sexta-feira, novembro 29, 2013

Violinista adventista leva esperança por meio da música

Paulo visita asilos, hospitais e prisões
Há pouco mais de vinte anos, o violinista Paulo Torres foi visitar uma tia que estava internada no antigo hospital Saint Claire, em Curitiba, por complicações de um enfisema pulmonar. Estudioso do instrumento desde pequeno e já um profissional de renome com algumas páginas em seu extenso currículo, trouxe seu violino para entreter e acalmar a paciente. Enquanto solava algumas peças barrocas, percebeu que pacientes dos outros quartos estavam saindo ao corredor, ávidos por ouvir o som angelical que vinha daquele quarto. Como macas e camas não comportavam a numerosa plateia, Torres começou a visitar todos os “hóspedes”, tocando sua música para os pacientes interessados. Até chegar ao quarto de uma jovem que dormia. “Ela abriu os olhos e tentou falar comigo, mas só saíram sons guturais. A mãe dela, que estava no quarto começou a chorar e a gritar, e médicos começaram a entrar no quarto. Fiquei assustado”, lembra. Não era para menos: a paciente estava havia três anos em coma e despertou ao som de seu violino. “Percebi que minha música poderia ser usada como um instrumento divino para levar consolo, paz, alegria, tranquilidade e momentos de reflexão para pessoas enfermas.”

O trabalho voluntário de Paulo Torres o levou a buscar fundamentação em uma área cada vez mais estudada na medicina: o uso da música como terapia e humanização do tratamento médico. “Existem muitos estudos que associam a música sacra e a música barroca a uma melhora física e emocional dos pacientes.”

Com o tempo, o violinista passou a mobilizar outras pessoas para o trabalho de levar a música aos hospitais. “Organizamos concerto de Natal, de dia das mães. Levamos o [coral infantil] Curumim a um Centro de Hemodiálise, a Orquestra de Câmara da PUC também trabalha conosco, sempre levando conforto e musicalidade para as pessoas”, lista.

A busca pelo tema também o levou a dar palestras em diversas cidades, tanto para pacientes quanto para a comunidade médica sobre o assunto. O trabalho voluntário, aos poucos, foi se tornando uma das missões de vida do violinista, que não esconde o entusiasmo e a paixão pelo assunto: “Tenho um antigo sonho de que Curitiba se torne uma referência, senão mundial, ao menos nacional no uso da música no tratamento hospitalar”, confessa.

Bach, Hendel, Haydn e Mozart estão sempre no repertório de Paulo Torres. Há diversos estudos que comprovam o benefício da música clássica para pacientes em recuperação.

Desde então, Torres não parou mais. O castrense de 58 anos e pai de cinco filhos encontra brecha em suas funções como professor da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR) e da Escola de Música e Belas Artes do Paraná, primeiro violinista da Orquestra Sinfônica do Paraná e membro da Academia Paranaense de Letras e, voluntariamente, toca para pacientes em diversos hospitais da cidade. Também toca em orfanatos, asilos e prisões – onde chamarem. “Mais bem-aventurado é dar do que receber”, justifica o trabalho com uma frase do apóstolo Paulo, reflexo de sua religiosidade desenvolvida na Igreja Adventista do Sétimo Dia. Traz em seu repertório música erudita barroca, clássica e sacra, além de hinos das mais variadas denominações.

De pacientes que se recuperaram melhor a pessoas que exalaram seus últimos suspiros ao som do violino, as histórias que acumulou com essas experiências ao lado de pianistas – uma de suas filhas entre eles, Daniella Pereira –, dariam um livro, se as datas e os locais não estivessem tão difusos. Mesmo assim, vale contar a que compartilhou com uma colega de fé.


Certa ocasião, Torres entrou em um quarto da UTI com sua filha, trazendo um teclado sobre o carrinho de alimentos, para tocar o hino adventista “Não me esqueci de Ti” ao pé da cama de uma paciente. “Ela se levantou, tentou arrancar as máscaras que a envolviam e arregalou os olhos. Me afastei, porque achei que estava fazendo mal a ela”, conta. Duas semanas mais tarde, no mesmo hospital, porém, aquela paciente encontra sua filha no corredor, a abraça e chora copiosamente. “Ela disse que estava sem nenhuma esperança. E que, na manhã do dia em que tocamos para ela, ela havia pedido para que mandasse um sinal de que Ele não havia se esquecido de sua fiel.” A prova estava justamente no hino adventista, coincidentemente um de seus favoritos.


Confira a seguir a cobertura desse testemunho em vários veículos de comunicação:

Rede Record – 5’30” em rede nacional (clique aqui)

Rede Massa (SBT) – 14 minutos de reportagem (clique aqui)

TV Educativa, Boletim eParaná 12/11 – encerra o jornal (começa em 00:47) (clique aqui)

TV Educativa, jornal eParaná – encerra a edição (clique aqui)

G1 (clique aqui)

Gazeta Maringá (clique aqui)

Gospel Prime (clique aqui)

Fanpage da Prefeitura de Curitiba (clique aqui)

quinta-feira, novembro 28, 2013

Descoberta contradiz teoria do Big Bang

Maior estrutura já vista no Universo
“Embora seja difícil de entender a dimensão deste ‘grande grupo de quasares’ (LQG), podemos dizer com toda a certeza que é a maior estrutura já vista em todo o Universo”, disse o Dr. Clowes, da Universidade Central de Lancashire’s Jeremiah Horrocks Institute. “Isso é extremamente empolgante, porque vai contra a nossa compreensão atual da escala do Universo. Mesmo viajando na velocidade da luz, levaríamos cerca de quatro bilhões de anos para atravessar essa estrutura. Isso é importante não apenas por causa de seu tamanho, mas também porque desafia o princípio cosmológico, que tem sido amplamente aceito desde Einstein. Nossa equipe tem estudado casos semelhantes que agregam ainda mais peso a esse desafio, e vamos continuar a investigar esses fenômenos fascinantes.”

Esse grande grupo de quasares desafia o princípio cosmológico, a suposição de que o Universo, quando visto em uma escala suficientemente grande, tem a mesma aparência, não importa de onde você o esteja observando. A teoria moderna da cosmologia é baseada na obra de Albert Einstein, e depende do princípio cosmológico. O princípio é assumido, mas nunca foi demonstrado através de observações que não gerassem dúvidas.

