domingo, junho 29, 2014

Isaac & Charles: como interpretar a Bíblia

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Vocalista ateu continua em banda gospel para vender CDs

Tudo por dinheiro
Fãs da banda As I Lay Dying, um grupo de metal cristão, foram surpreendidos com a declaração de Tim Lambesis, que se declarou ateu e confessou que mesmo depois de deixar de acreditar em Deus ele continuou fazendo shows como cristão. Lambesis está preso por ter contratado um matador de aluguel para executar sua ex-esposa, Meggan Murphy Lambesis, mas além de confessar o crime o vocalista ainda fez outras declarações polêmicas ao Alternative Press. Uma dessas declarações se refere ao fato dele não ter deixado a banda ou ter avisado aos fãs sobre sua nova posição religiosa que é o ateísmo. A justificativa dada por Lambesis é que tal afirmação causaria a diminuição da venda de discos da banda. “Nós conversamos sobre a possibilidade de continuar vendendo para os cristãos”, disse ele. No pensamento da banda, os fãs eram “crianças” que viviam em uma “bolha” e que precisavam das músicas para alimentar esse mundo paralelo do cristianismo. “Tivemos essa ideia ‘nobre’ de pensar: ‘Bem, não estamos passando ideias ruins, estamos apenas cantando coisas sobre a vida real. Essas crianças precisam ouvir sobre isso porque vivem em uma bolha.’”

Ele também confessou que não era o único ateu da banda. “Eu não fui o primeiro cara do As I Lay Dying que deixou de ser cristão. Na verdade, eu acho que fui o terceiro. Os dois que permaneceram pararam de falar sobre isso, então eu tenho certeza de que eles caíram também”, disse.

Questionado se se sentia hipócrita por cantar o que não acredita, o roqueiro afirmou que não e disse que a maioria das bandas cristãs que dividiu o palco com ele também não acreditam no que pregam. “Em 12 anos de bandas conhecemos muitos grupos; posso afirmar que a maioria das bandas cristãs não são formadas por cristãos. Eu diria que talvez uma em cada dez bandas realmente são cristãs.”

Na entrevista, ele chegou a confessar que quando um fã pedia uma oração ele desconversava e dizia que iria orar quando estivesse no ônibus, por não gostar de orar alto. Outras vezes apenas fechou os olhos e esperou que os fãs realizassem a oração.

(Gospel Prime, via Música e Adoração)

Nota: A adoração está no centro do grande conflito entre o bem e o mal. Assim, não deixa de ser um golpe de mestre por parte daquele que deu início ao conflito colocar entre os adoradores pessoas que nem sequer creem no que cantam ou vivem em desacordo com a mensagem cantada, é só pensam no lucro que vem dessa “atividade”. E o público iludido assiste a shows pensando que está louvando. [MB]

sexta-feira, junho 27, 2014

União de igrejas avança a passos largos

O papa Francisco pediu e o amigo Tony Palmer cumpriu, levando vários líderes evangélicos para se encontrarem com o líder romano. Tema do encontro: o fim da divisão entre os vários setores do cristianismo. Na foto acima, da esquerda para a direita: Carol e John Arnott, casal pastoral fundador e presidente da Catch The Fire e supervisores da Partners in Harvest Network of Churches – duas famílias, redes de diferentes igrejas evangélicas. Brian Stiller, embaixador-geral da Aliança Evangélica Mundial, uma associação global que representa cerca de 600 milhões de protestantes evangélicos. Kenneth Copeland, orador, tele-evangelista, fundador da organização cristã Kenneth Copeland Ministries, cuja orientação é inspirada no Word of Faith, movimento evangelístico pentecostal que influenciou muitos pregadores norte-americanos. Foi dos primeiros líderes a aceitar o repto do papa para união. Papa Francisco, líder da Igreja Católica Romana. Thomas Schirrmacher, professor de sociologia na Universidade Ocidental de Timisoara, Romênia, professor de Teologia Sistemática na Universidade Livre de Teologia de Giessen, Alemanha, de orientação evangélica, e presidente da Comissão Teológica da Aliança Evangélica Mundial. Geoff Tunnicliffe, CEO e secretário-geral da Aliança Evangélica Mundial. James Robison, tele-evangelista americano, fundador e presidente da Life Outreach International, uma organização humanitária cristã, um dos mais famosos líderes religiosos conservadores durante os anos 1980, apresentador do programa “Life Today”, cuja audiência é estimada em centenas de milhões de pessoas nos EUA, Europa e Austrália (ao lado, sua esposa Betty). Tony Palmer, bispo na Comunidade das Igrejas Episcopais Evangélicas (tradição celta anglicana), amigo próximo do papa Francisco e seu interlocutor com os outros líderes religiosos.

O Bispo Tony Palmer enviou um e-mail aos subscritores de sua mailing list, dando seu testemunho acerca do encontro do qual participou nesta semana no Vaticano com o papa Francisco e vários líderes evangélicos. Destaco dois parágrafos que me parecem os mais relevantes e da máxima importância em termos proféticos:

“Obrigado pelas vossas orações pelo nosso encontro histórico com o papa Francisco em 24 de junho de 2014. Foi um grande sucesso. [...] Este atual ‘Milagre da Unidade’ continua com a sua própria vida. Todos nós, incluindo o papa Francisco, ficamos espantados pelo fato da nossa delegação Evangélica representar 80-90% dos cristãos evangélicos do mundo.”

“Nossa delegação reconheceu de forma conjunta que o nosso ‘Protesto’ acabou e pediu ao papa Francisco para sugerir alguns passos concretos adiante para termos a oportunidade de declarar publicamente a nossa unidade tanto na fé (salvos pela graça, não obras) como na missão comum (evangelizar e ministrar juntos ao mundo). Nossa intenção foi-lhe apresentada e agora aguardamos que ele nos mostre o próximo passo adiante para o cumprimento da oração de Jesus em João 17:21.”

(Filipe Reis)

Nota: Enquanto grande parte do planeta está distraída com a Copa do Mundo, líderes religiosos avançam em seus planos de união (ecumenismo). É interessante notar como o bispo Palmer reduz o “protesto” à questão da salvação pela graça (conforme já destacado neste vídeo), ignorando deliberadamente que os reformadores também foram contra a adoração de imagens, a veneração de Maria, o pretenso poder dos padres de perdoar pecados, e outras questões mais. Também é importante notar que dois dogmas unem católicos e evangélicos em geral: a crença numa alma imortal e a santificação do domingo. Em cima desses dois pilares, muitos acordos podem ser costurados. [MB]

Borboletas-monarca dispõem de “bússola interna”

GPS supereficiente
As borboletas-monarca norte-americanas usam o Sol e o campo magnético da Terra como ferramentas de navegação para sua famosa migração de longa distância, afirmaram cientistas nesta terça-feira (24). Batendo suas delicadas asas alaranjadas e pretas, o inseto viaja por milhares de quilômetros todos os anos dos Estados Unidos e do sul do Canadá até as montanhas Michoacán, no centro do México, onde passam o inverno. As borboletas, cujo nome científico é Danaus plexippus, são conhecidas por usar um tipo de bússola solar no cérebro. No entanto, curiosamente, elas também são capazes de migrar quando o céu está nublado, o que sugere uma codependência em uma bússola magnética. Agora, biólogos de Massachusetts dizem ter encontrado evidências disso, o que torna a borboleta o primeiro inseto migratório de longa distância a usar a navegação magnética.

