quinta-feira, janeiro 31, 2019

O Código Buonarroti: a verdadeira arte revelada


Michelangelo di Lodovico Buonarroti Simoni, além de ser um gênio das artes, pintor, escultor e arquiteto florentino, certamente foi um mestre anatomista. Segundo Giorgio Vasari, primeiro biógrafo desse renomado artista, ele começou a dissecar cadáveres do cemitério da igreja quando tinha cerca de 17 anos, mas esse era um segredo que ele escondia, destruindo quase todos os seus esboços e anotações anatômicas, restando apenas algumas representações de anatomia musculoesquelética ou topográfica. Ainda de acordo com Vasari, Michelangelo teria aprendido muito sobre anatomia com um dos principais anatomistas do Renascimento, Matteo Realdo Colombo (de 1516 a 1559), tendo em vista que era um conhecido íntimo do artista renascentista. Silvio Goren, restaurador argentino e autor do livro Los Mensajes Ocultos de Miguel Ángel en el Vaticano, argumenta ainda que ele poderia ter adquirido muito conhecimento, também, durante seus encontros com Leonardo Da Vinci, outro artista que era grande conhecedor de neuroanatomia. Nesse sentido, é razoável supor que, dado seu grande potencial intelectual, sua intensa curiosidade, e considerando suas numerosas dissecações, ele tenha adquirido uma compreensão sofisticada de anatomia macroscópica. 

O que ninguém esperava, no entanto, é que esse gênio das artes pudesse ter ocultado estruturas anatômicas em uma de suas obras mais impressionantes: a pintura do famoso teto da Capela Sistina. É de fato muito curioso saber que, mesmo sendo foco contínuo de observação dos amantes de belas obras, tanto leigos quanto profissionais, os detalhes mais intrigantes de seu magnífico trabalho passaram despercebidos por aproximadamente 500 anos! 

Michelangelo pintou a referida capela romana por volta de 1509, sendo ao total nove painéis centrais (cinco pequenos painéis alternando com quatro grandes) que retratam a história cronológica da criação do mundo através da história de Adão e Eva até a história de Noé. Porém, na década de 1990, o médico ginecologista Dr. Frank Lynn Meshberger percebeu que a famosa obra continha outra arte, ainda mais surpreendente, especialmente por ter sido “invisível” aos olhos de grandes especialistas por séculos. Afinal, quem poderia imaginar que existia um “Código Buonarroti”?

Em um artigo provocativo, Meshberger apresentou o argumento surpreendente, mas convincente, de que na Criação de Adão (o primeiro e sem dúvida o mais famoso dos últimos quatro painéis), Michelangelo ilustrou (na forma cor-de-rosa em torno de Deus, que se assemelha a um vestido esvoaçante ou às nuvens de glória) uma imagem do cérebro humano com suas artérias, glândulas e nervos ópticos, visto em seu corte transversal (conforme ilustração).  

Para Meshberger, a representação desse órgão do sistema nervoso central humano sugere que Deus estava dotando Adão não apenas de vida, mas especialmente de inteligência suprema. A descoberta dividiu opiniões no meio das artes e da ciência, levando muitos pesquisadores a buscar uma “outra leitura” em toda a obra, buscando outras possíveis ilustrações “ocultas”.

O incrível é que outros pesquisadores chegaram à mesma conclusão, como o Dr. Douglas Fields, especialista em sistema nervoso e professor na Universidade de Stanford, que publicou um artigo divulgado também pela Scientific American em 2010. Silvio Goren indica que na imagem vemos um anjo triste, curiosamente a única expressão de tristeza que aparece em toda a abóboda da capela, e o mais intrigante é que essa imagem está localizada justamente na região cerebral que é ativada quando um indivíduo tem um pensamento triste.
           
