segunda-feira, fevereiro 25, 2019

Podemos confiar nas traduções bíblicas?


Ao ler a Bíblia, corremos o risco de entender errado seus ensinamentos por vários motivos. Se não cremos nela, tentaremos entender tudo da pior forma possível e concluiremos que ela está cheia de contradições e absurdos. Se cremos na Bíblia, mas temos várias ideias pré-concebidas sobre o que ela ensina, tenderemos a prestar atenção às passagens que parecem confirmar essas ideias e a ignorar as que a ponderam. Na verdade, isso ocorre na forma como tendemos a lidar com evidências também. Basta observar os intelectuais que dizem não haver a menor sombra de evidência da existência de Deus, quando existem teoremas que provam que Ele existe.

Diante desse quadro, precisamos tomar cuidado para não deixar nossa teologia obscurecer o que os textos realmente dizem. Ou, no caso mais geral, obscurecer nossa atenção às evidências. Quando estudamos a Bíblia, precisamos levar a sério a opinião dos profissionais que trabalham nas traduções. A opinião de quem é da área tem muito mais peso do que as demais. Ainda assim, há espaço para conferir as coisas. Quando falo algo nas áreas que domino, gosto muito quando as pessoas vão além do que eu disse e se aprofundam no assunto. Um teólogo pode questionar uma tradução por causa de uma preferência de interpretação.

Por outro lado, eu gostaria de defender um pouco os teólogos. Ao trabalhar em ambientes multidisciplinares e ao observar artigos de pesquisadores de outras áreas, de vez em quando vejo colocações claramente equivocadas. Mas como é possível ver que a colocação de um especialista de outra área é equivocada? Primeiro, existe certa arbitrariedade na delimitação de áreas. Existem métodos válidos em todas elas, existem métodos que só funcionam em um contexto restrito e outros que funcionam mais ou menos no mesmo contexto restrito, mas vão mais longe em alguma direção. São como mapas: um mostra apenas um bairro, outro mostra aquele bairro e partes de bairros vizinhos, outro mostra a cidade toda, mas com menos detalhes, outro mostra a cidade inteira com muito mais detalhes, mas é enorme e mais difícil de manipular, e assim por diante. É muito interessante comparar esses mapas, até porque isso nos dá uma perspectiva mais realista e detalhada das coisas.

Melhor do que só comparar mapas é conferir os mapas indo aos locais mapeados, especialmente nas fronteiras, para ter uma ideia do que está além deles. Isso é algo que gosto muito de fazer. Mas cada um de nós tende a se especializar em um mapa. E circula por aí uma versão ultra simplificada desse mapa que frequentemente é usada por pesquisadores de outras áreas.

Pois bem, nesses passeios por mapas e territórios reais (continuo falando figuradamente de áreas do conhecimento), de vez em quando encontro erros: uma rua mapeada que não existe na realidade, uma que existe, mas não aparece no mapa, uma avenida com ângulo errado em um dos mapas, e assim por diante. Às vezes, o especialista em um bairro não nota o ângulo errado com que representa a avenida porque não está preocupado em encaixá-la no mapa vizinho. Se observasse o mapa vizinho, veria que aquela avenida não pode chegar à fronteira do seu bairro naquele ponto

Eis um exemplo: em um livro-texto de Bioquímica, bastante respeitado e usado em cursos de pós-graduação, foi dito que a quebra da molécula de ATP libera energia. Essa é uma afirmação falsa feita por profissionais da área a respeito de algo em sua própria área de conhecimento. Só que isso viola leis físicas que eles parecem não conhecer. O que ocorre de fato é que a quebra de ATP consome energia, mas gera radicais que se combinam rapidamente com moléculas do seu ambiente e essa combinação libera muito mais energia do que a quebra do ATP consumiu. No fim, fica a impressão de que a energia veio da quebra da molécula, o que em si seria um absurdo do ponto de vista físico.