Os cientistas colocaram as monarcas em um simulador de voo, que cercaram com diferentes campos magnéticos artificiais para testar o senso de direção dos insetos. A maioria se orientou na direção do Equador no teste inicial, mas se voltou para o norte quando o ângulo de inclinação do campo magnético foi mudado. A bússola funcionou apenas na presença de luz na extremidade superior do espectro luminoso visível. De acordo com os pesquisadores, as antenas das borboletas pareciam conter sensores magnéticos sensíveis à luz para fazer todo o trabalho.

A pesquisa, publicada na revista Nature Communications, inclui a monarca a uma lista crescente de aves, répteis, anfíbios, tartarugas e insetos, inclusive abelhas e cupins, que se acredita que usem o campo magnético para navegação.

“Nosso estudo revela outro aspecto fascinante do comportamento migratório da borboleta monarca”, afirmaram os autores. “O maior conhecimento dos mecanismos subjacentes à queda da migração pode ajudar em sua preservação, atualmente ameaçada pelas mudanças climáticas e pela perda contínua das plantas da família das asclépias e dos hábitats de hibernação”, diz  estudo.

Outra vulnerabilidade a considerar é a potencial interrupção da bússola magnética nas monarcas pelo ruído eletromagnético induzido pelo homem, o que pode, aparentemente afetar a orientação geomagnética de uma ave migratória.


Nota: Aves, répteis, anfíbios, tartarugas e insetos, inclusive abelhas e cupins, dependem de mecanismos complexos para navegar usando o campo magnético da Terra. Teria esse sistema vital evoluído simultaneamente em seres vivos tão distintos? Já é difícil explicar o "surgimento" disso numa espécie... E se esses seres vivos dependem desses sistemas para sobreviver (afinal, um erro de cálculo poderia levar as borboletas para regiões inóspitas ou fazer com que elas se perdessem e esgotassem suas reservas de energia), como "se viravam" até que o mecanismo evoluísse? Dá-lhe sistemas de complexidade irredutível que tinham que funcionar bem desde que foram criados! [MB]

A histeria ambiental ameaça nossas liberdades

"Quero controlar você!"
Nosso planeta está na iminência de derreter e, para salvá-lo, é preciso mudar radicalmente nosso estilo de vida, abandonar o progresso industrial e delegar poder absoluto aos governos. Ao menos é isso que muita gente quer que acreditemos. São os ambientalistas, uma seita que mascara profundo desprezo pelo avanço capitalista e tenta monopolizar a legítima preocupação com o meio ambiente. Contra essa ameaça, o ex-presidente da República Tcheca Vaclav Klaus escreveu o excelente livro Planeta azul em algemas verdes, afirmando que é a liberdade, não o clima, que corre verdadeiro perigo atualmente. Klaus considera o risco “verde” mais sério do que o comunismo, e isso, vindo de alguém que sofreu intensamente sob o regime comunista, é algo que merece atenção. “O aquecimento global tornou-se símbolo e exemplo da luta entre a verdade e a propaganda. A verdade politicamente correta já foi estabelecida e não é fácil opor-se a ela”, diz ele. A postura de muitos ambientalistas remete àquela de seitas religiosas fanáticas. Há uma “verdade” absoluta revelada, os “profetas” (como Al Gore e companhia), e os “hereges”, que adotam posição mais cética e demandam cautela.

(Rodrigo Constantino, Veja)

Nota: É bom ver que outras pessoas estão percebendo o “perigo verde” que ronda o planeta, com o espectro politicamente correto do ECOmenismo. [MB]


quinta-feira, junho 26, 2014

Sábado e o jogo das decisões

Que camisa você veste?
Acordei de madrugada, estou preocupada com uma amiguinha muito doente, aproveitei para orar por ela e por outros amigos doentes, e pelos meus filhos. E no meio das divagações noturnas, pensei no jogo do Brasil que se aproxima, marcado para o dia 28, às 13h. Seria um jogo comum e não causaria tanta polêmica, não fosse o fato de ser realizado no dia do sábado. Aqui em casa já tomamos a nossa decisão. Vamos nos abster de assistir e comemorar. Também creio que não será muito difícil, porque meu marido, apesar de gostar um pouco de futebol, é um persistente observador do sábado, como a mãe dele sempre foi e eu admirava isso. Não preciso aqui dizer que ele é um seguidor de Jesus Cristo, e ser guardador do sábado é uma consequência da obediência a Deus, porque isso é evidente.

Não se trata de se sentir melhor do que esse ou aquele. Trata-se apenas de definir nossa posição. Há os que definiram que vão prestigiar o Brasil nas horas sagradas do sábado, e eu respeito e tento não julgar a decisão, mas aqui nem houve reunião a respeito. A isso não caberia negociação. Em tempos de Copa do Mundo, eu quero seguir a escalação do meu Técnico. “Lembra-te do dia do sábado para o santificar...” (Êx 20:8-11). É sabido que há inúmeras bênçãos reservadas para os cumpridores da vontade do Senhor. E eu entendo que essa é a vontade dEle nesse dia.

Também não vou cair naquela acusação de que os que decidiram não assistir são os fariseus, os sepulcros caiados, e blá, blá, blá... Não, isso não me atinge. A questão da obediência tem o objetivo de posicionar você na luta. Não fará ninguém maior ou menor, mas definirá o que realmente é importante para nós.

E aquela velha história muito usada: “Ah, não vai assistir, mas vai morrer de vontade, então é melhor assistir.” Ainda assim eu prefiro obedecer.

E para reafirmar a posição que escolhi, transcrevo aqui o “velho”, mas sempre atual conselho de um grande líder religioso, Josué: “Então, Josué disse a todo o povo [no caso, o povo de Israel, mas pode ser dirigido a nós hoje]: Escolhei hoje a quem sirvais [...] porém eu e a minha casa serviremos ao Senhor” (Js 24:15).

É tempo de preparação para nós e nossos filhos; em tempo integral, sem adaptações da verdade a esse ou aquele gosto pessoal. Tomemos nossas decisões, conscientes de que o Senhor nos ama, mas nos observa. Sempre!

(Tânia Prioli Cardozo)

Nota: Em Isaías 58:13 e 14 está escrito: “Se você vigiar seus pés para não profanar o sábado e para não fazer o que bem quiser em Meu santo dia; se você chamar delícia o sábado e honroso o santo dia do Senhor, e se honrá-lo, deixando de seguir seu próprio caminho, de fazer o que bem quiser e de falar futilidades, então você terá no Senhor a sua alegria, e Eu farei com que você cavalgue nos altos da terra e se banqueteie com a herança de Jacó, seu pai” (NVI).

