sábado, setembro 29, 2012

Fósseis de baleia azul são encontrados em Iguape

Alunos e pesquisadores da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de São Vicente, no litoral de São Paulo, recolheram fósseis de uma baleia azul em uma praia de Iguape. A previsão é que o fóssil esteja no local há pelo menos seis mil anos. Um morador da cidade encontrou o objeto na areia da praia e avisou a equipe do Laboratório de Estratigrafia e Paleontologia da universidade. O professor da área e oceanógrafo Francisco Buchmann foi até a Praia do Leste, em Iguape, e constatou que o material se tratava de ossos de uma baleia, em processo de fossilização. No local havia parte do crânio da baleia, parte da mandíbula, escápula, vértebras, costelas e uma parte do ouvido característica da baleia azul (Balaenoptera musculus), o que pôde definir a espécie do animal.

Ele e 25 alunos do curso de Biologia Marinha e Gerenciamento Costeiro ficaram no local entre os dias 22 de agosto e 2 de setembro para realizar a escavação. O primeiro passo foi retirar grandes pedaços de troncos de árvores que estavam em cima do crânio do animal. “Alguns achavam que o fóssil era madeira”, diz Buchmann. Logo depois, foi feita uma barricada com sacos de areia para que o mar não avançasse e cobrisse novamente os fósseis. [...]


Nota: Duas coisas me chamam a atenção, incialmente: (1) o fato de que o processo de fossilização pode ser bastante rápido, em “apenas” alguns milhares de anos (note que os seis mil anos são apenas uma estimativa; o fóssil pode ter menos do que isso), e (2) havia grandes árvores fossilizadas sobre o animal. O que teria transportado essa grande baleia juntamente com os troncos (se é que foram transportados juntos)? Dá o que pensar...[MB]



Leia também: "Ancestral da baleia? Me poupem!", "Tempo, fé e fósseis de baleias", "Paleontólogos acham cemitério de baleias 'pré-históricas'" e "Baleias fósseis são descobertas em deserto chileno"

sexta-feira, setembro 28, 2012

Cientistas criam folha “biônica” para fazer fotossíntese

Você já pensou na maravilha que é uma “simples” folha? Segundo matéria publicada no site Inovação Tecnológica, fazer fotossíntese artificial é o grande sonho dos cientistas que trabalham na área de energia. “Quando o homem conseguir replicar a ‘mágica’ das plantas, que transformam a luz do Sol em energia, estará resolvido todo o dilema energético e ambiental da nossa civilização”, diz o texto. Em busca desse alvo desejado, pesquisadores chineses criaram uma folha artificial usando uma folha de verdade como molde. “Dada a complexidade inerente a qualquer ser vivo, os cientistas vinham tentando compreender as moléculas envolvidas e reproduzir sinteticamente as reações químicas básicas que ocorrem no interior das folhas quando elas usam os fótons da luz solar para quebrar as moléculas de água e gerar íons de hidrogênio”, explica o site. [Continue lendo]

Adventista desiste das olimpíadas por amor a Deus

Tracy Joseph sempre foi apaixonada por corrida desde muito pequena e participava de todos os esportes que podia. Aos 13 anos de idade, quando matriculada na Escola Adventista em Limón, Costa Rica, ela ouviu falar de uma corrida de 200 metros e foi com amigos ver se poderia participar. Sem nenhum treino formal, ela participou da prova e venceu a atleta favorita da categoria. Dalí, ela foi em frente e representou a Província de Limón em uma competição nacional. Hoje, Tracy, 24 anos, coleciona muitas medalhas de eventos atléticos nacionais e internacionais, desde a Costa Rica, América Central e América do Sul, até de países distantes como a Finlândia. Recentemente, com o pensamento fixo nos Jogos Olímpicos, em Londres, Inglaterra, ela viajou para a Colômbia, no mês de junho, para competir nos dois últimos eventos internacionais. Ela completou sua primeira corrida em Cali, mas horas antes de viajar para Bogotá, para a segunda corrida, recebeu uma notícia inesperada.

Tracy vinha treinando para melhorar seu tempo de 23,78 segundos nos 200 metros, para 23,30 segundos, o que a qualificaria para competir nos Jogos Olímpicos. Com esse alvo em mente, ela se preparava para competir em Bogotá quando foi informada de que a corrida final havia sido trocada do domingo para o sábado. Após ouvir isso, Tracy arrumou suas malas e voltou para casa.

Como ela é extremamente convicta a respeito da guarda do sábado, essa não foi uma decisão assombrosa. Mas admite que o fato de estar tão próximo de competir numa Olimpíada a fez lutar com seus pensamentos. “Aquela noite no hotel foi de luta, mas compreendi que minha vitória seria de mãos dadas com Jesus. Se eu seguisse em frente e participasse da corrida, teria agido contra a vontade dEle”, disse Tracy, que explicou que era muito tarde para apelar ou participar de outra prova classificatória.

Semanas mais tarde ela não estava arrependida de sua decisão e assistiu aos Jogos Olímpicos pela TV em sua casa. “Aquela decisão me ensinou a mudar outras coisas para melhor em minha vida e também tem sido uma bênção para outros”, explica Tracy, que cresceu em um lar adventista e foi batizada aos nove anos de idade.

Ela teve que colocar suas corridas em compasso de espera, enquanto completa a faculdade de administração na universidade em São José, Costa Rica. Disse que se adaptar a fazer entre o que ama e o que deve é sempre uma decisão difícil.

“Eu amo, amo correr; não consigo explicar o ímpeto que sinto”, diz ela. “Além de competir, posso conhecer melhor meu corpo e isso me motiva a fazer melhor as coisas, todos os dias, aprendendo a não desistir facilmente e sempre dar meu melhor em tudo o que faço, sempre colocando a Deus em primeiro lugar.”

(Libna Stevens, Divisão Interamericana; revista Adventist World, outubro de 2012)

Saiba mais sobre o sábado aqui.

Internet em excesso atrofia o cérebro

A internet e os games estão formando uma geração de crianças com dificuldade para pensar por si próprias. Quem diz isso é a farmacologista e baronesa britânica Susan Greenfield, 61[...]. Susan reconhece que a tecnologia tem efeitos positivos. Mas afirma que ela pode, também, causar atrofia cerebral em crianças que dedicam tempo demais a jogos e redes sociais. Suzan [...] costuma citar dois estudos em defesa das suas ideias. O primeiro, divulgado na publicação científica PLOS One, leva a assinatura de diversos cientistas chineses. Eles acompanharam 18 adolescentes viciados em internet. Examinando seus cérebros, notaram uma série de alterações morfológicas proporcionais ao tempo em que estiveram mergulhados no mundo virtual.

