Destruindo mentes e vidas |
Tomografias
computadorizadas atestam: a pornografia e a masturbação alteram o funcionamento
do cérebro humano e podem causar dependência. Não é exagero. A pornografia é
realmente um novo tipo de droga, tanto quanto a cocaína ou a heroína. As
descobertas obtidas nesse campo são bem recentes – começaram nos últimos 15
anos –, seja porque as alterações identificadas no cérebro são sutis, seja
porque o fenômeno da internet de alta velocidade – que fez espalhar a pornografia
com muito mais força – também é algo relativamente novo. De fato, com essa
ferramenta em mãos, um jovem é capaz de assistir, durante uma hora, a mais
cenas de sexo do que os nossos antepassados podiam ter acesso durante toda a
sua vida. O problema é que Deus não criou o ser humano para isso. É fora de
dúvida que o sexo é uma realidade boa, mas aquilo que se vê na pornografia,
além de ser um simulacro, uma montagem, deixa profundas impressões no cérebro
das pessoas, causando nelas feridas tão ou até mais danosas que as deixadas
pelas drogas. Mas como isso acontece?
[O
mecanismo de recompensa], que pode ser chamado de “circuito da recompensa”,
atua da mesma forma quando, hoje, um jovem vai ao McDonald’s e devora
um sanduíche hipercalórico. Trata-se de um prazer associado a uma função vital
do ser humano.
Também
o prazer venéreo está associado a uma função humana vital, que é a perpetuação
da espécie. No entanto, a carga de dopamina lançada no cérebro em uma relação
sexual é muito maior que a liberada durante uma refeição. Assim, se as pessoas
são capazes de desenvolver um verdadeiro vício com a comida – chegando a ter
problemas de obesidade –, que dizer do compulsivo “sexo virtual” estampado pela
pornografia?
Na
“caçada virtual” – a qual exige muito menos esforço para ganhar uma recompensa
muito mais satisfatória –, a cada clique, a cada janela aberta, a cada vídeo a
que se assiste, uma alta quantidade de dopamina é jogada no cérebro. Da base,
passando pelo núcleo accumbens, até o lobo frontal, quanto mais se consome,
mais se quer. Porém, assim como no consumo da cocaína, as outras descargas de
dopamina nunca são iguais ao “primeiro pico”. Por que isso acontece?
Porque
o cérebro está tentando se proteger. Quando uma pessoa começa a liberar
dopamina em excesso, os receptores dos neurônios identificam o perigo e começam
a bloquear a passagem do neurotransmissor. Com as “janelas” dos neurônios
fechadas, passa menos substância e, portanto, menor é o prazer. É por isso que
quem consome cocaína – assim como quem consome pornografia – não consegue mais
atingir o prazer que alcançou no início. Ora, fica claro que o ser humano,
definitivamente, não foi feito para consumir sexo a esse ritmo frenético e
obsessivo.
São
visíveis, no dia a dia, as consequências desse vício. Aquelas atividades comuns
e prazerosas que fazem parte do cotidiano – como encontrar um amigo, rezar,
comer, estar com a família, contemplar uma obra de arte, etc. – começam a ficar
sem graça. Com os receptores bloqueando a passagem de dopamina, nem suas
menores quantidades são capazes de animar ou levantar a pessoa, para a qual
tudo se torna chato, entediante e depressivo. E, no entanto, toda essa situação
poderia ter sido evitada, se, desde o começo, o jovem agora dependente tivesse
se decidido pela castidade.
Outra
descoberta também recente e importante do mundo da ciência é a chamada “plasticidade
neuronal”. Estudos descobriram que estímulos direcionados tendem a fazer como
que uma “trilha” no cérebro: o órgão aprende caminhos que vão se repetindo e,
pouco a pouco, alteram a própria forma que o indivíduo tem de enxergar os
outros. Isso explica o fato de muitos não conseguirem lidar com as pessoas
senão sob o aspecto sexual. Explica também o curioso fenômeno de disfunção
erétil entre jovens nos Estados Unidos. Acostumados com estímulos visuais, os
adictos em pornografia modelaram seu cérebro para o sexo tal como retratado nos
vídeos pornô. Como consequência, não conseguem sequer ter uma ereção em um
relacionamento sexual de verdade – no qual contam coisas muito mais importantes
que o sentido da visão.
Novos
estudos também mostram como é cada vez mais precoce a exposição à pornografia.
Nos Estados Unidos, por exemplo, a média de idade com que se entra em contato
com o mundo pornográfico é de 11 anos. Nessa faixa etária, o cérebro humano é
extremamente moldável e sua alta “plasticidade” torna os jovens reféns das
mentiras exibidas nos vídeos pornô. Como consequência, acontecem as
tragédias. Nosite Your Brain On Porn [“Seu Cérebro na
Pornografia”], são inúmeros os testemunhos de adolescentes falando de problemas
como impotência sexual, depressão, pensamentos suicidas, síndrome do pânico,
déficit de atenção, etc.
Para
quem já está assustado com todas as consequências dessa droga, importa
identificar os principais sintomas do vício em pornografia. São três:
1.
O adicto já tentou parar e não conseguiu.
2.
O adicto já está começando a ter dificuldades com isso (no emprego, na
escola ou na faculdade, por exemplo).
3.
O adicto gasta um tempo enorme com esse tipo de material.
Constatada
a adição, o que fazer? Uma boa notícia é que a neuroplasticidade é reversível.
A readequação do cérebro, no entanto, leva tempo, e o caminho para sair do
vício é praticamente o mesmo dos ex-usuários de drogas, incluindo suas
síndromes de abstinência.
O
primeiro passo a ser dado, todavia, é reconhecer a própria dependência, a
escravidão para a qual essa droga o arrastou. Na recuperação, não vale ceder a
falsas consolações, alegando que, em matéria de pornografia e masturbação, “todo
mundo faz”. (Infelizmente, é verdade, todos fazem mesmo: um grupo de
pesquisadores canadenses quis procurar os efeitos da pornografia em jovens
universitários, mas, na falta de um grupo de controle – isto é, de jovens que
não assistiam a material pornográfico –, não conseguiu realizar a pesquisa, tão
grave está a situação da humanidade. Ou seja, ninguém sabe mais como é um ser
humano normal, porque a vida dos jovens é uma constante busca de recompensas
venéreas, e o sexo, que deveria gerar a vida, está gerando a morte.) Todavia,
embora o consumo dessas drogas seja comum, não é algo normal, o ser
humano não foi feito para isso.
A oxitocina,
um dos hormônios presentes na relação sexual, responsável por criar empatia e
união entre as pessoas, mostra que o ser humano foi feito para amar, para estar
com os outros, não para viver na solidão, em frente a uma tela de computador.
Por isso, quem quer se libertar do vício da pornografia e da masturbação, além
de mudar radicalmente seu estilo de vida, precisa entrar em contato com as
pessoas e buscar ajuda, verdadeiramente. Nessa caminhada de
autêntica desintoxicação, ninguém está sozinho. Com a ajuda [de Deus] e
dos cristãos que combatem nesta Terra, todos podem restaurar sua integridade.
Bibliografia:
Leia também:
“A ilusão da pornografia”