Assim também ocorre com traduções. Às vezes, o conhecimento da época permite mais de uma tradução para uma expressão, uma parece mais provável, é usada e fica como precedente que será consultado pelos futuros tradutores. Um conhecimento prático de Hermenêutica Bíblica (ou Arqueologia, ou Física, etc.) às vezes deixa evidente que determinada tradução não faz sentido ou é improvável, ainda que linguisticamente pareça a melhor.

Cito dois exemplos:

Lucas 24:43: “‘μήν ⸂σοι λέγω⸃ σήμερον μετʼ ἐμοῦ ἔσῃ ἐν τῷ παραδείσῳ.” Essa frase é ambígua. A escolha usual entre tradutores é: “Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso.” Mas isso é improvável hermeneuticamente em função de muitas outras passagens bíblicas, inclusive o que Jesus disse no domingo, que ainda não tinha subido ao Pai.

Hebreus 11:3: “πίστει νοοῦμεν κατηρτίσθαι τοὺς αἰῶνας ῥήματι θεοῦ.” Essa frase praticamente não é ambígua. Ela diz que Deus construiu o tempo. Mas isso não fez sentido para os tradutores por causa de sua falta de conhecimento de Física. Muitos traduzem isso da seguinte maneira: “Pela fé, entendemos que os mundos foram criados pela palavra de Deus.” A palavra traduzida por “mundos” aqui não tem nenhuma conotação nesse sentido em grego, em nenhuma circunstância que eu já tenha visto. Essa simplesmente não é uma das traduções possíveis. Mas é extremamente popular. De onde saiu isso? Há expressões no Novo Testamento que falam da presente era, a era do pecado, como 2 Timóteo 4:9, por exemplo: “Δημᾶς γάρ με ⸀ἐγκατέλιπεν ἀγαπήσας τὸν νῦν αἰῶνα...” A expressão “νῦν αἰῶνα” refere-se à era atual, mas é traduzida muitas vezes por “este mundo”. Nesse contexto, até faz sentido uma tradução assim. O problema é que esse tipo de uso treina a mente das pessoas para imaginar que “αἰῶνας” pode significar mundos. Nesse ponto em particular, a ISV 2.0 é mais fiel: “By faith we understand that time was created by the word of God...” Mas é raro encontrarmos uma tradução assim.

Moral da história: é interessante levar muito a sério as opiniões dos profissionais da área, mas é muito melhor pesquisar os assuntos importantes da forma mais profunda possível e, de preferência, conversar sobre seus achados com profissionais.

Eduardo Lütz

sexta-feira, fevereiro 22, 2019

Gordura fossilizada é encontrada pela primeira vez em ictiossauro


Os ictiossauros constituem uma ordem de répteis marinhos, já extintos, que retratam certa semelhança morfológica com os golfinhos.[1] Esses animais, possuidores dos maiores olhos de todos os vertebrados, às vezes excedendo 25 cm de diâmetro, habitaram os mares no mesmo período em que os pterossauros e os dinossauros viveram na terra. O primeiro esqueleto de ictiossauro foi descoberto em 1811, em Lyme Regis, uma das mais ricas localidades fósseis da Inglaterra por Mary Anning. Na época, o enigmático crânio foi relacionado a um “monstro marinho”. Mais tarde, em 1819, o esqueleto foi vendido para Karl Dietrich Eberhard Koenig, do Museu Britânico de Londres, que sugeriu o nome Ichthyosaur (“lagarto peixe”) em 1817.[2] A ordem foi nomeada em 1835, por Henri Blainville, zoólogo francês que cunhou o termo “paleontologia” em 1822. Desde então, vários fósseis bem preservados foram encontrados, ajudando-nos a entender um pouco mais acerca desses misteriosos animais. Hoje conhecem-se cerca de 50 gêneros desse vertebrado marinho, encontrados em diferentes continentes. Apesar disso, ainda existem alguns fatores que têm dividido opiniões no meio científico, especialmente quando o assunto é a ancestralidade desses répteis.

