quarta-feira, dezembro 31, 2014

Argumento criacionista na série “A Jornada da Vida”

O programa “Fantástico”, da rede Globo, levou ao ar nas últimas semanas uma série intitulada “A Jornada da Vida” (confira). Foi um show de imagens bonitas mescladas com argumentos evolucionistas – pra variar – forçados. No entanto, o último episódio da série levou ao ar, de mão beijada, um clássico argumento criacionista/diluvianista. Leia aqui parte da matéria e depois o meu comentário, logo abaixo:

“Crescer muito. Viver milhares de anos. Morrer e renascer, um clone de si mesmo. A longevidade das árvores que enganam a morte e brincam com o tempo, para não interromper a jornada da vida. Na Serra Nevada, na Califórnia, costa oeste dos Estados Unidos, uma cordilheira se estende por 640 quilômetros. Nas montanhas alcançadas pela umidade do Oceano Pacífico, vivem as gigantes. Os maiores indivíduos do planeta. As sequoias. Sobre uma base de mais de 30 metros de circunferência, a sequoia adulta mira o sol e chega a 85 metros de altura. Se botássemos a árvore no meio do campo do Maracanã, ela ocuparia mais da metade do círculo central e subiria 50 metros para fora do estádio. A sequoia pode crescer sem pressa. Todos os seres vivos, todas as espécies de animais ou plantas, tem um ciclo de vida. As árvores também. Algumas vivem poucos anos, mas as sequoias podem chegar a 3,5 mil anos.

“Gigante e milenar, a espécie parece indestrutível. [...] Matt Fagan é biólogo do parque, especialista em sequoias. Ele diz que o segredo da longevidade é a casca. ‘Em algumas dessas árvores têm casca com 60, 90 centímetros’, conta.

“Uma das sequoias encontrada na Serra Nevada é o maior indivíduo vivo conhecido no planeta. Tem até nome: general Sherman. Ela não é a mais alta, é a que tem o maior volume: 1,5 mil metros cúbicos, é o que carregam 20 caminhões baú. A general Sherman passou dos 2,5 mil anos, e continua crescendo. [...] É difícil entender como a árvore para em pé. Ela tem um sistema bem complexo de raízes, mas elas são bem rasas. As raízes penetram só três metros no chão. Poucos seres na face da Terra são tão impressionantes. Mas cruzando a Serra Nevada, do outro lado, há árvores muito mais velhas.

“Três mil metros de altitude. Ar rarefeito e seco. A equipe do Fantástico caminhou seis quilômetros por trilhas entre as árvores que aprenderam a dominar o tempo: pinheiros longevos. Uma concentração de anciãs. O lugar é chamado de bosque das árvores ancestrais, e não é à toa que ele tem esse nome. Muitas das árvores no local já passaram dos 4 mil anos, algumas estão com quase 5 mil anos. Já estavam no local há muitos séculos, quando os egípcios começaram a construir as pirâmides. São as árvores mais velhas do planeta. [...]

“Nas montanhas de Utah, a 2,5 mil metros de altitude que está o maior e mais pesado ser vivo de toda a terra. Na verdade, são todas as árvores. É uma colônia de clones de uma espécie chamada de álamo tremulante. Todas as árvores têm exatamente o mesmo código genético e são ligadas pela mesma raiz. Não é um indivíduo. Mas é um único organismo. O nome, álamo tremulante, é por causa da maneira como as folhas balançam ao vento. São 47 mil árvores sobre o terreno de rochas vulcânicas. 

“E ainda maior é o que está embaixo da terra. Um sistema massivo de raízes é a alma da colônia. Se a seca ou fogo destruírem as árvores, a raiz faz brotar de novo. Ela também funciona como uma central de água e nutrientes, distribuindo de forma igual para todos os clones, mesmo que alguns estejam sobre solo mais seco e pobre. Mas as árvores, apesar de clones, que têm exatamente o mesmo código genético, não são bem iguaizinhas. É que algumas são mais jovens do que os outras. E a oferta de sol também influencia. E mesmo que um clone, ou uma árvore dure só 200 anos, a colônia chamada de Pando, está viva há 80 mil anos.