Jesus disse que quem é fiel no pouco, também é fiel no muito. As “pequenas” decisões de hoje estão nos preparando para as grandes decisões de amanhã – quando teremos que proclamar nossa fé ao custo da própria vida. O exercício de fazer a vontade de Deus, ainda que a nossa seja outra, vai nos acostumando a fazer o que é certo, não com base em nossos sentimentos e desejos, mas com base em nossa decisão de agradar a Deus e na confiança de que Ele sabe o que é melhor para nós. Prefiro fazer a vontade de Deus contra a minha do que a minha contra a dEle.

Porém, não nos esqueçamos de que “cada um de nós prestará contas de si mesmo a Deus. Portanto, deixemos de julgar uns aos outros. Em vez disso, façamos o propósito de não colocar pedra de tropeço ou obstáculo no caminho do irmão. [...] Assim, seja qual for o seu modo de crer a respeito destas coisas, que isso permaneça entre você e Deus. Feliz é o homem que não se condena naquilo que aprova” (Rm 14:12, 13, 22). [MB]

quarta-feira, junho 25, 2014

A breve história de Hawking (e algumas revelações)

Com 15 anos, li Uma Breve História do Tempo, de Stephen Hawking e fiquei ainda mais apaixonado por cosmologia e passei a admirar o cientista cuja mente tem viajado tão longe, mas que, ironicamente, está há décadas preso a uma cadeira de rodas, devido à esclerose lateral amiotrófica que tem limitado seus movimentos e foi diagnosticada quando ele tinha 21 anos de idade. Depois li O Universo Numa Casca de Nós, um primor gráfico, também dele. E quando soube que ele havia lançado Minha Breve História, não perdi tempo e comprei o livro. A história é breve, realmente. Tem apenas 140 páginas (na edição em português publicada pela editora Intrínseca). Mas nelas Hawking revela lances curiosos de sua infância e muita coisa dos bastidores do mundo da ciência. Continuo admirando o intelecto de Hawking, apesar de algumas “bobagens” que ele andou dizendo a respeito da fé e de outros assuntos (confira aqui, aqui e aqui). Aliás, lendo o livro, pude perceber nas entrelinhas o porquê da ligeira aversão do cientista pela religião (nada tão escancarado como acontece com Dawkins, por exemplo). 

Hawking nasceu em Oxford, na Inglaterra, no dia 8 de janeiro de 1942. Filho de um médico pesquisador e de uma secretária escocesa, ambos formados pela Universidade de Oxford, o menino desde cedo manifestou interesse por matemática (o que causou certo descontentamento no pai, que queria que ele também fosse médico) e pelas grandes questões da vida, como de onde viemos e para onde vamos. Com cerca de dez anos, esteve sob os cuidados de um tutor na Espanha que, mais interessado em escrever uma peça para o festival de Edimburgo do que em ensinar, obrigava o menino a ler capítulos da Bíblia todos os dias e a fazer uma redação a respeito, segundo ele, para lhe ensinar a beleza do idioma inglês. Hawking parece não ter gostado disso, até porque a versão que ele teve que ler foi a tradicional e antiquada King James. A falta de religião no lar e essa experiência negativa com a Bíblia não foram coisas positivas na vida dele, como veremos mais adiante.

Hawking fala de sua doença, de suas esposas, de seus três filhos e dois divórcios, e dedica mais espaço para discursar a respeito dos assuntos que sempre mais o atraíram: física e cosmologia. Um dos trechos mais reveladores e interessantes, para mim, está nas páginas 71 e 72. Nos anos 1960, a teoria do universo estacionário vinha apresentando problemas (e Hawking chega a agradecer por não ter sido aluno de um professor que defendia essa teoria) com crescentes evidências apontando para um universo em expansão. Hawking escreveu que “dois russos, Evgeny Lifshitz e Isaak Khalatnikov, alegaram ter provado que uma contração geral sem uma simetria exata sempre provocava um repique, com a densidade se mantendo finita. O resultado foi muito conveniente para o materialismo dialético marxista-leninista, uma vez que evitava indagações inconvenientes sobre a criação do Universo. Portanto, tornou-se um artigo de fé para os cientistas soviéticos”.

Isso mostra que a ciência não é um empreendimento isento de interesses escusos. Fico me perguntando, também, a quem interessam os supostos bilhões de anos atribuídos à vida neste planeta... A quem interessa a ideia de que vida pode surgir de não vida e que a complexidade pode surgir a partir do rudimentar, contrariando a própria ciência...  

Outros dois relatos que me chamaram a atenção estão nas páginas 91e 92. Certa ocasião, Hawking fez uma aposta com Kip Thorne. Caso a teoria de Kip fosse a vencedora, Hawking propôs dar-lhe a assinatura de uma revista pornográfica. Caso ele vencesse, Kip lhe daria a assinatura de outra revista pornográfica. Hawking conta: “Nos anos que se seguiram à aposta, a evidência em favor dos buracos negros ficou tão forte que capitulei e dei a Kip a assinatura da Penthouse, para grande desgosto da esposa dele.”

Hawking perdeu dois casamentos. Não deveria atrapalhar o dos outros...

Eu já sabia da moral duvidosa do cientista e que ele era (ou é, não sei) frequentador assíduo de um clube de swing (confira), mas o pior foi saber que ele acabou desperdiçando novamente uma oportunidade de conhecer o Criador do Universo. Eis o segundo relato que começa na página 91: “Enquanto estive na Califórnia, trabalhei com um aluno de pesquisa no Caltech chamado Don Page. Don tinha nascido e fora criado em uma aldeia do Alasca, onde seus pais eram professores da escola e, junto com ele, eram os únicos não esquimós da região. Ele era cristão evangélico e fez o possível para me converter quando, mais tarde, veio morar conosco em Cambridge. Don costumava ler histórias da Bíblia para mim durante o café da manhã, mas eu lhe disse que conhecia bem a Bíblia do tempo em que morava em Maiorca e porque meu pai costumava lê-la para mim. (Meu pai não era crente, mas achava que a Bíblia do rei James era culturalmente importante.)”

Não, Hawking não conhecia a Bíblia, apenas havia tido uma experiência de leitura forçada na infância que o marcou negativamente e levantou nele uma espécie de “blindagem” contra a Palavra de Deus. Que pena... Outra oportunidade perdida (aliás, Hawking também conhece alguma coisa do adventismo: confira).

No entanto, embora não dê importância à religião, o físico admite que a menção a Deus em seu livro Uma Breve História do Tempo ajudou a alavancar as vendas: “No estágio de provas, quase cortei a frase final do livro, que era que iríamos conhecer a mente de Deus. Se eu tivesse feito isso, as vendas talvez houvessem caído para a metade” (p. 110).

De qualquer forma, Minha Breve História acaba sendo uma lição de superação e de que nada deve nos impedir de sempre aprender mais e mais. O autor diz: “Tive e tenho uma vida completa e prazerosa. Acredito que pessoas com deficiência devem se concentrar nas coisas que a desvantagem não as impede de fazer, e não lamentar as que são incapazes de realizar. No meu caso, consegui fazer quase tudo o que queria” (p. 137).