Em maio de 2010 os pesquisadores e especialistas em neurocirurgia Ian Suk e Rafael Tamargo, da Universidade de Medicina John Hopkins (EUA), publicaram na revista Neurosurgery outra descoberta. Desvendaram mais figuras anatômicas “secretas”, dessa vez em outra cena: “A Separação da Luz da Escuridão”, importante painel na iconografia da Capela Sistina, porque retrata o início da Criação e por estar localizado diretamente acima do altar. 

No pescoço de Deus, formando sua garganta, os especialistas perceberam uma representação precisa de uma visão ventral do tronco cerebral humano (figura A), e no centro do peito dEle a medula espinal (figura B). Dado que o tronco cerebral é uma estrutura cônica, Michelangelo “escondeu-o” no espaço anterior do pescoço, cuja configuração é semelhante. Com isso, o tronco cerebral ficou próximo à sua posição anatômica natural, como se fosse possível observá-lo através das estruturas do pescoço. Essa perspectiva oblíqua e ventral mostra não apenas a perícia anatômica de Michelangelo, mas também parece basear-se em sua realização anterior de representar uma visão sagital mais direta do cérebro na “Criação de Adão”.

Outro ponto observado pelos pesquisadores nesse mesmo cenário é que Michelangelo foi habilmente perito na representação realista das dobras na roupa de seus personagens, deixando evidente uma anomalia presente no centro do manto de Deus (figura D). É essa estrutura, uma visão ventral similarmente oblíqua da medula espinhal cervicotorácica, que é representada como uma continuação deslocada da medula inferior no pescoço de Deus.

Essa conclusão se baseia na comparação entre as imagens dos quatro painéis da criação. A estrutura da linha média não está presente nas três representações anteriores de Deus no conjunto de quatro painéis: A. Criação de Adão; B. Separação de Terra e Águas; C. Criação do Sol e da Lua; D. Separação da Luz da Escuridão.

Finalmente, abaixo da cintura de Deus há uma estrutura peculiar, em forma de Y, que aparenta estar “fora de lugar”, e não seguindo as outras dobras no manto de Deus. Essa estrutura poderia perfeitamente ser uma alusão ao quiasma óptico e aos nervos ópticos. Da Vinci ilustrou o aparato óptico como uma estrutura em forma de Y em 1487, 21 anos antes de Michelangelo iniciar seu trabalho no teto da Capela Sistina. Ao se cruzarem sob a faixa de Deus, os nervos ópticos parecem dar origem a massas globulares sutis e bilaterais nas regiões subcostais de Deus, possivelmente representações dos globos ópticos. Michelangelo poderia estar particularmente interessado em incluir os órgãos da visão e suas estruturas neurais na “Separação da Luz da Escuridão”.

Figura A: desenho de Leonardo da Vinci (1487) representando os nervos ópticos cobrindo os globos e convergindo para o quiasma óptico como uma estrutura em forma de Y. Michelangelo, que por último entrou em contato próximo com Leonardo em Florença, de 1503 a 1505, antes de começar a pintar a Capela Sistina, em 1508, provavelmente imaginou o aparato óptico como uma estrutura em forma de Y. Figura B: visão oculta do quiasma óptico, nervos ópticos e globos em “Separação da Luz da Escuridão”.

Na pesquisa os autores reconhecem a problemática de se interpretar “excessivamente” uma obra-prima como “A Separação da Luz das Trevas”, de Michelangelo, entretanto, eles sugerem fortemente que as “incongruências anatômicas” desse afresco não são acidentais.

A afirmação de Meshberger de que Michelangelo ilustrou uma visão do cérebro na “Criação de Adão” é convincente e parece estar ganhando apoio entre os historiadores da arte.

Na história da arte, verifica-se uma escassez de opiniões que permanecem indiscutíveis, e a maioria é sustentada por evidências circunstanciais ou simplesmente pela análise cumulativa de observadores, porque os artistas não publicam seus trabalhos com um texto explicativo.

É inquestionável que o escultor renascentista realizou diversas dissecações de cadáveres e que ele tinha um imenso fascínio pela anatomia humana. 

