Todos pela Terra |
À primeira vista, a
diversidade de participantes faz até a gente pensar naquelas piadas clássicas
(“um padre, um rabino e um pastor evangélico entram num boteco e...”), mas a
conversa é séria. Nesta terça, dia 25 de agosto, um grupo variado e bastante
representativo de lideranças religiosas do Brasil e do exterior vai se reunir
no Rio de Janeiro para manifestar o apoio de suas denominações à luta contra as
mudanças climáticas causadas pela ação humana. Estou falando do Encontro
Internacional Fé no Clima, organizado pelo Iser (Instituto de Estudos da
Religião), em parceria com o GIP (Gestão de Interesse Público). Como os
leitores mais assíduos deste blog devem imaginar, a ação conjunta inter-religiosa
se inspira no exemplo da encíclica Laudato
Si, uma espécie de chamado às armas do papa Francisco para evitar os piores
efeitos da mudança climática, e tem a intenção de influenciar os debates da
Conferência do Clima da ONU em Paris, que acontece no fim deste ano.
Os 12 participantes devem
falar tanto da visão que suas tradições religiosas possuem sobre a necessidade
de respeitar o ambiente quanto das ações concretas que suas comunidades estão
tomando em relação aos problemas ambientais. No fim das contas, deverão assinar
um documento de consenso, a Declaração Fé no Clima, que será encaminhada ao
governo federal.
Confira a lista de
participantes: André Trigueiro (espírita e jornalista), Ariovaldo Ramos
(pastor evangélico), Mãe Beata de Yemanjá (Iyalorixá do Ilê Omi Ojuarô),
Dolores (Inkaruna) Ayay Chilón, professor de Quechua, da tradição Andina, Mãe
Flávia Pinto (umbandista), Rv. Fletcher Harper (pastor episcopal norte
americano), Pe. Josafá Carlos de Siqueira S.J (Igreja Católica), Kola Abimbola
(Babalorixá Yorubá e acadêmico nigeriano), Léo Yawabane (tradição indígena Huni
Kuin, do Acre), Lama Padma Samten (monje budista), Rabino Nilton Bonder (tradição
judaica) e Timóteo Carriker (pastor presbiteriano).
Espero voltar a esse
assunto em breve, até porque algumas das visões expressas pelo papa Francisco
em sua encíclica ambiental chegam perto de ser revolucionárias. De qualquer
modo, conseguir juntar tantas crenças juntas em favor de um objetivo no qual a
ética e o conhecimento científico caminham lado a lado já merece comemoração.
(Reinaldo
José Lopes, Folha de S. Paulo)
Nota:
Você ainda duvida do poder de coesão que a bandeira ecológica tem e da
crescente influência do papa como líder incontestável desse movimento que transpõe
os limites religiosos e arranca suspiros de admiração até dos jornalistas?
Cinco anos atrás, concedi entrevista ao jornalista Reinaldo (autor do texto
acima), na qual expus minha opinião sobre o ECOmenismo (confira aqui). [MB]