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Mais uma peça de ufanismo darwinista |
O
jornalista científico Salvador Nogueira assina a coluna “Mensageiro Sideral” na
Folha de S. Paulo, e em seu texto
desta semana – “Cinco
provas da evolução das espécies” – ele foi realmente
estratosférico: passou longe de provar aquela que é considerada por muitos a
teoria mais controversa de nosso tempo. O título de seu artigo é simplesmente
absurdo, porque a teoria da evolução não pode ser “provada” em tudo aquilo que
ela afirma. É, para dizer o mínimo, ufanista, panfletário e leviano. Antes de
tratar das tais “provas”, Nogueira faz uma exposição das diferenças entre
ciência e religião. Portanto, antes de falar sobre as “provas” apresentadas,
vou comentar a introdução do texto do meu colega de profissão.
Ele
escreveu: “Este é um assunto dos mais controversos: a origem das espécies,
desde as bactérias mais simples até os orgulhosos seres humanos [note que
ele já assume a macroevolução como fato]. A razão básica da confusão é que
algumas pessoas querem fazer crer que existe um conflito intrínseco entre a
teoria da evolução pela seleção natural e as religiões. É mentira. A ciência,
aliás, não é inimiga da religião. As duas são naturalmente complementares, e
existe beleza no equilíbrio.” Aqui Nogueira comete o erro básico (se
intencional, não sei) de confundir ciência com evolucionismo e opô-los à
religião. Método científico é uma coisa, teoria da evolução é outra. Com o
método, a teologia bíblica está em pleno acordo. Com a macroevolução, não. Os
evolucionistas até podem se valer do método científico para validar algumas de
suas afirmações, mas não todas. Há aspectos do evolucionismo que estão
relacionados com as ciências históricas e outros que são pura hipótese mesmo,
como a origem da vida a partir da não vida, ou a macroevolução e o surgimento e
o aumento da informação genética. Não há absolutamente prova alguma dessas
coisas. Apenas conjecturas e cenários imaginários.
O
jornalista prossegue: “Uma diferença importante entre elas é que a ciência, por
sua própria natureza, se propõe a estabelecer (tanto quanto possível) fatos objetivos.
Já a religião fala de ‘verdades’ pessoais. Por isso cada um de nós pode ter
suas próprias crenças, mas temos todos em comum uma única ciência. E também é
por isso que neste texto, daqui em diante, vamos discutir apenas ciência.”
Tudo
muito bonito, se fosse assim tão simples. Cientistas (e não a ciência) até se
propõem a “estabelecer fatos objetivos”, mas eles são seres humanos e,
portanto, carregados de subjetividades e interpretações não tão objetivas. É
lógico que o método científico é o melhor que temos para compreender a
realidade (física) que nos cerca, mas não podemos ser assim tão ufanistas a
ponto de achar que ele é a única ferramenta disponível para isso. A realidade é
muito mais ampla do que nossos microscópios e telescópios podem alcançar.
Nogueira
também erra ao dizer que “a religião fala de ‘verdades’ pessoais”. Falo pela
religião cristã: ela é muito mais do que uma experiência pessoal (embora também
seja isso). O cristianismo é uma religião racional e razoável, cujo livro
sagrado tem resistido ao teste do tempo e contado com inúmeras confirmações por
parte da arqueologia. O pano de fundo histórico da Bíblia e vários de seus
personagens têm sido confirmados ano após ano, descoberta após descoberta (confira aqui).
Há várias antecipações científicas nas páginas das Escrituras e a própria
ressurreição de Cristo pode ser encarada como evento histórico (confira).
É claro que “cada um de nós pode ter suas próprias crenças”, mas, se quiser ser
honesto (ou seja, não estiver em busca de uma religião de conveniências),
deverá procurar a religião que compatibiliza fé e razão, afinal, o Deus bíblico
não é irrazoável.
Depois
de usar o fenômeno da chuva como exemplo, Nogueira conclui: “Grosso modo, a
confirmação de nossa hipótese a converte em teoria. Ela não é mais só um
exercício racional de adivinhação. Ela é uma explicação concreta que nos
permite compreender e até mesmo prever fenômenos.”