Repensando teorias

Anteriormente, os paleontólogos pensavam que apenas um subconjunto de ictiossauros havia sobrevivido ao período Cretáceo, de 145 milhões a 66 milhões de anos atrás (segundo propostas evolucionistas).[4] Até recentemente pensava-se que os ictiossauros houvessem declinado gradualmente na diversidade por causa de múltiplos eventos de extinção durante o período Jurássico. Segundo darwinistas, esses eventos sucessivos mataram todos os ictiossauros, exceto aqueles fortemente adaptados à vida de natação rápida em mar aberto. Devido a esse padrão, supunha-se que os ictiossauros estivessem em constante e rápida evolução para se tornar nadadores de águas abertas cada vez mais rápidos.

Porém, uma equipe internacional de pesquisadores divulgou recentemente uma nova espécie de ictiossauro que revoluciona a compreensão da evolução e extinção desses antigos répteis marinhos. Essa descoberta foi publicada na renomada revista científica Nature, em dezembro de 2018, na qual um fóssil de ictiossauro de 185 milhões de anos (conforme a cronologia evolucionista) foi encontrado e, para a surpresa dos pesquisadores, apresentava tecidos moles excepcionalmente preservados.[1]

Stenopterygius foi encontrado “primorosamente” fossilizado nas pedreiras de Holzmaden, no sul da Alemanha.[2] Grande foi a surpresa dos pesquisadores ao perceberem a presença de ondulações e pregas na pele do fóssil desse vertebrado marinho. Não bastasse isso, verificaram, também, células contendo parte da pigmentação do animal e vestígios químicos de gordura fossilizada. A alegação mais polêmica do estudo está no fato de os cientistas relatarem que o conteúdo possui traços de suas proteínas originais.[3]




Representações fotográficas (superior) e diagramáticas (inferior) exibem detalhes do Stenopterygius examinado no novo estudo. O crânio do animal está à esquerda.

A equipe analisou as amostras em um laboratório onde tecidos de animais modernos são proibidos, para evitar qualquer tipo de contaminação. “Podemos diferenciar os locais de ligação desses anticorpos, e as ligações não são aleatórias”, diz Schweitzer. “Você não vê [anticorpos] de queratina se ligarem a qualquer coisa. Eles apenas se ligam àquilo que interpretamos como pele”.[3]     “Não só é possível olhar para essas estruturas e identificá-las em nível celular, como também encontrar traços das proteínas originais – essa é a ponta do iceberg”, relata Benjamin Kear, paleontólogo da Universidade de Uppsala e coautor do estudo.[3] Os cientistas têm encontrado fósseis de ictiossauros contendo tecidos moles há mais de um século. Para eles, isso é possível tendo em vista o local onde esses animais ficaram enterrados: no fundo do mar, em sedimentos com pouco oxigênio.[3] Nesse ponto, me vem à mente, automaticamente, “certo evento aquático”, catastrófico que seria capaz de promover esse rápido soterramento, envolvendo tanta lama e elevada pressão, e que por ter ocorrido em uma Terra “jovem”, justificaria coerentemente a presença dos tecidos moles encontrados em excepcional estado de preservação.

Outro estudo com ictiossauro, “nadador fora do tempo”, sugere uma revisão das teorias sobre a “evolução” e extinção das espécies desse gênero. Valentin Fischer, da Universidade de Liège, na Bélgica, e seus colegas descreveram em 2013 uma espécie com características arcaicas: Malawania anachronus, um fóssil de 1,5 metro de comprimento.“O reconhecimento dessa ‘linhagem fantasma’ revela que dois grupos distantes de ictiossauros viviam no Cretáceo. Isso desafia os pressupostos de que o baixo número e a diversidade de ictiossauros durante esse período contribuíram para sua extinção.”[6] Os resultados dessa pesquisa contradizem teorias anteriores, as quais sugerem que os ictiossauros do período cretáceo foram os últimos sobreviventes de um grupo em declínio.