O artigo é finalizado com a forte ideia de que Michelangelo, além de suas incríveis habilidades artísticas e do grande domínio da anatomia humana, era um homem profundamente religioso, que soube ocultar com maestria imagens precisas do cérebro humano, deixando evidente seu intuito de exaltar a glória de Deus, e também sua magnífica criação.

(Liziane Nunes Conrad Costa é formada em Ciências Biológicas com ênfase em Biotecnologia [UNIPAR], especialista em Morfofisiologia Animal [UFLA] e mestranda em Biociências e Saúde [UNIOESTE]. É diretora-presidente do Núcleo cascavelense da SCB [Nuvel-SCB])

Fonte:
SUK, Ian; TAMARGO, Rafael J. Concealed neuroanatomy in Michelangelo’s separation of light from darkness in the Sistine Chapel. Neurosurgery, v. 66, n. 5, p. 851-861, 2010.
https://doi.org/10.1227/01.NEU.0000368101.34523.E1

Nota: Indubitavelmente as possíveis descobertas de outras estruturas anatômicas nas pinturas da Capela Sistina poderão desencadear diversas interpretações. Apesar disso, vejo com clareza que essa obra-prima de Michelangelo combina os mundos da arte, religião, ciência e fé em uma obra de arte provocante e inspiradora, na qual Deus, o centro de toda criação, não nos forneceu somente o fôlego de vida, mas especialmente nos presenteou com inteligência “suprema”! A humanidade demorou cerca de 500 anos para desvendar a verdadeira obra de arte “ocultada” por esse homem de mente tão brilhante e que, com toda sua extraordinária inteligência, percebia e admirava a grandiosidade de Deus e de Sua criação. Deus, o artista mais sublime, também deixou, por todo o Universo, inúmeras informações capazes de revelar Sua gloriosa existência, embora, por vezes, possam ser despercebidas aos olhos de muitos. Em Sua infinita sabedoria, Ele ainda nos enviou um “guia de estudos” contendo a revelação de diversos questionamentos. Nesse sentido, me pergunto: Quanto tempo os “especialistas” de todas as áreas da ciência vão olhar e admirar as grandes obras de Deus sem conseguir enxergá-Lo? 

Leia mais sobre o assunto aqui e aqui.

quarta-feira, janeiro 30, 2019

Livros que todo cristão deveria ler antes de ir para a universidade

De vez em quando alguém me pergunta que livros eu li para solidificar minha visão de mundo teísta/criacionista e que livros recomendo para quem queira ter contato com esse universo por meio de bons autores. Felizmente, existem ótimos livros em língua portuguesa para aqueles que querem aprofundar seus conhecimentos sobre teísmo, criacionismo, ciência e religião. A lista a seguir é especialmente útil para os universitários e pré-universitários cristãos interessados em se preparar devidamente para enfrentar os desafios intelectuais da vida acadêmica, à luz de 1 Pedro 3:15. Alguns dos títulos são de minha autoria e outros são bem mais recentes do que os que eu li quando ainda estava “migrando” do evolucionismo para o criacionismo (conheça essa história aqui). Faça planos de ir adquirindo um por vez e montando, assim, sua biblioteca de apologética cristã/criacionista. Depois disso, vá à luta! 

[Continue lendo.]

domingo, janeiro 20, 2019

Unasp cria pós-graduação em Arqueologia Bíblica

Para complementar as áreas de História, Arqueologia e Teologia para ensino e práticas pastorais, o Centro Universitário Adventista, campus Engenheiro Coelho, criou a pós-graduação História e Arqueologia do Antigo Oriente Próximo. O corpo docente do curso é formado por doutores, mestres e especialistas na área, com experiência profissional e acadêmica. O curso se destina a profissionais graduados de diferentes áreas interessados em estudar o passado do Oriente Médio por meio da arqueologia e de outras fontes históricas escritas. As aulas são projetadas para atender àqueles que estão perto e longe, sendo presencias, mas transmitidas online para os alunos que estão mais distantes, com algumas aulas inteiramente EAD.