Quasares são núcleos de galáxias dos “primeiros dias” do Universo. Um único Quasar emite de 100 a 1.000 vezes mais luz e energia do que uma galáxia inteira com 100 bilhões de estrelas. Eles se submetem a breves períodos de altíssimo brilho que os tornam visíveis através de grandes distâncias. Esses períodos são “breves” em termos de Astrofísica, mas na verdade são cerca de 10 a 100 milhões de anos. Desde 1982, tem sido aceito que os quasares tendem a se agrupar em grupos ou “estruturas” de dimensões surpreendentemente colossais, formando os grandes grupos de quasares, ou LQGs, na sigla em inglês.

Para dar uma noção de escala, nossa galáxia, a Via Láctea, está separada de sua vizinha mais próxima, a galáxia de Andrômeda, por cerca de 0,75 Megaparsecs (MPC), ou 2,5 milhões de anos-luz. Grupos de galáxias podem ter de 2 a 3 MPC, porém, os LQGs podem ter cerca de 200 MPC ou mais de diâmetro.

Com base no princípio cosmológico e na moderna teoria da cosmologia, cálculos sugerem que os astrofísicos não poderiam encontrar uma estrutura maior do que 370 MPC. O que eles não esperavam do recém-descoberto LQG é que sua dimensão fosse de 500 MPC. Como esse grupo de quasares é alongado, sua dimensão chega a 1.200 MPC (4 bilhões de anos-luz), cerca de 1.600 vezes maior do que a distância entre a Via Láctea e a galáxia de Andrômeda.

A cor de fundo da imagem ao lado indica os picos e depressões na ocorrência de quasares na distância do LQG. Cores mais escuras indicam mais quasares, cores mais claras indicam menos quasares. O LQG é claramente visto como uma longa cadeia de picos indicados por círculos pretos. (As cruzes vermelhas marcam as posições dos quasares em um LQG diferente e menor.) Os eixos horizontais e verticais representam ascensão reta e declinação, o equivalente celeste de longitude e latitude. O mapa cobre cerca de 29,4 por 24 graus no céu, indicando a grande escala da estrutura recém-descoberta.

A equipe publicou seus resultados na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.


Nota: Quando evidências contrárias vão se acumulando, um modelo pode ser revisto ou até descartado (dependendo, é claro, do grau de teimosia de seus defensores, como dizia Thomas Kuhn). Pelo menos na astronomia os pesquisadores parecem ter mais coragem de divulgar dados que contradigam o modelo mais aceito. Infelizmente, quando o assunto é evolução, a tendência dos evolucionistas é ignorar os fatos contraditórios ou reinterpretá-los de acordo com o modelo, salvando a teoria. [MB]

A armadilha da pornografia

quarta-feira, novembro 27, 2013

Maná ainda cai do céu na África

Duas vezes por semana
No ano de 1948, a Revista Adventista publicou no mês de novembro, nas páginas 26 e 27, uma história sobre o maná que havia caído na Missão Adventista da Namba, em Angola, África. Eu era adolescente na época (tinha 15 anos) e lembro que havia lido essa história que muito me impressionou. Agora, mais recentemente, depois de trabalhar por 52 anos na obra adventista como pastor e professor e me aposentar oficialmente em 2008, minha esposa e eu fomos convidados a realizar um trabalho voluntário, como professor nos seminários de Moçambique e Angola. Estivemos em Angola durante o ano escolar de 2010 ensinando algumas matérias no Seminário Adventista de Huambo, capital da Província de Huambo. Certo dia, enquanto conversávamos com o pastor Teodoro Elias, presidente da União de Angola, ele nos contou que na Missão Adventista de Namba, ainda hoje, caía algum maná desde aquela ocasião, em 1939. Ficamos empolgados e curiosos, e pedimos-lhe para ver o lugar, mesmo que não caísse maná naquele dia, pois haviam nos informado que o maná continuava caindo às quartas-feiras e às sextas-feiras, e como dávamos aulas naqueles dias da semana, não poderíamos ver o fenômeno.

O pastor Teodoro foi muito gentil em conseguir a ajuda de um de nossos irmãos, que tinha um carro 4X4 (carros comuns não conseguem chegar até lá). No dia 14 de novembro de 2010, ele nos levou até a Missão, numa viagem de cerca de 160 quilômetros. Após três horas de viagem (somente a metade do percurso é pavimentada, o restante é uma trilha na montanha), chegamos à missão. Alguns irmãos estavam colhendo batatas e fomos muito bem recebidos com boas-vindas de todos. Quando dissemos que havíamos vindo para ver o lugar onde caía o maná, um dos irmãos nos disse: “Hoje pela manhã caiu um pouco de maná e penso que ainda há alguma coisa lá.”

Corremos para ver com os próprios olhos esse incrível milagre e, realmente, lá estava. Espalhados sobre o solo e sobre as folhas de grama e arbustos havia uma porção de flocos brancos semelhantes a flocos de pipoca. Colhemos alguns e começamos a comer. Enquanto isso, lágrimas rolavam pela nossa face, tocados que fomos por uma emoção intensa. Minha esposa dizia: “Que privilégio ver, tocar, colher e experimentar o que o povo de Israel havia provado por 40 anos há cerca de 3.500 anos.”

O gosto é realmente conforme descrito na Bíblia: “Sabor de bolos de mel.” Essa foi realmente uma experiência fantástica e empolgante!

Procuramos, então, verificar se não haveria uma explicação natural para o fenômeno. Primeiro notamos que caia numa pequena área atrás da igreja. Os irmãos estavam concluindo a reconstrução do templo que fora destruído pela guerra civil que se abateu sobre Angola por mais de 30 anos, e agora, mediante a contribuição de igrejas de além-mar, podiam ter outra vez um templo. Então pensamos que talvez fosse algo que caía das árvores de eucalipto que há lá, mas, quando verificamos que também caía na grama e nos arbustos onde não havia eucalipto, descartamos essa hipótese.

Perguntamos aos irmãos mais antigos a respeito dessa história e nos contaram que de modo semelhante ao início, quando caiu da primeira vez, também no período da guerra civil, durante a estação seca em que nada se produzia, eles também colhiam o maná, tendo assim algo para comer. No entanto, quando Savimby, o líder revolucionário, tomou nossa Missão da Namba para fazer dela um quartel para seus soldados e nossos irmãos tiveram que fugir, o maná não mais caiu.