Michelson Borges

De acordo com nova teoria, o Universo não deveria existir

Tudo teria vindo do nada?
Um novo estudo britânico sugere que as condições logo após o Big Bang deveriam ter desmoronado o Universo apenas microssegundos após seu nascimento explosivo. Os físicos tiraram essa conclusão a partir de um modelo sobre as propriedades da partícula recém-descoberta bóson de Higgs, a partícula que explica como todas as outras ganham sua massa, além do estudo de ondas gravitacionais formadas na origem do Universo. Eles acreditam que, logo após a explosão primordial do Big Bang, a matéria correu a uma velocidade vertiginosa, em um processo conhecido como inflação cósmica. Esse espaço-tempo curvado e espremido, que criou ondulações conhecidas como ondas gravitacionais, também “torceu” a radiação que passou através do Universo. “Durante o início do Universo, houve a inflação cósmica, uma rápida expansão do Universo logo após o Big Bang”, disse um dos coautores do estudo, Robert Hogan, doutorando em Física na King’s College em Londres (Reino Unido). “Essa expansão fez com que um monte de coisas se agitasse ao redor, mas, se agitadas demais, o Universo poderia entrar em colapso.”

Embora esses eventos tenham ocorrido 13,8 bilhões de anos atrás, o telescópio BICEP2 (um radiotelescópio que opera na Estação Polo Sul Amundsen-Scott) detectou recentemente os traços da inflação cósmica na radiação cósmica de fundo micro-ondas que permeia o Universo. Em particular, ondas torcidas ou enroladas características chamadas de “modo B”. E a gravidade não era a única força do início do Universo. Um campo de energia onipresente, chamado de campo de Higgs, também já permeava o mundo e dava massa às partículas que passavam através dele. Os cientistas descobriram o sinal indicador desse campo em 2012, quando descobriram o bóson de Higgs e determinaram sua massa.

Com uma maior compreensão das propriedades da inflação cósmica e da massa do bóson de Higgs, Hogan e seu colega, Malcolm Fairbairn, também físico da King’s College, tentaram recriar as condições do Universo logo após o Big Bang. O que eles encontraram foi uma má notícia. O universo recém-nascido devia ter experimentado uma tremulação intensa no campo da energia, conhecida como flutuação quântica. Essa tremulação, por sua vez, poderia ter interrompido o campo de Higgs, em essência deixando todo o sistema em um estado de energia muito menor que tornaria o colapso do Universo inevitável.

Obviamente, há algum problema com essa teoria, afinal, se o Universo não deveria existir, por que está aqui? “A expectativa é que deve haver algum novo conceito da física que não colocamos em nossas teorias ainda”, disse Hogan.

Uma possibilidade, conhecida como a teoria da supersimetria, propõe que existem “partículas superparceiras” para todas as partículas conhecidas atualmente. Talvez aceleradores de partículas mais poderosos do que os existentes poderiam encontrar essas partículas.

Outro problema com a hipótese dos físicos é que a teoria da inflação cósmica ainda é especulativa. Alguns estudiosos sugerem que o que pareciam ser ondas gravitacionais primordiais para o telescópio BICEP2 podem na verdade ser apenas sinais de poeira cósmica na galáxia. Se a teoria da inflação cósmica mudar, então o modelo de Hogan e Fairbairn precisa mudar também.

Curiosamente, esta não é a primeira vez que físicos disseram que o bóson de Higgs levaria nosso Universo ao seu fim. Outros cientistas já calcularam que a massa do bóson de Higgs torna o Universo fundamentalmente instável, podendo acabar com ele de maneira apocalíptica em bilhões de anos.

A massa do bóson de Higgs, cerca de 126 vezes maior do que o próton, fica “no limite” em termos de estabilidade do Universo. Se fosse um pouco mais leve, o campo de Higgs seria muito mais facilmente perturbado; se fosse um pouco mais pesada, o campo de Higgs atual seria incrivelmente estável.


Nota: Parece que tudo conspira contra a existência do Universo, tamanhas são as variáveis e as leis físicas que devem ser finamente ajustadas para a manutenção do tecido da realidade. No entanto, estamos aqui, num universo estável e que funciona perfeitamente bem. Quem ou o quê teria feito essa “tunagem” lá no início de tudo? A resposta é bastante óbvia para aqueles que não creem no acaso e na ideia de que do nada pode surgir tudo. Para aqueles que creem que o natural (tempo, espaço, matéria) não pode ter surgido a partir do natural (o que equivaleria dizer que o Universo teria criado a si mesmo!), mas que deve haver uma causa primeira não causada super ou sobrenatural, todo-poderosa e inteligentíssima. [MB]

terça-feira, junho 24, 2014

Dez conceitos científicos usados do jeito errado

Para entender a ciência
Muitos conceitos saíram do mundo da ciência e passaram a fazer parte da linguagem do dia a dia – e, infelizmente, eles quase sempre são usadas de maneira incorreta. Nós pedimos a um grupo de cientistas para listarem quais são os termos científicos que mais são usados do jeito errado. Aqui estão dez deles.

1. Prova. O físico Sean Carroll diz: “Eu diria que ‘prova’ é o conceito mais incompreendido da história da ciência. Ele tem uma definição técnica (a demonstração lógica de que certas conclusões decorrem de certas suposições) que está em forte desacordo com a maneira como o termo é usado em conversas casuais, que está mais próxima do simples ‘forte evidência de alguma coisa’. Há uma incompatibilidade entre o que os cientistas dizem e o que as pessoas ouvem, porque os cientistas tendem a ter a definição de prova em mente. E, por definição, a ciência nunca prova coisa nenhuma! Então, quando nos perguntam ‘Qual é a prova científica de que nós evoluímos de outras espécies?’, ou ‘Nós podemos realmente provar que as mudanças climáticas são causadas por atividades humanas?’, nós tentamos desenvolver uma explicação em vez de simplesmente dizer ‘Sim, nós podemos provar’. O fato de que a ciência nunca prova nada realmente, mas simplesmente cria cada vez mais teorias confiáveis e abrangentes sobre o mundo – teorias essas que sempre podem ser atualizadas e melhoradas – é um dos aspectos-chave que explicam por que a ciência é tão bem-sucedida.