“‘É muito difícil fazer esse cálculo, porque não é a idade de um indivíduo, mas da colônia toda, que se renova constantemente. Não é como a sequoia ou o pinheiro longevo, que ainda tem o tronco original’, comenta uma pesquisadora. A idade foi estimada então calculando o tempo que a colônia levou para chegar ao tamanho atual. Nada menos que 450 mil metros quadrados. Tudo junto, raízes e clones, pesa mais do que 800 elefantes. Nos últimos anos, a colônia começou a encolher. As mesmas características que a tornaram tão resistente, são também sua fragilidade. [...]”


Nota: Árvores como as sequoias (confira aqui e aqui) são virtualmente imortais. A menos que sejam atingidas por alguma praga, queimadas por raios ou cortadas por madeireiros, elas praticamente vivem para sempre. No entanto, nenhuma árvore gigante e longeva no mundo excede a idade de alguns milhares de anos. Poderiam ter dezenas de milhares de anos, mas não têm. Para o criacionista, isso sugere que todas as árvores foram desarraigadas por ocasião do dilúvio, e suas sementes (que podem ficar preservadas por vários meses na água ou nas fezes de animais) seriam a explicação para esse reflorestamento feito há quatro ou cinco mil anos, no máximo, o que coincide com a época estimada para a grande catástrofe. Quanto aos clones de Utah, adotar a taxa de crescimento atual para estimar a idade da colônia é ignorar o fato de que essa taxa pode ter sido bem diferente no passado, levando em conta diferenças climáticas e outras. [MB]

Isaac & Charles: caminhões pipa cometários

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2015: papa intensificará ações contra aquecimento global

Liderando o mundo
No final de 2015, as nações do mundo vão se reunir em Paris e tentar chegar a um acordo global para reduzir as emissões de gases de efeito estufa. E o papa Francisco espera que os católicos do mundo, assim como outras grandes religiões, tenham uma grande parte a desempenhar na ação séria em relação ao clima. Isso inclui uma série de passos no próximo ano. Espera-se que Francisco diga a 1,2 bilhão de católicos do planeta por que agir sobre a mudança climática é essencial para a fé, e ele usará para isso um influente documento da Igreja chamado Encíclica. Isso tem sido muito comentado, mas o documento será liberado para 5.000 bispos e 400 mil sacerdotes depois de uma visita papal à cidade danificada pelo furacão de Tacloban, nas Filipinas. Em setembro, o papa vai levar sua mensagem para a Assembleia Geral da ONU, em Nova York, de acordo com John Vidal, do Guardian, que citou fontes do Vaticano. Ele irá pessoalmente pressionar os líderes políticos e religiosos com o objetivo de levá-los à ação real antes das reuniões de Paris, em dezembro do próximo ano.

Enquanto não se tem certeza do que exatamente ele vai dizer a esses líderes, provavelmente será semelhante ao que vem dizendo a católicos em todos os lugares, desde o início de seu pontificado. No início deste ano, Francisco disse a uma multidão enorme, em Roma: “Se destruirmos a criação, a criação vai nos destruir!” Ele chamou de “pecado” a destruição das florestas, e sob sua liderança a Igreja realizou uma reunião de cúpula de cinco dias com cientistas, economistas, filósofos, astrônomos e outros especialistas, para explorar formas de a Igreja Católica abordar os temas do clima e da sustentabilidade.

No início deste mês, durante as negociações sobre o clima em Lima, os bispos católicos de todos os continentes pediram “o fim da era do combustível fóssil”. Isso segue, segundo eles, a necessidade de priorizar “as necessidades imediatas das comunidades mais vulneráveis”. [...]

Amigo próximo de Francisco, o bispo argentino Marcelo Sánchez Sorondo é o chanceler da Pontifícia Academia de Ciências e Ciências Sociais. Ele disse em uma conferência anual para o grupo britânico Católica Cafod, no mês passado: “Hoje há evidência científica sólida de que o clima global está mudando e que a atividade humana com base na utilização de materiais fósseis contribui de forma decisiva para essa tendência.”

Soronado citou Francisco, que tem um “papel único como líder religioso”, e a necessidade de orientação moral para garantir que o mundo se desenvolva de forma sustentável e socialmente inclusiva. “O problema da mudança climática se tornou um grande problema social e moral, e as mentalidades só podem ser alteradas por razões morais e religiosas”, disse ele.