Outro estudo, liderado nos Estados Unidos pela cientista cognitiva Daphne Bavelier, foi publicado na revista Neuron. Seu foco são as mudanças comportamentais trazidas pela contínua exposição à tecnologia. A conclusão é que os videogames e a internet produzem alterações complexas no comportamento das pessoas, e não é fácil determinar o que é bom e o que é ruim nelas. Mas Daphne deixa claro que as mudanças existem e ficam gravadas no cérebro.

Outros cientistas destacam a incerteza apontada nessas pesquisas e criticam o fato de Suzan falar sobre o assunto sem realizar estudos aprofundados sobre ele. Um dos críticos é o britânico Ben Goldacre. Em seu blog, ele aponta que Suzan prefere falar à imprensa e ao parlamento britânico – onde ela ocupa uma cadeira na Câmara dos Lordes – em vez de escrever artigos científicos que seriam revisados e criticados por outros estudiosos.

Suzan respondeu a ele numa entrevista à revista New Scientist dizendo que os cientistas que negam os danos cerebrais causados pelo excesso de exposição à internet são como aqueles que “negavam os malefícios do fumo 20 anos atrás”. Para ela, se formos esperar pelas evidências científicas, será tarde demais para fazer alguma coisa de modo a evitar esses supostos efeitos nocivos.

E a solução, é claro, não é banir a tecnologia, como declarou Suzan à New Scientist: “Só restringir o acesso das crianças à internet não ajuda muito. Em vez disso, eu perguntaria: ‘O que podemos oferecer às crianças que seja ainda mais atraente e recompensador? Devemos planejar um ambiente 3D para elas em vez de colocá-las em frente a um que seja bidimensional.”

quarta-feira, setembro 26, 2012

Proposta de descanso dominical avança em Israel

O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu deu sua aprovação tácita para experimentar a proposta do vice-primeiro-ministro Silvan Shalom para tornar o domingo um dia sem trabalho e escola; fontes próximas de Shalom confirmaram nesta quarta-feira. Shalom tem insistido há anos em sua proposta para uma semana de trabalho mais curta, mas até há pouco tempo parecia que um comitê nomeado por Netanyahu iria bloquear a iniciativa. Uma trégua política entre Netanyahu e Shalom durante o último mês deu nova vida à proposta. O primeiro-ministro e Shalom discutiram a ideia num encontro no dia 2 de setembro. As equipes continuaram o debate desde então e fizeram progressos.

Representantes do comitê, liderados pelo diretor do Conselho Econômico Nacional, prof. Eugene Kandel, discutiram com os conselheiros de Shalom maneiras de testar a iniciativa, e devem se encontrar novamente já na quinta-feira.

Uma possibilidade é estabelecer um domingo de descanso por mês. Mas os parceiros de Shalom disseram que esse projeto piloto é apenas uma forma de testar a iniciativa e implementá-la por fases. Esses testes e fases são vistos como cruciais para a obtenção da aprovação pelas organizações econômicas e entidades que se opõem ao encurtamento da semana de trabalho.

Uma fonte próxima de Kandel disse que o comitê publicaria suas conclusões imediatamente após o fim das festas judaicas, no próximo mês. Disse que Netanyahu não emitiria sua opinião sobre o assunto antes de estudar as conclusões.

“Estou feliz por qualquer progresso no sentido de implementar minha iniciativa para um fim de semana mais longo aos sábados e domingos em Israel”, disse Shalom. “Esse é outro passo que eventualmente permitirá implementar plenamente a proposta”. 


Nota: Não deixa de ser interessante ver o país “defensor” do sábado flertando com os esforços em favor do descanso dominical. De qualquer forma, desde 2008 os judeus deixaram de ser o maior povo guardador do sábado na Terra (confira aqui).[MB]

Voyager 1 ainda não encontrou fronteira do sistema solar

Afinal, onde é que está a Voyager 1? No site da NASA, os números correm em tempo real, e dizem-nos que a sonda lançada há 35 anos está a 18,2 mil milhões de quilômetros de distância da Terra, ou seja, o equivalente a 121,9 vezes a distância que existe entre nosso planeta e o Sol. A Voyager 1 está muito para lá da órbita de Plutão ou de qualquer outro instrumento enviado para o espaço. Mas, de acordo com um trabalho publicado recentemente na Nature, não se sabe qual a sua posição em relação ao limite do Sistema Solar e a sonda pode ainda levar algum tempo para ultrapassar essa última fronteira e entrar finalmente no espaço interestelar.

O Sistema Solar tem o formato de um cometa com uma cauda, que viaja pelo espaço, orbitando em torno do centro da Alfa do Centauro. O Sol está situado no centro da cabeça desse “cometa” e gira lentamente à volta do núcleo da nossa galáxia. Um dos efeitos da sua atividade é a emissão constante de um fluxo de prótons e elétrons que são expulsos do Sol com muita energia e velocidade, originando o vento solar.

Mas essas partículas vão desacelerando. Em teoria, existe uma fronteira em que as partículas já não empurram o meio intergaláctico, que tem uma constituição de partículas diferente. Mas até onde existe, o vento solar produz no espaço uma atmosfera própria chamada heliosfera que determina as fronteiras do Sistema Solar. À frente do Sol e devido ao movimento da estrela, a espessura da heliosfera é menor. É no limite dessa região que a Voyager 1, a sonda da agência espacial norte-americana (NASA), viaja.

Esperava-se, no ano passado, que a máquina ultrapassasse a fronteira do Sistema Solar, depois de suas medições mostrarem que as velocidades das partículas caíram para zero. Essa observação ia ao encontro do que os cientistas defendiam: a dado momento, depois de viajarem no espaço, as partículas solares deixariam de ter força para empurrar o espaço interestelar e, em vez disso, iniciariam um movimento lateral, tal como acontece quando um fluxo de água embate numa superfície sólida. Dessa forma, haveria uma região entre o espaço interestelar e a heliosfera chamado heliopausa.