Inscrições: 25 de outubro de 2018 até 3 de fevereiro de 2019
Início das aulas: 4 de março de 2019
Para mais informações clique aqui.

Disciplinas
Créditos
CH
Pesquisa Arqueológica
2
30h
Arqueologia e a Bíblia
2
30h
Teoria e Métodos Arqueológicos
2
30h
História e Historiografia de Israel
2
30h
Patrimônio Arqueológico
2
30h
Arqueologia do Antigo Testamento
2
30h
Arqueologia de Novo Testamento
2
30h
Egito e Mesopotamia
2
30h
Grecia e Roma
2
30h

Disciplinas Optativas
(mínimo 60h para número necessário de créditos)
Créditos
CH
Hebraico
2
30h
Grego
2
30h
Egípcio
2
30h
Epigrafia
2
30h
Numismática
2
30h
Antropologia
2
30h

sábado, janeiro 19, 2019

Cultura popular: criacionista e evolucionista

Ao falar de criacionismo e evolucionismo, não tem como não pensar nas imagens populares que representam essas cosmovisões. Minha mente já viaja para o teto da Capela Sistina, para a pintura de Michelangelo e a famosa imagem que mostra uma linha de evolução do pequeno macaquinho até a postura ereta do homem moderno. Mas, a título de informação e curiosidade, você sabe realmente o que essas imagens representam?

Criação de Adão pintada no teto da Capela Sistina
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 Evolução do homem

A criação de Adão


Utilizando uma técnica chamada afresco, em que a pintura é feita sobre uma argamassa de cal e areia, o artista toscano Michelangelo Buonarroti ficou quatro anos, de 1508 a 1512, pintando a Capela Sistina. A obra tornou-se uma das mais importantes obras-primas da história e é, hoje, uma das maiores atrações do Vaticano.

O que pouca gente sabe é que, a princípio, Michelangelo não queria o serviço. Primeiro, porque considerava a pintura uma arte inferior. Ele gostava mesmo era de esculpir. Segundo, porque não se dava bem com o papa Júlio II, que fez a encomenda.

A divisão principal do teto está feita em nove painéis que representam cenas do livro do Gênesis. Essa escolha do tema teológico estabelece uma ligação entre os primórdios da história do ser humano e a vinda de Cristo, sendo que a figura de Cristo não se encontra presente na composição pictórica do teto.

Painéis da Capela Sistina

O quarto painel é a criação de Adão, uma das imagens mais difundidas e reconhecidas mundialmente. Adão está encostado, como se com preguiça e quase que obrigando Deus a um último esforço para conseguir tocar nos dedos dele e, assim, poder dar-lhe a centelha da vida. Deus é dotado de movimento e energia, e até Seus cabelos se movem com a brisa invisível. Debaixo do braço esquerdo Deus leva a figura de Eva que intimamente segura em Seu braço e pacientemente espera que Adão receba a centelha da vida para também ela poder recebê-la.

Existem várias teorias sobre o significado da composição original de "A Criação de Adão", levantadas principalmente por causa do amplo conhecimento que Michelangelo possuía em anatomia. Em 1990, um médico chamado Frank Lynn Meshberger, em artigo no Journal of the American Medical Association, afirmou que a figura em que Deus está apoiado tem o formato anatômico de um cérebro, incluindo lobo frontal, nervo ótico, glândula pituitária e cerebelo. Também observou que o manto branco de Deus tem o formato de um útero, e que a echarpe verde que sai de Seu ventre poderia ser um cordão umbilical.* Além do cérebro na criação de Adão, outros órgãos são encontrados nos demais painéis.