No fim da guerra, tão logo a propriedade foi devolvida pelo governo à nossa igreja, e nossos irmãos puderam voltar e começar a reconstruir a missão que fora arrasada pelos revolucionários, o maná voltou a cair. Agora, ao terem eles seu próprio alimento (naquele dia estavam colhendo de batatas que dão em abundância), o maná continua caindo em pequena quantidade.

Pastor Gerson Pires de Araújo
Outro fato digno de nota é que ninguém vê o maná cair. Quando amanhece o dia, lá estão os flocos. Pode ser que Deus queira dizer que eles não têm nada a temer, pois Ele ainda é Aquele que cuida de Seu povo.

Colhemos algumas amostras do maná para mostrar aos nossos irmãos no Brasil, quando voltamos, no fim do ano de 2010. Contamos para alguns irmãos e eles experimentaram e acharam o maná apetitoso. Deixamos alguma amostra na sede da Sociedade Criacionista Brasileira, em Brasília, e o presidente, Dr. Ruy Vieira, nos sugeriu que levássemos parte da amostra para um dos melhores laboratórios de espectrometria de massa no Brasil, localizado na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), para fazerem uma análise.

O Dr. Marcos Eberlin e seu associado, Marcos A. Pudenzi, mostraram-se interessados e gratuitamente fizeram uma profunda análise do material e concluíram com um relatório que demonstra que a amostra é composta “principalmente de oligossacarídeos, constituídos por hexose (C6H12O6); mais açúcar, pequenas quantidades de compostos nitrogenados e óxidos de elementos metálicos adequados para a alimentação humana... Boa fonte de nutrientes para a dieta humana”. Esses óxidos eram de potássio, cálcio, fósforo, ferro, silício, enxofre e cobre. Todos esses elementos, como carbono, hidrogênio e nitrogênio, que estão presentes no açúcar e nas proteínas, têm função importante no metabolismo humano. Não são somente aceitáveis, mas essenciais para o funcionamento do organismo.

No e-mail que nos enviou, o Dr. Eberlin afirma que é muito provável que os flocos sejam maná.

Quão grande Deus é o nosso Deus! “Bem aventurado é o povo cujo Deus é o Senhor.”


Leia também a reportagem publicada no site Gospel Mais (aqui) e o relatório da Unicamp (aqui).




Cristãos estão sendo crucificados na Síria

Cristãos sírios
Amir, 55 anos, é um comerciante que vive na Síria. “A vida aqui é muitas vezes bem difícil”, lamenta. Durante uma entrevista ao Washington Post, ele contou como morteiros atingiram repetidamente o bairro al-Qassaa, na capital Damasco. A grande maioria de seus moradores é cristã. Pelo menos 32 pessoas morreram e dezenas de outras ficaram feridas somente nas últimas duas semanas. A situação de Amir, e de milhares de cristãos como ele, tem se tornado cada vez mais perigosa. Enquanto a guerra civil continua arrasando o país, multiplicam-se os relatos de ataques de muçulmanos jihadistas a cidades predominantemente cristãs. O país está vendo a tentativa de extermínio do cristianismo ser o alvo principal dos guerrilheiros rebeldes.

Youssef Naame e sua esposa Norma, um casal cristão de Maaloula, contaram como tiveram que fugir de sua cidade após a chegada de extremistas islâmicos no início do mês passado. “Os jihadistas gritavam: convertam-se ao Islã ou vocês serão crucificados como Jesus.” O casal se escondeu, junto com outros cristãos, em uma pequena casa ao lado da igreja da cidade. Ficaram três dias sem comida nem eletricidade.

Agora, Youssef está refugiado no apartamento de sua filha, em al-Qassaa, mas teme que em breve precisará fugir de novo. Os cristãos são minoria, menos de 10% dos 23 milhões de habitantes da Síria.
  
O missionário Tom Doyle faz um apelo: “Nós ouvimos de líderes da região que os jihadistas estavam crucificando os cristãos no norte da Síria. Sabemos que as pessoas têm fotos disso. Os pastores estão clamando por ajuda, frustrados por que nada disso é divulgado pela mídia ocidental.”

As áreas cristãs passaram a ser recentemente o maior foco da luta armada. Há uma semana, os rebeldes do grupo Jabhat al-Nusra atacaram a cidade cristã de Sadad, ao norte de Damasco. Após violentos combates, foram expulsos dias depois por forças do governo. De maneira similar, milhares de pessoas fugiram da antiga cidade de Maaloula, também de maioria cristã. Ali, um número grande de não muçulmanos foram decapitados e tiveram suas casas e igrejas incendiadas ou destruídas.

Os cristãos de Damasco estão convencidos de que os extremistas estão deliberadamente alvejando seus bairros para enfraquecer os aliados do presidente sem atingir outros muçulmanos. Como é comum em vários países do Oriente Médio, muçulmanos e cristãos vivem em áreas diferentes, por isso para os rebeldes é fácil identificar os alvos preferencias.

“Todos os domingos, eles lançam mais de 15 morteiros ao longo do dia”, disse Amir. “Eles estão bombardeando as áreas especificamente cristãs.” Os líderes da Igreja da Síria temem que a queda de Assad transforme o país em um Estado islâmico, o que significaria o fim da existência milenar de cristãos em solo sírio.

Quase todos os 50 mil cristãos da cidade de Homs tiveram que fugir. Outros 200 mil foram expulsos da cidade de Aleppo. Em todas as cidades que invadem, os rebeldes exigem que os cristãos se convertam, caso contrário, morrerão.  Mais de um terço dos cristãos da Síria estão refugiados ou mortos. [Com informações de Washington Post e MN Online.]


Nota: Por que esse silêncio da mídia ocidental? Por que, quando um homossexual, por exemplo, é morto em algum lugar, a imprensa faz um grande barulho (e deve fazer mesmo), mas quando centenas de cristãos são massacrados por islâmicos não se vê a mesma reação? Por que os islâmicos na síria não toleram os cristãos e querem convertê-los à força, enquanto muçulmanos na Europa e nos países ocidentais reivindicam direitos de liberdade de culto? [MB]

terça-feira, novembro 26, 2013

O que é um “beijo comum”?