Mas Robert Decker e Stamatios Krimigis, dois dos autores do artigo da Nature, não mediram essa corrente lateral de partículas. “Concluímos que a Voyager 1 não está nesse momento perto da heliopausa, pelo menos na forma como [essa região] foi imaginada”, lê-se no artigo da equipe do laboratório de física aplicada da Universidade de Johns Hopkins. O que, em boa medida, significa que, mais de três décadas depois de ter saído da Terra, a sonda continua a nos surpreender com suas descobertas.

A Voyager 1 está hoje numa missão interestelar, mas nem sempre foi assim. O objetivo inicial dessa sonda e da Voyager 2 - a outra sonda da missão que também continua “viva” e também se dirige para os confins do Sistema Solar, apesar de não estar tão afastada da Terra -, era o estudo de Júpiter, Saturno e as luas que giram em torno desses planetas.

A Voyager 2 foi lançada a 20 de agosto de 1977. No mês seguinte, a 5 de setembro de 1977, a Voyager 1 saiu da Terra. A NASA aproveitou Júpiter, Saturno, Urano e Netuno, os quatro planetas mais distantes do Sol, estarem em posições ótimas em suas órbitas para as sondas passarem por eles em tempo-recorde. Nos anos seguintes, as duas sondas passaram por Júpiter e Saturno. Mais tarde, a humanidade teve a oportunidade de ver as primeiras fotografias de sempre de Urano e Netuno tiradas pela Voyager 2. Desde que a sonda se afastou de Netuno para entrar em sua missão interestelar, em 1989, quase dez anos depois de a Voyager 1 rumar em direção à fronteira do Sistema Solar, que mais nenhum aparelho tirou imagens dos dois planetas mais longínquos.

Em 1990, começou oficialmente a missão interestelar. Hoje a Voyager 1 tem alguns instrumentos funcionando, mas continua a transmitir informação para a Terra, que demora 17 horas para chegar aqui. Para testar se existia um fluxo lateral de partículas, a equipe de Decker e Krimigis enviou um comando para a sonda girar em torno de si mesma sete vezes, mas não descobriu o movimento de partículas que procurava.

terça-feira, setembro 25, 2012

Espécie de preá ameaçada vive apenas em Florianópolis

Eles são pequenos e vivem num grupo restrito – entre 40 e 60 indivíduos – isolados no arquipélago de Moleques do Sul, a 14 quilômetros da Praia da Ponta do Papagaio, em Palhoça, na Grande Florianópolis. Estes bichinhos da espécie Cavia intermedia ganharam reconhecimento oficial da comunidade cientifica em 1999 e agora aparecem na lista de espécies mais ameaçadas de extinção da União Internacional pela Conservação da Natureza (IUCN). A ilha em que vivem os preás tem cerca de dez mil hectares, mas em apenas quatro serve de habitat para os preás. Estudos indicam que o local começou a se afastar do continente há cera de oito mil anos. Período no qual esses animaizinhos foram se adaptando. Ao longo desse período, eles desenvolveram características específicas que os diferenciam dos que vivem no continente: crânio menor, mancha branca no peito e 62 cromossomos – os demais têm 64.

Além disso, devido ao espaço restrito em que vivem, os preás de Moleques são mais tolerantes uns com os outros. A bióloga Nina Furnai, em uma de suas pesquisas, chegou a registrar 17 indivíduos comendo juntos. Esse isolamento também fez com que esses animais ficassem mais mansos, perdendo inclusive a capacidade de reagir diante de uma ameaça.

De acordo com o biólogo Carlos Salvador, esse fator é o que mais contribuí para o real perigo de extinção enfrentado pela espécie. “Se um animal, que possa se tornar um predador, entrar na ilha, os preás não têm a menor condição de se proteger.”

Apesar de ser uma área protegida, Moleques costuma receber visitantes. Segundo Salvador, das 17 vezes que esteve na ilha, em 12 encontrou alguém por lá. O preá de Moleques tem 20% de chance de ser extinto nos próximo cem anos. Dos três níveis de risco, ocupa o mais elevado: criticamente em perigo de extinção.

As Ilhas Moleques do Sul são um conjunto de três ilhas que pertencem ao Parque Estadual da Serra do Tabuleiro e seu acesso é restrito. Segundo o chefe da unidade de gestão do Parque, Alair de Souza, o local é monitorado pela Polícia Militar Ambiental e quem for pego desembarcando ali responderá por crime ambiental. Souza reforça a importância de as pessoas não irem até a ilha. “O grupo é muito homogêneo geneticamente. Alguém que leve alguma doença para lá, certamente irá levar aquela espécie à extinção.”


Nota: Conforme destacou o amigo Gustavo Fontanella, “é interessante ver a mídia falando em ‘apenas’ oito mil anos de separação entre a ilha e o continente, e que nesse intervalo de tempo já houve diferenciação genética (dois cromossomos a menos), provando que não são necessários milhões de anos para que ocorra mutação/microevolução”.Outro detalhe importante é o isolamento geográfico, que pode promover a predominância de certas características que se tornam exclusivas daquela espécie isolada. Assim, mutações, seleção natural e isolamento geográfico podem, sim, levar a mudanças em dada população, mas jamais serão mecanismos capazes de promover a macroevolução que hipoteticamente levaria à transformação de um preá num morcego, por exemplo.[MB]

Leia também: "O isolamento geográfico do preá de Palhoça" e "Espécie de preá sobrevive sem variedade genética"

Ensinar a abstinência funciona

“Ensina o menino no caminho em que deve andar; e até quando envelhecer não se desviará dele” (Provérbios 22:6).

A sabedoria popular, promovida majoritariamente por grupos aborcionistas e grupos gayzistas, afirma que “não faz sentido” ensinar a virtude da abstinência aos jovens de hoje porque, dizem eles, independentemente do que lhes é dito, os jovens irão de qualquer modo se envolver em atos sexuais. Há cerca de 20 anos, o primeiro estudo ampliado em torno dessa “sabedoria” popular revelou-se como mais um mito urbano promovido por motivos puramente ideológicos. O estudo com a duração de cinco anos, levado a cabo por um grupo americano com o nome de “Project Respect”, contou com a participação de 3.500 estudantes de 26 escolas. Concluiu-se que a educação sexual que foca a abstinência reduz a gravidez juvenil. O livro usado durante o curso, com o título Sex Respect: The Option of True Sexual Freedom, ensina que a abstinência antes do casamento fornece a visão mais saudável para a vida, especialmente levando em conta as DST, os traumas emocionais (principalmente nas moças) e a gravidez.

