O incômodo mosquito de sempre |
No
que se refere à capacidade de adaptação ao ambiente hostil das grandes cidades,
talvez nenhuma espécie de mosquito tenha conseguido tanto sucesso quanto o Aedes aegypti – aquele com o corpo
coberto de listras brancas que, para azar dos humanos, é capaz de transmitir
doenças como dengue, febre amarela, febre chikungunya e zika. Além de
resistência a alguns inseticidas, a espécie vem adquirindo a habilidade de se
reproduzir em volumes cada vez menores de água – que nem precisa estar tão
limpa quanto no passado. Os insetos, que antes só picavam durante o dia,
passaram a atacar também à noite, bastando apenas alguma luz artificial a
revelar o caminho até a vítima. Um estudo recentemente publicado na
revista PLoS One por um
grupo de pesquisadores do Instituto Butantã pode ajudar a entender de onde vem
esse potencial adaptativo tão superior ao de outras espécies de mosquito. [...]
“Essa
alta variabilidade genética indica que é uma espécie com muita capacidade de
evoluir rapidamente e pode significar que se adapta rapidamente às adversidades”,
afirmou Lincoln Suesdek, coordenador do estudo apoiado pela Fapesp. [...]
Ao
comparar o resultado das análises feitas durante seu projeto com dados da
literatura científica, [a pesquisadora] Louise concluiu que a dinâmica
evolutiva do Aedes em São Paulo é mais acelerada do que em outras
cidades onde há registros semelhantes. “Acreditava-se que no inverno a
variabilidade seria menor, pois com o frio a reprodução do inseto se torna mais
lenta. De fato, a taxa reprodutiva é menor nos meses de inverno, mas a
variabilidade genética se manteve alta em todos os meses avaliados. Esse
resultado reforça a necessidade de combater o mosquito o ano inteiro, não
apenas no verão”, disse Louise.
Na
avaliação de Louise, a melhor forma de controlar o mosquito é a adoção de
medidas combinadas, como a eliminação de criadouros e a rotação de inseticidas,
para que não ocorra a seleção de indivíduos resistentes. Suesdek também
ressaltou a necessidade de se investir em pesquisas voltadas ao desenvolvimento
de novos métodos de controle químico e biológico, como novos inseticidas e
mosquitos transgênicos. “O cenário é preocupante e todas as pessoas têm uma
parcela de responsabilidade. Tanto o governo quanto a população precisam fazer
sua parte”, afirmou a equipe.
Nota:
O aspecto prático e as vantagens para a saúde pública oriundos da pesquisa são
inquestionáveis, mas o viés evolucionista é totalmente dispensável. Primeiro
porque induz à típica e falsa conclusão de que, se houve mudança de
comportamento ou pequenas variações morfológicas, isso já é “evolução”, logo, o
ser humano pode ter evoluído de uma bactéria, ao longo de milhões de anos. Uma
coisa é uma coisa; outra coisa é outra coisa. Tudo o que texto acima apresenta
são adaptações e seleção natural, elementos incapazes de explicar o mito da
macroevolução. Mais ou menos como ocorre com as moscas-das-frutas (confira aqui), cuja pesquisa feita ao longo de mais de
cem anos tem provado que adaptações, mutações e mudanças limitadas jamais
seriam mecanismos viáveis para um “milagre” que dependeria do aporte de muita,
mas muita informação genética nova. O Aedes
aegypti pode até picar de olhos fechados, mas continuará sendo Aedes aegypti. [MB]