O retorno da mulher objeto
Alguns publicitários sempre se superam nos quesitos mau gosto e apelação. Desta vez, a campanha no meu entender ofensiva foi veiculada por uma das maiores operadoras de telefonia no Brasil. Folheando a revista Veja desta semana, me deparei com a peça e fiquei indignado. Numa página, está a foto de uma moça “comum”, com trajes discretos, beijando um rapaz com sorrisinho sem graça. Embaixo deles, a frase: “Um beijo comum é uma coisa.” Na página seguinte, a atriz Bruna Marquezine, em posição sensual e com saia bem curta, beija o mesmo rapaz, agora com expressão de deleite. Abaixo deles, outra frase: “Um beijo da Bruna Marquezine é outra coisa.” As duas páginas seguintes trazem a comparação descabida: mulher comum é como internet comum; Bruna é como a internet 4G “mais rápida do Brasil”. Francamente!

Mais uma vez os publicitários sem ideias originais apelam para o lugar comum e politicamente (pra não dizer moralmente) incorreto da mulher objeto. Desta vez, a beldade não é associada a um carro nem a uma cerveja. Ela é a conexão poderosa, turbinada que arranca suspiros do consumidor. A comum não serve. Não agrada. É ultrapassada.

Mas o que, afinal, é um “beijo comum”? É o beijo da mulher discreta que não procura chamar atenção para e por seus atributos físicos? É o carinho da mulher de verdade, não photoshopada nem sensualizada? É o beijo da mulher verdadeira, que procura agradar seu companheiro, numa “conexão lenta”, construída com tempo, paciência, dedicação, doação, compromisso? Se é esse, então o beijo comum é o beijo de verdade, o beijo que nasce do sentimento, o beijo desinteressado que simplesmente expressa afeto pelo objeto da afeição. O outro, o beijo “banda larga”, é pirotécnico, usado para “fisgar”, impressionar, seduzir. Como a conexão de alta velocidade, ele inebria os sentidos, hipnotiza, aturde, mas é fugaz como as informações da era digital. Dura pouco tempo na memória. Ativa hormônios, mas nem sempre toca os sentimentos mais profundos.

Essa operadora deveria se envergonhar de comparar as mulheres a uma conexão de internet, e mais ainda por chamar de “comuns” as mulheres de verdade, como se elas fossem incapazes de dar e ter prazer. Como se a sensação verdadeiramente prazerosa de um beijo fosse reservada unicamente às musas e aos "musos" midiáticos.

Ao debochar do “comum”, essa campanha publicitária parte para o lugar comum e acaba ofendendo a maioria dos consumidores, pois também são gente “comum”.

Michelson Borges

Vai trabalhar, vagabundo

Agressão gratuita como diversão
Knockout game” é um perigoso passatempo que está se espalhando rapidamente entre jovens das periferias americanas e que consiste em chegar de surpresa numa pessoa que caminha na rua e dar um soco tão forte que ela desmaie, caia apagada no chão. Em pelo menos três estados americanos, há registro de mortes causadas pelo tal jogo. A polícia diz que até agora os agressores são em geral negros e as vítimas, brancas. Muitos dos alvos são judeus, o que levanta questões adicionais sobre a história de antissemitismo disseminado em comunidades negras nos EUA por ativistas como Louis Farrakhan há décadas. Judeus ortodoxos já estão sendo aconselhados a tomar precauções extras de segurança. Alguns jovens chamam o jogo de “Caçada ao Urso Polar” porque as vítimas preferenciais são brancas. Há quem relacione o “knockout game” ao produto de entretenimento mais lucrativo da história, o recém-lançado videogame Grand Theft Auto V, já que esse tipo de agressão é comum no jogo, mas é claro que é muito mais do que isso e reduzir a discussão ao GTA é fugir da raiz do problema. O “knockout game” é um problema que, se você ignora, pode um dia se transformar literalmente num soco na cara.

A imprensa, para não variar, chama seus “especialistas” para culpar tudo que possa ser relacionado com distribuição de renda ou com uma demonstração de “macheza”, como se fosse natural aos homens sair agredindo qualquer pessoa aleatoriamente nas ruas. A covardia dos ataques, como a que atingiu uma mulher de 78 anos outro dia, é tudo menos demonstração de coragem ou força, é exatamente o contrário.

O que chama atenção também, neste caso, é o silêncio dos ativistas de sempre e do presidente Barack Obama, tão ávidos para enxergar racismo na morte de Trayvon Martin, tese desmontada pela justiça, mas que não se mostraram interessados até agora pelo “knock-out game” e suas vítimas. O silêncio deve durar até que haja uma morte do lado dos agressores, já que, evidentemente, um dia algum americano branco usará uma arma legal para se defender e a esquerda americana terá um novo Trayvon Martin para faturar politicamente em cima.

Outra característica do “knockout game” é que os jovens não roubam depois que as vítimas caem no chão apagadas, eles apenas saem rindo, saltitando e comemorando cada ataque – o que também desmonta a tese de que estão perturbados, fora do juízo perfeito pela “opressão” da sociedade racista, quando para eles é claramente um jogo.

Há um fenômeno social muito mais sério e grave acontecendo e que, com raras exceções, não é dada a devida atenção: o número de homens adultos que estão fora da força de trabalho, muitos morando com os pais, e que simplesmente desistiram de buscar emprego ou entrar no mercado. Alguns vivem de bicos, outros dormem de dia e passam a noite jogando videogames, outros fazem serviços temporários apenas para juntar dinheiro extra para as drogas e algum lazer, mas há um grave e perverso componente no comportamento desses homens que não formam famílias, não criam filhos, não buscam realização profissional, nada além de prazer e diversão que o cheque da assistência social do estado ao menos em parte garante todo mês.

Nos EUA, segundo dados do próprio governo, 92 milhões de adultos, um em cada três, não estão trabalhando ou desistiram de procurar emprego. É o nível percentual de adultos trabalhando mais baixo desde 1978, quando outro radical de esquerda, Jimmy Carter, ocupava a Casa Branca. O número de empregos criados no país atualmente não é suficiente nem para dar conta do crescimento populacional, quanto mais incorporar desempregados ao mercado de trabalho. O número de americanos recebendo algum tipo de assistência do governo recentemente rompeu a barreira de 100 milhões.

