Em
2013, ativistas ateus na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)
conseguiram convencer a reitoria a cancelar um evento intitulado “1° Fórum de Filosofia e Ciência das Origens”.
Os doutores Rodrigo Silva, Marcos Eberlin e eu falaríamos, respectivamente,
sobre arqueologia, química e mídia. Na época, escrevi a seguinte nota de esclarecimento em meu blog www.criacionismo.com.br: “Claramente
conscientes de que a Unicamp se trata de uma instituição secular, nós, os
palestrantes daquele que seria o 1º Fórum de Filosofia e Ciência das Origens,
tínhamos a convicção de que deveríamos, cada um em sua respectiva palestra e
área, tratar do tema sob uma perspectiva científico-filosófica. Nenhum de nós
iria ao campus falar de religião, Bíblia nem mesmo criacionismo. Não somos
pensadores mal-intencionados em busca de prosélitos. Todos nós – assim como
penso que ocorre com muitos na academia – amamos a ciência e procuramos seguir
as evidências, levem aonde levar. Não estamos engajados numa cruzada contra a
ciência. Essa é a visão de uma oposição que vive à luz da falácia do
espantalho, tenta nos desacreditar, nos ‘deformar’ e estereotipar sob a pecha
de ‘fundamentalistas’, e, assim, impedir o livre debate de ideias num ambiente
que deveria ser, acima de qualquer outro, local exatamente próprio para isso.
Foi com profunda decepção que recebi a notícia do cancelamento do fórum,
sem um motivo real que justificasse tal medida.”
Depois disso, o Dr. Eberlin (químico premiado no Brasil e no
exterior, com um currículo invejável) escreveu um texto em desagravo (confira) e até a revista IstoÉ se manifestou
com a matéria “Deus fora da Unicamp” (confira).
Lembro-me de meus tempos de aluno na Universidade Federal de
Santa Catarina que era comum ver nos murais do campus cartazes com anúncios de
eventos espiritualistas, medicina alternativa e até palestras com monges
tibetanos. Mas falar em criacionismo e criticar o marxismo, por exemplo, aí era
um convite ao escárnio e ao desprezo. Os anos passaram e a intolerância apenas recrudesceu.
Recentemente, um amigo pesquisador concluiu um estágio na
área de Paleontologia em uma federal. O currículo dele foi analisado (tem
mestrado em Ciências) e ele foi aprovado na seleção. Fez o curso com muita
seriedade e competência – sei do que estou falando, pois o conheço pessoalmente
e sou testemunha de sua produção e honestidade. Ele tem artigos científicos e
livros publicados, é colunista de revista de divulgação em ciência e saúde, e
tem dado grande contribuição para a ciência e para o criacionismo no Brasil e
no exterior. “Mas espere aí! Você falou ‘criacionismo’?” Sim, falei. E aí está
o problema, né?
Como é direito de toda pessoa que conclui um curso acadêmico
ou obtém uma titulação, esse meu amigo, obviamente, apresenta suas credenciais
em eventos e textos. E isso bastou para receber a seguinte mensagem do responsável
pelo curso:
Em lugar de se discutirem ideias, blinda-se a discussão com o
uso das expressões típicas: “pseudociência”, “teorias conspiratórias”, “mentiras
e desinformação”. Se eu acreditasse em vida após a morte antes da ressurreição,
diria que Newton, Galileu, Copérnico e Pascal estariam se revirando no túmulo
agora.
Em 2002, a revista de divulgação científica popular Galileu afirmou em uma matéria de capa
que criacionistas são “especialistas autoproclamados”. Em reação a isso, publiquei
o livro Por Que Creio, com o testemunho de doze pesquisadores criacionistas titulados, provando que
a revista foi leviana. Mas é assim: primeiro acusam criacionistas de não ter
formação acadêmica, depois, quando eles procuram estudar, pesquisar e publicar,
são impiedosamente censurados.