Era comum os artistas esconderem easters eggs em suas obras na época de Michelangelo. Leonardo da Vinci adorava fazer isso e foi popularizado pelos livros de Dan Brown. Acredito que Michelangelo também deixou a marca dele, já que gostava de anatomia. Talvez até tenha feito uma crítica ao sistema de crenças colocando a criação de Adão apoiada no cérebro humano. 

O teólogo John MacArthur afirma que Michelangelo, ao pintar "A Criação de Adão", teria dado um umbigo enorme a Adão, o que lhe trouxe observações repressivas por parte de alguns teólogos da época.

A realidade é que a pintura é apenas uma ilustração usada para tipificar a ideia da criação. Eu até usei diversas vezes em cartazes e ilustrações porque é a figura popular para falar do ato divino de Deus dando vida ao homem. Criacionistas não possuem nenhuma propriedade ou sentimento de idolatria pela imagem. Não passa de uma ilustração popular que usamos para aproveitar o "gancho" do marketing

Os pilares da criação

Muitos identificam essa formação com uma "mão criadora". Porém, os pilares da criação são aglomerados de poeira e gás com tamanho interestelar na nebulosa da Águia, situada a cerca de 6.500-7.000 anos-luz da Terra. Então por que eles foram apelidados de “Pilares da Criação”? Porque são o berço de um número incontável de novas estrelas. Os pilares, compostos inteiramente de gás e poeira, têm tão altas densidades que a gravidade faz com que o gás resultante se comprima e forme estrelas.


Para descrever o comprimento dos pilares temos de recorrer a anos-luz. O pilar mais à esquerda tem uma estimativa de quatro anos-luz de comprimento. Vamos fazer alguns cálculos. 60 segundos em um minuto. 60 minutos em uma hora. 24 horas em um dia. 365 dias em um ano. 4 anos.


60 x 60 x 24 x 365 x 4 x 299.800 (velocidade da luz) = 37.817.971.200.000 quilômetros. 37 trilhões, 817 bilhões, 971 milhões e 200 mil quilômetros.

Mas espere! Os "Pilares da Criação" deixaram a melhor surpresa para o final. Se houvesse alguma forma de se teletransportar para lá agora, você veria essas belas estruturas, certo? Na verdade, não. Sabemos que elas não existem mais. Na verdade, elas não existem há quase seis mil anos, mas nós ainda podemos vê-las aqui da Terra. Parece impossível?

Acontece que a luz leva tempo para viajar, como dito acima. Estamos vendo essas estruturas agora como elas eram sete mil anos atrás, pois somente agora a luz que foi emitida naquela época está chegando à Terra. O mesmo pode ser dito do Sol. Se ele, hipoteticamente, deixasse de existir agora, somente veríamos a escuridão daqui a oito minutos, pois esse é o tempo que a luz solar demora para chegar à Terra. Ver os "Pilares da Criação" é como fazer uma viagem ao passado.

Ilustração da evolução

É uma ilustração do volume Early Humans, da enciclopédia Life Nature Library, publicado em 1965. O título original da ilustração é "O Caminho para Homo sapiens". Foi chamada de "Marcha para o Progresso", e o autor é Clarck Howell. 

A ilustração original (1965) com propagação estendida (superior) e dobrada (parte inferior)

A imagem se popularizou e originou diversas paródias e muitas críticas da comunidade evolucionista. Alguns comentam que a imagem está errada do ponto de vista científico, como também serve de combustível para criacionistas alegarem nossa evolução como o inevitável progresso até o ser humano. A proposta que mais bem atende à ideia evolucionista permite a observação de chimpanzés e outros chamados macacos atuais em outros ramos evolutivos de onde possuem um ancestral comum. 

Imagem que, segundo evolucionistas, representa
melhor o esquema da ancestralidade comum

O fato é que como a pintura de Michelangelo a ilustração de Clarck Howell é apenas algo popular que exprime uma ideia. 