Portanto, os acadêmicos apoiam a iniciativa do papa de publicar uma Encíclica ou outro documento importante sobre o clima e a inclusão social, a fim de influenciar decisões cruciais no próximo ano. Na verdade, a ideia é convocar uma reunião com os líderes religiosos das principais religiões para tornar todas as pessoas cientes do estado do nosso clima e da tragédia da exclusão social, a partir da mensagem bíblica de que o homem é o mordomo da natureza, e o desenvolvimento humano de acordo com o seu potencial não é contra ela, como Paulo IV havia dito.

Os detalhes que cercam essa reunião do clima com os líderes religiosos do mundo são ainda pouco claros, mas Francisco provavelmente vai encontrar algumas partes de seu público dispostas e propícias a uma forte ação climática. No início deste ano, um grupo de cristãos evangélicos pediu ao presidente Obama para discutir as mudanças climáticas com o papa no Vaticano, enquanto o governador da Flórida, Rick Scott, disse que a mudança climática era uma questão “pró-vida”. Líderes de várias religiões diferentes, em audiências públicas da agência em julho, incentivaram a EPA a regular o dióxido de carbono das usinas dizendo que a poluição pelo carbono é “uma afronta a Deus”.

Por outro lado, a grande maioria dos evangélicos brancos nos EUA acredita que o agravamento das catástrofes naturais é um sinal do Apocalipse, e outras seitas evangélicas conservadoras provavelmente vão se opor aos esforços de Francisco. [...]


Nota: Se ainda havia quem duvidasse do grande poder de coalizão ecumênica que a bandeira ecológica representa, talvez 2015 ajude a mudar essa ideia. O ECOmenismo avança a passos largos. Religião e política se misturam cada vez mais nesse cenário catastrófico, e Francisco desponta como líder capaz de encabeçar essa coalizão para “salvar a Terra” – a ponto de ser sugerido até que o próprio presidente dos EUA vá ao Vaticano conversar com o papa. Lembre-se de que uma das propostas do Vaticano para reduzir as emissões de dióxido de carbono é a cessação do trabalho e do consumismo aos domingos, no que recebe já o apoio do Parlamento Europeu e de significativa parcela da população em geral. Quem vai se opor a uma proposta tão simpática e aparentemente tão necessária? Bem, conforme o próprio texto acima antevê, algumas “seitas evangélicas conservadoras” (os “fundamentalistas”?) irão se opor, não porque não queiram lutar pelo bem de todos e do meio ambiente, mas porque (pelo menos no caso de um desses grupos injustamente chamado “seita”) não poderão aceitar que o domingo e não o sábado seja considerado dia sagrado, em oposição ao que ensina a Bíblia Sagrada. Pelo visto, o ano que vem nos reserva eventos interessantes... [MB]


terça-feira, dezembro 30, 2014

O relativismo pós-moderno é antibíblico?

Contradição?
“A pós-modernidade provocou a maior mudança de paradigma nos estudos filosóficos desde que Sócrates, Platão e Aristóteles definiram a estrutura básica e o rumo da filosofia e da ciência ocidentais. Em tempos pós-modernos, o conhecimento e a verdade se tornaram relativos às condições históricas e culturais do sujeito cognoscente [isto é, aquele que conhece]. A ‘razão hermenêutica’ pós-moderna [ou seja, ‘conhecer é interpretar’] substitui o ‘fundacionalismo epistemológico’ dos tempos clássicos e modernos. A mudança epistemológica [isto é, na compreensão sobre o conhecimento] implica em que a verdade muda com o tempo. Não podemos mais falar em verdade ‘absoluta’ e ‘eterna’. A verdade é relativa às nossas vidas histórica e culturalmente condicionadas. [...]

“Nestes tempos pós-modernos, podemos falar numa verdade teológica imutável e absoluta? [...] Neste artigo, apresento um caminho alternativo para defender tanto a mudança paradigmática da epistemologia pós-moderna quanto a verdade absoluta da teologia cristã. [...] Argumento que a teologia evangélica deve abandonar os fundacionalismos clássico e moderno e substitui-los pela compreensão pós-moderna da razão hermenêutica. [...] No entanto, proponho também que adotar a razão hermenêutica pós-moderna não contradiz a natureza absoluta da verdade do conhecimento teológico cristão, mas aprimora nossa capacidade de compreendê-lo e defendê-lo.”