Sem querer entrar numa discussão estereotipada ou superficial sobre o papel dos homens no século 21, é preciso refletir sobre o que o jornalista econômico Charles Payne quis dizer com a ideia de que “o welfare state está criando o eunuco moderno, castrado na alma por ter perdido seu papel como formador de família, de tomador de riscos e de líder”. Esses jovens que batem em avós distraídas nas ruas e depois saem rindo não têm qualquer ideia do que até bem pouco tempo se entendia por ser um homem.

O welfare state dispensa a necessidade da família tradicional por motivações puramente ideológicas e está usando dinheiro público para isso. Onde se tinha historicamente dois adultos somando esforços para conseguir pagar o orçamento doméstico e educar os filhos, agora entra o estado substituindo um deles. Para quem acha que isso é consequência de crises recentes e não causa, quando o movimento progressista chegou ao poder nos EUA, há mais de um século, o presidente Woodrow Wilson já dizia que cada cidadão deveria “se casar” com o estado.

Ano passado, o caso de Angel Adams, 38 anos, moradora de Tampa, na Flórida, mãe de 15 crianças de três pais diferentes, ficou famoso nos EUA quando seus filhos foram encontrados em condições insalubres e ela, ao ser entrevistada, disse: “Alguém tem que ser responsável pelas minhas crianças.” Ela recebeu do governo casa mobiliada, eletrodomésticos, além de comida e da ajuda dos vizinhos e, mesmo assim, seus filhos continuam mal cuidados enquanto ela acha que é tudo culpa dos outros, incluindo do governo, menos dela. Em 2013, nasceu o décimo sexto filho de Angel Adams, chamada por alguns analistas de “welfare mom”, já que ela simboliza de maneira dramática a ideia de que você não é responsável nem pelos filhos que coloca no mundo.

Enquanto Angel Adams tem novos filhos, o campeonato brasileiro de futebol foi vencido esse ano, com folga e por antecipação, pelo Cruzeiro Esporte Clube de Belo Horizonte. Um detalhe que passou despercebido por parte da imprensa: o Cruzeiro é o time com mais jogadores casados que disputou o título. Durante o ano, nenhuma orgia registrada, nenhum hotel quebrado, nenhum flagra com “modelo e manequim” fazendo barraco em casa noturna. Coincidência?

Para Payne, é preciso analisar as consequências de se ter milhões de adultos saudáveis, pagos pelo governo para não trabalhar e não cuidar de eventuais filhos nascidos em relações fortuitas, que passam o dia sentados na porta de casa ou parados nas esquinas esperando o tempo passar. Um dado perturbador que Payne também cita: há cinquenta anos, o problema de saúde que liderava as aposentadorias por invalidez nos EUA era “doença cardíaca” e hoje é “dor nas costas”. Payne afirma que hoje basta um jovem saudável e forte dizer ao governo que está com dor nas costas para passar a viver de mesada de programas assistenciais do governo.

O Brasil também conhece o fenômeno, ao qual deu o nome de geração “nem nem” (nem trabalha, nem estuda). Nos últimos dez anos, o número de brasileiros de 17 a 22 anos que nem estudam nem trabalham passou de 23,9% para 26,6% segundo o IBGE. E o que eles fazem o dia inteiro para preencher o tempo é um problema social que o welfare state só agrava.

Na Suécia, uma espécie de paraíso ficcional criado pela esquerda, os estupros saíram do controle. O país-símbolo do welfare state e do politicamente correto, segundo alguns levantamentos, está se tornando a capital mundial dos estupros, rivalizando em números apenas com a África do Sul. Se considerarmos o IDH do país e os programas assistenciais mais perdulários de que se tem notícia, a comparação levanta questões morais e sociológicas que evidentemente não interessa à esquerda discutir. Na Suécia, até pré-adolescentes são vítimas comuns de estupros de jovens cada vez mais acomodados com os gordos cheques governamentais e sem qualquer motivação para buscar um emprego formal.

Os números de estupros registrados na Suécia continuam crescendo e um terço deles tem como vítimas mulheres abaixo dos 15 anos de idade (por favor, não me venham a conversa de que há um excesso de registros feitos por ex-namoradas enciumadas, como alguns especularam quando esses números apareceram, as discussões metodológicas não mudam o fato de que os números são altíssimos e com viés de alta).

Recentemente, a imprensa mundial fez festa com o fato de que a Suécia estaria fechando presídios por falta de presos, mas o que os jornais não parecem interessados em mostrar é que prender menos não significa menos crimes, especialmente num país mergulhado numa espiral psicótica de teorias sociais esquerdistas em que o crime não pode mais ser chamado de crime. Agora você entende por que quando uma vítima nutre afeição e passa a defender o agressor chamamos de “Síndrome de Estocolmo”, numa referência direta a um sequestro ocorrido na capital sueca em 1973.

É importante que se entenda que nem todo país com alto índice de desemprego é vítima de “knockout games” ou estupros em série. É preciso também que o trabalho seja demonizado, é necessário que se crie via universidades, cultura pop e imprensa a ideia marxista de que a atividade remunerada na economia de  mercado é algo perverso, opressor, que a inserção na força de trabalho é uma espécie de escravidão dos dias de hoje. É preciso também um ambiente hedonista e niilista que leve à busca desenfreada do prazer inconsequente, de preferência subsidiado pelo governo, o que para quem está numa idade de hormônios à flor da pele é um convite quase irresistível.

Em “Vai trabalhar, vagabundo”, Chico Buarque resume a ideia da esquerda sobre o trabalho numa sociedade de livre mercado: “Prepara o teu documento / Carimba o teu coração / Não perde nem um momento / Perde a razão / Pode esquecer a mulata / Pode esquecer o bilhar / Pode apertar a gravata / Vai te enforcar / Vai te entregar / Vai te estragar / Vai trabalhar.” O trabalho é, na visão de um ícone da esquerda brasileira, uma derrota para o sistema e a morte do prazer. Em 2013, o filme “Vai trabalhar, vagabundo”, com Hugo Carvana no papel principal, faz quarenta anos e hoje somos liderados na política, na cultura e nas universidades por pessoas que foram educadas na juventude com essas ideias. O resultado está aí.