O peixe Ichthus com pernas

O Ichthus é um símbolo que consiste em dois arcos que se cruzam para formar o perfil de um peixe, sendo um dos símbolos mais antigos do cristianismo.
Ichthus, símbolo cristão


O peixe Darwin é um símbolo de peixe com pernas e pés "evoluídos", e muitas vezes aparece com a palavra "Darwin". Simboliza as teorias científicas da evolução, para as quais Charles Darwin estabeleceu um fundamento, em contraste com o criacionismo, que é uma marca registrada do cristianismo norte-americano. É uma sátira ao criacionismo. Uma provocação.

Peixe com pernas de Darwin
Claro que nessa briga de marketing surgiram diversas variações desse símbolo. Os cristãos mais "briguentos" produziram uma versão em que a verdade engole o peixe Darwin.
 Versão em que a verdade (Truth) devora o pequeno peixe com pernas
Em todos esses casos não existe nenhum apego a nenhuma simbologia popular desses símbolos. São utilizados nos dias atuais apenas como gatilho para ideias, já que estão enraizados na mente visual das pessoas. É necessário que estudemos mais a fundo as cosmovisões para que saibamos o que realmente dizem. Devemos colocar as cartas sobre a mesa e avaliar as evidências. Apenas dessa forma podemos saber realmente o que cada visão de mundo quer dizer. 

Como criacionista, posso dizer que tenho a vantagem de ter a revelação natural por meio da qual posso conhecer pelo estudo da ciência o mundo físico ao meu redor, que é a criação de Deus (Rm 1:20, Sl 19:1-4). E tenho a revelação especial, direta, que é a Palavra de Deus. E por essa Palavra tenho a certeza de que escolhi muito bem minha cosmovisão, pois as duas revelações não entram em contradição e apontam para o Criador.

segunda-feira, janeiro 14, 2019

Terraplanistas fretam cruzeiro para ir até a beirada da Terra

A Conferência Internacional da Terra Plana (FEIC, na sigla em inglês) decidiu fretar um navio de cruzeiro no ano que vem com o absurdo propósito de chegar aos limites da Terra. Segundo uma parte dos seguidores dessa corrente, que defende que a Terra não é esférica, o planeta acaba num muro de gelo que nos separa do espaço exterior, aonde pretendem chegar nesse cruzeiro. Será “a maior, mais audaz e melhor aventura já feita”, alardeia o site da organização. A FEIC anunciou o projeto em sua conferência anual, conforme noticiou o jornal britânico The Guardian. O ex-capitão naval Henk Keijer lembrou a esse jornal que todas as cartas náuticas e os sistemas de navegação foram desenvolvidos sob a premissa de que a Terra é esférica, a que navegação desse cruzeiro deverá ser “muito complicada” se a tripulação discordar disso.

“Os navios navegam baseando-se no princípio de que a Terra é redonda. As cartas náuticas são desenhadas com isso em mente: que a Terra é redonda”, recorda o ex-capitão, acrescentando que os navios usam “um moderno sistema de navegação que se chama ECDIS, que proporciona uma grande melhora na segurança da navegação”. A própria existência do GPS é outra prova de que a Terra é esférica, indica Keijer, já que o sistema se baseia em 24 satélites que orbitam a Terra. “Se fosse plana, três satélites seriam suficientes para proporcionar os dados”, argumenta.

Existem várias teorias entre os que acreditam que a Terra é plana, embora a principal, apresentada após “uma extensa experimentação, análise e investigação”, diz que a Terra é um disco gigante, com o polo norte no centro e rodeado de “um paredão de gelo: a Antártida”, segundo a sociedade terraplanista. “Até onde sabemos, ninguém conseguiu ir muito além do muro de gelo e voltou para contar. O que sabemos é que ele cerca a Terra, serve para conter os oceanos e ajuda a nos proteger do que possa haver além dele”, assegura a Flatpedia, a Wikipedia dos terraplanistas.