O estudo apurou que, passados dois anos após o curso, a taxa de gravidez junto às jovens que participaram dele era metade da média nacional (10%). Menos rapazes estiveram também envolvidos em causar gravidez. Além disso, havia um aumento de 20% no número de estudantes que, passados dois anos, concordavam que “os desejos sexuais são sempre controláveis”.

Outras questões entre os mesmos jovens revelaram também o desenvolvimento de atitudes mais saudáveis em torno das doenças sexualmente transmissíveis e casamento.

Pais e as mães (bem como todas as pessoas com jovens a seu cargo) ficarão satisfeitos em saber que funciona a educação centrada na decência e na adoção de atitudes mais saudáveis em torno do dom do sexo. Provavelmente, os educadores modernos estão aprendendo um princípio que Deus havia já revelado há mais de 2.500 anos. A Bíblia está certa em mais esse ponto porque Seu Autor é mesmo o Criador onisciente, e Aquele que quer o melhor para a humanidade.

(“Study Show Teaching Abstinence Works”, Educator Reporter, May 1991, via Darwinismo)

domingo, setembro 23, 2012

O Jesus casado da teologia gnóstica

Na semana passada, a descoberta de um fragmento de papiro com inscrições em copta (língua falada no norte do Egito antigo) e que alguns acreditam sugerir que Jesus teria sido casado deu o que falar na imprensa. No dia seguinte à divulgação da descoberta, publiquei com exclusividade aqui no blog a resposta do arqueólogo Rodrigo Silva (leia aqui). Como era de esperar, as revistas semanais repercutiram o assunto, mas com abordagens um tanto diferentes. A revista Veja, com a matéria “Existiu uma senhora Jesus?”, dedicou pouco mais de meia página ao assunto. A reportagem informa que o uso do carbono 14 não é possível, pois acabaria destruindo o fragmento de apenas quatro por oito centímetros, e cita a historiadora Karen King: “Esse é o único texto antigo em que Jesus se refere explicitamente a uma esposa.” Mas é um texto bem posterior aos evangelhos bíblicos e envolto em controvérsias.

Veja lembra que “o celibato do clero [católico] só foi definitivamente decretado no Concílio de Trento, que ocorreu entre 1445 e 1563”. E conclui o texto com a declaração de um padre jesuíta chamado James Martin: “Se descobrissem que Jesus teve uma esposa, isso não mudaria minha fé. Apenas, quando eu fosse para o paraíso, perguntaria aos apóstolos por que eles omitiram uma informação tão importante em seus evangelhos.”

No mais, a matéria de Veja traz as mesmas fontes de sempre: teólogos liberais que mal acreditam na canonicidade e na inspiração da Bíblia. (Detalhe: o assunto de capa dessa edição da Veja [reprodução acima] é altamente “relevante”: o que as mulheres acham do novo best-seller sobre sadomasoquismo [leia sobre isso aqui]. Em contrapartida, deram apenas uma pequena chamada para as revoltas promovidas por radicais islâmicos.)


A revista IstoÉ aprofundou mais o assunto e revelou um jornalismo melhor ao consultar fontes diferenciadas e com visão diferente das fontes de Veja (apesar do sensacionalismo da chamada acima). Entres os entrevistados, dois arqueólogos adventistas: os doutores Rodrigo Silva e Jorge Fabbro. A matéria, assinada por Rodrigo Cardoso, informa que a referência à Maria (para alguns, a mãe de Jesus) é feita na primeira sentença do papiro, e cita a explicação do Dr. Rodrigo: é mais provável que a Maria mencionada no texto seja Maria Madalena e não Maria mãe de Jesus. “Silva [...] concorda, porém, com a professora Karen, de Harvard. Para ela, o papiro não é prova de que Jesus se casou.”

IstoÉ continua: “O documento, segundo ela, seria parte de um livro escrito no século II, ou seja, uma fonte muito tardia em relação aos dias de Cristo na Terra. Corrobora também para a dúvida o fato de, naquele período, uma comunidade de cristãos dissidentes – a maioria de Alexandria, no Egito – ter criado um movimento chamado gnosticismo, marcado pela produção de textos nos quais a figura do Jesus preconizada pelo Novo Testamento pode ter sido modificada para tornar o cristianismo mais palatável ao povo pagão alexandrino. Esse novo Jesus que nascera ali, entre outros traços, não sentia dor nem sofrimento. Ideias como a ressurreição, encarnação e morte expiatória na cruz, que não eram bem-vistas diante dos olhos do mundo grego de Alexandria, ficaram de fora dos textos apócrifos gnósticos, como os evangelhos de Tomé, Judas e Filipe. Também surgiu a necessidade de se criar uma esposa para Cristo para, como pregava o gnosticismo, confirmar a teoria de que espíritos evoluídos estavam sempre em casais e nunca sozinhos.”

Depois de mencionar o evangelho de Filipe, cujos fragmentos mencionam o episódio de um beijo de Jesus em Maria Madalena, IstoÉ cita Fabbro: “Nessa região e naquela época se discutia muito se era apropriado ao cristão se casar. Por essas evidências, supõe-se que o Evangelho da Esposa de Jesus seja um documento surgido em um ambiente de gnosticismo”.

“O fragmento apresentado no Vaticano, portanto, estaria se referindo a um outro Cristo, uma divindade maquiada, e não àquele presente no Novo Testamento”, conclui acertadamente o autor da reportagem.

Mais um detalhe levantado pela matéria: na Israel do século I, nobre não era apenas a pessoa solteira e celibatária. Assim também seria aquela que, mesmo casada, tivesse a coragem de deixar a família em segundo plano para servir ao trabalho de Deus. “Se Jesus fosse casado, seria uma vantagem para ele. Não haveria motivos para os evangelhos bíblicos negarem o fato”, diz o arqueó­logo Silva. Para ele, o Evangelho da Esposa de Jesus é mais um que reforça o fato de que o Cristo histórico não foi casado, uma vez que, se tivesse vivido uma relação marital, a discussão ou menção sobre isso apareceria em livros mais antigos do que os do século II. “Por outro lado, nota-se um silêncio absoluto no século I sobre o fato e uma grande efervescência sobre ele no século II. E foi assim porque o Jesus casado é uma característica de um Cristo construído pela teologia gnóstica.” 

sexta-feira, setembro 21, 2012

Quão bom é Deus?