Há poucas semanas, Glenn Beck disse que a ansiedade que se vê nos jovens hoje é porque exigimos pouco deles, eles não são desafiados, não são testados, estamos sempre mimando, negligenciando e perdoando a nova geração. Beck disse: “Dê um pé na bunda do seu filho”, e a imprensa tirou a frase do contexto de propósito para criar uma narrativa de que ele estava incitando a violência infantil, com a desonestidade intelectual de sempre. Qualquer pessoa que conheça o pronunciamento original de Beck sabe perfeitamente o que ele quis dizer.

Em resumo: jovem que trabalha ou que quer trabalhar, que pensa em formar uma família, que sonha em vencer profissionalmente, não soca idosas por trás apenas para preencher o tempo livre e remunerado pelo governo. Como disse Ronald Reagan, o melhor programa social que existe é o trabalho.

segunda-feira, novembro 25, 2013

Como sempre disse aqui: neandertal era humano

Espécies, não; populações
Vá tentar ser antropocêntrico numa hora dessas: os neandertais também pintavam cavernas e conchas, adornavam-se de penduricalhos e, se um grupo de pesquisa da UFRGS estiver certo, eram tão espertos quanto nós. Se eles foram extintos, diz a professora Maria Cátira Bortolini, não foi por falta de astúcia, mas por diferenças culturais entre aquela espécie e a nossa. Bortolini não é antropóloga culturalista - bióloga, comparou 162 genes das duas espécies e constatou que, em matéria de cognição, o Neandertal não fica devendo nada para um Da Vinci. Ainda hoje, num isolamento ainda possível, temos primos Homo sapiens vivendo no tempo da indústria lítica, construindo ferramentas de pedra rudimentares [pois é, e se fossem descobertos fósseis deles, possivelmente diriam que são ancestrais de milhões de anjos...]. Os códigos que separam esses povos aborígenes de quem lê jornal no tablet não estão inscritos na genética, mas na cultura. Bortolini sugere que o mesmo se aplica para as nossas diferenças com o Neandertal, que por dezenas de milênios povoou a Europa, antes de disputá-la com o sapiens, emigrante africano que trocou de continente há 40 mil anos [segundo a cronologia evolucionista].

As populações neandertais não sobreviveriam por mais de 10 mil anos após o contato com os visitantes. Uma das hipóteses para o êxito da nossa espécie [talvez não seja apropriado se referir a nós e a eles como espécies diferentes] se baseia em uma suposta superioridade cognitiva, justamente o que deita abaixo a pesquisa do grupo coordenado por Bortolini. Mudanças climáticas (terminava a Era do Gelo), doenças e tecnologia mais avançada (como em conquistadores europeus x povos ameríndios) estão entre as alternativas favorecidas pela pesquisadora da UFRGS [por que não se consideram conquistadores europeus e ameríndios espécies diferentes?].

Como o intercâmbio dos hominídeos africanos na Europa teve a sua dose de turismo sexual, também é possível que os neandertais tenham sido “absorvidos” num processo de miscigenação, diluindo gradualmente a sua carga genética a cada novo filho com a gente forasteira. Por isso que, se a sua árvore genealógica não estiver toda plantada na África, é provável que você carregue de 1% a 4% de “DNA Neandertal”.

E onde fica aquela aula de ciências dizendo que a cruza de espécies diferentes só pode gerar descendentes estéreis, como a mula? Bem, essa regra nem sempre funciona (numa cruza entre tigres e leões, hora ou outra sai uma fêmea fértil), mas ela ajuda a reforçar a defesa de que Homo neanderthalensis e Homo sapiens são, de fato, uma mesma espécie [bingo!]. “É possível que as variações de Homo sejam representações modernas de uma espécie que vem se definindo há 2 milhões de anos”, afirma Maria Cátira Bortolini.

Ao que vínhamos chamando “espécie” Neandertal, Bortolini prefere “população”. E assim também João Zilhão, arqueólogo da Universidade de Barcelona que vem estudando a arte deixada pelos neandertais nos sítios Cueva de los Aviones e Cueva Antón, no sudeste da Espanha. “Não faz sentido colocar a questão em termos de ‘nós e os outros’, mas sim de duas populações ancestrais da mesma espécie. Uma delas, europeia, desenvolveu características rácicas que a tornaram mais facilmente diferenciada das populações africanas. Diferiam mais do que, hoje em dia, diferem os esquimós e os etíopes, mas também eram diferenças intraespecíficas, e não interespecíficas”, afirma Zilhão.

Nas cuevas, o pesquisador português encontrou indícios de pintura e ornamentação que antecedem em pelo menos 5 mil anos qualquer sinal da presença do homem moderno na Europa. Longe de soprar um apito final na comunidade científica, achados como os de Zilhão causam uma mixórdia acadêmica: para preservar a ideia de que os neandertais eram brucutus incapazes de comportamento simbólico, cientistas chegam a cogitar a “aquisição” de adornos via comércio de escambo [aliás, este é um problema típico do evolucionismo: seus defensores vivem lutando para preservar ideias]. E aí teríamos mocorongos capazes de se engajar em transações comerciais.

A tolice do Neandertal, sugerem outros estudos, decorre de um desenvolvimento muito acelerado do organismo, mas a teoria estaria alicerçada em poucas amostras. Zilhão brinca que, nesse caso, um bebê neandertal sequer poderia nascer, grande demais que seria para deixar o corpo da mãe. Para ele, a resistência à tese do “gente como a gente” é comparável a preconceitos sustentados por critérios de aparência física (em relação ao homem moderno, os neandertais eram mais cabeçudos e robustos, provável adaptação a ambientes glaciais).

“É o último reduto de uma noção oitocentista, como a discussão sobre se os índios tinham alma ou não. Hoje em dia, ninguém se atreve a dizer que os africanos são menos inteligentes que os europeus ou coisa que o valha, mas no subconsciente, lá no fundo, quando se trata de populações do passado, isso volta a aflorar”, aponta [é o velho racismo promovido, em parte, pela teoria darwinista]. [...]


