Um
terço da população adulta brasileira que fuma maconha pode ser considerada
dependente, levando em conta não apenas a quantidade e frequência de uso, mas
comportamentos como ansiedade, sensação de perda de controle sobre o consumo,
preocupação exagerada com o uso e tentativas seguidas de largar o vício. Um
terço deles tentou parar, e quase 30% tiveram sintomas de abstinência
(mal-estar, ansiedade, dificuldade de concentração).
Ainda
segundo a pesquisa, 60% dos usuários começaram a usar a droga antes dos 18
anos. Quanto mais cedo o primeiro contato, maiores as chances de padrões mais
nocivos de uso. Se, em 2006, havia menos de um adolescente usuário de maconha
para cada adulto, em 2012, essa proporção saltou para 1,4 para cada adulto. Uma
pesquisa com universitários das 27 capitais brasileiras feita em 2010 pela
Faculdade de Medicina da USP mostrou que quase 6% dos estudantes com menos de
18 anos já experimentaram maconha e 4,5% consumiram nos 12 meses antes da
pesquisa.
Se
o Parlamento uruguaio aprovar o projeto de lei, o presidente promete submeter a
decisão à opinião da população. No Brasil, pela vontade da maioria, a maconha
não seria legalizada. De acordo com a pesquisa da Uniad, 75% dos brasileiros
são contra. Essa posição tem respaldo na opinião de muitos especialistas.
Algumas variedades atuais de maconha têm maior concentração do princípio ativo
THC. Como consequência do consumo, surgem quadros de ansiedade, surtos
psicóticos e dependência muito mais comuns que há duas ou três décadas. A
maconha não é uma droga tão inocente quanto muita gente imagina.
(Jairo Bouer, Época)