Seria o Deus do Antigo Testamento carrasco e sedento por sangue?

“Ouviste o que foi dito: Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem; para que vos torneis filhos do vosso Pai celeste, porque Ele faz nascer o Seu sol sobre maus e bons e vir chuvas sobre justos e injustos” (Mt 5:43, 44).

“Quando o Senhor, teu Deus, te introduzir na terra a qual passas a possuir, e tiver lançado muitas nações de diante de ti, os heteus, e os girgaseus, e os amorreus, e os cananeus, e os ferezeus, e os heveus, e os jebuseus, sete nações mais numerosas e mais poderesosas do que tu; e o Senhor, teu Deus, as tiver dado diante de ti, para as ferir, totalmente as destruirás; não farás com elas aliança, nem terás piedade delas” (Dt 7:1-3).

Amor e destruição. Duas palavras que sumarizam os textos acima. O mais intrigante é que essas duas passagens descrevem o mesmo Deus. Alguns cristãos, no passado e atualmente, numa tentativa quase desesperada para solucionar essa gritante contradição, sugeriram que o Deus do Antigo Testamento é diferente dAquele que encontramos nas páginas do Novo Testamento. Enquanto o primeiro é caracterizado como violento, sanguinário e mau, o segundo é apresentado como amoroso, perdoador e bondoso. [Continue lendo

Gospel de rapina

Soube hoje que as Igrejas Cristãs Nova Vida, da qual sou o Bispo Primaz, foram notificadas de que teriam de pagar direitos autorais pela execução de músicas de “louvor” nos seus cultos. Cada uma de nossas igrejas ficaria, assim, responsável por declarar o número de membros e a frequência aos seus cultos, para que fosse avaliado o imposto a ser pago ao Christian Copyright Licensing International (CCLI), sociedade que realiza a arrecadação e a distribuição de direitos autorais decorrentes da execução pública de músicas nacionais e estrangeiras. Por sua vez, o CCLI repassaria o valor devido aos compositores cujas músicas estão cadastradas.

São poucas as vezes em que me vejo sequestrado por um assunto do momento aqui no blog. Tenho como norma pessoal não me deixar levar pelas “últimas”. Já há bastante alvoroço em torno de assuntos efêmeros e não precisam da minha voz para somar à confusão instaurada por “notícias” e controvérsias. Não obstante essa regra que tento seguir, não posso me calar ante esse fato. Já deixei passar algumas horas até que a minha revolta se acalmasse, para que, no seu lugar, pudesse me expressar com clareza e me reportar às Escrituras como regra. Pois, em meio ao transtorno, ninguém se contém e acaba por pecar pelo excesso. Isso não quer dizer que me sinta menos convicto sobre o que tenho a dizer, mas quero realmente trazer uma perspectiva lúcida.

Comecemos pelo que constitui o direito autoral e o porquê da sua existência. Seria justo que alguém lucrasse pelo trabalho, a inspiração e a arte de outro sem que o autor da obra participasse dos lucros? Certamente que não. Cada emissora de rádio, show ou outro tipo de empreendimento com fins lucrativos deve prestar a devida parcela do seu lucro a quem ajudou a produzir essa arte.

Por outro lado, a Igreja é um empreendimento com fins lucrativos? Não – segundo a definição do próprio Estado brasileiro. Ela goza de certos privilégios, na compreensão de que a sua atividade é religiosa, devota e piedosa e, sendo assim, sem fins lucrativos. Que muitos “lucram” em nome da Igreja ninguém duvida. Mas, em termos estritamente definidos pela legislação, não é um empreendimento que tenha como finalidade o lucro.

Louvar a Deus é uma atividade que gera rentabilidade? Também não. Quando cantamos ao Senhor, estamos nos expressando a Deus em sacrifício santo e agradável a Ele (se bem que não caem nesta categoria muitas das músicas que doravante serão objeto de taxação, por decreto-lei). Mas, para manter o fio da meada desta reflexão, suponhamos que as músicas adocicadas, sem fundamento em qualquer real princípio cristão, emotivas e, em alguns casos, passionais (para não dizer sensuais) sejam realmente louvor (algo que tenho tentado ensinar a nossa denominação que não são). Cantar essas músicas traz lucro para a igreja? A resposta é não. A igreja não lucra. Não há um centavo a mais caindo nas salvas porque cantamos uma música de uma dessas cantoras gospel da moda em vez de Castelo Forte. É possível fazer um culto fundamentado apenas nas músicas riquíssimas do Cantor Cristão e da Harpa Cristã (para não falar nos Vencedores por Cristo, cuja maioria das canções não recai sobre este novo decreto-lei [e mesmo do Hinário Adventista, acrescento. – MB.).

Esses cantores e essas cantoras têm o apoio de empresários da fé. Homens que também lucram absurdamente à custa da boa-fé de pessoas a quem prometem uma vida de lucro pelo seu envolvimento. Não me surpreende ver a lista de “notáveis” que apoiam essa iniciativa.

Agora, esses cantores que se venderam para emissoras de televisão, que ganham fortunas nas suas turnês “gospel” e pela venda de incontáveis CDs e DVDs, não estão satisfeitos. Querem mais. Querem “enterrar os ossos”. Tornaram-se mercadores da fé, e com essa última cartada, suas máscaras caem por terra. Que máscaras? As que fazem com que acreditemos que eles realmente creem que o culto é para Deus somente. Para eles, a igreja não passa de fonte de lucro. A igreja não passa de um negócio. Sim, porque, por essa ação, afirmam não acreditar que a igreja seja uma assembleia de sacrifício. Para eles, a igreja é uma máquina de dinheiro. Sua eclesiologia é clara. Suas lágrimas de comoção são teatro. Seus gestos de mãos erguidas não passam de encenação.

A despeito do meu repúdio por esse grupo de músicos “cristãos”, fico grato a eles por uma razão. Tenho tentado ensinar a denominação que lidero a ser mais criteriosa na escolha das músicas cantadas nos cultos. Por força da popularidade desses “superastros do louvor”, a pressão da juventude e dos músicos da igreja tem sido quase insuportável. Então cantam as músicas sem devocionalidade real deles e delas para o enlevo de pessoas que nem precisavam confessar Jesus para cantá-las com comoção. Graças ao mercantilismo dos tais, vou emitir uma circular para as nossas igrejas em que instruirei todas a pagar os direitos autorais devidos, caso queiram insistir em usar as referidas músicas da moda em seus cultos.

