terça-feira, novembro 03, 2015

Fóssil de primata pode reescrever a evolução (de novo)

Reconstrução a partir de fragmentos
O fóssil de um pequeno primata, que pesava não mais que cinco quilos (como um gibão moderno), pode mudar o que se conhece da [hipotética] história evolutiva de macacos e humanos. Descrito na edição de sexta-feira (30) da revista Science, a nova espécie Pliobates catalonia combina características de grandes e pequenos primatas e viveu há 11,6 milhões de anos [segundo a cronologia evolucionista], época em que, acreditava-se, as duas categorias já houvessem se separado. Encontrado em 2011, em Abocador de Can Mata, uma região da Catalunha espanhola rica em vestígios de primatas, o fóssil é composto de 70 fragmentos do crânio, dentição e braço esquerdo de uma fêmea adulta. A análise do esqueleto revelou que, apesar de ter tamanho reduzido, o pequeno símio apresentava características de grandes primatas. “A descoberta desse fóssil nos oferece um capítulo que estava faltando no início da história dos macacos e humanos”, afirmou o antropólogo Sergio Almécija, da Universidade George Washington, nos Estados Unidos, e um dos autores do estudo. “Costumamos acreditar que os pequenos símios (categoria que inclui os gibões) evoluíram dos grandes primatas (chimpanzés, gorilas, orangotangos e também os humanos), mas essa nova espécie nos diz que pequenos e grandes primatas podem ter coexistido. Outra possibilidade é que os grandes primatas tenham evoluído de ancestrais do tamanho do gibão.”

De acordo com os pesquisadores, a teoria de que os pequenos símios evoluíram de grandes primatas se dá, entre outros motivos, pela falta de evidências fósseis da existência de primatas pequenos ou de gibões antigos. Grandes primatas e pequenos símios têm características comuns como a ausência de cauda, a posição corporal que permite que eles fiquem eretos e algumas particularidades cerebrais.

“Ao analisar o novo fóssil percebemos que ele, claramente, pertencia a um primata, mas era muito pequeno. Foi quando nos demos conta de que, talvez, estivéssemos olhando para o esqueleto da maneira errada. Talvez alguns ancestrais dos primatas fossem menores do que acreditávamos”, disse Almécija.

A mistura de características da nova espécie é indício de que a evolução dos primatas talvez esteja longe de ser um desenvolvimento linear e seja mais próxima da imagem de arbusto repleto de galhos onde convivem e competem as diversas espécies. A descoberta do Homo naledi, novo ancestral humano, em setembro deste ano, foi outra evidência dessa nova visão para a história da evolução. A nova espécie ganhou dos pesquisadores o apelido de "Laia", diminutivo de Eulalia, padroeira de Barcelona.

(Veja)

Nota: Quando o assunto é a hipotética e suposta evolução humana, palavras como “crença”, “acreditar”, “talvez” e afins acabam recheando os textos. Já percebeu como, de quando em quando, uma descoberta de fragmentos fósseis acaba mudando a “história evolutiva humana”? O problema é que a mídia popular e os livros didáticos sempre passam a ideia/impressão de que essa história é bem resolvida. Mas não é. E todos deveriam saber disso. A capa da National Geographic, por exemplo, estampou uma “reconstituição” do rosto do Homo naledi. Depois vieram as críticas científicas. Mas quantos ficaram sabendo disso? [MB]