Desprezo ao contexto |
Uma
das vozes mais emblemáticas de Hollywood, a de Scarlett Johansson, conduz uma
leitura sexy do Antigo Testamento no trecho mais comentado do novo disco de
Mike O’Brien, comediante do programa Saturday Night Live. “Quando você sair
para a guerra contra os seus inimigos e o Senhor seu Deus entregá-los em suas
mãos, prenda-os. Se você perceber que o prisioneiro é uma mulher bonita e
atraente, pode tomá-la como esposa”, diz a atriz em uma das passagens, com tom
sensual. O álbum será lançado hoje, mas duas faixas, entre elas “Sexy Bible”,
da qual Scarlett participa, já foram liberadas na internet. À
revista Rolling Stone, O’Brien disse
que a ideia é satirizar passagens consideradas misóginas do Deuteronômio,
quinto livro da Bíblia. “O Antigo Testamento está repleto de coisas bonitas,
mas também algumas regras e discursos específicos, aleatórios”, avaliou. “O Deuteronômio
deveria se chamar ‘Leis que Nunca se Aplicarão a 99% da Civilização’.”
Com
sua voz sedutora, Scarlett foi uma das protagonistas de “Ela” (2013), vencedor
do Oscar de melhor roteiro original, sem aparecer sequer uma vez no filme. Ela
deu personalidade a Samantha, sistema operacional que ganha o coração de
Theodore (Joaquin Phoenix). [...]
(O Tempo)
Nota:
Note que o versículo citado no texto acima, fora de contexto, evidentemente,
diz que o israelita podia tomar como
esposa a prisioneira. Não que devia
ou que poderia forçá-la a isso. A
verdade é que o tratamento dispensado pelo povo de Deus aos escravos (enquanto
Deus tolerou isso entre eles) era infinitamente mais justo do que o que era
praticado pelas nações vizinhas. O escravo não podia ser tratado com violência
e tinha direito a descansar no sábado, por exemplo. Prisioneiros de guerra e
estrangeiros também tinham um tratamento diferenciado em Israel (exceto nos
casos em que Deus mandou que fossem mortos, por causa da idolatria, da
depravação e da violência extrema praticadas entre eles). É lamentável ver
pessoas hoje em dia interpretando um livro milenar à luz de sua visão de mundo
do século 21, sem levar em conta os princípios eternos da Palavra. Tenho
certeza de que essas mesmas pessoas não fariam isso com a Odisseia, por exemplo. Se querem ler algo de maneira “sexy”, que o
façam com o livro de Cantares, mas não se esqueçam de que o amor romântico
retratado ali é entre um homem e uma mulher casados. [MB]