sábado, maio 31, 2008

Desvendando Daniel: rei do sul e rei do norte

O capítulo 11 de Daniel cobre com detalhes o longo período da história da Pérsia, da Grécia e de Roma, primeiro a imperial, depois a eclesiástica. Mas essa última visão tem mais a ver com o tempo do fim do que as anteriores. Os livros de Apocalipse e Daniel possuem duas características semelhantes: repetição e progressão. A seguir, uma pequena síntese das visões de Daniel:

Daniel 2 nos conduz à divisão e queda do Império Romano do Ocidente, em 476 d.C.

Daniel 7 se estende até o ano 1798, o início do tempo do fim.

Daniel 8 e 9 juntos desvendam o maior período profético da Bíblia, os 2.300 anos (457 a.C – 1844 d.C.), indicando o período da primeira vinda de Cristo, Seu batismo (27 d.C.), o ano da Sua morte (31 d.C.), o início do tempo dos gentios (34 d.C.), e o ano em que começaria o Julgamento no Céu (1844), a purificação do Santuário Celestial.

A pergunta feita em Daniel 8:13 é dupla: “até quando o santuário de Deus e o Seu exército [Sua igreja], seriam pisados”, isto é, quando ocorreria a restauração do santuário e do povo de Deus? A resposta de Deus também é dupla. Em Daniel 8:14, Deus responde a primeira parte da pergunta, que diz respeito à restauração do santuário em 1844. A segunda parte da pergunta diz respeito à restauração do povo de Deus e é respondida na visão de Daniel 10 a 12.

I – Os quatro reis da Pérsia

Daniel 11:1: "Mas eu [Gabriel], no primeiro ano de Dario, o medo, me levantei para o fortalecer e animar."

Daniel 11:2: "Agora, eu te declararei a verdade: eis que ainda três reis se levantarão na Pérsia, e o quarto será cumulado de grandes riquezas mais do que todos; e, tornado forte por suas riquezas, empregará tudo contra o reino da Grécia."

Quatro outros reis surgiriam na Pérsia depois de Ciro, foram eles: Cambises (530-522 a.C.) filho de Ciro; Falso Smérdis (522 a.C.), um impostor que governou por sete meses; Dario I (522-486 a.C., Ciro e Dario I fizeram decretos para reconstruir o templo de Jerusalém); Xerxes (486-465 a.C., o Assuero do livro de Ester. O filho de Xerxes, Artaxerxes, foi quem emitiu o terceiro e último decreto para “restaurar e reconstruir Jerusalém” [Esdras 7]).

II – A Grécia e Alexandre, o grande

Daniel 11:3: "Depois, se levantará um rei poderoso, que reinará com grande domínio e fará o que lhe aprouver."

Daniel 11:4: "Mas, no auge, o seu reino será quebrado e repartido para os quatro ventos do céu; mas não para a sua posteridade, nem tampouco segundo o poder com que reinou, porque o seu reino será arrancado e passará a outros fora de seus descendentes."

A Grécia de Alexandre foi o reino que predominou após a Medo-Pérsia.

No capítulo 7, existem quatro cabeças no leopardo, representando as quatro divisões do reino de Alexandre. Em Daniel 8, havia quatro chifres para representar essa divisão. Aqui, no capítulo 11, são quatro ventos, ou quatro pontos cardeais.

Sabemos que o império de Alexandre foi dividido entre os seus quatro generais: Lisímaco, Cassandro, Ptolomeu e Seleuco. Um deles, Ptolomeu, instalou-se ao sul. Exatamente no Egito, que bem simboliza o ateísmo, ou um poder antagônico a Deus. “Mas o Faraó respondeu: Quem é o Senhor para que eu ouça a Sua voz, e deixe ir a Israel?” (Êx 5:2).

III – As lutas entre o Rei do Norte e o Rei do Sul

Daniel 11:5: "O rei do Sul será forte, como também um de seus príncipes; este será mais forte do que ele, e reinará, e será grande o seu domínio."

Daniel 11:6: "Mas, ao cabo de anos, eles se aliarão um com o outro; a filha do rei do Sul casará com o rei do Norte, para estabelecer a concórdia; ela, porém, não conservará a força do seu braço, e ele não permanecerá, nem o seu braço, porque ela será entregue, e bem assim os que a trouxeram, e seu pai, e o que a tomou por sua naqueles tempos."

Daniel 11:7: "Mas, de um renovo da linhagem dela, um se levantará em seu lugar, e avançará contra o exército do rei do Norte, e entrará na sua fortaleza, e agirá contra eles, e prevalecerá."

Daniel 11:8: "Também aos seus deuses com a multidão das suas imagens fundidas, com os seus objetos preciosos de prata e ouro levará como despojo para o Egito; por alguns anos, ele deixará em paz o rei do Norte."

Daniel 11:9: "Mas, depois, este avançará contra o reino do rei do Sul e tornará para a sua terra."

Daniel 11:10: "Os seus filhos farão guerra e reunirão numerosas forças; um deles virá apressadamente, arrasará tudo e passará adiante; e, voltando à guerra, a levará até à fortaleza do rei do Sul."

Daniel 11:11: "Então, este se exasperará, sairá e pelejará contra ele, contra o rei do Norte; este porá em campo grande multidão, mas a sua multidão será entregue nas mãos daquele."

Daniel 11:12: "A multidão será levada, e o coração dele se exaltará; ele derribará miríades, porém não prevalecerá."

Daniel 11:13: "Porque o rei do Norte tornará, e porá em campo multidão maior do que a primeira, e, ao cabo de tempos, isto é, de anos, virá à pressa com grande exército e abundantes provisões."

Os versos 5 a 13 relatam as lutas entre o rei do Norte, representado pela antiga Babilônia, e o rei do Sul, representado pelo Egito. A Babilônia era governada pelos Seleucidas e o Egito pelos Ptolomeus. Em Daniel 11:5-13, os Ptolomeus possuíram a Palestina na primeira parte do período (Dn 11:5), contra os Seleucidas.

Os reis do Norte e do Sul são mencionados em razão de suas respectivas posições geográficas em relação à cidade de Jerusalém, território de Israel. Babilônia era o poder do norte e o Egito, o poder do Sul. Mas o Egito significa muito mais do que rei do Sul. Está ligado a uma rebelião desafiadora e ateísta, assim como Babilônia é mais do que uma invasão procedente do norte. É um falso poder espiritual situado ao norte. Isso ficará mais claro adiante.

IV – Roma pagã [imperial] entra em cena

Daniel 11:14: "Naqueles tempos se levantarão muitos contra o rei do Sul; também os dados à violência dentre o teu povo [os prevaricadores do teu povo] se levantarão para cumprirem a profecia, mas cairão."

Daniel 11:15: "O rei do Norte virá, levantará baluartes e tomará cidades fortificadas; os braços do Sul não poderão resistir, nem o seu povo escolhido, pois não haverá força para resistir."

Daniel 11:16: "O que, pois, vier contra ele fará o que bem quiser, e ninguém poderá resistir a ele; estará na terra gloriosa, e tudo estará em suas mãos."

Daniel 11:17: "Resolverá vir com a força de todo o seu reino, e entrará em acordo com ele, e lhe dará uma jovem em casamento, para destruir o seu reino; isto, porém, não vingará, nem será para a sua vantagem."

Daniel 11:18: "Depois, se voltará para as terras do mar e tomará muitas; mas um príncipe fará cessar-lhe o opróbrio e ainda fará recair este opróbrio sobre aquele."

Daniel 11:19: "Então, voltará para as fortalezas da sua própria terra; mas tropeçará, e cairá, e não será achado."

Daniel 11:20: "Levantar-se-á, depois, em lugar dele, um que fará passar um exator [arrecadador de tributos] pela terra mais gloriosa do seu reino; mas, em poucos dias, será destruído, e isto sem ira nem batalha."

Alguns comentaristas vêem Roma aparecendo pela primeira vez no verso 16, mas o Comentário Bíblico Adventista, volume 4, pág.869, parece favorecer o conceito de que Roma é mencionada a partir do verso 14 como “os prevaricadores do teu povo”.

Nos versos 15 e 16 Roma se torna o rei do Norte após dominar os Seleucidas e penetrar na Palestina, “a terra gloriosa”. Em 63 a.C., Roma tomou Jerusalém e permaneceu na terra gloriosa.

“E [o rei do Sul] lhe dará uma jovem em casamento” – Os comentaristas geralmente têm aplicado esse verso a Cleópatra, rainha do Egito. Roma invade o Egito com Júlio César e Cleópatra foi colocada sob a proteção romana, tornando-se amante de Júlio César.

As características do verso 20 são as que mais claramente identificam Roma na seqüência histórica. Nesse verso é dito que na glória desse grande reino que derrotou a Medo-Pérsia e a Grécia surgiria um arrecadador de tributos.

Lucas 2:1 diz: “Naqueles dias saiu um decreto da parte de César Augusto para que todo o mundo fosse recenseado.” Que nação governava o mundo nos dias de Jesus? Roma. Quem baixou o decreto ordenando o recenseamento? César Augusto. De onde ele era? Era romano. Jesus nasceu nos dias de César Augusto, que era conhecido como o “arrecadador de impostos”. Além do mais, César Augusto morreu assim como predito: “sem ira nem batalha”.

V – A morte de Jesus

Daniel 11:21: "Depois, se levantará em seu lugar um homem vil, ao qual não tinham dado a dignidade real; mas ele virá caladamente e tomará o reino, com intrigas."

Daniel 11:22: "As forças inundantes serão arrasadas de diante dele; serão quebrantadas, como também o príncipe da aliança."

O “homem vil” que sucedeu a César Augusto foi Tibério César (14 d.C – 37 d.C.). Reconhecido por sua crueldade atacou Jerusalém e participou, ao lado dos judeus, da morte do Príncipe da aliança eterna, Jesus Cristo.

Foi sob o reinado de Tibério que o profeta declarou que o Príncipe da aliança seria quebrantado [crucificado]. Também em Daniel 9:25-27 nos é dito que o Príncipe Ungido firmaria aliança com muitos por uma semana. A morte de Jesus em 31 d.C. selou a aliança.

VI – Constantino – o concerto de engano

Daniel 11:23: "Apesar da aliança com ele, usará de engano; subirá e se tornará forte com pouca gente."

Depois de identificar os três primeiros césares - Júlio, Augusto e Tibério - e de indicar o tempo do nascimento e morte de Jesus, a narrativa profética segue o curso da história dando destaque ao concerto de engano entre a igreja cristã e o governo romano, no tempo do imperador Constantino. O casamento da Igreja com o Estado, do cristianismo com o paganismo, esse foi o maior de todos os enganos.

A suposta conversão de Constantino foi oficialmente anunciada em 323 d.C., quando exaltou o cristianismo, elevando-o à posição de religião do Estado. Constantino sempre foi um fiel devoto do deus Sol. A primeira Lei Dominical exigindo a observância do primeiro dia da semana, Sunday (venerabili die solis), foi instituída por Constantino, no ano 321 d.C. A História mostra como os ídolos pagãos foram simplesmente transformados em imagens de santos cristãos e os feriados do paganismo foram introduzidos na Igreja como dias santos.