2. Teoria. O astrofísico Dave Goldberg tem uma teoria sobre a palavra teoria: “Os membros do público geral (junto com as pessoas que brandem machados ideológicos) ouvem a palavra ‘teoria’ e a equalizam com ‘ideia’ ou ‘suposição’. Teorias científicas são sistemas completos de ideias que podem ser testadas e que são potencialmente refutáveis, seja por evidências ou por um experimento que alguém poderia fazer. As melhores teorias (entre as quais eu incluo a da Relatividade Especial, a da Mecânica Quântica e a da Evolução [considero leviano comparar a evolução em seu aspecto “macro” com a relatividade e a gravidade, por exemplo. Mas deixa isso pra lá... – MB]) resistiram a cem anos – ou mais – de desafios, tanto de pessoas que queriam se provar mais espertas do que Einstein como daqueles que não gostam de desafios metafísicos porque eles não se encaixam em suas visões de mundo. Por fim, teorias são maleáveis, mas não infinitamente. Teorias podem ser incompletas ou ter detalhes errados sem que todo o conceito caia por terra. A Teoria da Evolução foi sendo adaptada ao longo dos anos, mas não a ponto de ficar irreconhecível [isso porque os evolucionistas lutam arduamente para mantê-la assim]. O problema com a frase ‘é só uma teoria’ é que ela implica que uma teoria científica real é algo pequeno – e não é.” [Por isso insisto em que a macroevolução está mais para hipótese ou cosmovisão ou modelo do que para teoria.]

3. Incerteza Quântica e Estranheza Quântica. Goldberg acrescenta que duas ideias têm sido mais mal interpretadas e vilipendiadas que quaisquer outros conceitos: a Incerteza Quântica e a Estranheza Quântica (também chamada de comportamento não local ou entrelaçamento quântico). Isso acontece quando as pessoas se apropriam de conceitos da Física com intenções espirituais ou New Age: “As pessoas criam falácias que são exploradas por um certo tipo de espiritualistas e gurus da autoajuda, que podem ser resumidas por aquela abominação chamada ‘Quem somos nós?’ (o filme cujo título original é ‘What the Bleep Do We Know?’). Todo mundo sabe que o ponto central da mecânica quântica é a questão da medida. Um observador que tentar medir a posição ou o momentum ou a energia causa ‘o colapso da função de onda’, que entra em colapso de modo não determinista. (Na verdade, um dos meus primeiros artigos foi sobre ‘Quão esperto você precisa ser para causar o colapso de uma função de onda?’). Mas só porque o Universo não é determinista, isso não significa que você esteja no controle dele. É incrível (e assustador) o modo como em certos círculos pensantes a Incerteza Quântica e a Estranheza Quântica sempre aparecem ligadas à ideia de alma, de que seres humanos controlam o Universo ou a qualquer outra pseudociência. No fim das contas, somos feitos de partículas quânticas (prótons, nêutrons, elétrons) e somos parte do universo quântico. Claro que isso é legal, mas apenas no sentido de que a física é muito legal.”

4. Aprendido versus inato. A bióloga evolutiva Marlene Zuk diz: “Um dos usos errados de que eu mais gosto é a ideia de os comportamentos serem ‘aprendidos versus inatos”, ou qualquer uma das outras versões desse erro. A primeira pergunta que eu frequentemente recebo quando falo sobre comportamento é sobre o que é ‘genético’ e o que não é, e isso é um erro porque TODAS as características SEMPRE são o resultado de uma junção das contribuições dos genes e do ambiente. Só a diferença entre as características, e não a característica em si, pode ser tida como genética ou aprendida – por exemplo: se você tem gêmeos idênticos criados em ambientes diferentes e eles fazem alguma coisa de forma diferente (como falar línguas diferentes), então a diferença é aprendida. Mas falar francês ou italiano ou qualquer outra língua não é, por si mesmo, algo totalmente aprendido, porque, no final das contas, obviamente que a criatura precisa ter um determinado background genético para ser capaz de falar.”

5. Natural. O especialista em Biologia Sintética Terry Johnson está cansado de ver as pessoas entendendo o significado dessa palavra do jeito errado: “‘Natural’ é uma palavra que vem sendo usada em tantos contextos e com tantos significados diferentes que se tornou praticamente impossível analisar essa questão. Seu uso mais básico, que distingue os fenômenos que só existem por causa da humanidade de fenômenos que não precisam dela para acontecer, pressupõe que os seres humanos estão fora da natureza e que nossas obras não são naturais quando comparadas às obras de, digamos, castores ou abelhas. Quando estamos falando de comida, ‘natural’ é uma definição ainda mais escorregadia. A palavra tem significados diferentes em países diferentes e, nos EUA, a FDA simplesmente desistiu de tentar definir ‘comida natural’ (principalmente em favor do termo ‘orgânico’, outra palavra de significado nebuloso). No Canadá, eu poderia comercializar milho como ‘natural’, se evitar a adição ou a subtração de várias coisas antes de vendê-lo, mas o próprio milho já é o resultado de milhares de anos de seleção feita por humanos, de uma planta que não existiria sem a intervenção humana.”

6. Gene. Johnson tem uma preocupação ainda maior com a maneira como a palavra gene é usada: “Foram necessários 25 cientistas trabalhando por dois dias para que chegássemos a uma definição: ‘Uma região localizável de sequência genômica, correspondente a uma unidade de herança, que é associada a regiões reguladoras, regiões transcritas e/ou outras regiões de sequências funcionais.’ Isso significa que um gene é uma pedacinho do DNA para o qual nós podemos apontar e dizer: ‘Aquilo faz alguma coisa, ou regula a realização de alguma coisa.’ A definição é bem flexível e pode ser reelaborada; pouco tempo atrás nós pensávamos que grande parte do nosso DNA não servia para nada. Nós o chamávamos de ‘DNA lixo’, mas estamos descobrindo que muito desse lixo tem funções que não são óbvias.

“Normalmente, a palavra ‘gene’ é usada do jeito errado quando vem seguida da palavra ‘para’. Há dois problemas aqui. Todos nós temos genes para hemoglobina, mas nem todos temos anemia falciforme. Pessoas diferentes têm versões diferentes do gene da hemoglobina e essas versões se chamam alelos. Existem alelos de hemoglobina que são associados à anemia falciforme e outros que não são. Então, um gene se refere a uma família de alelos e apenas alguns membros dessa família estão associados a doenças e desordens – isso se estiverem. O gene não é o problema – acredite, você não viveria muito tempo sem hemoglobina –, embora uma determinada versão da hemoglobina possa ser problemática.

“O que mais me preocupa é a popularização da ideia de que quando uma variação genética está relacionada a alguma coisa, ela se torne ‘o gene para’ aquela coisa. Essa linguagem acaba sugerindo que ‘esse gene causa uma doença cardíaca’, quando, na realidade, em geral, o correto seria dizer: ‘Pessoas que têm esse alelo parecem ter uma incidência ligeiramente maior de doenças cardíacas, mas nós não sabemos qual o motivo disso e talvez haja vantagens que compensem essa característica desse alelo, mas nós ainda não as descobrimos porque simplesmente não estávamos procurando por elas.’”

7. Estatisticamente significante. O matemático Jordan Ellenberg quer deixar o registro correto sobre esse conceito: “‘Estatisticamente significante’ é uma daquelas frases que os cientistas gostariam de pegar de volta e renomear. ‘Significante’ sugere importância; mas o teste de significância estatística, criado pelo estatístico britânico R. A. Fisher, não mede a importância ou o tamanho de um efeito; ele apenas aponta a existência desse efeito, mostra que somos capazes de percebê-lo, usando nossas ferramentas estatísticas mais afiadas. “Estatisticamente perceptível’ ou ‘estatisticamente discernível’ seriam expressões muito melhores.”