A novidade é que Malawania representa o último membro conhecido de um tipo de ictiocossauro que os cientistas acreditavam ter sido extinto durante o início do Jurássico (mais de 66 milhões de anos antes, via cronologia darwinista). 

A grande revolução que envolve esse ictiossauro arcaico relaciona-se à sua estática evolucionária: “Eles parecem não ter mudado muito entre o início do Jurássico e o Cretáceo, um feito muito raro na evolução dos répteis marinhos”, relata o Dr. Fischer. “A descoberta de Malawania é semelhante à do celacanto nos anos 1930: representa um animal que parece estar fora do tempo para a sua idade. Este ‘fóssil vivo’ de seu tempo demonstra a existência de uma linhagem que nunca tínhamos sequer imaginado”, acrescenta o pesquisador.

Isso indica que o suposto fim do evento de extinção jurássico (via linha evolutiva) nunca ocorreu para os ictiossauros, conjuntura que torna seu registro fóssil bem diferente do de outros grupos de répteis marinhos. Quando visto em conjunto com a descoberta de outro ictiossauro pela mesma equipe em 2012 e denominado Acamptonectes densus, a descoberta do Malawania constitui uma “revolução” no modo como os cientistas imaginam a suposta “evolução” e a extinção do ictiossauro. 

“Existe em todas as coisas visíveis uma totalidade oculta” (Thomas Merton).
             
Nota: Diante dos estudos recentemente publicados, fica evidente que a extinção final dos ictiossauros é ainda mais confusa para a ciência do que se supunha previamente. Os resultados relatados pelos cientistas fazem o dilúvio global, relatado em Gênesis, ser um acontecimento ainda mais evidente. Ele responde de forma harmônica à questão da formação desses fósseis, possibilitando o rápido soterramento e ausência de oxigênio, além de ser compatível com uma cronologia não tão remota, em que seria coerente encontrar nos registros fósseis tecidos moles contendo constituintes celulares, sub-celulares e biomoleculares – verdadeiramente incompatíveis com a cronologia proposta pela linha evolutiva, especialmente tendo em vista o tempo estimado para a degradação dessas estruturas celulares e biomoleculares.

Até quando pesquisadores vão se deparar com a verdade sem reconhecer os fatos expostos diante de seus olhos?

Gostaria de acreditar num futuro em que os pesquisadores fossem compromissados com a verdade, seguindo as evidências aonde quer que elas possam levá-los.

Concluo com o pensamento de um saudoso cientista: “O que sabemos é uma gota; o que ignoramos é um oceano” (Sir Isaac Newton).

(Liziane Nunes Conrad Costa é formada em Ciências Biológicas com ênfase em Biotecnologia [UNIPAR], especialista em Morfofisiologia Animal [UFLA] e mestranda em Biociências e Saúde [UNIOESTE]. É diretora-presidente do Núcleo cascavelense da SCB [Nuvel-SCB])

Referências:

Leituras sugeridas:

quinta-feira, fevereiro 21, 2019

Ao grande e eterno Criador

Ao olhar para o céu, num dia sem nuvens / A imensidão consigo contemplar / De belezas incomparáveis / Que meu Senhor decidiu criar

O Sol e a Lua Ele fez / Os planetas com Seu poder formou / E apenas ao suspirar / Imensas galáxias pôs a girar

As estrelas nem posso contar / Numerosas são como a areia do mar / Ao pensar que as fez com amor / Ao meu Deus quero render louvor

Meu Rei, meu Senhor / Eu Te adoro com tudo o que sou / Pelo que fez para mim / Pelo Seu infinito amor

Todas as nações / Adorem ao grande Criador / Todos os seres / Que vivem na / terra, no céu e no mar / Todas as criaturas / A Ti vão adorar