Daniel 11:24: "Virá também caladamente aos lugares mais férteis da província e fará o que nunca fizeram seus pais, nem os pais de seus pais: repartirá entre eles a presa, os despojos e os bens; e maquinará os seus projetos contra as fortalezas, mas por certo tempo."

Daniel 11:25: "Suscitará a sua força e o seu ânimo contra o rei do Sul, à frente de grande exército; o rei do Sul sairá à batalha com grande e mui poderoso exército, mas não prevalecerá, porque maquinarão projetos contra ele."

Daniel 11:26: "Os que comerem os seus manjares o destruirão, e o exército dele será arrasado, e muitos cairão traspassados."

Daniel 11:27: "Também estes dois reis se empenharão em fazer o mal e a uma só mesa falarão mentiras; porém isso não prosperará, porque o fim virá no tempo determinado."

Daniel 11:28: "Então, o homem vil tornará para a sua terra com grande riqueza, e o seu coração será contra a santa aliança; ele fará o que lhe aprouver e tornará para a sua terra."

Daniel 11:29: "No tempo determinado tornará a avançar contra o Sul; mas não será nesta última vez como foi na primeira,"

Daniel 11:30: "porque virão contra ele navios de Quitim, que lhe causarão tristeza; voltará, e se indignará contra a santa aliança, e fará o que lhe aprouver; e, tendo voltado, atenderá aos que tiverem desamparado a santa aliança."

No verso 30 a expressão “se indignará contra a santa aliança” revela o início da transição de Roma pagã, Roma dos césares, para o poder eclesiástico que domina o restante da profecia. Pela introdução de doutrinas, esse poder eclesiástico romano começou a “desprezar a santa aliança”.

Uma nova Roma surge das cinzas da antiga Roma pagã. Depois que o imperador Constantino mudou a capital do Império de Roma para Constantinopla, o bispo de Roma [o papa] reclamou o trono dos césares e a própria cidade de Roma como a capital de um império eclesiástico que deveria suplantar o antigo.

O papado continuou conquistando força e poder até que a nova Roma se tornou muito mais poderosa do que o Império Romano pagão em seu esplendor. A nova Roma reclamou domínio sobre as mentes humanas, controlando reis, impondo leis e aprisionando milhões, com uma opressão mais radical do que qualquer imperador promoveu.

Foi durante esse tempo que a profecia de Paulo sobre a “apostasia” foi cumprida, e o “homem do pecado” entrou no templo, ou igreja de Deus, e destronou o Espírito Santo, “querendo parecer Deus” (2Ts 2:4). Capelas foram dedicadas a anjos, os dias santos foram multiplicados, as cerimônias supersticiosas foram introduzidas. Encantamentos e amuletos dos mais variados foram usados em nome de Jesus, vigílias e banquetes para mortos foram celebrados, os relicários dos santos foram adorados.

A profecia de Daniel 11 tem uma característica marcante que é a notável transição de um poder para outro, usando o mesmo símbolo. Por exemplo:

No início do capítulo (versos 5-13), o rei do Norte é a Babilônia (Seleuco) e o rei do Sul, o Egito (Ptolomeu). E a história desse período é em grande parte uma luta pela posse da Palestina. Os Ptolomeus possuíram a Palestina na primeira parte do período, e depois os Selêucidas a possuíram. Mais tarde a Palestina caiu nas mãos de Roma.

Nos versos 15 e 16, Roma se torna o rei do Norte após dominar os Selêucidas e penetrar na Palestina, a terra gloriosa (verso 16). O rei do Sul continuou sendo o Egito.

E depois de Constantino, Roma eclesiástica, ou papal, se torna o rei do Norte, enquanto o Egito continua sendo o rei do Sul, simbolizado pelo ateísmo.

Em Daniel 7, logo após o animal terrível de dez chifres [Roma], vemos o surgimento do chifre pequeno. Esse poder político-religioso surgiu para desvirtuar a verdade de Deus; obscurecer a devida observância dos Dez Mandamentos e perseguir o povo de Deus.

VII – O domínio de Roma papal

Os versos 31 a 39 falam sobre as atividades do rei do Norte, agora representado por Roma papal. Apresentam a extensão da apostasia, perseguições ao “povo santo”, intervenção na política, guerra contra Deus, etc. Por outro lado, em meio a apostasia e rebelião, o povo de Deus se manteve fiel (v. 32-35). Por causa da sua fidelidade a Deus, os cristãos foram cruelmente perseguidos. A Inquisição quase exterminou o povo santo. Jesus fez referência ao estabelecimento da “abominação assoladora” como sendo algo terrível que aconteceria (Mt 24:15), a ponto tal que “se os dias não fossem abreviados, nenhuma carne se salvaria”.

Daniel 11:31: "Dele sairão forças que profanarão o santuário, a fortaleza nossa, e tirarão o sacrifício diário, estabelecendo a abominação desoladora."

Somente lugares e coisas sagradas podem ser profanados. O santuário é profanado quando o ministério sacerdotal de Cristo é substituído por uma falsificação humana. Ao estabelecer um sacerdote humano como intercessor entre Deus e os homens, quando se sabe que Cristo é o único que pode fazer essa sagrada intercessão (1Tm 2:5).

Dessa forma, o “sacrifício diário [contínuo]” é tirado. O santuário é profanado ainda quando um sistema de indulgências e penitências é estabelecido para se alcançar a salvação. Em Daniel 8:11 é o poder religioso simbolizado pelo chifre pequeno quem “deita abaixo” (profana) o lugar do santuário de Deus e “tira os sacrifícios diários”.

A Bíblia retrata Roma eclesiástica como um poder que maravilharia o mundo (Ap 13:3). Em Daniel 8:13, esse poder é chamado de “transgressão assoladora”. Aquilo que profana lugares e coisas santas é chamado de abominação (Ez 8). Em Mateus 24:15 e Marcos 13:14, Jesus faz menção à “abominação assoladora” mencionada pelo profeta Daniel como sendo um sistema falso de adoração. Mas Jesus deixa claro que esse fato ocorreria em um tempo futuro.

Daniel 11:32: "Aos violadores da aliança, ele, com lisonjas, perverterá, mas o povo que conhece ao seu Deus se tornará forte e ativo."

Isso implica em que se escondiam atrás de uma falsa aparência, disfarce e ocultação de fatos reais, motivos, intenções e sentimentos fingidos. Os que abandonaram as Escrituras pensaram mais nos decretos da igreja e nas decisões dos concílios do que nas Escrituras. Foram pervertidos pelas “lisonjas” do chefe da igreja, que os confirmava com posições, homenagens e honras trazidas pelas riquezas.

A apostasia nunca foi universal. Sempre há os que mantêm a tocha da verdade acesa com heroísmo e fidelidade. A igreja os rotulou de hereges.

Daniel 11:33: "Os sábios entre o povo ensinarão a muitos; todavia, cairão pela espada e pelo fogo, pelo cativeiro e pelo roubo, por algum tempo."

Esse tempo de crueldades aponta para os 1.260 dias [anos] profetizados em Daniel 7:25, em que o poder eclesiástico do chifre pequeno perseguiria os santos do Altíssimo.

Daniel 11:34: "Ao caírem eles, serão ajudados com pequeno socorro; mas muitos se ajuntarão a eles com lisonjas."

Daniel 11:35: "Alguns dos sábios cairão para serem provados, purificados e embranquecidos, até ao tempo do fim, porque se dará ainda no tempo determinado."

Daniel 11:36: "Este rei fará segundo a sua vontade, e se levantará, e se engrandecerá sobre todo deus; contra o Deus dos deuses falará coisas incríveis e será próspero, até que se cumpra a indignação; porque aquilo que está determinado será feito."

O verso 36 estabelece uma clara relação com os capítulos 7 e 8 de Daniel e Apocalipse 13, quando utiliza expressões como:

Este rei – O uso do pronome demonstrativo “este” mostra que a profecia está se referindo ao mesmo poder eclesiástico, e não a um novo poder.

Fará segundo a sua vontade – Isso indica um domínio universal, sem qualquer oposição. Em Apocalipse 13:4, nos é dito sobre esse mesmo poder religioso chamado de “a besta”, que “ninguém poderá batalhar contra ela”. Essa profecia indica que no fim dos tempos uma falsa religião irá crescer em popularidade e predominância.

Se engrandecerá sobre todo deus – Essa linguagem soa familiar para qualquer um que tenha estudado a descrição de Paulo sobre o “mistério da iniqüidade” (2Ts2:4). Em Daniel 8:11, é o poder religioso simbolizado pelo chifre pequeno quem se engrandece até o “Príncipe do exército”, porque tem a pretensão de mudar Sua lei eterna.

Falará coisas incríveis contra Deus – Em Daniel 7:25, o chifre pequeno é quem profere blasfêmias contra o Altíssimo.

Até que se cumpra a indignação – Quando é que isso ocorrerá? Será imediatamente antes da ressurreição dos justos. A ira de Deus será derramada sobre a Terra, “porque aquilo que está determinado será feito”. Daniel 9:27 usa linguagem semelhante: “Até que a destruição, que está determinada, se derrame sobre ele.” Um dos propósitos principais da visão de Daniel é revelar o destino final do poder eclesiástico romano.

Daniel 11:37: "Não terá respeito aos deuses de seus pais, nem ao desejo de mulheres, nem a qualquer deus, porque sobre tudo se engrandecerá."

Daniel 11:38: "Mas, em lugar dos deuses, honrará o deus das fortalezas; a um deus que seus pais não conheceram, honrará com ouro, com prata, com pedras preciosas e coisas agradáveis."

Todos os governos civis dependem de força. Temos aqui um retrato de um sistema religioso fazendo algo que os pais da igreja nunca fizeram. Ele depende de força, munição e armas para perseguir seus objetivos e manter o seu poder. O papado se uniria ao Estado e dependeria da espada e das fortalezas de César, em vez da poderosa espada do Espírito, a Palavra de Deus.

Uma vez Napoleão Bonaparte disse: “Alexandre, César, Carlos Magno e eu fundamos grandes impérios; mas de que dependia a nossa genialidade? Do uso da força. Jesus fundou Seu império fundamentado apenas no amor e, até hoje, milhões se dispõem a morrer por Ele” (Bertrand's Memoirs, Paris, 1844).

Suntuosos templos foram construídos; doações para esses novos deuses estranhos viriam a ser a maior fonte de renda da igreja. Esses deuses eram – e ainda são – honrados “com ouro, com prata, com pedras preciosas e coisas agradáveis”.

Daniel 11:39: "Com o auxílio de um deus estranho agirá contra as poderosas fortalezas, e aos que o reconhecerem, multiplicar-lhes-á a honra, e fá-los-á reinar sobre muitos, e lhes repartirá a terra por prêmio."

VIII – O conflito final entre o papado [o falso sistema religioso] e o ateísmo

Daniel 11:40: "No tempo do fim, o rei do Sul [o ateísmo] lutará com ele, e o rei do Norte [o papado, o falso sistema religioso] arremeterá contra ele com carros, cavaleiros e com muitos navios, e entrará nas suas terras, e as inundará, e passará."