8. Sobrevivência do mais apto. A paleoecologista Jacquelyn Gill diz que as pessoas não compreendem um dos princípios mais básicos da Teoria da Evolução. “No topo da minha lista está ‘sobrevivência do mais apto’. Em primeiro lugar, essas não são palavras de Darwin; em segundo lugar as pessoas não compreendem direito o que significa ‘mais apto’. Também há muita confusão sobre o conceito de evolução no geral, incluindo a persistente ideia de que a evolução é progressiva e direcional (ou mesmo algo deliberado da parte dos organismos; as pessoas simplesmente não pegam a ideia de seleção natural), ou a ideia de que todas as características devem ser adaptativas (seleção sexual existe! Mutações aleatórias também!).

“Mais apto não significa mais forte nem mais inteligente. Significa simplesmente um organismo que se encaixa melhor em seu ambiente, o que pode significar qualquer coisa, desde ‘menor’ ou ‘mais escorregadio’ até ‘mais venenoso’ ou ‘mais capaz de viver sem água por semanas’. Além disso, as criaturas nem sempre evoluem de maneira que nós possamos explicar as adaptações. O caminho evolucionário delas tem mais a ver com mutações aleatórias ou traços que sejam atraentes para outros membros daquela espécie.” [No que diz respeito às mutações aleatórias, é bom sempre lembrar que elas não explicam o surgimento de informação genética nova e de novos órgãos funcionais e planos corporais que antes não existiam. A teoria da evolução pode explicar bem a sobrevivência do mais apto, mas é incapaz de explicar como esse mais apto veio à existência.]

9. Escalas de tempo geológico. Gill, cujo trabalho gira em torno de ambientes do Pleistoceno que existiram 15.000 anos atrás [duplo sic, pois o correto deve ser 15 milhões de anos, e porque essa é a majorada escala de tempo evolucionista], diz que ela fica desanimada com quão pouco as pessoas parecem entender sobre as escalas de tempo da Terra: “Uma questão com a qual eu sempre me deparo é a de que o público simplesmente não entende as escalas geológicas. Tudo que é pré-histórico acaba comprimido na cabeça das pessoas e eles pensam que 20.000 anos atrás nós tínhamos espécies drasticamente diferentes (não) ou dinossauros (não, não, não). Claro que não ajuda o fato de que os dinossauros de brinquedo quase sempre são vendidos no mesmo pacote que homens das cavernas e mamutes.” [Os brinquedos estão mais próximos da realidade histórica...]

10. Orgânico. A entomologista Gwen Pearson diz que há toda uma constelação de termos que vêm junto com a palavra “orgânico”, como “livre de produtos químicos” e “natural”. E ela está cansada de ver como as pessoas não compreendem esses termos: “Estou menos preocupada com a forma como esses termos são tecnicamente incorretos [uma vez que toda] comida é orgânica, por conter carbono, etc. [Minha preocupação é] a maneira como essas palavras são usadas para deixar de lado ou minimizar as diferenças reais entre comida e processos industriais. As coisas podem ser naturais e ‘orgânicas’, mas ainda assim muito perigosas. As coisas podem ser ‘sintéticas’ e manufaturadas, mas seguras. E algumas vezes essas coisas artificiais são escolhas melhores. Se você estiver tomando insulina, é bem provável que ela seja feita com bactérias geneticamente modificadas. E ela salva vidas.”

Livros e filmes afetam dinâmica do cérebro adolescente

Personagens da série Crepúsculo
Segundo os cientistas, a literatura afeta o cérebro dos jovens, mas eles ainda não sabem exatamente como. O que eles sabem é que, definitivamente, a mente dos adolescentes é mais suscetível a influências do que a dos adultos – tanto a partir de outras pessoas e experiências, como a partir de livros, filmes e músicas. Por exemplo, a nova febre entre os adolescentes, a saga Crepúsculo, exibida tanto em forma de livros como filmes, poderia estar afetando o funcionamento dinâmico do cérebro adolescente em formas que os cientistas ainda não entendem. Segundo eles, algumas novas descobertas identificaram manchas no cérebro que respondem à literatura e à arte. Educadores, cientistas e autores estão se reunindo na Inglaterra justamente para discutir de que forma esses livros e filmes estão afetando a mente dos adolescentes.

Ao longo da última década, os pesquisadores descobriram que o cérebro adolescente processa as informações diferentemente do cérebro mais maduro. Ele é mais propenso a responder a situações emocionalmente, e menos propenso a considerar as consequências por antecipação racional. Isso porque na adolescência o córtex pré-frontal, a parte do cérebro responsável pelo raciocínio e avaliação de risco, passa por um surto de crescimento pouco antes da puberdade, seguido por um período de organização e de supressão das vias neurais.

Os pesquisadores também debateram o impacto das obras nos adolescentes, psicologicamente falando. A série Crepúsculo tem como protagonistas o casal Bella e Edward. A história é de uma adolescente que se apaixona por um vampiro “muito mais velho”. Alguns críticos alegam que a passividade de Bella, e a mensagem de abstinência até o casamento, são antifeministas [pelo menos tem isso de bom, a ideia da abstinência - MB].

A argumentação é de que a história propaga valores muito conservadores que de modo algum endossam o pensamento independente, o desenvolvimento pessoal ou a posição da mulher como uma criatura independente.

Os pesquisadores estão interessados em entender o apelo dessas obras obscuras na mente dos jovens, e porque eles são especialmente cativados por histórias com vampiros, zumbis e temas pós-apocalípticos. [E aqui está o problema, não no conservadorismo em si.]

Os críticos também alegam que os autores de livros destinados a adolescentes devem ter uma responsabilidade moral de incluir positividade e esperança em suas obras. Segundo eles, o mundo precisa estar ciente do quanto os jovens são influenciados por aquilo que leem ou assistem, e se eles leem livros onde não há esperança em nada, isso pode ser prejudicial. [E o que este mundo e a literatura secular podem oferecer de esperança? A verdade é que somente os livros que tratam da vida eterna e da Fonte dela é que podem oferecer a verdadeira esperança.]

segunda-feira, junho 23, 2014

Sem Tabus: sexualidade na mídia

O poder da música e a "gospelização" do adventismo

Descoberta relacionada ao Big Bang é revista

Menos, pessoal, menos!
Lembra de quando uma equipe de Harvard encontrou a primeira evidência direta de inflação cósmica logo após o Big Bang? Bem, agora o estudo foi publicado – e a equipe está recuando em suas alegações originais. Em março, a equipe anunciou que havia usado dados do telescópio BICEP2 e observou a polarização primordial modo-B na radiação cósmica de fundo pela primeira vez. Eles diziam que essa era a primeira evidência direta da inflação cósmica logo após o Big Bang – em outras palavras, de que o Big Bang de fato foi o início de tudo. Agora, a pesquisa deles foi revisada e publicada no jornal Physical Review Letters. Nele, os cientistas são um pouco mais tímidos em relação à descoberta. Isso talvez não seja tão surpreendente. Assim que as descobertas foram anunciadas, outros físicos questionaram os resultados. Eles diziam que o método de calibração usado pela equipe no BICEP 2 – que conta com uma imagem instantânea da radiação cósmica de fundo adquirida pelo satélite Planck – subestima os efeitos da poeira cósmica como um fator que contribui para as medições de polarização.