Com ternura a Terra formou / Como os pais que preparam o bercinho / Vales, montanhas criou com carinho / Para receber os filhos de Seu amor

Animais fez aparecer / Para povoar a natureza / Aves coloridas pintaram o céu / Peixes encheram os mares de beleza

E todos os seres Te louvam, Senhor / Pelo Seu tremendo poder / E porque me criou com amor / Nunca deixarei de reconhecer

Meu Rei, meu Senhor / Eu Te adoro com tudo o que sou / Pelo que fez para mim / Pelo Seu infinito amor

Todas as nações / Adorem ao grande Criador / Todos os seres / Que vivem na terra, no céu e no mar / Todas as criaturas / A Ti vão adorar

No sexto dia ao homem Deus fez / E para ele a mulher preparou / Depois de tudo feito e acabado / O homem e a mulher completados / Com um sorriso nos lábios de lado a lado / Deus disse: “É muito bom!”

De mãos dadas no jardim o casal andava / E no sétimo dia a festa era grande / Sentados aos pés do Criador / Sem pressa nem preocupação / Adão, Eva e Jesus contemplavam a criação

Meu Rei, meu Senhor / Eu Te adoro com tudo o que sou / Pelo que fez para mim / Pelo Seu infinito amor

Todas as nações / Adorem ao grande Criador / Todos os seres / Que vivem na terra, no céu e no mar / Todas as criaturas / A Ti vão adorar

Do macro ao micro, ao Deus infinito / Iremos louvar para sempre / Amém!

Letícia Borges Nunes, 15 anos

terça-feira, fevereiro 12, 2019

A foto que é o cúmulo da nerdice

Em 2015, fui convidado a apresentar palestras criacionistas em Zurique e Genebra, na Suíça. Na segunda cidade, aproveitei para conhecer a famosa Organização Europeia para a Pesquisa Nuclear (CERN, na sigla em inglês), onde fica o maior acelerador de partículas do mundo, o LHC, do inglês Large Hadron Collider (Grande Colisor de Hádrons), com seus 27 km de circunferência (parte da estrutura está em território francês). Fiz uma visita guiada juntamente com um grupo de turistas de vários países (confira o vídeo aqui). Depois de conversar um pouco mais com o guia, fui até uma pequena loja e comprei algumas lembranças, entre as quais uma camiseta azul com uma ilustração que representa uma colisão de partículas. Conhecer o CERN foi algo muito significativo para mim, já que na minha adolescência acompanhei com muito interesse a construção desse laboratório que tem trazido muito conhecimento na área de física de partículas. Lia tudo o que podia sobre isso na época.

[Continue lendo.]

segunda-feira, fevereiro 11, 2019

Livro do ano dos Desbravadores


O que pode acontecer quando um adolescente viaja com o pai até o arquipélago de Galápagos, conhece o “amor de sua vida”, faz amizade com um leão-marinho e visita lugares incríveis como a borda de um vulcão, uma ilha repleta de aves exóticas, uma caverna de lava solidificada e mergulha com tartarugas e tubarões? Escrito pelo jornalista Michelson Borges, o livro Expedição Galápagos traz uma história empolgante, com personagens interessantes, ambientada nas famosas ilhas Galápagos, no Equador. Em 2016, o autor visitou o arquipélago com um grupo de cientistas e pesquisadores e descreve essa experiência no livro que foi escolhido como leitura do ano para os juvenis e os desbravadores de todo o Brasil.

Saiba mais sobre o livro Expedição Galápagos assistindo ao vídeo abaixo.


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O megatubarão

É comum recebermos perguntas sobre animais extintos e, normalmente, após algum filme famoso, essas perguntas crescem exponencialmente. Assistimos ao filme Meg, traduzido em português como Megatubarão, lançado em 2018, e decidimos responder algumas perguntas de leitores e fazer algum comentário sob a ótica criacionista.