Os organizadores do cruzeiro advertem, portanto, que não garantem chegar ao muro, mas asseguram que os viajantes encontrarão “evidências” suficientes para dar a viagem como proveitosa. Além de navegar na beira do precipício, os terraplanistas poderão desfrutar de restaurantes e piscinas de ondas aptas para a prática do surfe. Não foi informado o custo de fretar o cruzeiro nem os preços dos camarotes. Questionada a respeito pelo The Guardian, a FEIC não respondeu.

Para começar, a organização terá que encontrar uma tripulação que não acredite que a terra é esférica, uma missão altamente complicada, segundo Keijer. “Naveguei dois milhões de milhas, mais ou menos, e nunca encontrei um capitão de navio que acreditasse que a Terra é plana”, diz, do alto de seus 23 anos de experiência nos lemes.

Nos fóruns terraplanistas já foram publicadas fotos que “demonstram a existência desse muro”. Na verdade, são grandes lâminas de gelo ártico que, ao se desprenderem de forma cada vez mais frequente devido ao aquecimento global, deixam grandes cortes verticais que se assemelham a muralhas.

A Sociedade da Terra Plana afirma que “as agências espaciais do mundo” conspiraram para falsificar “a viagem espacial e a exploração”. “Provavelmente começou durante a Guerra Fria. A URSS e os Estados Unidos estavam obcecados em serem os melhores quanto a chegar ao espaço, a tal ponto que cada um fingia seus feitos numa tentativa de seguir o ritmo dos supostos feitos do rival”, afirmam.


sexta-feira, janeiro 11, 2019

Damares Alves é criticada por defender ensino do criacionismo

Uma nova polêmica foi criada em torno da ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves: sua opinião a respeito da teoria da evolução. Nas imagens de uma entrevista concedida por ela em 2013, Damares responde sobre o papel da igreja evangélica na política e observa que os cristãos perderam influência nas escolas. “A igreja evangélica perdeu espaço na história. Nós perdemos o espaço na ciência quando deixamos a teoria da evolução entrar nas escolas, quando nós não questionamos. Quando nós não fomos ocupar a ciência. A igreja evangélica deixou a ciência para lá e ‘vamos deixar a ciência sozinha, caminhando sozinha’. E aí cientistas tomaram conta dessa área”, diz a ministra no vídeo. Em nota, o ministério informou que “a declaração ocorreu no contexto de uma exposição teológica que não tem qualquer relação com as políticas públicas que serão fomentadas” pela pasta.

A teoria da evolução, reconhecida por grande parte da comunidade científica, defende que, a partir de ancestrais comuns, os seres humanos e outros tipos de vida sofrem mudanças evolutivas de uma geração para outra. No entanto, ela ainda é questionada por muitos cientistas, como o físico Adauto Lourenço, mestre em Física pela Clemson University (EUA). Ele apresenta evidências científicas que desmentem a tese defendida pelos evolucionistas.

“O problema é que o que sabemos hoje de seleção natural está ligado à quantidade de informação genética que um organismo tem. Para que a seleção natural ocorra, algo deve se transformar em outra coisa. Mas a informação genética disponível não faz com que ‘isso’ se transforme ‘naquilo’”, disse Lourenço em entrevista ao Guiame.

“Vamos pegar um exemplo prático: a boa pata de um réptil. Vamos imaginar que essa boa pata iria evoluir e, lá na frente, esse animal se tornaria uma ave. Para que essa boa pata se transforme em uma boa asa, no meio [do processo] ela não seria nem uma boa pata, nem uma boa asa. A seleção natural faria com que isso deixasse de existir. A seleção natural é um mecanismo que impede o processo evolutivo; exatamente o contrário daquilo que muitos acreditavam”, esclarece.