Jerusalém, no Oriente Médio, sempre representou o povo de Deus. Jerusalém era onde o templo de Deus ficava. No Antigo Testamento, o Egito, rei do Sul, freqüentemente atacava Jerusalém. O Egito disse: “Quem é Deus?”, revelando sua postura ideológica ateísta.

O rei do Sul aqui é símbolo do ateísmo em suas diferentes formas, e o maior sistema ateu dos últimos dias é o comunismo. A queda do comunismo num período de tempo tão curto seria algo inacreditável, mais isso aconteceu. A profecia prevê a predominância da religião sobre o ateísmo, nos últimos dias. Babilônia, por sua vez, era o falso poder religioso, mas passou sua bandeira para Roma. Então, Roma passou a simbolizar a religião falsificada.

A profecia diz que, pouco antes do fim, o rei do Norte [o papado, o falso sistema religioso] e o rei do Sul [o ateísmo] iriam entrar em conflito, e o primeiro iria dominar.

Daniel 11:41: "Entrará também na terra gloriosa, e muitos sucumbirão, mas do seu poder escaparão estes: Edom, e Moabe, e as primícias dos filhos de Amom."

No tempo do fim, a “terra gloriosa” não é mais uma referência à Palestina, mas sim à igreja remanescente de Deus.

Ao ser feito o último convite divino para aceitar o plano da salvação (Ap 18:1-4), muitos dentre os considerados ímpios (Edom, Moabe) escaparão do poder da apostasia, isto é, sinceros que estão em outras igrejas e que aceitarão o plano da salvação na derradeira hora. Contudo, a fúria das perseguições será outra vez de tal maneira que muitos “sucumbirão”.

Daniel 11:42: "Estenderá a mão também contra as terras, e a terra do Egito não escapará."

Daniel 11:43: "Apoderar-se-á dos tesouros de ouro e de prata e de todas as coisas preciosas do Egito; os líbios e os etíopes o seguirão."

Daniel 11:44: "Mas, pelos rumores do Oriente e do Norte, será perturbado e sairá com grande furor, para destruir e exterminar a muitos."

Nos últimos dias da nossa história, o sinal da besta será imposto. Nos últimos dias a falsa religião se expandirá, mas Deus terá homens e mulheres fiéis a Seu lado. Eles sentem os rumores do Oriente e vêem a glória da vinda do Filho de Deus. Seus olhos não estão voltados para a perseguição, o decreto de morte, as sanções econômicas, mas ao santuário celestial onde Jesus Cristo se encontra intercedendo, e contemplam a glória da vinda de Deus. Mas os rumores do Oriente e do Norte, do trono de Deus, vão atrapalhar o poder da besta. E ela “sairá com grande furor, para destruir e exterminar a muitos”.

Ela ouve rumores do Oriente, percebe o Espírito de Deus sendo derramado e constata um grande reavivamento da fé, por isso precisa fazer alguma coisa. No exercício de seu poder emite um decreto de morte. Quer destruir a muitos.

IX – A destruição final do falso sistema religioso

Daniel 11:45: "Armará as suas tendas palacianas entre os mares contra o glorioso monte santo; mas chegará ao seu fim, e não haverá quem o socorra."

O chifre pequeno e o rei do Norte aparentemente representam o mesmo poder terrestre. Em Daniel 7, o destino atribuído ao chifre pequeno é o de ser “morto, e o seu corpo desfeito e entregue para ser queimado pelo fogo”, uma vez “que se assentará o tribunal para lhe tirar o domínio, para o destruir e o consumir até ao fim” (Dn 7:11 e 26).

Em Daniel 11:45, o rei do Norte dos últimos dias irá armar “as suas tendas palacianas entre os mares contra o glorioso monte santo; mas chegará ao seu fim, e não haverá quem o socorra”. O “glorioso monte santo” parece ser uma metáfora para o templo de Jerusalém que, por sua vez, simboliza o santuário celestial. Como conseqüência dessa usurpação, o rei do Norte será punido – à semelhança do chifre pequeno de Daniel 7, que é figura paralela do rei – de tal modo que “chegará ao seu fim, e não haverá quem o socorra”. E assim termina a abominação papal – em perpétua desolação.

Quanto aos eventos precisos que acompanharão o cumprimento desta profecia, a sabedoria parece sugerir que não os conheceremos até que eles ocorram efetivamente. Nem sempre o propósito da profecia é prover conhecimento prévio de eventos futuros específicos. Muitas profecias bíblicas têm sido concedidas com a intenção de que elas venham a ser compreendidas – e assim contribuam para o fortalecimento da fé – apenas depois de seu cumprimento. Foi por isso que Jesus falou o seguinte a respeito de uma predição que envolvia Sua própria Pessoa: “Disse-vos agora, antes que aconteça, para que, quando acontecer, vós creiais” (Jo 14:29). Compare com João 13:19 e 16:4.

Nos últimos dias, Jesus, o rei do Oriente – assim como Ciro, o rei do Oriente veio e subjugou Babilônia antiga, libertando Israel e levando-o de volta e Jerusalém – virá como Rei dos reis, Senhor dos senhores, e o Céu será iluminado com a Sua glória. Em Sua vinda, os fiéis seguidores deixam o planeta Terra e sobem para os céus para viver com Ele para sempre. Nenhum poder terreno pode lutar contra o poderoso Rei dos reis.

sexta-feira, maio 30, 2008

Ciência e religião na visão de Futuyma

O Estadão de ontem trouxe uma entrevista com o biólogo norte-americano Douglas Futuyma, que foi presidente da Sociedade Americana para o Estudo da Evolução e editor da revista científica especializada Evolution. Ele é autor, entre outros livros, de Science on Trial: The Case for Evolution (Ciência em Julgamento: O Caso em Favor da Evolução), sobre o embate entre o ensino da evolução e do criacionismo, e de Biologia Evolutiva, uma das principais obras usadas no ensino da evolução nos cursos universitários brasileiros de Biologia. Futuyma está no Brasil, nesta semana, para uma série de três palestras da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp).

A seguir, alguns trechos da entrevista com meus humildes comentários entre colchetes:

Como está a teoria da evolução hoje, 150 anos depois de sua formulação inicial?

Mais forte que nunca. ... [No] tempo de Darwin ... não sabíamos sobre DNA, sobre genes, não sabíamos como as características passavam dos pais para filhos. Agora, usamos DNA para entender melhor a evolução, e a evolução para entender melhor o funcionamento dos genes. Outro exemplo: Darwin sugeriu, em 1866, que humanos e chimpanzés vinham de um ancestral comum e agora sabemos, graças ao DNA, que ele estava certo, porque o DNA humano e dos chimpanzés coincide em mais de 90%.

[Com todo respeito a Futuyma, a quem considero um cientista bem mais equilibrado que o estridente Richard Dawkins, por exemplo, essa história dos 90% de semelhança genética entre humanos e chimpanzés é bastante controversa. O que ocorreu foi que a equipe de pesquisadores, dirigida por Morris Goodman, da Faculdade de Medicina da Wayne State University, comparou 97 genes de seres humanos, chimpanzés, gorilas, orangotangos e camundongos. Os pesquisadores concluíram que os genes de chimpanzés e bonobos (gênero Pan) têm mais em comum com os genes humanos do que com os de quaisquer outros primatas. Dificilmente esses dados seriam suficientes para sustentar uma conclusão tão radical. Os pesquisadores compararam apenas 97 genes, porém o genoma humano (que foi mapeado em sua totalidade de uma maneira muito “geral”) tem pelo menos 30 mil genes – portanto eles compararam apenas 0,03 por cento do total! Além disso, os genomas dos primatas não foram nem sequer mapeados de maneira aproximada. Assim, qualquer tentativa de comparar o DNA total atualmente é apenas uma hipótese. Como, de fato, os chimpanzés são mais semelhantes aos seres humanos do que outros macacos ou símios, por que isso não se refletiria em alguns de seus genes? Não é surpresa que a anatomia parecida refletisse genes parecidos, porém isso nada tem a ver com a origem das semelhanças, seja no nível anatômico, seja no nível genético. A questão da ancestralidade comum versus projeto comum não se decide pelo grau de semelhança. O problema é que, embora equivocado, o número de 90% chama a atenção. O público em geral é levado a interpretar as reportagens como tendo dito que os chimpanzés são “90% humanos”. Aqui é bom lembrar o que disse o professor evolucionista Steven Jones: ele afirmou que as bananas compartilham 50 por cento de seus genes com os seres humanos, mas que isso não torna as bananas 50 por cento humanas! E sobre a tal ancestralidade comum entre humanos e macacos, é bom lembra, também, que a tal “árvore da evolução humana” vive sendo revisada e “ancestral” comum nunca foi encontrado.]

Críticos da evolução costumam dizer que a teoria é um raciocínio circular, já que afirma “a sobrevivência dos mais aptos”, mas o único jeito de saber quem é mais apto é esperando para ver quem sobrevive...

Não se trata de um argumento forte. Os críticos dizem que só dá para saber quem é o mais apto depois que ele sobrevive. Mas sabemos que é possível um tipo de indivíduo ser mais abundante na espécie, mesmo se não for o mais apto. Esse é um processo puramente aleatório, de variação dos genótipos (seqüências de DNA) dentro das populações. É um processo chamado deriva genética. E não é um processo de seleção natural. Se você olhar para duas populações que começaram do mesmo jeito, uma delas poderá acabar diferente, por puro acaso, como num lance de dados. Isso elimina o argumento de que se trata de um raciocínio circular. Além disso, é possível prever qual organismo se sairá melhor num determinado ambiente. Em praticamente toda edição da revista Evolution há um exemplo do tipo, onde pegamos uma característica de um organismo, prevemos como ela pode ajudar a sobrevivência em um determinado ambiente, e depois vemos que esse é exatamente o caso. Não é preciso ser um gênio para entender que se há dois tipos de bactéria, e um deles é capaz de digerir uma substância e outro, não, se você colocá-los num ambiente com esse produto, um vai ganhar e o outro vai perder. Isso é evolução por seleção natural, e podemos prever seu resultado.

[Aqui está um clássico exemplo da frase que diz: “Darwin acertou no varejo e errou no atacado.” Os criacionistas (pelo menos os bem informados) não dizem que Darwin errou de todo. A idéia da seleção natural explica bem a existência e prevalência de certos seres vivos em detrimento de outros, mas não explica a origem desses seres. O que se condena são as extrapolações hipotéticas feitas com base nesses dados, como a da ancestralidade comum de todos os seres vivos.]

Também há quem diga que não é possível testar a evolução, para saber se ela está certa ou errada.

Isso também é falso. Vamos pegar a questão da evolução no esquema mais amplo, que é a proposição de que todos os organismos evoluíram, por descendência com modificações, de um ancestral comum. Eu e as árvores lá fora, e as bactérias em meu aparelho digestivo, todos viemos de uma única forma de vida ancestral que deu origem a toda a variedade atual. Isso ocorreu ao longo do tempo, a um ritmo determinado, é claro. Não dá para tirar um mamífero de uma bactéria de uma hora para a outra, deve haver passos intermediários. Então, entendemos que as formas de vida mais recentes não podem ter ocorrido muito cedo na história da evolução. Portanto, se você conseguisse encontrar fósseis de mamíferos, indisputáveis, de 400 milhões de anos, isso causaria muita dor e sofrimento, porque os biólogos diriam “não pode ser”. Então, essa é uma observação possível, um teste, que forçaria a uma revisão completa da teoria da evolução.