Esta foi a resposta do meu amigo ao responsável pelo curso:
“Boa tarde, [fulano]. De forma nenhuma estou utilizando o [...]
para justificar o criacionismo. Essa é uma interpretação equivocada sua. Quando
participo de algum programa cristão, eu sempre menciono minhas titulações e
cursos realizados [...], assim como todo palestrante [faz]. Ademais, em momento
algum menciono que aprendi criacionismo nessas instituições. Onde há falta de
ética nisso? Muito cuidado! Perigosa, a meu ver, é a sua atitude de vir
solicitar que eu não mencione minhas titulações. Isso me soa cerceamento de
direito de expressão.”
A verdade é que os campi seculares (e não só eles)
tornaram-se trincheiras para pensadores progressistas, naturalistas, marxistas
e evolucionistas. Qualquer um que ouse desafiar ou ameaçar esse status quo é hostilizado e até
censurado, como está acontecendo com meu amigo pesquisador. E para não dizerem
que isso é conversa de “fundamentalista religioso”, vou mostrar aqui duas “pedras”
gritando o óbvio. Dois livros que revelam os bastidores sórdidos dessa
inquisição sem fogueiras que se tornaram grandes setores da mídia secular e da
academia.
O primeiro livro é o Cynical
Theories – How activist scholarship made everything about race,
gender, and identity – and why this harms everybody (Teorias Cínicas – Como estudiosos
ativistas transformaram tudo em uma questão de raça, gênero e identidade – e como
isso prejudica a todos, em tradução livre), de Heln Pluckrose e James Lindsay.
Um dos autores, inclusive, é ateu. Veja a sinopse que consta no site da Amazon:
“Você já ouviu que a linguagem é
violência e que a ciência é sexista? Você já leu que certas pessoas não devem
praticar ioga ou cozinhar comida chinesa? Ou ouviu que ser obeso é saudável,
que não existe tal coisa como sexo biológico, ou que apenas brancos podem ser
racistas? Você fica confuso com essas ideias e se pergunta como elas
conseguiram desafiar tão rapidamente a própria lógica da sociedade ocidental?
Neste volume investigativo e intrépido, Helen Pluckrose e James Lindsay
documentam a evolução do dogma que traz essas ideias, de suas origens
grosseiras no pós-modernismo francês [sempre lá!] para seu refinamento dentro
de campos acadêmicos ativistas. [...] Como Pluckrose e Lindsay alertam, a
proliferação desenfreada dessas crenças anti-iluministas representam uma ameaça
não apenas para a democracia liberal, mas também para a própria modernidade.
Embora reconhecendo a necessidade de desafiar a complacência daqueles que
pensam que uma sociedade justa foi totalmente alcançada, Pluckrose e Lindsay
analisam como o ativismo muitas vezes radical faz muito mais mal do que bem,
pelo menos para as comunidades marginalizadas que afirma defender.”
O segundo livro é o Sobre o Relativismo Pós-Moderno e a Fantasia
Fascista da Esquerda Identitária, do antropólogo e escritor Antonio
Risério. E antes que você se sinta tentado a rotular o autor como algum tipo de
direitista radical, preciso lhe dizer que ele mesmo se identifica como um
esquerdista democrático. O que Risério faz em seu livro, entre outras coisas, é
denunciar os extremos de ambos os lados do espectro ideológico. Sinopse da obra
no site da Amazon:
“Este
é um livro de enfrentamento direto, que desafia o relativismo pós-moderno e o
fascismo identitário. O antropólogo, historiador, ensaísta, poeta e produtor
cultural Antonio Risério [...] agora entrega aos leitores um ensaio de
intervenção intelectual e combate político frontal, abertamente polêmico, sem
concessões nem meias palavras. Autor de roteiros de cinema e TV, com mais de 20
livros publicados, aqui ele narra a história da formação dos movimentos
excludentes (da contracultura e da transição democrática na década de 1970 aos de
hoje), desmontando suas mistificações e manipulações, do desvario
irracionalista do pensamento pós-moderno às posturas fraudulentas da realidade
e da história. O pensador baiano faz uma crítica rigorosa e vigorosa à estranha
‘práxis’ esquerdista que colocou os campi sob seu controle, na base do chicote
e da rédea curta. Um protesto em defesa do verdadeiro convívio político e
cultural, da vida ao ar livre da democracia.”
Abaixo
a ditadura da inquisição sem fogueiras! Abaixo a censura e o autoritarismo!
Michelson Borges