Lourenço lembra que o naturalista Charles Darwin, quando escreveu seu livro, disse que o maior problema com sua teoria é que não havia evidências de evolução. “A quantidade de evidências mostrando que a evolução nunca aconteceu, no registro fóssil, na genética, na biologia, nos processos naturais, é esmagadora. Continua sendo ensinado aquele mecanismo de forçar a pessoa a aceitar por intimidação. Hoje um aluno não pode mais dizer que não concorda com isso”, observa. [...]


Nota: Minha posição, assim como a da Sociedade Criacionista Brasileira, continua sendo pelo não ensino do criacionismo nas escolas públicas, não porque ele não merecesse ser ensinado ao lado da hipótese da evolução, mas porque o modelo seria distorcido ou mal explicado por professores que só conhecem (quando conhecem) o evolucionismo. Além disso, em um estado laico, não convém levar para as aulas de ciência e biologia uma estrutura conceitual que integra ciência e religião. Mas isso seria um grande problema? E o evolucionismo seria mesmo ciência pura? E se não, seria conveniente apresentá-lo como fato, verdade absoluta? Em outro post voltarei a essas três perguntas. Agora quero ponderar outro aspecto da celeuma.

O vídeo em que a ministra fala sobre o ensino da teoria da evolução é de cinco anos atrás e foi gravado em um contexto totalmente diferente do atual. É verdade que as palavras de Damares não têm aquele rigor científico nem filosófico, mas expressam uma opinião dela que, em partes, tem lá sua razão. Vejamos.

Ela disse: “Nós perdemos o espaço na ciência quando deixamos a teoria da evolução entrar nas escolas, quando nós não questionamos.” Damares tem razão. A ciência foi descoberta por homens de profunda convicção religiosa e fé na Bíblia Sagrada. Cientistas como Newton, Galileu, Pascal e outros nos legaram o pensamento científico e o harmonizavam bem com a religião. Faziam pesquisa científica para descobrir como Deus criou o Universo e a vida. Quando o darwinismo dominou o ambiente acadêmico, acabou impedindo a discussão ampla a respeito das origens. Os evolucionistas mais honestos e bem informados admitem que a teoria da evolução contém graves insuficiências epistêmicas e falha em responder muitas perguntas, mas procuram evitar esses questionamentos justamente para não dar espaço para a “hipótese concorrente”, o criacionismo. E por quê? Porque querem manter sua posição naturalista, dando as costas para tudo o que não pertença aos domínios do mundo dito natural.

Damares também fala em “questionamento”. E que mal há nisso? Não deveria ser justamente na universidade que o pluralismo de ideias teria que ser aceito e promovido? Não é papel da imprensa questionar e apresentar pelo menos duas faces de uma mesma história? Mas não. Ao tornar hegemônica e inquestionável a teoria da evolução, essas mesmas pessoas blindam esse modelo conceitual e o tornam inquestionável.

A ministra (que na época não era ministra) disse também: “A igreja evangélica deixou a ciência para lá e ‘vamos deixar a ciência sozinha, caminhando sozinha’. E aí cientistas tomaram conta dessa área.’” Bem, os cientistas têm mesmo que “tomar conta” dessa “área”. Mas que os evangélicos se distanciaram da ciência, isso é verdade. Essa atitude inclusive faz com que muitos cristãos abracem crendices, desprezem o estudo profundo das Escrituras Sagradas (deixando de lado, por exemplo, a arqueologia, a hermenêutica e a exegese, por exemplo) e digam verdadeiras asneiras quando o assunto é ciência (terraplanistas e militantes antivacinação que o digam...).

Só mais um detalhe: quando os presidentes anteriores indicavam algum ministro, quase ninguém se interessava pelo assunto, a não ser quando essa pessoa era citada em alguma investigação por corrupção. É interessante e positivo o recente interesse por política e pela vida das pessoas que estão sendo indicadas para cargos públicos, mas chega a ser hipocrisia ficar vasculhando vídeos e declarações antigos para tentar minar a autoridade e o currículo dessas recém-empossadas autoridades.

Em outro post vou analisar outros aspectos dessa polêmica. [MB]