[Tudo bem que ainda não foi encontrado um fóssil de mamífero em extratos geológicos nos alegados 400 milhões de anos. Mas, como o próprio Futuyma admite: “Não dá para tirar um mamífero de uma bactéria de uma hora para a outra, deve haver passos intermediários.” O que dizer, então, da “explosão cambriana”? Um trilobita, por exemplo, era quase tão complexo quanto um mamífero. Pelo menos em nível bioquímico, era. Ele era pluricelular (e suas células possuíam toda complexidade para funcionar como as células atuais), se reproduzia sexualmente (com toda complexidade envolvida nessa forma de reprodução) e tinha até olhos de calcita. O problema (para o modelo evolucionista defendido por Futuyma, é que não existem “passos interemediários” de trilobitas no Pré-cambriano...]

O debate entre evolução e criacionismo, se evolução deve ser ensinada nas escolas, se o criacionismo deveria ser ensinado por professores de ciências, causa muita polarização, muita polêmica, desencadeia discussões apaixonadas. A evolução parece ser o único tema, no currículo de ciências, a provocar reações tão extremas. Por quê?

É precisamente porque as pessoas resistem muito à idéia de que surgimos por meio de um processo puramente material, a partir de outras formas de vida. É uma idéia que preocupa. É vista como uma ameaça à dignidade humana, talvez. E também uma ameaça às crenças religiosas, porque as crenças religiosas dizem que os seres humanos são muito especiais, foram deliberadamente criados por um Criador bondoso que se importa com elas. Enquanto que a explicação científica para a origem dos seres humanos entra em conflito com esse ponto de vista. Creio que é por isso que a evolução causa uma reação tão emocional.

[Aqui, o biólogo cai no lugar comum de polarizar a questão como sendo ciência versus religião, ignorando o fato de que muitos cientistas que se pautam pelo método científico discordam das premissas básicas extrapolativas do darwinismo. Mas Futuyma está certo quando afirma que a visão darwinista rebaixa o ser humano. Na verdade, como disse alguém, essa visão humaniza os macacos e “macaquiza” o ser humano.]

Mas essa ameaça é real? O sentimento humano de ser protegido por um Criador onipotente está mesmo sob ameaça da teoria da evolução, ou se trata de um mal-entendido?

Creio que é possível aceitar a evolução totalmente e, ao mesmo tempo, preservar crenças religiosas e teológicas. E digo isso porque há milhões de pessoas que fazem isso. Incluindo inúmeros cientistas, que aceitam a religião, têm sentimentos religiosos, e aceitam as evidências a favor da evolução, incluindo a evolução da espécie humana. Um de meus melhores alunos de doutorado, que hoje é um biólogo evolucionista muito produtivo, é católico devoto e praticante. O papa anterior (João Paulo II) escreveu um documento dizendo que a evidência a favor da evolução é tão forte que a teoria deveria ser aceita como mais que pura especulação. No entanto, o papa disse que isso não significa que existe uma explicação biológica para a parte mais íntima do ser humano, a alma. Ele reserva uma parte para a religião. Creio que muitos líderes religiosos, e muita gente religiosa, não têm problema nenhum com a evolução. A Igreja Católica tem aceito a evolução há muito tempo. No entanto, é claro que isso significa que há certas afirmações específicas na Bíblia que não são literalmente compatíveis com a evolução. Mas também não são compatíveis com física, geologia, ou astronomia, ou nenhuma das outras ciências. Se você acredita que o mundo foi criado em seis dias, ou se acredita que o mundo foi criado há 100.000 anos, isso não é aceitável para astrônomos, geólogos ou físicos. Você tem de estar preparado para reinterpretar os textos religiosos, o que é exatamente o que os teólogos fazem. Bons teólogos não acreditam que tudo que aparece escrito nas versões em inglês, em português ou espanhol da Bíblia é para ser tomado exatamente como verdade literal.

[O papa João Paulo II estava duplamente errado: o ser humano não possui alma; ele é uma alma (nephesh = ser vivente), segundo a descrição bíblica da criação, em Gênesis. Essa idéia dualista (corpo/alma) é de origem pagã e foi adotada pelo catolicismo há muito tempo. E o papa estava errado também em tentar conciliar a Bíblia com o darwinismo. Isso é impossível para aqueles que aceitam o princípio protestante do Sola Scriptura. (Clique aqui e saiba por quê.) Curiosamente, as ciências que foram “infectadas” pela visão evolucionistas acabam entrando em atrito com as Escrituras, como é o caso da Geologia e sua “geocronologia padrão”. Por outro lado, diversos fatos corroborados pela ciência experimental estão em perfeito acordo com a Bíblia. No fim de sua resposta, Futuyma revela sua visão teológica liberal, elogiando os teólogos que não aceitam as Escrituras como “verdade literal”. Reinterpretar ou relativizar a Bíblia quando diante de alguma teoria discrepante torna fácil acomodar a religião à ciência...]

Mas as religiões pararam de perseguir astrônomos há séculos, enquanto que professores de biologia ainda encontram problemas. A resistência às novas verdades científicas que vêm da biologia é maior por quê...?

É por causa do conteúdo emocional, eu acho. As pessoas não se preocupam muito se a física entra em conflito com a Bíblia, mas creio que, porque são humanas, elas se preocupam com a biologia. Mas eu gostaria de destacar que são apenas algumas lideranças religiosas, e algumas pessoas religiosas, que condenam a evolução. Nos países onde a maioria da população é católica, como Espanha, Portugal, ou na maior parte da América Latina, não há conflito. O conflito surge onde há versões fundamentalistas do cristianismo, que tomam a Bíblia literalmente.

[Ou seja, os que adotam a teologia liberal não vêem contradição entre o darwinismo e a Bíblia. O problema são os “fundamentalistas”...]

Futuyma prossegue: “[Q]uando se propõe que a ciência aceite explicações religiosas, aí você tem idéias que não podem ser testadas. Ao postular que algo foi causado por um ser sobrenatural, ninguém tem a menor idéia de como determinar se essa é uma explicação verdadeira ou falsa. E se você pode dizer que um ser sobrenatural é responsável por esse evento em particular, por exemplo, a origem dos seres humanos, então você pode dizer que ele é responsável por tudo, pelo terremoto que aconteceu na China. Gostaríamos de parar de tentar entender os terremotos, porque alguém disse que há uma causa sobrenatural? A ciência tem de se manter materialista em suas explicações, o que não significa que a visão de mundo do cientista tenha de ser materialista. O materialismo não cabe quando o assunto é amor, ou ética, mas quando tentamos entender o mundo natural, é essencial.”

[O biólogo acerta quando diz que a ciência tem que ser materialista, enquanto metodologia, mas isso não significa que o cientista tenha que adotar uma filosofia materialista que nega tudo que esteja fora do escopo e da mensuração científica. Mas ele também “embola” tudo quando fala do terremoto na China. Aqui nota-se como faz falta uma correta compreensão da teologia bíblica...]

Se o Brasil vier a viver uma radicalização como a que existe nos EUA em torno do ensino da evolução e do criacionismo, qual seria seu conselho aos cientistas e professores brasileiros?

Meu conselho seria que os cientistas venham a público, que tentem educar a população sobre essas questões. Eles têm de tentar explicar a diferença entre uma abordagem científica e uma abordagem não científica. Eles têm de tentar explicar às pessoas que dependemos da ciência para avanços tecnológicos com muitos resultados práticos. ... É preciso que todos os cientistas tentem explicar às pessoas qual é a natureza da ciência, e manter a ciência separada da religião. Não para fazer pouco caso da religião. As pessoas têm sua liberdade de crença religiosa, mas precisam entender que isso tem de ficar do lado de fora da aula de ciências. Assim como a ciência deve ficar fora dos ensinamentos das igrejas sobre moralidade. Creio, ainda, que os cientistas devem fazer todo o esforço para contestar as alegações feitas por criacionistas. Então, se houver algum criacionista, algum defensor do design inteligente (movimento que propõe que a vida é complexa demais para ter surgido por meios estritamente naturais), alguma figura religiosa que vá à televisão para fazer alegações falsas sobre a evolução, então os cientistas devem procurar o canal de TV, a revista, ou o veículo que for, e dizer, não, isso é errado, não é o que entendemos do ponto de vista científico, e aqui está o que é correto, e eis o porquê.

[Futuyma não precisa se preocupar com isso. Como escreveu G. K. Chesterton, há cem anos, em seu livro Ortodoxia, “não será necessário que ninguém lute contra a censura da imprensa. Nós temos a censura pela imprensa”. Como? Apenas um exemplo: o articulista Marcelo Leite, da Folha de S. Paulo, disse certa vez que eles simplesmente não dão espaço aos criacionistas. Futuyma se preocupa com possíveis alegações falsas de criacionistas na mídia, mas o que dizer das muitas alegações falsas sobre o criacionismo que já foram publicadas por aí? Não se preocupe, Futuyma, a maré midiática não está a favor dos “fundamentalistas”.]

E o biólogo conclui: “Minha mensagem para os cientistas, então, seria: reconheçam a humanidade das pessoas. Tentem mostrar a elas que é possível conciliar o ponto de vista científico com o religioso, em vez de criar uma dualidade. Mas é claro que muitos religiosos, principalmente evangélicos fundamentalistas, insistem nessa dualidade. Insistem que é preciso escolher.”

[Isaac Newton era “fundamentalista” (até cria nas profecias de Daniel e Apocalipse, veja só!) e, juntamente com outros “fundamentalistas” como Galileu e Copérnico, nos legou o método científico. Eles, assim como os criacionistas bem informados de hoje, não propõem o dualismo ciência/religião ou que tenhamos que escolher entre uma ou outra. Propõem, sim, uma correta interpretação dos dados científicos e uma correta interpretação das Escrituras. Esse esforço trará a devida compatibilização de ambas as áreas, afinal, foi Deus quem as estabeleceu.]

[Deixo um último desfio para o Futuyma e os leitores darwinistas deste blog: O que as evidências contrárias à teoria da evolução significam num contexto de justificação teórica? Que tal abordá-las se atendo somente ao atual status epistêmico da teoria da evolução?]

Leia também: "Futuyma se esqueceu da teoria da evolução no contexto de justificação teórica"

quinta-feira, maio 29, 2008

Pegada encontrada pode mudar teoria da evolução

Um grupo de pesquisadores da Bolívia anunciou hoje a descoberta do que pode ser a pegada mais antiga do mundo encontrada próximo ao lago Titicaca. Se eles estiverem certos, o registro nega a teoria da evolução humana e provaria a existência de "outras humanidades", anteriores à atual. O registro teria entre cinco e 15 milhões de anos [sic], o que provaria a existência de uma humanidade anterior à atual. De acordo com a agência EFE, o grupo, liderado por Jorge Miranda e Freddy Arce, apresentou a teoria no Ministério de Relações Exteriores e quer a opinião de especialistas internacionais.