No novo artigo publicado, a parte da calibração é omitida, o que faz com que os resultados sejam menos convincentes. “Não temos um bom controle sobre qual é o tamanho desse sinal de poeira”, explicou o pesquisador Colin Bischoff da Universidade de Harvard à New Scientist. “Ainda defendemos que nossos dados favorecem uma origem cosmológica do sinal através de uma origem de poeira, mas não é mais tão forte.”

De fato, artigos recentemente publicados sugerem que os dados do Planck que estão sendo usados subestimam a contribuição da poeira ainda mais do que cientistas céticos temiam. Os pesquisadores de Harvard escreveram em uma nota de rodapé que “enquanto esses artigos não oferecem informação definitiva no nível da contaminação da poeira no nosso campo, eles sugerem que ela deve ser maior do que todos os modelos considerados”.

O que isso tudo significa? Bem, a descoberta não é tão importante como imaginávamos; mesmo que as observações possam indicar que a inflação cósmica ocorreu logo após o Big Bang, nossa confiança nos dados é muito menor. Por fim, se outras equipes conseguirem reproduzir os resultados será ótimo – mas, até lá, não temos uma prova definitiva de que o Big Bang realmente foi o começo de tudo. Mas não vamos nos desesperar; afinal, é assim que a ciência avança.

(Gizmodo)

Nota: O interessante é que a teoria da macroevolução também é colocada em cheque por evidências contraditórias, mas quem tem coragem (ou honestidade intelectual) para admitir isso? Na astronomia (ciência menos relacionada e comprometida com a religião naturalista), parece que é mais fácil admitir falhas e ser menos ufanista. [MB]

Leia também: "Universo não está se expandido, afirmam astrofísicos"

domingo, junho 22, 2014

Sentido: quaestio magna

Quando o horizonte desaparece
“A crise de sentido não é uma crise entre outras, mas é a crise fundamental, que atravessa todas as outras crises e as condiciona. Trata-se de uma crise qualitativamente diferente das outras, e isso por vários motivos. Primeiro, porque mexe com a vida como um todo e não com uma parte dela, qual seja, a vida econômica, a vida política, a vida emocional, etc. Segundo, porque essa crise não diz respeito apenas ao significado ordinário e direto das coisas, mas, sim, ao sentido último de cada coisa. Para que, no fim das contas, existe o trabalho, a técnica, a política, a arte, a justiça, o amor? Em terceiro lugar, porque a crise de sentido não concerne a essa ou àquela pessoa ou a tal ou tal categoria social, mas a todos e a cada um dos seres humanos, sem exceção. Cada um tem que se haver com o sentido de sua vida e de sua morte, de seu agir e de seu destino definitivo. Apesar da sua decantada autonomia, os grandes valores instituídos, como família, trabalho, ciência e política, estão, eles também, submetidos ao processo niilista: eles perdem valor.

“Essa é a experiência fundamental da cultura imperante. Mas de onde provém esse pathos, esse sentimento de entropia axiológica e mesmo ontológica? Da desvinculação desses valores de seu princípio mais originário por obra dessa mesma cultura. Esta, achando – supremo engodo! – que Deus lhe roubava sentido e buscando, em contrapartida, fundar a vida em si mesma, acabou por esvaziar a própria vida. O resultado era logicamente esperado: quando se apaga o sol, vem a escuridão; quando a fonte seca, o rio morre; quando o horizonte desaparece, o viajante perde a direção. A vida então se torna um tédio sem remédio, contendo apenas intervalos de sentido. Sem Deus, subsistem ilhas de sentido num mar de absurdo. E, contudo, o mar continua subindo e ameaça submergir também as ilhas.

“Chamar de ‘niilismo’ a crise maior de nosso tempo foi mérito de Nietzsche. Trata-se, contudo, de um mérito relativo, pois [...] não é toda a cultura atual que é niilista, mas apenas a dominante. Mas, também, Nietzsche nunca pretendeu que as maiorias pudessem viver sob o signo da ‘morte de Deus’: só uma aristocracia teria a energia para isso. Outro mérito de Nietzsche foi ter visto na figura de Deus o sentido supremo e fundamento de todos os outros sentidos, como o ético e o metafísico. Mas tal mérito vira demérito na medida em que aquele pensador interpretou a equivalência Deus = Sentido de um modo totalmente enviesado: Deus seria o pseudossentido, a máscara do Nada. Assim, só caindo essa máscara, com a ‘morte de Deus’, ficaria aberto o caminho para o sentido autêntico, que chamou ‘vontade de potência’ e ‘eterno retorno’. [...]

“Notável exceção constitui a interpretação de Heidegger, que põe no respeito e na escuta do Ser o princípio da superação do nietzscheísmo, sem que, contudo, resolva a questão do niilismo em geral, por ter permanecido caudatário do imanentismo. Ademais, Heidegger quis superar o niilismo no plano do puro pensar. Mas para vencer o niilismo não basta filosofia, por mais misticismo ontológico que nela se injete. A ‘Seinsphilosophia’ heideggeriana só pode vencer a Filosofia do Nada, não o próprio Nada, tal como se manifesta na experiência concreta da finitude, vivida na culpa, na dor e na morte. Por fim, para superar o Nada não basta o Ser abstrato e formal do pensamento heideggeriano, por mais ontológico que se queira. Precisa-se do Ser realmente existente, o ‘Ipsum Esse Subsistens’, pois só nEle pode haver salvação, que é, em verdade, o nome religioso do sentido.”

(O Livro do Sentido, v. I, p. 137, 138; colaboração de Frank de Souza Mangabeira)

sexta-feira, junho 20, 2014

Isaac & Charles: oceano dentro da Terra

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quinta-feira, junho 19, 2014

Memórias são guardadas em células individuais

Complexidade que surpreende
O cérebro humano guarda memórias episódicas no hipocampo, colocando cada lembrança em uma distinta e distribuída fração de células individuais. O estudo que faz essa afirmação, liderado por pesquisadores do Instituto Neurológico Dignity Health Barrow, da Universidade da Califórnia e da Escola de Medicina de San Diego, todos nos Estados Unidos, confirma algo que os especialistas já suspeitavam. Os resultados, publicados em 16 de junho na revista da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos, iluminam ainda mais a base neural da memória humana e podem até mesmo lançar luz sobre novos tratamentos para doenças e condições adversas, como o mal de Alzheimer e a epilepsia. “Para realmente entender como o cérebro representa a memória, devemos entender como a memória é representada pelas suas unidades fundamentais – os neurônios individuais – e suas redes”, explica Peter N. Steinmetz, diretor do Programa de Neuroengenharia em Barrow e autor sênior do estudo. “Conhecer o mecanismo de armazenamento de memória e recuperação é um passo crítico na compreensão de como tratar melhor as doenças cerebrais que afetam nossa crescente população idosa.”

