Reconstrução a partir de fragmentos |
O
fóssil de um pequeno primata, que pesava não mais que cinco quilos (como um
gibão moderno), pode mudar o que se conhece da [hipotética] história evolutiva
de macacos e humanos. Descrito na edição de sexta-feira (30) da revista Science, a nova espécie Pliobates catalonia combina
características de grandes e pequenos primatas e viveu há 11,6 milhões de anos
[segundo a cronologia evolucionista], época em que, acreditava-se, as duas
categorias já houvessem se separado. Encontrado em 2011, em Abocador de Can
Mata, uma região da Catalunha espanhola rica em vestígios de primatas, o fóssil
é composto de 70 fragmentos do
crânio, dentição e braço esquerdo de uma fêmea adulta. A análise do esqueleto
revelou que, apesar de ter tamanho reduzido, o pequeno símio apresentava
características de grandes primatas. “A descoberta desse fóssil nos oferece um
capítulo que estava faltando no início da história dos macacos e humanos”,
afirmou o antropólogo Sergio Almécija, da Universidade George Washington, nos
Estados Unidos, e um dos autores do estudo. “Costumamos acreditar que os pequenos símios (categoria que inclui os gibões)
evoluíram dos grandes primatas (chimpanzés, gorilas, orangotangos e também os
humanos), mas essa nova espécie nos diz que pequenos e grandes primatas podem
ter coexistido. Outra possibilidade é que os grandes primatas tenham evoluído
de ancestrais do tamanho do gibão.”
De
acordo com os pesquisadores, a teoria de que os pequenos símios evoluíram de
grandes primatas se dá, entre outros motivos, pela falta de evidências fósseis da existência de primatas pequenos ou
de gibões antigos. Grandes primatas e pequenos símios têm características
comuns como a ausência de cauda, a posição corporal que permite que eles fiquem
eretos e algumas particularidades cerebrais.
“Ao
analisar o novo fóssil percebemos que ele, claramente, pertencia a um primata,
mas era muito pequeno. Foi quando nos demos conta de que, talvez, estivéssemos
olhando para o esqueleto da maneira errada. Talvez alguns ancestrais dos primatas fossem menores do que
acreditávamos”, disse Almécija.
A
mistura de características da nova espécie é indício de que a evolução dos
primatas talvez esteja longe de ser um desenvolvimento linear e seja mais
próxima da imagem de arbusto repleto de galhos onde convivem e competem as
diversas espécies. A descoberta do Homo naledi, novo ancestral humano, em setembro deste ano, foi outra
evidência dessa nova visão para a história da evolução. A nova espécie ganhou
dos pesquisadores o apelido de "Laia", diminutivo de Eulalia,
padroeira de Barcelona.
(Veja)
Nota:
Quando o assunto é a hipotética e suposta evolução humana, palavras como “crença”,
“acreditar”, “talvez” e afins acabam recheando os textos. Já percebeu como, de
quando em quando, uma descoberta de fragmentos fósseis acaba mudando a “história
evolutiva humana”? O problema é que a mídia popular e os livros didáticos
sempre passam a ideia/impressão de que essa história é bem resolvida. Mas não
é. E todos deveriam saber disso. A capa da National
Geographic, por exemplo, estampou uma “reconstituição” do rosto do Homo naledi. Depois vieram as críticas científicas. Mas quantos ficaram sabendo disso?
[MB]