A pegada de um pé esquerdo de 29,5 cm está em uma rocha de arenito. Segundo os pesquisadores, teria sido feita por um ser humano de 1,70 m, com peso de 70 kg, que caminhava ereto.

"A teoria da evolução teria muitas dificuldades com esta evidência que estamos mostrando agora", disse Arce. A rocha foi encontrada na localidade de Sullkatiti, onde é objeto de culto. Os moradores da região acreditam que o objeto é uma pegada de seus antepassados, conhecida popularmente por "pisada do inca".

A pegada foi encontrada no ano passado e é estudada desde então. O objeto, que está petrificado, mostra cinco dedos cuja forma demonstra que o ser que o gerou era bípede, segundo o podólogo Guillermo Lazcano disse à agência ANSA.

(Terra)

O parto “mais antigo do mundo”


Um grupo de cientistas australianos descobriu um fóssil de placodermo de 380 milhões de anos [sic] prestes a dar à luz. Os exemplos existentes de fósseis de animais no momento de procriar são extremamente raros, e este novo espécime retrocede em 200 milhões de anos [sic] a data recorde de um nascimento que se tem conhecimento.

No espécime encontrado, observa-se um embrião ligado ao cordão umbilical de sua mãe, o que parece indicar uma nova espécie em si mesma. A descoberta, publicada na edição desta semana na revista científica Nature, mostra uma biologia reprodutiva avançada, comparável a de alguns tubarões e raias de nossa época.

Os placodermos, extintos há muito tempo, eram um grupo amplo e diverso de peixes, que os cientistas consideravam como os vertebrados mais primitivos dotados de mandíbulas. No entanto, os fósseis encontrados pelo cientista John Long e seus colegas revelam que essas espécies não eram tão primitivas como para não poder gerar crias.

A descoberta pertence à Formação Gogo, na Austrália, e representa uma nova espécie de placodermo preservada no momento do nascimento.

(G1 Notícias)

Nota: Duas coisas: 1) as evidências de sepultamento repentino por lama (o que possibilita a fossilização) são cada vez mais abundantes; 2) as pesquisas e descobertas têm demonstrado que já no “início da vida” os seres vivos eram dotados de complexidade espantosa. Ou os evolucionistas jogam a idade da Terra mais para trás do que já fizeram, ou terão que admitir a idéia absurda de que a vida já “surgiu” com toda a complexidade necessária. Que sinuca, não?[MB]

Leia também: "Árvore da Vida" de Darwin sofre ataque na base

Répteis voadores que quase não voavam

Talvez seja um destino inglório para os maiores animais alados da história da Terra: em vez de caçar em pleno vôo ou dilacerar grandes presas com suas mandíbulas, eles passariam a maior parte do tempo em terra firme mesmo, capturando pequenos vertebrados e até invertebrados. No entanto, para uma dupla de paleontólogos britânicos, assim viviam os grandes pterossauros, répteis de asas que dominaram os céus do planeta durante a Era dos Dinossauros. Eles não passariam de supercegonhas – ou, pior ainda, jaburus.

Mark Witton e Darren Naish, da Universidade de Portsmouth (Reino Unido), acabam de publicar sua revisão radical sobre a vida dos monstros alados na revista científica de acesso livre PLoS One. Para ser mais exato, a dupla estudou a anatomia funcional e a ecologia dos azdarchídeos, grupo de pterossauros (répteis voadores) que chegaram a ter mais de 12 m de uma ponta à outra das asas, segundo certas estimativas. ... Os paleontólogos britânicos basicamente reuniram todas as informações disponíveis sobre o esqueleto dos bichos, compararam-nas com dados sobre animais voadores atuais e, finalmente, simularam como o conjunto de ossos funcionaria na vida real.

O grande problema, aponta a dupla de pesquisadores, é que por enquanto não há acordo sobre o estilo de vida e de vôo desses bichões. Além da grande envergadura das asas (menor, no entanto, do que se esperaria para animais tão grandes), as únicas certezas são que estamos falando de bichos de pescoço alongado e “bico” igualmente comprido e sem dentes, tal como o das aves – com as quais, aliás, eles não têm relação evolutiva direta [sic]. ...

Os pesquisadores propõem que a maneira correta de “pensar” os azdarchídeos é compará-los a aves pernaltas e predominantemente terrestres, como as cegonhas e os jaburus. Com uma diferença importante: rastros deixados por membros do grupo sugerem que, em terra, eles eram quadrúpedes que se locomoviam com considerável desenvoltura. ...

Completando o quadro, os paleontólogos britânicos apostam que os membros do grupo dificilmente conseguiriam se manter no ar simplesmente batendo suas asas, dado seu enorme tamanho e peso. Em vez disso, precisariam de correntes de ar quente – as chamadas termais – para planar lenta e seguramente muito acima do solo, de forma não muito diferente do que fazem os condores atuais.

(G1 Notícias)

Nota: Assim deve ser a ciência: sujeita a revisões e até descarte de teorias que não descrevem a realidade. O que decepciona é certa visão triunfalista que hesita em apontar esses caminhos tortuosos pelos quais caminham os cientistas (o livro Grandes Debates da Ciência [Unesp] dá uma boa idéia do que estou falando). Sempre fui fascinado pelos dinossauros e aprendi, antes mesmo de ir para a escola, que os pterossauros eram répteis alados ágeis (bem, também aprendi que o T-rex era exímio caçador; hoje dizem que era um mero carniceiro...). Mais um mito sobre os dinos parece estar caindo por terra.[MB]

Terremoto e insensibilidade: sinais dos tempos

O governo chinês fechou uma revista que publicou um ensaio de fotos de modelos seminuas em meio aos destroços do terremoto que atingiu a Província de Sichuan e deixou mais de 67 mil mortos. Na edição de 19 de maio, a revista The New Travel Weekly publicou um editorial de moda exibindo modelos em lingerie com bandagens ensangüentadas posando no meio dos prédios demolidos pelo terremoto. A publicação circulava na cidade de Chongqing, vizinha da Província de Sichuan, que foi a área mais afetada.

As fotos chegaram às bancas na segunda-feira, 18 de maio, primeiro dos três dias de luto oficial anunciado pelo governo. O conteúdo enfureceu boa parte da opinião pública, que manifestou sua crítica em fóruns de discussão na internet e em editoriais de jornais. Num texto opinativo, o diário Shanghai Daily acusou a revista de se aproveitar da tragédia para fazer uma “jogada de vendas blasfemadora, imoral e intolerável”.

O departamento local do governo de Chongqing, que supervisiona a imprensa, considerou o material extremamente ofensivo e decidiu fechar a revista para “retificações” na quarta-feira, 21 de maio.

As autoridades disseram que a publicação “violava severamente a disciplina de propaganda” e ia contra a “moral social”. Além disso, segundo o governo, as fotografias tinham uma influência “extremamente má” sobre a sociedade. ...

(Folha Online)

Nota: É chocante ver como há pessoas que só pensam nos lucros e na visibilidade que suas atitudes podem proporcionar. Vender o corpo e a moral em troca de dinheiro já suficientemente degradante. Mas aproveitar um momento de dor e consternação para fazer marketing, é deplorável. Na Bíblia, um dos sinais da proximidade da volta de Jesus são os terremotos cada vez mais freqüentes em vários lugares do mundo. Outro sinal é a decadência moral e a busca irrefreada de prazeres. Nesta notícia, as duas coisas se unem tristemente.[MB]

quarta-feira, maio 28, 2008

Bíblia e O Grande Conflito na lista dos mais lidos

Levantamento feito pelo Instituto Ibope Inteligência a pedido do Instituto Pró-Livro aponta que 39% dos 95,6 milhões de leitores de livros no Brasil estão na faixa etária de 5 a 17 anos e outros 14% possuem entre 18 e 24 anos. Segundo a pesquisa, divulgada nesta quarta-feira (28), os leitores mais jovens também são os que mais lêem. A pesquisa "Retratos da Leitura do Brasil", que estudou o comportamento, gosto e preferência dos leitores, aponta ainda que enquanto 90% dos adultos leitores com mais de 40 anos de idade preferem ler em locais silenciosos, muitos jovens com idade entre 14 e 17 anos dizem que gostam de ler ouvindo música. Já 14% das crianças com menos de 10 anos curtem os livros ao mesmo tempo em que assistem à TV.

Além disso, o tema é o fator mais importante na hora de escolher um livro para ler - 63% das pessoas que responderam à pesquisa disseram que este é o fator que mais influencia a escolha de uma obra. Em seguida está o título do livro (opção de 46% dos entrevistados), seguido de dicas de outras pessoas, que engloba 42% do grupo ouvido.

A maioria dos leitores (86%) lêem livros em casa; 36% na sala de aula e 12% na biblioteca. No caso de leitura de jornais, 53% dos leitores lêem em casa e 15% no trabalho.

Outro fator interessante é que o brasileiro lê, em média, 4,7 livros por ano. O estudo constatou que somente a leitura de livros indicados pela escola, o que inclui os didáticos, mas não só, chega a 3,4 livros per capita. A leitura feita por pessoas que não estão mais na escola ficou em 1,3 livro por ano. A pesquisa também confirma que as mulheres lêem mais que os homens – 5,3 contra 4,1 livros por ano.

Outra constatação interessante da pesquisa é o papel das famílias, em especial a mãe, na influência da leitura para os filhos. Entre as crianças de 5 a 10 anos, 73% delas citam as mães como quem mais as estimularam a ler. Além disso, o estudo mostra que um em cada três leitores tem lembranças da mãe lendo algum livro e 87% afirmam que os pais liam para eles quando estavam iniciando na prática da leitura.

A Bíblia é vitoriosa em todos os rankings de leitura. [Veja lista do G1 abaixo.] Ela é a obra mais lida pelos leitores entrevistados (45%), seguida dos livros didáticos (34%), que são obrigatórios na idade escolar. Ela também aparece no topo dos livros mais lidos tanto por homens quanto por mulheres. Se levarmos em consideração a escolaridade do entrevistado, ela é a obra mais lida para os que cursaram até a 4ª série e é o gênero mais lido entre os leitores com mais de 50 anos. [Detalhe: o best-seller O Grande Conflito, da escritora Ellen White, aparece em vigésimo terceiro lugar.]

Quando questionados sobre o último livro que o leitor leu ou está lendo, a Bíblia também aparece em primeiro lugar no ranking, seguida do livro Código da Vinci. Mais de mil títulos foram citados pelos entrevistados, sendo que o número de citações da Bíblia foi 18 vezes maior que a do Código da Vinci.

A Bíblia também está no topo dos livros mais importantes na vida dos leitores. A obra foi citada dez vezes mais que "O sítio do pica-pau amarelo", numa referência às obras de Monteiro Lobato, segundo colocado na lista.

A pesquisa foi realizada entre os dias 29 de novembro e 14 de dezembro do ano passado. Foram aplicadas 5.012 entrevistas nos domicílios, com 60 questões. A margem de erro é de 1,4%.