Os que não querem fazer parte desse mercado de rapina receberão uma lista compreensiva de músicas que continuam sendo de domínio público, inclusive as que compus e pelas quais nunca recebi nem quero receber um centavo. Graças a Deus, são os bons e velhos hinos que têm conteúdo e substância, confissão e verdadeiro testemunho do Evangelho. Há centenas de hinos antigos que vamos tirar das prateleiras e redescobrir. Podemos aprendê-los e retrabalhá-los para torná-los atuais aos nossos dias, com arranjos interessantes. Músicas escritas por santos e não por crianças. Músicas escritas para a glória de Deus e não para lucro sórdido. Sim, falei sórdido. Pois os atuais já lucraram com o que é legítimo. Agora vão atrás do resto. É um gospel de rapina. Sinto-me na necessidade de tomar um banho, pois essa história me forçou a passear pelo lamaçal onde esses chafurdam para encher a própria barriga – que é o seu deus, afinal.

Que bom que já me acalmei, pois realmente tinha vontade de dizer muito mais.


Nota: O bispo Walter tem minha aprovação em sua santa indignação. Releia os trechos que grifei no manifesto dele e me diga se esse problema não é, infelizmente, algo comum em todas as igrejas (numas mais do que em outras). Deus nos ajude para que o reavivamento e a reforma que desejamos (ou melhor, que Deus deseja em nós) alcance também nossa liturgia e nossa música de adoração.[MB]

Leia também: "O poder da música"

Supertempestade solar pode afetar 130 milhões nos EUA

Uma gigantesca liberação de partículas geomagnéticas vindas do Sol poderia destruir mais de 300 dos 2.100 transformadores de alta voltagem que são a espinha dorsal da rede elétrica dos Estados Unidos, segundo a Academia Nacional de Ciências dos EUA. O Sol está entrando em um período de atividade intensa, conhecido como “máximo solar”, que deve atingir seu auge em 2013. Por isso, há um ímpeto por parte de um grupo de agências federais para buscar maneiras de preparar os EUA para uma grande tempestade solar nesse ano. Especialistas dos EUA estimam em até 7% o risco de uma grande tempestade em 2013. Pode parecer pouco, mas os efeitos seriam tão amplos - semelhantes à colisão com um grande meteorito - que o fato tem atraído a atenção das autoridades. Apagões isolados podem causar caos, como ocorreu em julho, na Índia, quando mais de 600 milhões de pessoas ficaram sem energia durante várias horas em dois dias consecutivos. Já um blecaute de longa duração, como o que poderia acontecer no caso de uma enorme tempestade solar, teria efeitos mais profundos e custosos [numa economia já abalada].

Há discordâncias sobre o custo, mas especialistas do governo dos EUA e da iniciativa privada admitem que se trata de um problema complexo, que exige uma solução coordenada. Um relatório da Academia Nacional de Ciências estimou que cerca de 365 transformadores de alta voltagem no território continental dos EUA poderiam sofrer falhas ou danos permanentes, que exigiriam a substituição do equipamento.

A troca poderia levar mais de um ano, e o custo dos danos no primeiro ano após a tempestade poderia chegar a US$ 2 trilhões, disse o relatório. As áreas mais vulneráveis ficam no terço leste dos EUA, do Meio-Oeste à costa atlântica, e no Noroeste do país.

A rede elétrica nacional foi construída ao longo de décadas para transportar a eletricidade ao preço mais baixo entre os locais de geração e consumo. Uma grande tempestade solar tem a capacidade de derrubar a rede, segundo o relatório dos cientistas.

De acordo com estimativas do relatório, mais de 130 milhões de pessoas nos EUA poderiam ser afetadas. Andres disse que no pior cenário a cifra de mortos poderia chegar a milhões.

Outros países também sentiriam o impacto se uma supertempestade solar atingisse seu sistema de energia, mas o dos EUA é tão amplo e interconectado que qualquer grande impacto teria resultados catastróficos no país.


Nota: No livro Ministry to the Cities (em preparo para publicação em língua portuguesa pela Casa Publicadora Brasileira), Ellen White faz veementes apelos para que o evangelho seja rapidamente pregado nas grandes cidades, pois breve chegará o tempo em que isso será muito difícil de ser feito e o caos aumentará grandemente nesses centros populacionais. Ellen estimula os que podem (já) a estabelecer residência no interior (cf. Vida no Campo, da mesma autora), ao mesmo tempo em que se faz necessário que haja pontos de pregação nas cidades. Uma das citações publicadas em Ministry to the Cities é esta: “Dentro em breve haverá tal luta e confusão nas cidades, que os que as quiserem abandonar não o poderão fazer. Devemos estar nos preparando para esses acontecimentos” (RH, 14 de abril de 1903; ME2, p. 142). Quando ocorre um acidente numa das marginais da cidade de São Paulo, por exemplo, o caos se instala em boa parte da megalópole. Agora imagine um terremoto ou mesmo um blecaute geral causado por uma tempestade solar... O que seria daquela cidade – e de tantas outras que “operam” no limite de sua capacidade? Imagine os caixas eletrônicos, os semáforos, os postos de gasolina, o sistema de abastecimento de água, tudo isso e muito mais completamente inoperante... Deus nos ajude a confiar inteiramente nEle e a aproveitar a relativa e provavelmente pouco duradoura estabilidade para concluir a obra que precisa ser levada avante sem mais adiamento.[MB]

quinta-feira, setembro 20, 2012

Um patrimônio chamado genoma

Todo ser vivo possui um genoma (ou material genético) no qual está contida toda a informação necessária para gerar sua estrutura física, desempenhar suas funções fisiológicas e possibilitar sua reprodução. Esse genoma é diferente em cada organismo, o que lhe garante características únicas. O genoma é formado por genes estruturais e genes regulatórios. Os genes estruturais são codificados em proteínas que integram a estrutura celular ou que fazem parte do metabolismo e transporte de biomoléculas que constituem os organismos, enquanto o produto de proteínas de genes regulatórios tem a função de regular a expressão dos genes estruturais. Esta regulação depende do tipo celular e do tecido em que a célula se encontra, também sendo afetada pelo estagio vital do organismo e por fatores externos. O genoma nada mais é do que um patrimônio que guarda informações e características da linhagem; desse modo, esse patrimônio deve ser preservado de forma segura e estável.