Mas,
se a intenção foi comparar isso com a teoria da macroevolução, o jornalista
forçou a barra. A chuva é um fenômeno perfeitamente observável em qualquer
lugar do mundo, em qualquer época. Ao contrário, hipóteses como a origem não
biótica da vida e a macroevolução não podem ser observadas pelo simples fato de
que hipoteticamente levam bilhões de anos para se processar. Tudo o que temos
são exemplos de “microevolução” ou diversificação de baixo nível. O resto é
extrapolação, usando o tempo como desculpa resposta. Seria mais ou menos
como estudar uma molécula de água e querer determinar a partir disso como
ocorrem as chuvas.
Para
Nogueira, “é de uma desonestidade intelectual profunda acusar a evolução pela
seleção natural de ser ‘apenas uma teoria’. Em ciência, uma teoria é o máximo
que uma ideia pode chegar a ser. E ela atinge esse ponto só depois que foi
corroborada por observações e experimentos. Só depois que ela se mostra a
melhor explicação possível para um certo conjunto de dados”.
E
ele está certo, em parte. Argumentar que a evolução é “apenas uma teoria” e
tentar desacreditá-la por causa disso é ignorar o fato de que existe também uma
teoria da gravidade, por exemplo. A atração dos corpos é descrita pela Lei da
Gravidade e possui uma equação universal que calcula a força de atração. A
Teoria da Gravidade é mais complexa do que isso. Ela tenta explicar por que essa atração ocorre. Quando pedimos a um
evolucionista “provas” da evolução, ele geralmente se refere às evidências de
“microevolução”, como a diversificação morfológica de animais como os
tentilhões e as mudanças limitadas nas bactérias que adquirem resistência a
antibióticos. Jamais se responde como e/ou por que a evolução teria ocorrido ou
como a vida teria surgido a partir da não vida. Isso se assume como fato, a priori, metafisicamente.
Prevendo
a oposição ao uso da palavra “prova”, Nogueira já se justifica logo de início:
“Os mais atentos talvez queiram criticar meu uso da expressão ‘provas’,
lembrando o filósofo da ciência Karl Popper, que sugere que observações só
podem refutar teorias, mas nunca prová-las. Concordo com Popper. Mas uso aqui o
termo ‘provas’ no sentido jurídico. Imagine que estamos num tribunal, que
julgará a veracidade da teoria da evolução. O Mensageiro Sideral se
apresenta como promotor, apontando provas circunstanciais conclusivas.”
Eu
não diria os “mais atentos”, mas os mais honestos. Nogueira começa falando em
ciência e muda para o contexto jurídico. Isso não me parece honesto porque,
como jornalista, ele sabe que o título de seu texto e o uso da palavra “prova”
induz os leitores a pensar exatamente o que ele quer. É controle de opinião.
Por mais que ele tente se justificar dizendo que usa a palavra “prova” “no
sentido jurídico”, o leitor menos atento ou desavisado vai ler as cinco
“provas” pensando que elas são exatamente isso, e não tentativas de
argumentação em favor de uma hipótese que deveria ser confirmada pelos fatos, e
não julgada em um “tribunal”. Mas vamos, finalmente, aos fatos de Nogueira, com
meus comentários entre colchetes:
ANTES
DE MAIS NADA, O QUE É A TEORIA DA EVOLUÇÃO?
“Formulada
por Charles Darwin e Alfred Russel Wallace independentemente e apresentada em
1858, ela parte de pressupostos simples e incontestáveis. A primeira premissa é
que os seres vivos de uma determinada espécie, por mais parecidos que sejam,
apresentam, naturalmente, pequenas diferenças entre si. Isso é mais do que
evidente. Basta olhar ao seu redor. Somos todos humanos, mas cada um é um
pouquinho diferente do outro. Um mais baixo, um mais alto, um loiro, um moreno,
e assim por diante.