Segundo a pesquisa, declaram-se não-leitores 48% da amostra (não leram um livro nos três meses anteriores à pesquisa), o que representa 77,1 milhões de pessoas. Essa proporção desce para 45% se forem considerados os que não leram um livro no ano anterior. Entre os não-leitores, 33% são analfabetos e 37% estudaram até a 4ª série. A maior parcela de não-leitores está entre os adultos: 30 a 39 (15%), 40 a 49 (15%), 50 a 59 (13%) e 60 a 69 (11%).

(G1 Notícias)

Nota: Ellen White escreveu na Review and Herald de 21 de novembro de 1878: "As publicações devem ser multiplicadas e espalhadas como folhas de outono. Esses mensageiros silenciosos estão iluminando e modelando a mente de milhares em todo país e em todo clima."

Cristãos são julgados por pregar na Argélia

Seis cristãos convertidos do islamismo podem ser condenados a até dois anos de prisão e a pagar multas de cerca de US$ 8 mil na Argélia, depois de serem acusados de pregar uma religião não-islâmica sem a aprovação do governo. Os homens, protestantes, são acusados de distribuir material religioso considerado ilegal. O veredicto deve ser anunciado na próxima terça-feira, dia 3 de junho. Em um caso paralelo, uma mulher, Habiba Kouider, foi processada por ter sido pega portando exemplares da Bíblia, na cidade de Tiaret, a cerca de 400 km da capital Argel.

Ela é acusada de pregar uma religião sem autorização e pode ser condenada a até três anos de cadeia. Kouider nega a acusação.

Alguns jornais argelinos afirmam que o caso de Kouider seria um exemplo de desrespeito à liberdade de consciência, direito garantido pela Constituição do país, que permite, pelo menos no papel, a prática de outras religiões.

Desde 2006, entretanto, as leis argelinas determinam que congregações não-islâmicas e líderes de outras religiões precisam obter licença do governo para poder pregar suas crenças.

Os advogados das vítimas estão sendo pagos pela organização não-governamental American International Christian Concern.

A porta-voz para a África da organização, Darara Gubo, disse à BBC Brasil acreditar que atualmente existe um movimento crescente de repressão à conversão ao cristianismo em vários países muçulmanos. “Em diversas nações islâmicas os cristãos estão sendo processados quando usam sua liberdade religiosa e evangelizam muçulmanos. Isso acontece na Argélia, Irã, Arábia Saudita, Jordânia e muitos outros países”, disse ela.

Gubo afirma que a repressão aumentou na Argélia após a exibição de um documentário que mostrava um aumento do número de cristãos no país. “Isso (o documentário) gerou muita pressão de outros países do Oriente Médio e da África. Eles consideraram vergonhoso que os muçulmanos estivessem se convertendo.”

O governo da Argélia afirma que existem cerca de 11 mil cristãos no país, cuja população é de cerca de 33 milhões. Grupos religiosos cristãos afirmam que o número de fiéis é bem maior.

(BBC Brasil)

Só conhecimento não basta

Mais de quinze mil páginas e cinqüenta anos de preparo. O Oxford English Dictionary corresponde, em tamanho, a aproxidamente (em número de páginas) cinco dicionários Houaiss, o mais completo em Língua Portuguesa. A Macmillan Company escolheu para editor do projeto o Dr. James Murray, presidente da Sociedade de Filologia da Inglaterra. Apesar de suas habilitações, logo Murray deu-se conta de estar diante de um desafio sobre-humano. Seria necessário um assistente.

Como num passe de mágica, surge Dr. W. C. Minors: este misterioso acadêmico, sabendo do projeto, remeteu uma carta ao Dr. Murray – estava disposto a colaborar. Um acadêmico que caiu do céu? O Dr. Murray, entre confuso sobre o desconhecido e com medo de transparecer sua desconfiança, respondeu ao Dr. Minors, simulando aceitar a ajuda. Talvez, pensava, Minors até nem estivesse mais interessado…

A segunda carta de Minors convenceu Murray de que seu colega desconhecido era um gênio. Não demorou muito e ambos passaram a colaborar através de correspondências. As sugestões e contribuições do Dr. Minors eram cada vez mais valiosas. Apesar disto… [Leia mais]

terça-feira, maio 27, 2008

Primeiro livro sobre Design Inteligente em PDF

O primeiro livro sobre Design Inteligente - The Mystery of Life's Origin -, de Charles Thaxton, Walter Bradley e Roger Olson (1984), prefaciado por Dean Kenyon, encontra-se esgotado há algum tempo. Mas a boa notícia é que todo o seu conteúdo (em inglês) está disponível em PDF para download aqui.

"A teoria da informação é uma área especial da matemática que desenvolveu uma maneira de medir a informação. Resumindo, o conteúdo de informação de uma estrutura é o número mínimo de instruções necessárias para descrever ou especificar se aquela estrutura é uma pedra ou uma nave espacial, um monte de folhas ou um organismo vivo. Quanto mais complexa for uma estrutura, mais instruções são necessárias para descrevê-la" (Charles Thaxton, bioquímico).

O mês das tragédias III


Maio ainda não acabou e outras tragédias ajudaram a marcar dolorosamente o mês. Um terremoto de 5,5 graus na escala Richter abalou no sábado (24) o centro da Colômbia, deixando em pânico a população da capital e causando a morte de seis pessoas em estradas, assim como problemas de fornecimento de eletricidade e destruições de casas em vários povoados, segundo registros oficiais. Três pessoas que viajavam num veículo morreram e outras oito ficaram feridas num trecho de uma estrada que ficou destruída. Outras três pessoas morreram na rodovia que liga Bogotá às planícies do leste do país.

A estatal Ingeominas mediu o tremor às 14h20 locais (19h20 GMT), com o epicentro sob o povoado de El Calvario, no departamento de Meta, na região centro-oeste do país. O terremoto afetou uma ampla zona central. Moradores da região contaram ter observado vários tremores secundários. Em Bogotá, milhares de pessoas em pânico saíram às ruas sob uma forte chuva após o tremor, sentido de maneira prolongada na capital colombiana.

Além do abastecimento elétrico que ficou prejudicado, foram registrados focos de incêndios. Segundo a rádio RCN casas ficaram destruídas nos povoados aos pés da cordilheira dos Andes nos departamentos de Cundinamarca e Meta.

Pânico também nos Estados Unidos. Pelo menos uma pessoa morreu e 13 ficaram feridas após a passagem de uma série de tornados no norte do Estado do Colorado, pela Califórnia e sul de Wyoning. Os fortes ventos e uma tempestade de granizo destruíram vários imóveis e carros em várias cidades. O serviço Meteorológico Nacional dos EUA disse que pelo menos um grande tornado atingiu a região de Plateville, a cerca de 80 quilômetros de Denver, atingindo a rede de energia elétrica. Ele depois seguiu para o norte, arrancando os telhados das casas. A cidade mais atingida foi Windsor, que fica numa região agrícola e tem apenas 16 mil habitantes. A zona residencial da cidade ficou muito danificada. “Ele passou sobre nós como um grande monstro branco”, disse, Thomas Coupe, morador da cidade, de 87 anos. Pelo segundo dia consecutivo, dois Estados americanos foram atingidos por tornados: Kansas e Oklahoma.

De sexta-feira para sábado (24), mais de 600 casas foram destruídas ou bem danificadas pelos fortes ventos. Cerca de 100 pessoas foram levadas a hospitais, principalmente com fraturas.

O Brasil também não escapou no mês das tragédias. Um ciclone extratropical atingiu cidades do Sul e litoral do Rio Grande do Sul e cidades de Santa Catarina no sábado (24). No dia 2, outro ciclone se formou no litoral do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina provocando estragos e causando a morte de duas pessoas. Segundo a Defesa Civil gaúcha, 2.500 pessoas ficaram desalojadas e outras 300 desabrigadas em Porto Alegre e região metropolitana. Segundo o órgão, o total de pessoas afetadas pelo temporal na região metropolitana chegou a 150 mil. O Departamento Estadual de Defesa Civil de Santa Catarina informou que 31 cidades ficaram em situação de emergência por causa da forte chuva que atingiu o estado durante a passagem do ciclone.

Em tempo: dois tremores secundários voltaram a abalar a região na China devastada por um terremoto há 15 dias e provocaram o desabamento de 420 mil casas nesta terça-feira, de acordo com a agência estatal de notícia Xinhua. Segundo as informações da agência, um dos tremores, no condado de Qinchuan, atingiu 5,7 graus na escala Richter. A Xinhua acrescentou que ainda não há relatos de mortos. No domingo, tremores secundários já haviam destruído 300 mil construções.

Nesta terça-feira, o número oficial de mortos no terremoto do dia 12 de maio chegou a 67.183, e os desaparecidos totalizam 20.790. Mais de 5 milhões ainda estão desabrigados.

(Com informações do portal G1 Notícias e BBC Brasil)

Cadê a poesia?

Quem lê as colunas de Drauzio Varella na Folha de S. Paulo já sabe o que esperar desta coletânea de ensaios [publicada] pela Companhia das Letras [Borboletas da Alma]. Quem não lê, terá o prazer adicional da surpresa. A maravilha desses textos é que eles são absolutamente informativos a respeito de temas científicos e médicos, mas são também muitas vezes de um lirismo que embala a alma.

“A vida na Terra é um rio que começou a correr há quase 4 bilhões de anos, e chegou até você e eu no meio de uma diversidade espetacular: leões, mosquitos, coqueiros, bactérias, algas marinhas e dezenas de milhões de outras espécies.” Assim começa o livro, e é por esse rio que Drauzio Varella nos conduz ao longo das mais de trezentas páginas que se seguem.

Alguns textos são cheios de poesia, outros mais pragmáticos descrevem mazelas de saúde e afins. Todos aumentam nosso conhecimento sobre o mundo, sobre o nosso dia-a-dia, sobre o funcionamento do corpo humano. E muito mais.

Tive a sorte de organizar o volume, o que quer dizer que li e reli todos os textos. O mundo ficou mais claro, e seus mistérios mais bonitos. Junto minha voz à do autor: “Com todo o respeito pelos que acreditam ter sido o homem criado por um sopro transcendental, a visão de que a vida surgiu aleatoriamente, há quase 4 bilhões de anos, a partir de moléculas capazes de fazer cópias de si mesmas e que, através da seleção natural, formaram seres tão díspares quanto bactérias, árvores e mamíferos encerra mais mistério e poesia.”

(Maria Guimarães, em Ciência e Idéias)

Nota: Admiro o Dr. Drauzio pelo trabalho sério que ele realiza no campo da medicina e pela popularização de tratamentos e de hábitos preventivos que ele promove na mídia. Mas discordo totalmente de sua “visão poética” da vida. Com todo respeito pelos que acreditam ter o homem se originado de matéria não-viva num “mar primitivo” passando pela evolução não dirigida de seres primitivos ao longo de bilhões de anos, a visão de que a vida foi inteligentemente e amorosamente planejada pelo Criador que nos fez à Sua imagem e semelhança, criando dois gêneros dotados de diferenças que se complementam e de suficientes semelhanças para se perceberem como iguais é muito mais bela e carregada de poesia. Basta ler os primeiros capítulos de Gênesis em comparação com qualquer livro que trate do surgimento da vida segundo a visão darwinista, para notar onde está, realmente, a verdadeira “poesia”.[MB]

Einstein ou Marilyn?