Os organismos possuem mecanismos de proteção dessa valiosa informação, tais como:

- A fita dupla de DNA mantém a informação de forma redundante em duas moléculas, portanto, a perda ocasional da informação contida em uma das fitas pode ser recuperada a partir da fita complementar.

- A replicação do DNA é semiconservativa, preservando integralmente a informação de apenas uma das fitas, criando apenas uma nova molécula para cada descendente.

- A replicação do DNA é um processo em que poucos erros são cometidos e existem diversas enzimas dedicadas a corrigir eventuais erros ou danos que possam ocorrer.

-Nos eucariotos e procariotos, o DNA se encontra enovelado em proteínas, o que confere proteção contra agentes que possam gerar lesões.

- Nos eucariotos,o núcleo (onde o DNA está contido) é protegido por uma membrana.

- O mecanismo de apoptose, mais conhecido como “morte celular programada”, que ocorre de forma ordenada e está relacionado com a manutenção fisiológica. Quando uma alteração no código genético é detectada a célula se “autodestrói” a fim de manter a integridade do mesmo, contendo a alteração e seus efeitos. Em alguns momentos o mecanismo de apoptose falha e a alteração perdura, resultando muitas vezes no crescimento desordenado da célula e consequentemente na formação de tumores. A apoptose também acontece a fim de destruir células velhas, promovendo assim a renovação celular.

Mesmo com a existência destas “proteções”, o genoma pode sofrer mutações. Uma mutação é qualquer alteração no material genético, que por sua vez, pode causar uma série de consequências, danosas ou não, às células e aos organismos. Estas alterações advém de falhas ocorridas durante a replicação do material genético, que podem ser espontâneas ou induzidas por fatores externos.

As mutações podem ter diversos efeitos no organismo em função de sua natureza (espontânea ou induzida) e do local onde ocorrem, podendo o seu efeito ser observável no fenótipo ou não.

Uma alteração na sequência de bases de um gene estrutural tem como consequência uma alteração na sequência de bases de um mRNA, que resulta na alteração da sequência de aminoácidos de uma proteína, o que pode causar a inativação ou mau funcionamento desta, afetando uma ou mais funções celulares. Esta é a razão pela qual a maioria das mutações traz efeitos prejudiciais à célula. Qualquer alteração randômica em um sistema complexo que segue padrões tem maior probabilidade de resultar em erro do que de em melhora. Mutações são benéficas do ponto de vista da variabilidade, conferindo flexibilidade para as características das espécies.

Células que apresentam alta taxa de divisão possuem maiores chances de sofrerem mutações e quando sofrem podem levar o indivíduo a óbito, porém, tipos celulares que se dividem pouco possuem menores chances de sofrerem mutações e geram pouca descendência de células mutantes, por isso apresentam menor probabilidade de causar danos sérios ao organismo.

Mutações podem atingir células somáticas ou germinativas. Os efeitos de mutações em células somáticas se restringem ao indivíduo afetado, mas no caso de células germinativas, mutações tem o potencial de afetar a descendência do indivíduo e suas consequências serão notadas ao longo de gerações. Por definição, mutação esta relacionada à hereditariedade, seja em célula somática ou germinativa, pois é passada para as células descendentes geradas pela mitose ou pela meiose.

Outro fator que deve ser considerado para classificarmos uma mutação é a extensão de pares de base envolvidos; assim, elas podem ser divididas em dois grupos:

Mutações pontuais – Essas mutações são conhecidas por modificar um único ou um pequeno número de bases nitrogenadas, causando pouca ou nenhuma alteração estrutural nas proteínas que serão codificadas.

Rearranjos – Envolvem grande número de bases e, na maioria das vezes, vários outros genes. Os rearranjos mais comuns são as inserções (adição de material genético), deleções (perda de fragmentos de DNA), amplificações (duplicações ou multiplicações de genes) e translocações (transposição de um gene ou genes para locais diferentes no genoma). Os rearranjos afetam muitos genes, por isso, podem interferir na expressão de varias proteínas de uma só vez.

Sendo assim as mutações ocorrem a todo o momento nos seres vivos, podendo ser contidas pelos mecanismos de defesa contra alterações no material genético ou não. No entanto, essas alterações são apenas capazes de conferir aos organismos o poder de adaptação. As adaptações que os organismos são capazes de sofrer são limitadas. Um ser humano, por exemplo, poderá sofrer adaptações com o passar dos anos em suas gerações, modificando seu fenótipo variável (ex.: cor de pele, cor de cabelo, tipo de cabelo, estatura, etc.), porém, quando uma alteração ocorre em seu fenótipo base (ex.: quantidade de membros e órgãos, disposição dos membros e órgãos, etc.), ela sempre compromete a funcionalidade do organismo, fazendo com que se apresente uma involução em lugar de evolução. Podemos, então, afirmar que as mutações que podem atingir o fenótipo variável e o fenótipo base ocorrem em células germinativas.


Quando uma mutação está presente em mais de 1% da população, ela passa a se chamar polimorfismo, que pode afetar ou não o fenótipo variável. Um dos polimorfismos mais comuns no dia a dia de todos é o tipo sanguíneo, classificado como sistema ABO.

Os fatores externos, como alimentação, fumo e alcoolismo, podem aumentar as chances de ocorrência de mutações, por isso estão atrelados ao surgimento de tumores e doenças relacionadas.

É fato que as mutações não são capazes de metamorfosear espécies. Quando Charles Robert Darwin propôs a teoria da evolução das espécies, ele não tinha acesso ao conhecimento sobre o genoma que possuímos na atualidade. Por isso, a teoria dele não tem bases científicas suficientes para ser considerada verdadeira. A comunidade científica peca ao confiar em uma teoria proposta em 1859, que não dispôs de ferramentas apropriadas para sua elaboração.

Para reforçar esse argumento, o bioquímico  Michael Behe, em seu livro A Caixa Preta de Darwin, de 1996, diz que o darwinismo é uma referência inadequada para compreendermos a origem de sistemas bioquímicos complexos e que a comunidade científica da atualidade deve rever seus conceitos. Se pararmos para refletir, veremos que a humanidade se acostumou a viver apoiada em teorias infundadas, não aplicando um olhar crítico sobre elas.
           