Na fossa mais profunda do Oceano Pacífico a tripulação de um submarino encontra problemas, fica presa, não podendo emergir após ser atacada por uma criatura "pré-histórica" que achavam estar extinta: um tubarão de mais de 20 metros de comprimento, o megalodonte. Uma camada térmica (sulfeto de hidrogênio) isolava esse animal "pré-histórico" do restante do oceano. Quando perfuram a camada de gás, descobrem um novo mundo submarino com criaturas de "milhões de anos".

O filme não chega a ser um clássico trash como o "Sharknado", ou os demais filmes clichês de animais aquáticos que devoram tudo o que veem pela frente. É bem produzido, com alguns efeitos especiais bem encaixados. Têm duas cenas bem icônicas que merecem ser destacadas. Numa das primeiras cenas, a filha da cientista Suyin fica cara a cara com o Megalodonte, um sorriso através do vidro que mostra o tamanho da mordida do megatubarão. Outra é o peixe "pré-histórico" passando por baixo dos banhistas que curtiam um dia de sol.




Mas vamos deixar a ficção de lado. O Calycolpus megalodon ou megalodonte (dente enorme) representa o maior peixe carnívoro que já viveu, segundo informações do Museu de História Natural de São Francisco, nos EUA. Podia pesar quatro toneladas e medir de 20 a 30 metros. As informações sobre seu tamanho são extraídas de comparações com tubarões vivos e a relação entre o tamanho do dente e o comprimento total do corpo. Vértebras fósseis indicam o crescimento. Um tubarão branco tem entre cinco e seis metros de comprimento, por exemplo.[1]




O filme retrata esses animais como abissais, que habitam regiões profundas do oceano. O ponto mais fundo do oceano de que se tem conhecimento fica a 11.034 metros abaixo da superfície. Nessa profundeza seria impossível para os tubarões se alimentarem, já que animais grandes, como focas e leões marinhos, habitam regiões mais superiores. Comparando com os tubarões atuais, conhecemos cerca de 375 espécies que raramente ultrapassam dois mil metros de profundidade. O tubarão-duende, que até vive em uma região mais profunda, tem um metabolismo bem mais lento que o dos tubarões predadores. Um tubarão de 20 metros não poderia conseguir alimento suficiente em grandes profundidades como retrata o filme. Os tubarões comem cerca de 2% do peso corporal todos os dias; o megaladonte precisaria de 80 kg de alimento diariamente para sobreviver, sendo que uma foca comum pesa cerca de 60 kg.

Uma pergunta comum que os leitores fazem é se o megalodonte foi extinto ou se ainda vive ocultamente nos oceanos. Pelo fato de grande parte dos oceanos ser inexplorada, algumas pessoas acreditam que muitas criaturas ainda não foram descobertas; alguns mantêm a teoria de que elas foram extintas somente dez mil anos atrás.

Particularmente, gostaria muito que pudéssemos encontrar esses tubarões gigantes vivos, mas vejo que essas “espécies novas” se resumem a animais menores, ou espécies microscópicas. Levo em consideração o registro fóssil que nos mostra o desaparecimento dessa espécie e outros fatores comuns como condições de habitat (cadeia alimentar), avistamentos, e outras pistas credíveis para essa indagação.

Segundo informações do Museu de História Natural de São Francisco, a redução das temperaturas oceânicas no Plioceno pode ser uma razão para a extinção do megalodonte; outra possibilidade para a extinção dele é que suas espécies favoritas de presas, como as baleias, começaram a migrar para águas mais frias, onde os gigantescos tubarões não poderiam viver. Sabemos que esses tubarões comiam baleias porque temos fósseis de vértebras de baleias com dentes do megalodonte cravados.

Vértebra de baleia com dente de megalodonte

Mas existem muitas especulações sobre o quanto conhecemos dos oceanos. Pela primeira vez na história foi feito um censo da vida marinha, resultado de dez anos de pesquisa e mais de 540 expedições realizadas por 2.700 pesquisadores. Nesse censo, 120 mil espécies de animais foram documentadas, sendo que cerca de seis mil são novas descobertas.