Quando você olha esta imagem ao lado de perto, vê Albert Einstein. Mas se se afastar cerca de 5 metros, ela vai se “transformar” em Marilyn Monroe. Como isso é possível? Parece quase “mágico”... Para ajudá-lo a entender, é preciso explicar como essas imagens foram construídas. Um retrato normal, fotográfico ou desenhado, contém variações das chamadas “freqüências espaciais”, que podem ser de dois tipos. As freqüências espaciais “altas” se referem aos detalhes, aos traços finos de uma imagem. Já as freqüências espaciais “baixas” estão nas linhas largas e nas bordas embaçadas, sobretudo de objetos grandes. A maioria das imagens contém um espectro de freqüências que vão da alta à baixa, em proporções variáveis.

Usando algoritmos de computador, pode-se processar um retrato normal para remover seletivamente diferentes freqüências espaciais. Se as altas forem removidas, teremos uma imagem borrada. Esse procedimento de embaçamento é chamado “filtro passa-baixo”, porque barra as freqüências altas (bordas precisas, linhas finas) e deixa passar as baixas. O “filtro passa-alto”, por sua vez, faz exatamente o contrário: mantém as bordas definidas e os contornos delicados e remove variações de larga escala. O resultado parece um pouco um esboço sem sombreamento.

Esses tipos de imagens processadas por computador são combinados de maneira atípica, para criar os rostos que se transformam “misteriosamente”. No caso da foto acima, foram usadas fotografias normais com a face de Einstein e de Marylin. Então, cada rosto foi filtrado para obter tanto imagens passa-alto (contendo linhas finas e definidas) quanto passa-baixo (borradas). Depois, foram combinadas a foto do passa-alto com a face do passa-baixo.

O que acontece quando os retratos são vistos de perto? Primeiro, a imagem precisa estar próxima para você ver as características mais definidas. Segundo, quando visíveis, elas “mascaram” objetos de larga escala (freqüências espaciais baixas) ou desviam a atenção deles. Assim, quando você traz a imagem para perto, as características definidas tornam-se mais visíveis, mascarando aquelas pouco definidas. Ao deslocar a página mais para longe (ou afastar os olhos do monitor), seu sistema visual não é mais capaz de processar os detalhes finos; a expressão transmitida por eles desaparece e apenas as freqüências baixas são expostas e percebidas.

Esta foto ilustra uma idéia originalmente formulada pelos cientistas Fergus Campbell e John Robson, da Universidade de Cambridge. Eles demonstraram que informações de diferentes freqüências espaciais são paralelamente captadas por vários canais neurais, cujos campos receptivos são de variados tamanhos (o campo receptivo de um neurônio visual é a porção da retina na qual um estímulo precisa ser apresentado para ativá-lo). Isso também mostra que os canais não funcionam isolados. Ao contrário, interagem de maneiras interessantes, por exemplo: as bordas definidas captadas por pequenos campos receptivos mascaram as variações borradas de grande escala sinalizadas pelos campos receptivos maiores

(Adaptado de Vilayanur S. Ramachandran e Diane Rogers-Ramachandran, Mente e Cérebro)

Colaboração: Renato Jungbluth

Pastor adventista em Israel fala sobre lei do sábado

O Dr. Jacques Doukhan, diretor do Instituto de Estudos Judaico-Cristãos do Seminário Teológico Adventista da Universidade Andrews, em Berrien Springs, Michigan, perguntou ao presidente da Igreja Adventista do Sétimo Dia em Israel, pastor Richard Elofer (foto), sobre o assunto da suposta mudança do sábado para o domingo. Eis aqui a resposta:

Queridos amigos, tenho recebido e-mails de alguns de vocês sobre uma suposta mudança na legislação em Israel a respeito do sábado. A última foi de Jacques Doukhan me perguntando se essas notícias são verdadeiras.

É importante difundir esse e-mail entre nosso povo para substituir sua fantasia por uma realidade e pensar que o povo judeu seguirá o papado para mudar o sábado pelo domingo. Os judeus fiéis remanescentes, como os ortodoxos e os do movimento conservador, nunca desistirão do sábado em favor do domingo. Temos que dizer e pregar isso. Se há uma igreja remanescente, há um Israel remanescente que se manterá fiel à lei de Deus, mesmo embora de tempos em tempos pensemos que eles estão mantendo isso demais.

Aqui está minha resposta sobre essa legislação:

Prezado Dr. Doukhan,

Obrigado por me enviar seu e-mail e por sua pergunta sobre esse assunto de “Israel mudando sua legislação do sábado para domingo”. Estou vivendo em Israel e fico feliz por você ter vindo a mim a fim de saber se essa proposta de “Leis Dominicais” é verdadeira ou não.

Primeiro de tudo, de acordo com suas notícias, essa iniciativa viria do PNR, que significa Partido Nacional Religioso em Israel. As pessoas que pensam que essas notícias são verdadeiras realmente não conhecem os judeus religiosos de Israel, do Brooklin e de outras partes do mundo. Eles estão prontos para ser mártires antes de permitir uma mudança na lei do sábado. Há uma máxima em Israel que diz que “não foi Israel que guardou o sábado, mas o sábado guardou Israel”. Os religiosos judeus sabem muito bem que se eles subsistiram até hoje é porque têm sido fiéis a Deus e à Sua Lei, e não é hoje que eles desistirão de sua fidelidade ao sábado.

Algumas pessoas, especialmente adventistas que estão com muita pressa de ver a perseguição chegar, estão prontos mesmo para distorcer quaisquer notícias sobre o sábado e o domingo, para levar o nosso povo a pensar que está cada vez mais perto do fim. Eles estão prontos para tornar suas fantasias em realidade, acreditando que mesmo os judeus passarão as “Leis Dominicais.” Isso não acontecerá.

Eis o assunto exatamente:

Israel é um país que quis, desde a sua criação, seguir a lei de Deus e essa lei especifica que temos que trabalhar seis dias e então descansar um dia, no sábado. É por isso que a semana de cinco dias de trabalho e dois dias de folga não existe em Israel. Mas algumas pessoas religiosas reclamam que não têm tempo para visitar suas famílias, nem de aproveitar alguns entretenimentos saudáveis, nem ir a algum lugar com seus carros durante o dia de folga, porque o dia de folga em Israel é somente o sábado e é proibido para os judeus quebrarem a lei do sábado com todas essas atividades. Em adição a isso, eles argumentam que se tivessem um segundo dia de folga, como os países ocidentais, talvez mais judeus retornassem à observância do sábado e teriam outro dia para ir à praia, e se tornariam mais religiosos.

Mas o governo não está pronto para ir nessa direção de dar um segundo dia de folga oficialmente. Eles calcularam que custaria bilhões de dólares por ano para a economia israelense, caso decidissem dar um segundo dia de folga. E mesmo se o Knesset decidisse tal coisa, não seria obrigatório, porque de acordo com a Bíblia temos que trabalhar seis dias e descansar no sábado; somente o sábado seria obrigatório para companhias que empregam pessoas. Se você tem sua própria companhia e não tem nenhum empregado, então você é livre para fazer o que quiser quando quiser, mesmo abrir no sábado. De fato, muito poucos cafés e armazéns estão abertos no sábado e a maior parte do tempo os empregados são palestinos, assim como a maioria dos empregados de hotéis no sábado.

A discussão é também para decidir se esse segundo dia de folga seria sexta-feira ou domingo. Aqueles que defendem sexta-feira, dizem que sexta-feira já é um “meio dia” de folga. Para algumas administrações e companhias, já é um dia de folga; e os Ministérios já estão fechados na sexta-feira. A consultoria jurídica de nossa organização é fechada na sexta-feira e no sábado. Outros locais de trabalho, como bancos, fecham na sexta-feira ao meio-dia para dar tempo a seus empregados de se prepararem para o sábado. E todas as outras companhias como supermercados, construtoras, etc., fecham por volta das 3h da tarde. Então, eles dizem que uma vez que muitas companhias e escritórios têm meio dia de folga, custaria menos decidir que sexta-feira seja o segundo dia de folga.

Aqueles que defendem o domingo são os banqueiros e pessoas que têm negócios fora do país. Porque na maioria dos países o domingo é um dia de folga, Wall Street e outros mercados de ações estão fechados e os bancos são limitados em suas transações. Toda vez que tenho que fazer câmbio no domingo, meu banco poderia não fazer, porque eles dizem que o mercado de ações está fechado na Europa e eles não sabem quanto será a cotação na segunda-feira de manhã, na abertura do mercado. Finalmente, teve um ano em que nossa agência bancária decidiu fechar no domingo e abrir mais tarde da noite durante a semana, para resolver esse problema (mas muitas outras agências e bancos ainda abrem aos domingos).

Mas tudo isso não tem nada a ver com substituir o sábado pelo domingo.

Acredito que as pessoas que estão por trás desses rumores poderiam ser anti-semitas ou mesmo partidárias da “Teologia da Substituição”, e estão felizes em dizer: “Veja, Israel realmente tem sido rejeitado por Deus; eles têm até rejeitado a lei de Deus e o sábado.” Deixe-me dizer a essas pessoas que isso jamais acontecerá. Talvez judeus reformados que não acreditam na inspiração da Bíblia possam ir por esse caminho de dizer que não importa se é sábado ou domingo, mas os judeus conservadores e ortodoxos, jamais. Eles darão a vida, se necessário (como têm feito durante os últimos 4 mil anos), mas não desistirão da lei de Deus e do sábado.

Como pastores e ministros adventistas do sétimo dia, temos que ter cuidado com o que pregamos. Lembro-me que estava em uma convenção da ASI, em agosto, e alguém veio até mim dizer que G. Edward Reid, diretor de Mordomia da NAD, fez uma pregação e falou sobre essa nova legislação. Ele me perguntou se era verdadeiro ou não. Eu disse a ele que não é verdadeiro. E mais tarde, em setembro, eu estava em um conselho pastoral na Holanda, onde conheci o irmão Reid, e lhe disse que temos que ter cuidado com o que pregamos ou dizemos, porque com nossa autoridade, enquanto pastores e líderes, temos grande influência sobre nosso povo e não podemos espalhar notícias falsas.

No entanto, de fato, a lei em Israel não mudou e duvido que mudará algum dia (enquanto Israel for um país judeu). Mas, mesmo que uma nova legislação venha a dar um segundo dia de folga, nunca será no lugar do sábado que Deus santificou no sétimo dia da semana da Criação.

Espero que minha resposta seja útil para elucidar a situação atual em Israel nas mentes de muitos membros e amigos.

Richard Elofer, presidente da IASD em Israel

domingo, maio 25, 2008

Israel discute lei para mudar o sábado

Segundo o jornal israelense Israel National News, está ocorrendo um debate no partido NRP, liderado por Zevulon Orlev, baseado numa pesquisa feita entre a população quanto a sua proposta sobre a mudança do sábado para o domingo, nesse país. Houve 56% de apoio ao projeto de mudança, com apenas 30% de objeção. Por ele, o domingo se torna o dia de descanso, embora o sábado ainda permaneça. Os meios de transporte e de divertimento funcionariam, então, no sábado, mas não no domingo. Essa lei daria início a uma transferência da solenidade do sábado para o domingo, e à secularidade do domingo para o sábado.

