Destruição em Mariana |
Novembro
está sendo um mês triste e trágico para o Brasil e o mundo. No dia 5, duas barragens de rejeitos da mineradora
Samarco se romperam e causaram uma enxurrada de lama que inundou várias casas
no distrito de Bento Rodrigues, em Mariana, na Região Central de Minas Gerais.
Pelo menos sete pessoas morreram e 18 estão desparecidas. Um cidadão de
Governador Valadares deu o seguinte depoimento: “Infelizmente, o Brasil ainda
não sabe o que está acontecendo aqui em Minas Gerais. Os veículos de
‘desinformação’, para amenizar a tragédia, continuam omitindo fatos e números
importante. São centenas de milhares de pessoas afetadas pelo fato. Toda a
economia dos municípios está comprometida. As escolas suspenderam as aulas, a
agricultura está comprometida porque não tem chuva, o comercio já quase parou,
pois não tem água, nem para os banheiros; bares e restaurantes estão adotando
material descartável para servir, mas não existem panelas descartáveis e essas
precisam ser lavadas. A construção civil também foi afetada; não há água para o
banho das pessoas. Hospitais e asilos, presídios e serviços essenciais estão
sendo abastecidos por caminhões pipa, que precisam ir a outros municípios para
se abastecer de água, o que está onerando os cofres públicos com o alto consumo
de combustível - isso quando conseguem passar pelas estradas bloqueadas pela
manifestação de caminhoneiros.
“O Rio Doce, um dos maiores do Brasil,
está morto! As populações, desde Mariana, MG, até Linhares, ES, estão sofrendo
as consequências do que talvez seja a maior tragédia ambiental, ecológica,
econômica, hídrica, já ocorrida no País. E as consequências serão sentidas por
muitos décadas. Somente em Governador Valadares são 260 mil pessoas afetadas.
Alguém já imaginou uma cidade de 260 mil pessoas totalmente sem água? E o pior:
a água está correndo no Rio Doce, mas completamente envenenada por arsênico,
mercúrio e outros metais.
“Todos - eu disse todos - os peixes
morreram envenenados, e já se pode sentir o ‘cheiro’ a quilômetros de
distância. Esse é o quadro que o Brasil precisa conhecer.” [Clique aqui e veja
como você pode ajudar as vítimas.]
Mortes em Paris |
Apenas oito dias depois, outra tragédia
choca o mundo, desta vez em Paris. Uma série de atentados, possivelmente coordenados, atingiu a
capital francesa nesta noite. De acordo com o Ministério do Interior, há mais
de 100 mortos. Todos os ataques foram em locais de grande concentração de
pessoas: bares, restaurantes, uma casa de shows
e o estádio nacional Stade de France.
A polícia francesa invadiu a casa de espetáculos
Bataclan, onde matou três terroristas e encontrou ao menos cem mortos. No
local estava acontecendo a apresentação da banda Eagles of the Death Metal.
Autoridades pediram que os cidadãos de Paris permaneçam em suas
casas durante a madrugada deste sábado (14). Zonas de segurança foram
instaladas e várias equipes de socorro mobilizadas. Para analistas, esses ataques terroristas podem ser retaliação
de extremistas islâmicos contra os bombardeios franceses na Síria.
Vários
governantes de outros países já se manifestaram sobre o atentado. “Estamos chocados com esta nova manifestação de loucura,
de violência terrorista e de ódio, a qual condenamos da forma mais radical,
juntamente com o papa e todos aqueles que amam a paz”, disse
Federico Lombardi, chefe da Sala de Imprensa da Santa Sé, citado
pelo norte-americano Washington Post.
“Rezamos pelas vítimas e pelos feridos, e por todos os franceses. Este é um
ataque à paz de toda a humanidade e exige uma resposta decisiva e apoiada por
todos nós.”
“Resposta decisiva...” O Vaticano já apoiou uma “guerra justa”
contra o Estado Islâmico. Quando os medos (da destruição pelo aquecimento
global ou da violência dos terroristas fundamentalistas) são exacerbados,
decisões drásticas, ou, para usar a palavra do porta-voz do Vaticano,
“decisivas” são tomadas. Daqui a poucos dias, líderes das principais nações do
mundo estarão reunidos em Paris para discutir o que fazer em relação às
mudanças climáticas. As reuniões serão realizadas ainda sob a sombra dos
atentados que já ficaram registrados como os piores da história da França.
Também neste mês, o Líbano viveu o pior atentado depois do fim da Guerra do Líbano, há 25 anos.
Também neste mês, o Líbano viveu o pior atentado depois do fim da Guerra do Líbano, há 25 anos.
O mundo é um barril de pólvora prestes a explodir. De vez em
quando, um “estalo” nos lembra disso. Nos lembra da nossa impotência frente à
violência. Nos lembra que não há lugar seguro neste planeta. E nos lembra que a
solução virá do Alto.
Michelson Borges