“A
segunda premissa é que os seres vivos podem transmitir essas pequenas
diferenças que os caracterizam a seus descendentes. E isso também é mais do que
evidente. Por isso filhos de morenos são morenos, filhos de altos são altos, e
por aí vai.
“A
terceira – e crucial – premissa é que, no mundo natural, algumas
características são mais vantajosas que outras. Hoje, na população humana, isso
não é muito evidente. Mas ainda acontece. Um exemplo: um pequeno número de
pessoas na África parece ser imune ao HIV. Muitos esforços têm sido feitos
pelos médicos para reduzir o impacto que o vírus da aids tem na mortalidade
humana, mas imagine um mundo sem medicamentos. O que aconteceria na África? Os
que não resistem ao HIV morreriam, em muitos casos sem deixar descendentes. Os
imunes sobreviveriam e teriam mais filhos. Ao longo das gerações, aumentaria a
porcentagem de pessoas com imunidade natural ao HIV. Isso é seleção natural. É
a pressão que a natureza exerce para selecionar certas características e
eliminar outras.
“Pois
bem. Até aí, absolutamente nada de controverso. O salto que Darwin e Wallace
deram foi partir dessas premissas e concluir que, ao longo de períodos muito
grandes de tempo, esse processo de seleção natural poderia produzir novas
espécies a partir de um ancestral comum. Como eles chegaram a essa conclusão?
Observando o mundo natural. Note, por exemplo, o clássico exemplo apresentado
pelo próprio Darwin, ao refletir sobre os tentilhões – grupo de espécies de
pássaro – das ilhas Galápagos, que o naturalista estudou pessoalmente ao passar
pela América do Sul, em 1835. Ele notou que cada ilha do arquipélago tinha suas
próprias espécies de tentilhões, cada uma com um formato de bico próprio.
“Como
explicar isso? Darwin imaginou que todos eles tinham um ancestral comum.
Separados em suas respectivas ilhas, eles enfrentaram ambientes naturais
ligeiramente diferentes, que por sua vez selecionariam características
diversas. Ao fim de milhões de anos, terminamos com espécies diferentes de
tentilhão.”
[Evidentemente
que as três premissas apresentadas acima são fatuais e qualquer criacionista as
aceita tranquilamente. A argumentação vai parecer lógica porque começa com
fatos observáveis e corretos. Ocorre que um detalhe muitas vezes passa
despercebido: depois de supostos milhões de anos de evolução, os tentilhões
continuaram sendo tentilhões. Não surgiu em qualquer ilha um tipo de pássaro
totalmente diferente; um papagaio, por exemplo. O mesmo tipo de conclusão pode
ser tirado a partir das pesquisas com as moscas-das-frutas. Por favor, tome
algum tempo para ler esta
postagem. Quanto aos africanos resistentes ao HIV, se o
mundo e a raça humana durassem milhões de anos, certamente os cientistas do
futuro se deparariam com uma população inteira resistente ao vírus da aids, mas
todos eles continuariam sendo humanos.
Adaptação não é macroevolução. Resistência a um tipo de vírus e mudança de cor
da pele/plumas não explicam de onde teria surgido a informação genética
necessária para originar uma pata onde antes havia uma nadadeira ou um olho
onde antes não havia nada.]
“O
mesmo raciocínio pode ser aplicado a toda a vida na Terra, e foi o que Darwin e
Wallace fizeram. Se imaginarmos [e aqui o “fato” vira imaginação, o que é
típico] que todos os seres vivos atuais têm um ancestral comum separado de nós
por cerca de 4 bilhões de anos de seleção natural, temos uma explicação
[explicação?] para a origem de todas as espécies. Uma explicação que é
passível de teste. E que foi testada e corroborada de forma contundente, como
veremos a seguir [quero ver mesmo].
“Um
senão importante é que a teoria diz respeito exclusivamente à origem das
espécies. Ou seja, como, a partir de uma única forma de vida, acabamos com uma
biosfera tão incrível e diversa como a nossa. A teoria nada fala sobre a origem
da vida em si. Como o primeiro ser vivo submetido ao processo de seleção
natural veio a ser é outro mistério, um que ainda não tem uma solução
científica clara (embora diversos caminhos promissores já se insinuem a esse
respeito) [a velha desculpa de sempre...].”