O projeto calculou que o número total de criaturas marinhas descobertas até agora é de cerca de 250 mil. Esse número é considerado baixo, pois muitos biólogos marinhos estimam que o número de criaturas não microbianas seja de mais de um milhão. Cerca de 1.650 espécies novas são descobertas a cada ano, principalmente invertebrados e crustáceos, mas também muitos peixes.

O caranguejo “Yeti” também foi uma das descobertas: um crustáceo encontrado no Oceano Pacífico, ao sul da Ilha de Páscoa. Outras espécies como Bathykorus bouilloni (Água Viva Darth Vader) foram catalogadas na pesquisa.

Caranguejo Yeti

Água viva Darth Vader

No criacionismo, defendemos que Deus criou as espécies originais (baramins) e após isso elas se diversificaram. Dois eventos teriam colaborado de forma especial para essa mudança. O primeiro foi o evento da queda do ser humano, em que o pecado entrou no mundo, fazendo com que muitas coisas perfeitas passassem a ter outra natureza. E o segundo evento foi o dilúvio bíblico, que alterou as configurações de nosso planeta impulsionando uma série de fatores e mudanças.

O megalodonte realmente existiu; estão gravadas no registro fóssil as impressões dele. Um animal que dominava os oceanos e que era um gigante colossal.

Alex Kretzschmar

Referências:
[1] Klimley, A. Peter e David G. Ainley 1996. Grandes Tubarões Brancos: A Biologia do Carcharodon carcharias. San Diego: Academic Press.
http://www.coml.org/ – Senso da pesquisa marinha
http://www.iobis.org/ – Banco de dados de animais marinhos

domingo, fevereiro 03, 2019

Sementes de algodão germinam na Lua

Sementes levadas para a Lua pela missão chinesa Chang'e-4 germinaram, diz a Administração Nacional do Espaço da China. É a primeira vez que qualquer matéria biológica cresce na Lua e está sendo vista como um passo significativo para a exploração espacial a longo prazo. O Chang'e 4 é a primeira missão a pousar e explorar o lado negro da Lua, de costas para a Terra. Ele pousou no dia 3 de janeiro, carregando instrumentos para analisar a geologia da região. As plantas foram cultivadas na Estação Espacial Internacional antes, mas nunca na Lua. A capacidade de cultivar plantas na Lua será parte integrante de missões espaciais a longo prazo, como uma viagem a Marte, que levaria cerca de dois anos e meio. Isso significaria que os astronautas poderiam coletar seus próprios alimentos no espaço, reduzindo a necessidade de voltar à Terra para reabastecer.

O experimento da minibiosfera lunar no módulo de aterrissagem Chang'e-4 foi projetado para testar a fotossíntese e a respiração - processos em organismos vivos que resultam na produção de energia. Todo o experimento está contido em uma lata de 18 cm de altura e 3 kg, projetada por 28 universidades chinesas.

Os organismos internos têm um suprimento de ar, água e nutrientes para ajudá-los a crescer. Mas um dos desafios, dizem os cientistas chineses, é manter a temperatura favorável para o crescimento quando as condições na Lua oscilam descontroladamente entre -173 ºC e 100 ºC ou mais.

Eles também têm que controlar a umidade e os nutrientes. Alguns levantaram a questão de saber se o experimento corre o risco de "contaminar" a Lua com material biológico, mas os cientistas geralmente acham que isso é de pouca preocupação. E vale a pena reiterar que já existem contêineres de lixo humano na Lua deixados para trás pelos astronautas da Apollo.

Mas qual a breve reflexão que essa notícia nos traz? É simples: vida inteligente arquiteta condições necessárias para se promover "vida" em outros ambientes. Foi assim que ocorreu na Terra. Houve projeto, desígnio e dessa forma as coisas aconteceram.

Alex Kretzschmar