“Um milhão de anos” e as bactérias continuam bactérias

25 anos de pesquisas 
Em 1988, Richard Lenksi começou seu experimento simples, porém radical, para estudar como a evolução se desenrola. Ele queria saber se a evolução poderia se repetir se tivesse uma segunda chance, e se os organismos têm o que os biólogos chamam de “pico da forma”. O projeto começou com 12 populações idênticas da bactéria E. coli colocadas em frascos cheios de glicose. Hoje, já são quase 60 mil gerações (o relatório publicado nesta semana na revista Science Magazine afirma que em julho eram 58 mil) que mostraram mudanças significativas. Lenski, professor de Microbiologia e Genética Molecular da Universidade Estadual de Michigan (EUA), observou seu crescimento dia após dia, e quando as bactérias esgotaram a glicose, ele as transferiu para um novo frasco. A cada 500 gerações, algumas foram retiradas e congeladas para futuros estudos. Vinte e cinco anos mais tarde, com as bactérias passando por 6,6 gerações por dia, a experiência já evoluiu o equivalente a um milhão de anos de evolução humana [sic].

Quando medido o quão rápido as bactérias evoluídas poderiam se reproduzir em relação aos seus antepassados ​​(descongelados e ressuscitados), descobriu-se que a aptidão do descendente continuou a melhorar, sem sinais de estabilização. Isso aponta que não há um “auge evolutivo” para essas bactérias.

Michael Wiser, co-utor e estudante de graduação da Universidade no laboratório de Lenski, compara essa situação a caminhar. “Ao caminhar, é fácil começar a subir em direção ao que parece ser um pico, apenas para descobrir que o pico real está longe na distância”, exemplifica. “Agora imagine que você escalou por 25 anos e ainda está longe do pico.” Só que os picos não são montanhas. Eles são o que os biólogos chamam de picos de forma – quando uma população encontra o conjunto ideal de mutações e por isso não pode ficar melhor. Qualquer nova mutação que vier depois, mandaria tudo por água abaixo.

As bactérias no laboratório de Lenski ainda estão se tornando mais aptas, mesmo depois de um quarto de século vivendo em um mesmo ambiente simples. Os biólogos sabem que os organismos continuam a evoluir se o ambiente está sempre mudando, contudo já se pensava que a adaptação acabaria por ficar paralisada se o ambiente permanecesse constante por um longo tempo.

Wiser tem centenas de amostras do congelador que contém registros fósseis de bactérias que remontam até a geração 0 na experiência de 25 anos. Elas voltam à vida intactas quando descongeladas. Assim, podem ser comparadas com amostras de diferentes gerações para medir a trajetória dessas bactérias ao longo das mais de 50 mil gerações.

“Não parece haver qualquer fim à vista”, afirma Lenski. “Nós costumávamos pensar que a forma das bactérias estava estabilizada, porém, agora vemos que o ritmo está diminuindo, sem, contudo, parar.”

Wiser descobriu que as trajetórias correspondem a um tipo de função matemática chamada de lei de potência. Embora a inclinação da função da lei fique cada vez menos íngreme ao longo do tempo, nunca atinge um pico.

A linhagem original de E. coli levou cerca de uma hora para dobrar sua população. Mas a atual consegue fazê-lo em cerca de 40 minutos. A equipe de Lenski calcula que as futuras gerações irão reproduzir ainda mais rápido, prevendo que em cerca de um milhão de anos o seu tempo de duplicação poderia ser de cerca de 20 minutos. Ou seja, as bactérias continuarão a melhorar por tanto tempo quanto as leis da física permitirem, mas a um ritmo cada vez mais reduzido. [...]


Nota: Resumindo: depois de [teóricos] um milhão de anos de evolução, tudo o que as bactérias adquiriram foi a capacidade de se multiplicar vinte minutos mais rapidamente que seus antepassados. Só isso. Trata-se, portanto, de “evolução” ou simplesmente adaptação? No que as bactérias se transformaram, depois de tanto tempo e tantas gerações? Em nada além de bactérias com pequenas adaptações. E isso é perfeitamente previsto pelo modelo criacionista. [MB]

Richard Dawkins rejeita o registo fóssil

Não se alinha com a evolução? Rejeite
Por volta de 1950, o registo fóssil não era amigo de Darwin. Hoje, passados 150 anos, o registo fóssil também já não é amigo de Richard Dawkins. Darwin disse: “Porque todas as coleções de restos fósseis não disponibilizam evidências claras da transição gradual e das mutações entre as formas de vida?” A pergunta era difícil de evitar – o elefante na sala –, mas também era perturbadora, visto que Darwin reconheceu que o registo fóssil poderia confirmar ou refutar sua teoria: “Se se puder demonstrar a existência de um órgão complexo que nunca se poderia formar através de modificações pequenas, graduais e sucessivas, minha teoria entraria em colapso absoluto.” Darwin reconheceu também o seguinte: “A singularidade das formas específicas [o registo fóssil] e o fato de elas não estarem misturadas em inúmeros elos de transição é uma dificuldade óbvia.”

Em seu livro The Panda’s Thumb, o paleontólogo evolucionista Stephen Jay Gould reflete sobre a frustração de Darwin e ressalva: “O registo fóssil causou mais preocupação do que alegria a Darwin.” Deparando-se com evidências tão pobres, e até evidências contrárias, Darwin evitou o problema alegando que “apenas uma pequena porção da superfície da Terra já foi geologicamente explorada.” A “explicação” dele manteve viva a esperança de que explorações futuras desenterrariam os sempre esquivos “inúmeros elos de transição”.

As coisas não mudaram muito durante os últimos 150 anos. “Precisamos de mais fósseis”, suplicou Dawkins, em seu livro de 2009, The Greatest Show on Earth. Ao voltar as costas ao registo fóssil, Dawkins avançou com o conceito das “evidências comparativas”: “Tal como eu sugeri no princípio deste capítulo, as evidências comparativas sempre foram mais convincentes do que o registo fóssil.”

Independentemente do que as “evidências comparativas” sejam (Dawkins não as definiu), ele está rejeitando o registo fóssil como evidência essencial em favor da teoria de Darwin. “Não precisamos dos fósseis para demonstrar que a evolução é um fato.” Segundo Dawkins, o registo fóssil deveria ser retirado da sua posição dentro do debate, até mesmo um dos mais notórios ícones evolutivos, o Archaeopteryx. Em seu livro The Greatest Show on Earth, Dawkins afirma: “Aguentar um simples fóssil famoso como o Archaeopteryx é dar espaço para um argumento falacioso.”