PROVA
NÚMERO UM – O DNA
“Manja
teste de DNA, aquele usado corriqueiramente para determinar paternidade de
bebês? Você acredita nele? Pois bem. Hoje temos tecnologia para comparar o DNA
não só de humanos diferentes, mas de diversas espécies diferentes. Essa análise
revela que todos os seres vivos que já investigamos têm algum grau de
parentesco com todos os demais. Trata-se de uma confirmação incrível da teoria
da evolução pela seleção natural. Tão contundente como um teste de paternidade diante
de um juiz de família.”
[A
semelhança genética pode ser interpretada também como a marca/assinatura do
Criador e não necessariamente como evidência de ancestralidade comum. Assim
como as semelhanças entre um carro, um trem e um avião não revelam ancestralidade
comum entre eles. O problema é que os evolucionistas sempre focalizam as
semelhanças e minimizam as tremendas diferenças.]
“Se
olharmos para o DNA humano e compararmos com o do chimpanzé, descobrimos que a
diferença entre eles é de cerca de 4%. Ou seja, a receita para a fabricação de
um chimpanzé é, em 96%, idêntica à que produz um ser humano. O que isso
significa, que nós evoluímos dos macacos? Claro que não! A afirmação de que o
homem veio do chimpanzé está errada. Tanto o homem como o chimpanzé evoluíram
de um ancestral comum, que não era nem uma coisa, nem outra.” [Essa falácia
também já foi desconstruída. Confira
aqui.]
PROVA
NÚMERO DOIS – MUTAÇÕES
“Hoje
conhecemos bem os mecanismos que existem no interior de cada célula para
replicar o DNA [mecanismos tão finamente ajustados, dependentes de máquinas
moleculares – nanotecnologia! – e processos ultraprecisos com reparação de
erros, inclusive, que fica muito difícil entender como, a partir do rudimentar,
essas coisas teriam vindo paulatinamente à existência, se a vida depende delas desde
o início exatamente como são; depende dessa complexidade que não pode ser
menor, caso contrário, a vida desandaria]. Há um sistema integrado de
monitoramento e correção que tenta identificar falhas na replicação e impedir
que elas se perpetuem – se preciso for, induzindo o próprio suicídio celular [e
como a célula “se virava” antes da existência desse mecanismo?]. No entanto,
sabemos também que esse sistema não é à prova de falha. De vez em quando,
pequenas mudanças passam. Acontece direto. Nas suas células. Agora. Na maior
parte das vezes, ocorre em trechos do DNA que não codificam informação
genética, e aí pode não haver consequência nenhuma. Se acontecem num pedaço de
DNA que tem informação importante, podem produzir efeitos bem sérios. Na maior
parte das vezes, esses efeitos são ruins – o câncer é resultado de mutações em
células, alterações que atingem justamente o sistema que induz ao suicídio
celular quando há falhas de replicação do DNA. As células saem de controle e se
multiplicam sem parar, às custas do resto do organismo. Contudo, em alguns
casos, as mutações podem produzir manifestações que não incapacitam a pessoa.
E, claro, quando acontecem nas células germinativas, precursoras de
espermatozoides e óvulos, elas não afetam o sujeito em si, mas afetarão a
geração seguinte – para o bem ou para o mal.”