O sábado é o dia de descanso em Israel. As repartições públicas ainda continuariam fechadas no sábado, mas o transporte e as diversões passariam a abrir. A idéia é dar às famílias mais tempo para passarem juntas. O tempo de trabalho seria compensado pelo aumento das horas de segunda a sexta-feira.

Imagine as implicaçõs e precedentes de uma lei dessas (caso seja aprovada) para outros guardadores do sábado...

Evolução ou retorno às origens?

Para alguns darwinistas, modificações sofridas pela lagartixa italiana Podarcis sicula nos últimos 37 anos são exemplo de “evolução”. Tudo começou em 1971, quando um grupo de pesquisadores transportou cinco fêmeas e cinco machos da espécie Podarcis de uma ilha do Mar Adriático para outra ilha do mesmo mar. Trinta e seis anos depois, Anthony Herrel e outros biólogos voltaram às ilhas para ver as lagartixas. Numa das ilhas, as lagartixas eram como sempre foram: pequenas, rápidas, comiam insetos e os machos lutavam para controlar o território. Mas, na outra ilha, uma surpresa esperava os pesquisadores.

Lá, além dos insetos, as lagartixas comiam folhas, principalmente na Primavera e no Verão. Essa foi considerada uma mudança muito brusca em apenas 30 gerações, levando-os a analisar o DNA para ter certeza de que se tratava da mesma espécie em ambas as ilhas. E eram, apesar de não mais lutarem por seus territórios.

Essa mudança de comportamento foi acompanhada por mudanças físicas. O crânio dessas "novas" lagartixas é maior e mais largo, o que faz com que as mordidas sejam mais fortes – o que se torna útil quando se tem que comer folhas duras em lugar de mosquitos.

Mas a mudança mais surpreendente estava no intestino das “novas” lagartixas. Elas se tornaram capazes de acumular a celulose das plantas por tempo suficiente para ser digerida pelas bactérias intestinais (algo semelhante ao que fazem os herbívoros).

O que ocorreu com o Podarcis sicula é bastante semelhante à “evolução” dos tentilhões observados por Darwin nas ilhas Galápagos (na verdade, quem estudou mesmo os tentilhões foi o ornitólogo John Gould). O que muitos livros-textos procuram é tentam induzir os alunos a crer que a variação dos tentilhões de Darwin explica a origem das espécies por meio da seleção natural. Mas o fato é que não ocorreu nenhuma megaevolução. Os tentilhões, apesar da variedade de bicos e costumes alimentares, continuam sendo tentilhões; assim como as lagartixas do Mar Adrático, apesar das modificações que sofreram, continuam sendo lagartixas.

Falando em tentilhões, note o que William Brookfield escreveu: “A ‘macroevolução’ é uma extrapolação da ‘microevolução’. A ‘microevolução’, por sua vez, é dependente da flexibilidade de cada espécie. Essa flexibilidade/adaptabilidade é em si um atributo de design positivo que exige uma explicação. Os tentilhões de Galápagos que sufocariam imediatamente e morreriam com as primeiras sementes endurecidas pela seca, são fáceis de ser planejados comparados com os tentilhões de Galápagos que podem adaptar e sobreviver diante de incontáveis ataques ambientais. Um programa de computador que mal pode rodar num único ambiente de computador é muito mais fácil de planejar do que um programa que pode se adaptar, autocorrigir-se, e prosperar em incontáveis ambientes de computadores (PC, Mac, Unix, Atari, etc.). Se as espécies vivas fossem mais pobremente planejadas, elas morreriam imediatamente em resposta a mais insignificante mudança ambiental – e não haveria ‘evolução’ darwiniana. A informação genética correspondente a cada mudança ambiental tem que estar no lugar antes que qualquer organismo possa ‘evoluir’ em resposta à pressão seletiva. Portanto, a teoria darwinista não tem validade em si mesma e é totalmente parasítica no design requintadamente competente. O fator mais importante é que as espécies adaptáveis são exponencialmente mais ricas em informação do que as espécies que não são adaptáveis. Assim, toda a ‘evidência da evolução’ (as mariposas de Manchester, resistência antibiótica pelas bactérias, etc.) é, na verdade, [evidência] a favor do design.”

Como o termo “evolução” é de uma plasticidade semântica incrível, “evoluiu”, tanto no caso da lagartixa quanto no dos tentilhões, significa que houve algumas alterações limitadas. E só.

O que se observou em 33 anos de pesquisas com os tentilhões? Uma espécie se transmutando noutra espécie? Não, apenas a redução do tamanho médio de bicos em uma população de tentilhões-da-terra-médios (Geospiza fortis) que já tinham já tinham bicos pequenos. Isso é chamado de "deslocamento de caráter" (character displacement), quando uma espécie adquire características diferentes em razão da competição com outra. Em 1982, uma população de tentilhões-da-terra-grandes (G. magnirostris) invadiu a ilha de Daphne Maior, competindo por comida com a população dominadora de tentilhões-da-terra-médios (G. fortis). Confira esse estudo na Science.

Para complicar mais ainda, diversas espécies de tentilhões parecem estar se misturando por hibridização, em vez da diversificação através da seleção natural, como exige a teoria neodarwinista. (Peter R. Grant e B. Rosemary Grant, "Hybridization of Bird Species", Science 256 [1992], p. 193-197)

Para finalizar, é curioso notar a facilidade com que a Podarcis sicula se tornou herbívora. Seria isso o "eco" de um passado distante, quando todos os seres vivos se alimentavam de vegetais? Portanto, trata-se de "evolução" ou uma espécie de "retorno às origens"? Dá o que pensar...[MB]

O mundo vai sofrer com falta de comida

Deu na Veja desta semana: "O preço dos alimentos disparou, e o aumento médio no mundo passa dos 80%. A crise atual, a pior dos últimos trinta anos, é um grito de alerta sobre uma questão que pouca gente ousa discutir: o planeta mal consegue alimentar 6,7 bilhões de bocas hoje. O que ocorrerá em 2050, quando seremos 9,2 bilhões de terráqueos? A comida será cara e rara como nunca. ...

"A fórmula macabra é a seguinte: a cada cinco segundos morre uma criança no mundo em decorrência de problemas provocados pela carência de calorias e proteínas mínimas para a sobrevivência. É dramático que a humanidade, em meio a progressos estupendos como a capacidade de escavar o solo de outro planeta em busca de vida pregressa, ainda seja assombrada pelo fantasma da fome – que ceifa a vida presente e futura na Terra. ... A situação ... ficou ainda pior. O trigo, o milho, o leite, o açúcar, o ovo, o frango – tudo subiu. Em alguns casos, como o do arroz, esse cereal que alimenta metade dos habitantes do planeta, o preço dobrou em um ano. Pela primeira vez na história, o custo global de importar alimentos passará de 1 trilhão de dólares.

"Os pobres do mundo estão inquietos. Na Somália, a polícia dispersa multidões famintas a tiros. Na Indonésia, com quase metade de seus 230 milhões de habitantes vivendo na pobreza, cada aumento de 10% no preço do arroz joga 2 milhões de pessoas na miséria absoluta. No Haiti, os preços altos derrubaram o governo. Na Malásia, país nem tão pobre assim, o governo andou balançando. No México, protestos de rua contra o preço das tortillas assustaram as autoridades. Na Tailândia, um dos celeiros de arroz do planeta, há mercados limitando a compra do produto por cliente. Na Argentina, assolada pelo populismo da presidente Cristina Kirchner, os panelaços voltaram a ser ouvidos, com produtores rurais reagindo contra medidas do governo e consumidores irritados com a escassez nos supermercados. Existem situações críticas no Paquistão, no Egito, no Senegal. Em Gana, Bangladesh, Mianmar. Há fome na Coréia do Norte, na Etiópia. No Brasil, o quadro é mais confortável, mas um pedaço da crise mundial chegou ao país, com o preço dos alimentos ultrapassando a média da inflação. No Palácio do Planalto, estuda-se aumentar em 5% o benefício concedido pelo Bolsa Família para compensar a alta nos preços.

"'Estamos vivendo a pior crise dos últimos trinta anos', alarma-se o economista Jeffrey Sachs, professor da Universidade Colúmbia, em Nova York, e conselheiro especial de Ban Ki-moon, secretário-geral das Nações Unidas (ONU). E não vai melhorar. Um relatório da FAO, a entidade da ONU que cuida dos alimentos e da agricultura no mundo, acabou de sair do forno em Roma, trazendo previsões sombrias. O documento, divulgado na quinta-feira passada, diz que os alimentos não voltarão a ser baratos como antes. A comida mais cara, portanto, chegou para ficar. É uma situação que deixa ainda mais vulneráveis 850 milhões de pessoas ao redor do planeta, uma massa cronicamente subnutrida que vive sempre sob o espectro da fome. Antes, uma análise elaborada por uma equipe do Banco Mundial já fazia previsões parecidas. Dizia que os preços ficarão altos até 2009, quando então começarão a cair. A queda, porém, não será acentuada, e os preços ficarão 'bem acima' do nível registrado em 2004. O Banco Mundial calcula que a situação ficará como está, ameaçadora e preocupante, pelo menos até 2015. E em 2015 a população mundial terá cerca de 600 milhões de bocas a mais para alimentar. É o equivalente a quase três Brasis a mais. Vai dar? ...

Detalhe: "Se fosse possível recuperar um quarto de todo o desperdício dos ricos, daria para alimentar 20 milhões de pessoas a cada dia."

E a matéria prossegue: "A crise atual decorre de uma combinação de causas: colheitas ruins, especulação de preços, aumento excepcional do barril de petróleo e a explosão dos biocombustíveis. Mas o que ajudará a perpetuar o problema é o aumento do consumo de alimentos, sobretudo na China e na Índia, as locomotivas asiáticas que, juntas, têm mais de um terço da população mundial. A China, em especial, tem peso fenomenal. Se cada chinês comer um frango a mais, dentro de cinco anos explodirá o mercado de milho, a ração básica da ave. 'O frango é um milho com asa', brinca o professor Mauro de Rezende Lopes, economista da Fundação Getulio Vargas, no Rio de Janeiro. 'E, quanto maior o poder aquisitivo, mais carne as pessoas consomem.' Com a economia crescendo a 10% e o consumo de calorias aumentando 20%, a China, essa terra onde aconteceram mais de 1 500 ondas de fome na era cristã, está formando uma imensa classe média – que quer comer carne. O problema é que, para cada quilo de carne que a vaca engorda, são necessários 8 quilos de grãos para alimentá-la. Considerando que boa parte é gordura e osso, a conta muda: para cada quilo de carne boa vão 13 quilos de grãos. É preciso produzir isso tudo."

Outras pesquisas já apontaram o vegetarianismo como fator atenuador da crise de alimentos e, por conseqüência, da crise ambiental. Mas, infelizmente, os emergentes querem carne...

Lamentavelmente, essa situação crítica já estava prevista (e, felizmente, terá fim logo): "Porquanto se levantará nação contra nação, e reino contra reino; e haverá fomes e terremotos em vários lugares" (Mt 24:7).