Quando Darwin estava desesperado por encontrar os “inúmeros elos de transição”, ele rapidamente se voltou para o [então] recentemente descoberto Archaeopteryx. Para Darwin, o Archaeopteryx emergiu como a evidência-chave que fazia a conexão entre os répteis e os pássaros: “Mesmo o espaçoso intervalo entre as aves e os répteis foi demonstrado recentemente [por Huxley] como estando parcialmente unido de uma forma inesperada, pela avestruz e pelo extinto Archaeopteryx.”

Durante a parte final do século 20, a rejeição do Archaeopteryx como um elo perdido entre os répteis e as aves começou a ganhar apoio entre os paleontólogos. Segundo Larry Martin (paleontólogo de vertebrados e curador do Museu de História Natural e do Biodiversity Research Center, da Universidade do Kansas), “o Archaeopteryx não é ancestral de qualquer grupo moderno de aves”.

O estatuto de “elo perdido” do Archaeopteryx é apenas uma ilusão, e, segundo Henry Gee (paleontólogo e biólogo evolutivo e editor- sénior da prestigiada revista Nature), uma história para crianças.

Abandonar o Archaeopteryx como fóssil transicional é, na verdade, apenas a ponta do iceberg do mais amplo problema que o registo fóssil constitui para a teoria da evolução. Em seu livro intitulado The Evolution of the Long-Necked Giraffe, o geneticista Wolf-Ekkehard Lönnig (Max-Planck Institute, na Alemanha), tal como Dawkins, ressalva de modo cândido o fato de que “a série gradual de intermediários, segundo Darwin os entendia, nunca existiu nem nunca vai existir”.

Tempos atrás, a evolução era uma teoria em crise; hoje a evolução está em crise e vazia de uma teoria. Sem as evidências do registo fóssil, segundo o próprio Darwin, “minha teoria entraria em colapso absoluto”.

Conclusão: a rejeição do registo fóssil por parte de um dos últimos proponentes hardcore do gradualismo evolutivo assinala o fim da era darwiniana, e serve para ressalvar ainda mais a natureza filosófica (e não científica) da teoria da evolução.

Uma coisa se torna cada vez mais aparente: os evolucionistas não têm qualquer compromisso com o gradualismo de Darwin, mas, sim, com o naturalismo. Para o evolucionista comum, qualquer mecanismo serve, desde que seja “natural” – isto é, que possa ser usado contra quem defende a criação Divina.

sexta-feira, novembro 22, 2013

O calcanhar de Aquiles de Schwartsman

O terrível deus Moloque
Hélio Schwartsman, colunista da Folha de S. Paulo, é um ótimo escritor, mas deixa a desejar quando o assunto é uma leitura contextualizada das Escrituras Hebraicas. No último domingo (16/11/2013), ele citou Deuteronômio 7 como “evidência” da sede de sangue de Yahweh, nas páginas do Antigo Testamento. Na referida passagem, Deus ordena os israelitas destruir todas as nações que moravam em Canaã, a terra prometida aos patriarcas hebreus. O texto (v. 2) é explícito: “Destruam-nos completamente [...] não tenham misericórdia deles.” Permita-me fazer três considerações a respeito do assunto, que não encerram um tema tão amplo como esse, mas levantam alguns pontos ignorados por Schwartsman e outros:

1) O que Hélio e outros tantos críticos da Bíblia esquecem é que ela não foi escrita em português, muito menos no século 21. A linguagem de Deuteronômio é hiperbólica, e segue o estilo literário da época em que foi escrito, o segundo milênio a.C. O verbo hebraico hrm, traduzido como “destruir completamente” não deve ser tomado ao pé da letra. Por exemplo, o faraó Tutmoses III afimou que “derrubou o exército de Mitani em uma hora, e o aniquilou totalmente”. Mitani continuou no palco do Antigo Oriente Médio por mais uns 100 anos. Outro exemplo é a estela do faraó Merneptah (1200 a.C.), na qual ele afirma que “Israel estava destruído, e sua descendência não exista mais”. Um terceiro e último exemplo (de vários que poderiam ser dados) está na chamada Pedra Moabita do rei Mesha, mencionado no livro de 2 Reis. Nesse documento, ele se exalta ao dizer que destruiu o reino de Israel para sempre. Novamente, temos um exagero aqui. Esse documento foi escrito entre 840/830 a.C., e o reino de Israel foi destruído cem anos mais tarde pelos assírios. Um leitor atento do livro de Deuteronômio não levaria tais palavras ao pé da letra. Provavelmente, aqueles que seriam (e foram mortos) eram combatentes, não meros civis. Respeitados especialistas em literatura do Oriente Médio, como Kenneth Kitchen e James Hoffmeier, concordam com essa conclusão.

2) Hélio se esquece que no mesmo livro citado (Deuteronômio) encontramos uma recomendação no mínimo intrigante: ao chegar em uma cidade de Canaã, paz deveria ser oferecida àqueles habitantes (20:10). Esse texto e outros demonstram que a conquista de Canaã não se tratava de uma antiga versão da série “Desejo de Matar”, de Charles Bronson! Existia uma alternativa pacífica.

3) Por que matar os inocentes cananeus? Além de práticas como incesto e bestialismo, os cananeus tinham o estranho hábito de sacrificar crianças a um deus chamado Moloque (ou Qemosh, em Moabe). Existem diversos restos arqueológicos em vários pontos de Canaã que atestam a prática desse culto. Levítico 20:1-5 proíbe veementemente a adoração a esse deus por um israelita, inclusive sob pena de morte. Convenhamos, se você descobre que seu vizinho pratica sacrifícios humanos, queimando crianças em uma capelinha no quintal, você iria respeitar essa “opção cultural” dele? Francamente!

Troquei dois emails com o Hélio neste ano. Num deles, sugeri a ele a leitura da excelente obra de Paul Copan, Is God a Moral Monster? Making Sense the Old Testament God (Baker, 2011). Três capítulos da obra abordam a conquista de Canaã e a 'matança' dos seus habitantes. Até onde eu saiba, não existe previsão de esse livro ser traduzido para o português, o que é uma pena. Não sei se o Hélio foi atrás da obra, mas estou certo de que ela o ajudaria a corrigir algumas distorções populares a respeito do Deus do Antigo Testamento.

(Luiz Gustavo Assis é formado em teologia e cursa o mestrado nos EUA)