[Mutações
benéficas não significam mutações que adicionem informação ao organismo. Isso
não existe. As mutações ou são deletérias ou, no máximo, conservativas,
promovendo apenas modificações. Isso não explica, repito, o surgimento de novos
órgãos funcionais, nem mesmo novos planos corporais. Mutações casuais não podem
explicar nem mesmo o surgimento de espermatozoides e óvulos, que dependem de
hormônios específicos, órgãos sexuais distintos e até mesmo de motores
moleculares (como no caso do espermatozoide), tudo isso – e muito mais –
funcionando bem e ao mesmo tempo. Mas tem mais: precisariam ter ocorrido no
mesmo tempo e na mesma região (a fim de que macho e fêmea pudessem se
encontrar) mutações que dessem origem a órgãos sexuais distintos e compatíveis,
a células germinativas distintas e compatíveis, a hormônios distintos com
funções distintas, e a um organismo (feminino) proveniente de outras tantas
mutações que o teriam tornado capaz de abrigar a nova vida (não
a expelindo, como seria de esperar pela atuação do
sistema de defesa também originado a partir de muitas mutações), com
deslocamento de órgãos internos, mecanismos de manutenção da vida intrauterina
e adaptações musculares e até ósseas que permitiriam a “expulsão” do bebê
quando completamente formado. Mas Nogueira (e os evolucionistas) “resolvem”
tudo isso com um simples “mutações podem produzir”. Sinceramente, não tenho
tanta fé assim!]
Mais
declaração de fé: “Sabendo que isso [mudanças] acontece e que a vida tem quase
4 bilhões de anos na Terra, o difícil é inventar um mecanismo que impeça a
evolução. É muito mais complicado termos espécies estáticas, imutáveis, do que
espécies em eterna transmutação ao longo das eras geológicas, movidas por
mudanças pequenas e graduais.”
[Se
essa foi uma crítica discreta ao fixismo – doutrina segundo a qual as espécies
não mudam e seriam as mesmas do Gênesis até hoje –, Nogueira está correto, mas
erra ao pensar (se pensa isso) que os criacionistas bem informados creem nessa
ficção. Repito: criacionistas aceitam as diversificações de baixo nível, mas
não concordam com as extrapolações hipotéticas usadas para justificar a
macroevolução. No parágrafo acima, Nogueira deixa mais uma vez claro que o deus
da teoria da macroevolução é o tempo.]
PROVA
NÚMERO TRÊS – FÓSSEIS
“Na
época de Darwin, os fósseis já estavam na moda, embora fossem poucos e
incompreendidos. Foi justamente naquele tempo que começaram a ser identificados
os primeiros dinossauros. Sabemos hoje com base em evidências geológicas
concretas que eles viveram entre 230 milhões e 65 milhões de anos atrás
[evidências também passíveis de interpretação, afinal, já foram até encontrados
tecidos
moles de T-Rex e
ovos
de dinossauro com proteína identificável]. E uma
olhada neles revela o que a evolução é capaz de fazer ao longo de períodos
imensos de tempo.
“Sabemos,
por exemplo, que as aves modernas têm como ancestrais dinossauros terópodes. E
como podemos saber disso? Além de observarmos características similares entre
os ossos de um grupo e de outro, há algumas espécies extintas que parecem uma
exata mistura dos dois. Pegue o arqueoptérix, por exemplo, que viveu cerca de
150 milhões de anos atrás. Ele é metade ave, com penas capazes de voo e asas, e
metade dinossauro, com dentes e tudo. Tanto dinossauros como aves são as únicas
criaturas que têm aquele famoso ‘ossinho da sorte’. E uma análise de proteínas
remanescentes de uma coxa de tiranossauro mostrou em 2005 que o colágeno dos
músculos do bichão é muito parecido com o das galinhas modernas. São provas
incontestes do processo evolutivo.”
[Um
ossinho e semelhança entre colágeno são “provas incontestes”? Puxa vida! A
vagina e os tubarões também guardam um tipo de semelhança assim, sabia? (confira)
O que dizer disso? Muitos animais de espécies totalmente diferentes guardam
semelhanças interessantes. Pense no ornitorrinco. Quanto aos dinossauros, a
verdade é que se sabe muito pouco sobre eles, conforme se admite nesta
pesquisa. Sobre a suposta evolução das aves a partir dos
dinos, você pode ler algo aqui, aqui e aqui;
e sobre o arqueoptérix, aqui e aqui.]