O que seria necessário para quebrar esses velhos paradigmas da sociedade científica? Creio que essa é uma pergunta que está no coração de muitos cientistas que buscam o conhecimento verdadeiro.

(Douglas Spalato Marques é geneticista molecular)

Mais provocações aos islâmicos


Enquanto os violentos, e muitas vezes mortais, protestos consomem grande parte do mundo árabe em resposta ao vídeo anti-Islã produzido nos EUA (clique aqui para saber mais), os novaiorquinos irão em breve defrontar-se com uma nova polêmica envolvendo o Islã: uma propaganda no sistema de trânsito que terá a frase “Em qualquer guerra entre o homem civilizado e o selvagem, apoie o civilizado”. A mensagem é concluída com as palavras “Apoie Israel, enfrente a jihad”. Depois de ter rejeitado o anuncio inicialmente e perdido uma ação na Justiça, a Autoridade Metropolitana de Transporte da cidade anunciou na terça-feira que a propaganda deve ser colocada em dez estações de metrô. “Nossas mãos estão amarradas”, disse Aaron Donovan, porta-voz do órgão, quando perguntado sobre a duração do anúncio.

Em julho, o juiz Paul A. Engelmayer, da Corte Distrital Federal em Manhattan, entendeu que a autoridade de transporte havia violado os direitos, assegurados na Primeira Ementa, do grupo que queria divulgar o anúncio, a Iniciativa de Defesa da Liberdade Americana. A autoridade de transporte havia citado a linguagem “degradante” da propaganda na tentativa de barrar sua instalação.

A autoridade, que também recorreu da decisão em julho, pediu que o juiz postergasse a implementação de sua decisão até o encontro da cúpula do órgão, em 27 de setembro. Mas em outra decisão no mês passado, o juiz Engelmayer ordenou que a agência revisasse sua política de publicidade em duas semanas ou que procurasse prolongar o processo em uma corte de apelação. Nenhuma das duas coisas foi feita.

Agora, a autoridade de transporte de Nova York se vê em uma situação difícil. A Iniciativa de Defesa da Liberdade Americana também comprou espaços em Washington, mas a autoridade de transporte local disse na terça-feira que “suspendeu” a colocação dos anúncios em razão de uma “preocupação com segurança pública por causa dos últimos eventos no mundo”.

Uma opção parecida não está disponível para a autoridade de transporte de Nova York por causa da decisão judicial. De acordo com Donovan, o órgão deve considerar revisar suas políticas de publicidade na reunião da cúpula na próxima semana.

Pamela Gettler, diretora-executiva da Iniciativa de Defesa da Liberdade Americana disse por e-mail na terça-feira que os oficiais de trânsito de Washington estavam “sendo servis à ameaça de terrorismo jihadista”. Ela afirma ainda que os eventos recentes no Oriente Médio não a fizeram hesitar “nem um segundo” sobre a colocação dos anúncios em Nova York.

“Eu nunca vou tremer ante qualquer intimidação violenta, e parar de dizer a verdade porque fazê-lo é perigoso. A liberdade deve ser vigorosamente defendida”, disse. “Se alguém comete uma violência, a responsabilidade é dela e de mais ninguém.”

O grupo também fez campanha nas estações da linha de trem Metro-North, com cartazes que citam os “ataques islâmicos mortais” desde o 11 de Setembro e diz: “Não é islamofobia. É islamorrealismo”. A autoridade de transporte diz que não tentou bloquear esses anúncios porque eles não atingiram o limite da agência para linguagem “degradante”, como o anúncio que se referia ao “selvagem”. [...]


A revista satírica alemã Titanic anunciou nesta quinta-feira que irá publicar uma charge de Maomé na capa de sua edição de outubro, em meio a violentos protestos contra o filme “Inocência dos muçulmanos” e caricaturas divulgadas pelo semanário francês Charlie Hebdo e a um debate sobre liberdade de expressão.

Em entrevista ao site do jornal Financial Times Deutschland, o diretor da publicação, Leo Fischer, disse que a capa da revista virá ilustrada com uma caricatura do profeta segurando nos braços Bettina Wulff, esposa do ex-presidente da Alemanha Christian Wulff, que renunciou ao cargo após um escândalo de tráfico de influência em fevereiro.

Segundo informações da agência EFE, Fisher acrescentou que a charge é na realidade uma crítica ao polêmico filme anti-Islã, chamado de “mal feito” pelo editor, e a “celebridades ultrapassadas que querem se beneficiar da crítica barata contra o Islã”. Ele também ressaltou que a revista não pretende republicar as charges da Charlie Hebdo, consideradas por ele “desinteressantes e grosseiras”.

A Titanic já se envolveu com inúmeras polêmicas com supostos insultos ao Islã. Em 2005, ela republicou polêmicas charges criadas pelo jornal dinamarquês Jyllands-Posten e que geraram uma série de protestos pelo mundo islâmico. Um ano depois, a publicação alemã foi às bancas com a manchete “Comparação entre as religiões” e uma foto com diferentes tamanhos de órgãos sexuais masculinos, dos quais o menor era o de um muçulmano. [...]

Ainda nesta quinta-feira, a aliança política egípcia Irmandade Muçulmana fez um apelo para que a Justiça francesa tome alguma atitude em relação à Charlie Hebdo, como fez com a revista Closer, no caso da divulgação do topless de Kate Middleton.


Nota: É difícil entender o que motiva alguns cabeças ocas (a não ser o “ibobe” e o dinheiro). Parece que, para certos irresponsáveis, quanto pior a situação, melhor. Esse tipo de material provocativo pode levar a duas situações, ambas negativas: (1) mais revoltas no mundo islâmico, com violência e mortes desnecessárias, e (2) uma revisão do significado de “liberdade de expressão”, conquista alcançada a muito custo, em certos países. Como escreveu o amigo Marco Dourado: “Não gosto de teorias da conspiração, mas isso parece meio orquestrado. O tal filme, cujos atores alegam terem filmado apenas um épico no deserto, de baixíssimo orçamento, foi porcamente dublado. E sua divulgação foi feita justamente no aniversário de 11 anos dos atentados de 11 de setembro.”[MB]