Steinmetz, juntamente com John T. Wixted, professor de psicologia, e Larry R. Squire, professor dos departamentos de Neurociências, Psiquiatria e Psicologia, ambos da Universidade da Califórnia, e outros colegas, avaliaram nove pacientes com epilepsia, cujos cérebros foram cobertos com eletrodos para monitorar convulsões. O monitoramento registrou atividade no nível dos neurônios individuais.

Os pacientes memorizaram uma lista de palavras em uma tela de computador. Em seguida, viram uma segunda lista mais longa, que continha essas palavras e outras. Eles foram convidados a identificar as palavras que tinham visto antes e indicar o quão bem eles se lembravam delas. A diferença observada na excitação das células na leitura das palavras vistas na primeira lista e aquelas que não estavam na lista anterior indicou claramente que as células no hipocampo foram representando as memórias das palavras dos pacientes.

Os pesquisadores descobriram que as palavras exibidas anteriormente e de forma recente foram armazenadas de forma distribuída ao longo do hipocampo, com cerca de 2% das células respondendo a qualquer nova palavra e uma pequena fração de palavras, cerca de 3%, produzindo uma forte mudança na ativação dessas células.

“Intuitivamente, pode-se esperar descobrir que qualquer neurônio que responde a um item da lista também responderia aos demais itens da lista, mas os nossos resultados não se pareciam nada com isso. O mais incrível sobre esses resultados é que eles não poderiam estar mais de acordo com o que teóricos influentes há muito tempo previam”, afirma Wixted.

Embora apenas uma pequena fração de células tenha codificado a memória recente para qualquer palavra, os cientistas afirmam que o número absoluto de células de codificação de memória para cada palavra era grande, no entanto – na ordem de centenas de milhares, pelo menos. Assim, a perda de qualquer célula teria um impacto negligenciável sobre a capacidade de uma pessoa se lembrar de palavras específicas vistas recentemente.

Em última análise, os cientistas afirmam que seu objetivo é entender completamente como o cérebro humano forma e representa memórias de lugares e coisas na vida cotidiana, quais células estão envolvidas nisso e como as células são afetadas por doenças e enfermidades. Os pesquisadores irão agora tentar determinar se uma codificação semelhante está envolvida em memórias de fotos de pessoas e lugares e como as células do hipocampo que representam a memória são afetadas nos pacientes com formas mais graves de epilepsia.


Nota: O cérebro é tão complexo que ainda não é capaz de entender o próprio funcionamento, e surpreende cada vez mais os pesquisadores que se dedicam a estudá-lo. Digite a palavra “cérebro” no buscador do blog e leia vários outros textos sobre quilo e meio de matéria mais complexa do Universo (como este texto aqui). [MB]

quarta-feira, junho 18, 2014

Hipótese do impacto que "criou" a Lua é questionada

Teoria indefensável
Os cientistas não sabem como a Lua se formou, mas eles gostam muito de uma teoria - a rigor, uma hipótese - que afirma que um hipotético planeta Teia (ou Theia) se chocou com uma “proto-Terra” e formou nosso satélite. Se tal colisão ocorreu, os escombros de Teia deveriam constituir cerca de 70% da Lua. O problema com a teoria é que, até hoje, não se encontraram diferenças significativas nas constituições da Terra e da Lua - ambas têm uma composição muito similar, indicando que a Lua é filha da Terra, ou talvez irmã, sem qualquer sinal de Teia. Mas isso leva os cientistas de volta à estaca zero, e eles ficam sem nenhuma teoria para explicar o nascimento da Lua a partir da Terra.

Daniel Herwartz, da Universidade de Cologne, na Alemanha, resume bem o sentimento de decepção da comunidade científica a esse respeito: “A teoria do impacto gigante é uma bela teoria que explica um monte de coisas, mas há esse problema”, entenda-se bem, o problema de que os dados não dão sustentação à hipótese.

Agora, Herwartz e seus colegas encontraram um jeito de dar esperança à hipótese e, quem sabe, elevá-la à classe das teorias. Analisando amostras de rochas trazidas da Lua pelas missões Apolo, e comparando-as com amostras da Terra e de meteoritos, eles encontraram uma pequena diferença entre os raríssimos isótopos oxigênio-17 de lá e de cá. É fato que as amostras da Lua trazidas pela Apolo vêm sendo estudadas à exaustão há meio século, incluindo comparações de isótopos não apenas do oxigênio, mas também de titânio, silício e vários outros elementos.

Ocorre que as tecnologias de medição melhoraram, o que permitiu agora encontrar uma minúscula diferença, várias casas depois da vírgula. Os dados da equipe alemã indicam que há 12 partes por milhão (ppm) a mais de oxigênio-17 nas amostras da Lua do que nas rochas da Terra - pense em 0,0012%, ou, para facilitar, pense em encontrar 1.000.000 dos isótopos oxigênio-17 na Terra e 1.000.012 deles na Lua. Parece muito pouco para sustentar a hipótese do grande impacto, que afirma que a Lua teria algo entre 70% a 90% de Teia e de 10% a 30% da Terra. Mas isso não impediu a equipe de concluir que seus dados “fornecem evidências crescentes” para sustentar a ideia.

As ciências planetárias têm sofrido de uma tendência à geração de notícias com embasamentos questionáveis que, ao invés de ajudar a dar suporte a esses estudos, acabam desacreditando todo o campo. Todos se lembram das “descobertas” de água na Lua, anunciadas com grande esforço de mídia, incluindo conclusões de que a Lua poderia ter água disseminada em todo o seu interior. Contudo, estudos posteriores que mostraram que os minerais descobertos não se formam na presença de água não mereceram a mesma atenção. Muitos defendem que a Lua não tem água, algo que logo será tirado a limpo, uma vez que a NASA já trabalha na construção de um robô para procurar a água lunar.

A descoberta de água em Marte seguiu rumo semelhante, com anúncios bombásticos feitos pela NASA criteriosamente a cada seis meses - anúncios que só deixaram de ser feitos depois que os cientistas que assinavam estudos desse tipo começaram a se tornar alvos de piadas e comentários maldosos na própria academia. Sem contar que estudos recentes mostraram que os canais que se acreditava terem sido escavados em Marte por água, mais provavelmente foram criados por lava.

A teoria do impacto de Teia é uma teoria elegante, que poderá encontrar sustentação futura. Mas defendê-la com base em uma diferença de 12 ppm em grânulos de poeira lunar que não se pode considerar como representativos da geologia de toda a Lua parece certamente mais um “exagero científico”.


Nota: Infelizmente, há outras hipóteses questionáveis, verdadeiro exagero científico, mas bastante aceitas quase como dogma, cujos defensores não têm coragem de se expor e admitir os dados contraditórios. [MB]