“E
toda a árvore da vida está cheia dessas formas intermediárias, hoje extintas [não,
a “árvore da vida” de Darwin vem contando outra
história]. Diversos hominídeos descobertos mostram um
aumento crescente da caixa craniana de nossos ancestrais [o neandertal tido
como nosso primo ancestral tinha caixa craniana maior que a nossa. E mesmo
entre populações e indivíduos contemporâneos as dimensões do crânio variam
bastante]. Obviamente, aumento de cérebro (e de inteligência) foi favorecido
pela seleção natural, o que explica o processo.” [Não me parece algo tão óbvio assim.]
[O
fato é que, se a teoria da evolução fosse real, deveria haver milhões de elos
transicionais no registro fóssil, como esperava Darwin. Mas essa não parece ser
a realidade, afinal, quando analisamos esse registro, podemos identificar
claramente plantas, peixes, anfíbios, répteis, aves e mamíferos. Nada de elos
entre esses grandes grupos, apenas variações entre eles, conforme prevê o
criacionismo.]
PROVA
NÚMERO QUATRO – COMPORTAMENTO ANIMAL
“Os
etólogos (estudiosos do comportamento animal) encontram cada vez mais
evidências de que muitos dos atributos originalmente concedidos só aos humanos
estão presentes no reino animal. Veja os chimpanzés mesmo. Eles são menos
espertos que os humanos, fato, mas ainda assim são bem espertos. E fazem coisas
que, até outro dia, achávamos que fossem exclusividades nossas. Chimpanzés não
falam, mas são capazes de aprender linguagem de sinais e conseguem comunicar
ideias simples. Constroem e usam ferramentas rudimentares. Seu nível de
inteligência para o uso de ferramentas é comparável ao de uma criança de cinco
anos! Gostam de montar quebra-cabeças só por diversão, como nós. Conseguem
contar até 40 e fazer operações aritméticas simples. E são capazes de algum
nível de empatia. Não são animais estúpidos. São mais parecidos conosco do que
gostaríamos de admitir. Não há vergonha nenhuma em ser primo dos chimpanzés.
Apesar daquela mania horrível de jogar cocô nos outros, eles são legais e
representam nosso elo mais próximo na imensa corrente da vida na Terra.”
[O
que dizer da capacidade de compor sinfonias, construir naves espaciais, estudar
bioquímica e biologia molecular, ter senso de transcendência e noção de passado
e futuro, além de espiritualidade? Como disse antes, é preciso focalizar mais
as diferenças do que as semelhanças.
O que os evolucionistas sempre tentam fazer é humanizar o macaco e macaquizar o
ser humano.]
PROVA
NÚMERO CINCO – PSEUDOGENES
“Em
meio ao DNA dos mais de 7 bilhões de humanos, existem pedaços de genes de
nossos ancestrais comuns, inativos, mas ainda lá. [...] Especula-se que genes
inativos possam, com novas mutações, tornarem-se ativos novamente, produzindo
características novas que se submetam à seleção natural [mais
especulação... Aliás, o que aconteceu com o chamado “DNA
lixo” deveria inspirar
cautela nos cientistas].
“Os
cientistas mais ousados, por exemplo, especulam sobre a possibilidade de
reconstruir os genomas de dinossauros extintos ‘pescando’ pseudogenes em seus
descendentes – as aves modernas – e reativando-os [mas como saber que
pseudogenes são esses?]. Difícil? Sem dúvida. Talvez até impossível para essas
criaturas, que sumiram há 65 milhões de anos [segundo a cronologia
evolucionista]. Mas pode ser uma estratégia viável para trazer os mamutes,
extintos há 12 mil anos, de volta à vida. São incríveis perspectivas que só se
abrem porque a evolução é um fato.”
[Eita!
Teoricamente, existem em aves e existiram (como sabem?) em dinossauros genes
semelhantes e inativos. E há mamutes cuja carcaça foi preservada no gelo, o que
torna sua clonagem, em tese, possível. Uma coisa não tem nada a ver com a
outra, mas ambas provam a evolução!
Por que a possível clonagem de mamutes seria uma “prova” da evolução?]
