. Plant Genome Diversity. Volume 2. Springer. p. 1-11.
A Amborella é uma das mais antigas plantas com flores,
cuja datação bate em 200 milhões de anos. Referência: S. Chamala, A. S. Chanderbali, J. P. Der, T. Lan, B.
Walts, V. A. Albert, C. W. dePamphilis, J. Leebens-Mack, S. Rounsley, S. C.
Schuster, R. A. Wing, N. Xiao, R. Moore, P. S. Soltis, D. E. Soltis, W. B.
Barbazuk. “Assembly and Validation of the Genome of the
Nonmodel Basal Angiosperm Amborella.” Science, 2013; 342 (6165): 1516
A netNature apresentou algumas
outras evidências além dessas. Fica claro que o Institute for Creation Research extrapolou um pouco em suas
afirmações. E eu não deveria ter cometido o descuido de replicar esse conteúdo
tão apressadamente.
Mais uma vez, deixo aqui
minhas desculpas pelo inconveniente. [MB]