O
RESUMO DA ÓPERA
“Como
se pode ver, a evolução por seleção natural é uma teoria que explica muita
coisa [essa é a conclusão de um jornalista que já apresentou sua tese no título
da matéria]. Ela poderia ser superada por outro paradigma científico no futuro?
Em tese sim. Mas onde está esse paradigma?”
[Não
precisa realmente haver um novo paradigma (embora haja rumores de uma nova
teoria da evolução não selecionista em gestação...) para explicar a
biodiversidade. A seleção natural explica bem isso. Explica como o mais apto
sobreviveu, mas nada diz sobre como ele surgiu. E, curiosamente, o livro do
incensado Darwin tem como título (resumido) não A Sobrevivência das Espécies, nem A Variação das Espécies, mas A
Origem das Espécies.]
“Alguns
dizem que a melhor explicação para a diversidade da vida seja o que eles chamam
de Design Inteligente – a ideia de que a vida é sofisticada demais para que
suas incríveis nuances fossem produzidas pela seleção natural, e que somente
uma consciência superior poderia ter produzido os seres vivos terrestres,
individualmente, espécie por espécie.”
[Ele
está certo: o Design Inteligente não explica nada nessa questão de origem e
evolução da vida – afirma unicamente que há sinais de inteligência
empiricamente detectados na natureza. Quanto às provas da evolução, o jornalista está inferindo além das evidências
encontradas no contexto de justificação teórica.]
“Se
o Design Inteligente estiver certo, não devemos encontrar parentesco claro
entre todas as espécies estudadas ao investigar seu DNA. Afinal de contas, se
cada uma delas foi individualmente projetada por uma inteligência superior, não
haveria razão para termos, por exemplo, distribuição similar dos genes pelos cromossomos
em diferentes espécies. Aliás, deveríamos encontrar distribuições bem
diferentes, otimizadas para cada forma de vida. Não é o que vemos.”
[E
quem disse que, se o Criador – Designer – existe, Ele não poderia ter usado
recursos criativos semelhantes em tipos de vida diferentes. É uma questão de
interpretação: onde o evolucionista vê ancestralidade comum, o criacionista vê
a assinatura do Artista.]
Para
desmerecer o design inteligente do
ser humano, Nogueira diz que “nós, humanos, supostamente o suprassumo, temos um
apêndice, cuja única função parece ser causar apendicite, e os dentes do siso,
que precisam ser extraídos na maior parte de nós porque não nos cabem na boca.
Que diabo de projeto inteligente é esse? Por que temos órgãos vestigiais? Por
que o Designer se deu ao trabalho de disfarçar toda a biosfera para fazer de
conta que ela evoluiu, se esse não foi o caso?”
[Lá
vem ele com essa velha história de “órgão vestigial”! No passado, achava-se que
tivéssemos centenas desses “órgãos vestigiais”. Hoje há poucos considerados
assim. Mesmo o apêndice se sabe que tem função, e em herbívoros como os
ruminantes ele é até indispensável. Será que não foi assim em nós também, numa
época em que nossa dieta era inteiramente vegetariana? E quanto ao dente do
siso, isso revela simplesmente que nossa arcada dentária está diminuindo –
logo, no passado, ela tinha o tamanho ideal para comportar todos os dentes. E quem
disse que o culpado por esses problemas é o Designer? E se houver outra
explicação para esses defeitos e problemas? Uma explicação histórico/teológica
ignorada pelos evolucionistas?]
“Deixo,
afinal, uma pergunta para reflexão. Qual é o Designer mais inteligente: aquele
que constrói um relógio automático, liga-o e vê, satisfeito, como cada ponteiro
avança sozinho no momento preciso para marcar o tempo, ou aquele que constrói
um relógio e fica, em sua paciência infinita, empurrando os ponteiros com o
dedo a cada segundo para mantê-lo sempre marcando a hora certa?”
[Essa é uma questão que renderia muitas
e muitas páginas de discussão e que foge ao escopo desta análise, mas acabamos
por descobrir que, além de ultradarwinista, Nogueira parece ser, também, um
deísta.]
Michelson Borges