Fernando Canale, Ph.D., professor emérito de Teologia e Filosofia na Universidade Andrews (EUA). Retirado de “Absolute Theological Truth in Postmodern Times”, Andrews University Seminary Studies, v. 45, n 1 (2007), p. 87, 88. Leia o artigo completo aqui. Para estudo adicional do tema, veja Fernando Canale, O princípio cognitivo da teologia cristã: um estudo hermenêutico sobre revelação e inspiração (Engenheiro Coelho, SP: Unaspress, 2011), p. 71-84, 203-243; idem, Criação, evolução e teologia: uma introdução aos métodos científico e teológico (Engenheiro Coelho, SP: Unaspress, 2014), p. 11-14, 37-45.

Livro Por Que Creio: um bom primeiro passo

O livro Por Que Creio, do principal defensor do criacionismo no Brasil da atualidade, Michelson Borges (dono do blog www.criacionismo.com.br, do qual sou leitor assíduo), foi o primeiro grande passo que dei no estudo da apologética (o que ocorreu por volta de 2009, 2010), sobretudo no que tange ao debate científico puro, nos diversos campos do conhecimento. A obra apresenta doze entrevistas com pesquisadores de áreas diversas, os quais expõem seus argumentos acerca do debate fé x ciência (que num primeiro momento podem parecer antagônicas, mas não são) e criacionismo x evolucionismo, numa análise crítica respeitosa (apesar de quase todos os entrevistados professarem a fé cristã), que permite ao leitor observar e avaliar as insuficiências e evidências de cada teoria apresentada. Obviamente, é evidente que a filosofia criacionista, e por consequência a cristã, é aquela por fim defendida no livro. Entretanto, é importante destacar a seriedade e o comprometimento dos entrevistados com o método científico evidencialista, base para formação/formatação de suas (e nossas) filosofias de vida. Tal fato pode ser visto pela declaração da microbiologista Dra. Marcia Oliveira de Paula (UFMG, USP), na página 45:

“Temos muitas evidências do planejamento do Universo e da vida. Mas isso não prova a existência de Deus. Até que ponto se pode provar que Deus existe? Eu acredito que Deus não quer ser provado. As pessoas devem acreditar nEle pela fé. Os evolucionistas têm evidências que apoiam sua teoria, mas nós também temos evidências que apoiam o criacionismo.”

Além da biologia, são entrevistados profissionais da física, arqueologia, geologia e outras áreas. Em especial, destaque para a participação do bioquímico renomado internacionalmente Michael Behe, autor de Darwin’s Black Box: The Biochemical Challenge to Evolution (A Caixa Preta de Darwin: O Desafio da Bioquímica à Teoria da Evolução), em uma entrevista sobre os sistemas de complexidade irredutível.

Um livro que apresenta uma visão geral e argumentos inteligentes sobre o debate científico das origens, Por Que Creio é obrigatório em qualquer biblioteca, servindo de um ótimo start para o iniciante e/ou como fonte de conhecimento e dados das diversas áreas em debate.

(Jônatas Duarte Lima, Engenharia Filosófica)

Ficha Técnica:
Por Que Creio
Autor: Michelson Borges
Editora: Casa Publicadora Brasileira
Páginas: 224

terça-feira, dezembro 23, 2014

O maior de todos os presentes


O verdadeiro sentido do Natal

“‘Aproxima-se o Natal’, é a frase que soa através do mundo, de Norte a Sul, de Leste a Oeste. Para os jovens, para as crianças, e mesmo para os de mais idade, esse é um período de alegria geral, de grande contentamento. Mas o que é o Natal, que assim exige tão grande atenção? [...] O dia 25 de dezembro é supostamente o dia do nascimento de Jesus Cristo, e sua comemoração tem se tornado costumeira e popular. Porém, não há certeza de que se esteja celebrando o verdadeiro dia do nascimento de nosso Salvador. A história não nos dá certeza absoluta disso. A Bíblia não nos informa a data precisa. Se o Senhor tivesse considerado esse conhecimento essencial para nossa salvação, teria Se pronunciado através de Seus profetas e apóstolos, para que pudéssemos saber tudo a respeito do assunto. Mas o silêncio da Bíblia sobre esse ponto nos mostra que ele nos foi ocultado por razões sábias.

“Em Sua sabedoria, o Senhor ocultou o lugar onde sepultou Moisés. Deus o sepultou, o ressuscitou e o levou para o Céu. Esse procedimento tinha o objetivo de prevenir a idolatria. Aquele contra quem os israelitas haviam se rebelado quando estava ativo, que haviam provocado quase além dos limites da resistência humana, era quase adorado como Deus depois de separado deles pela morte. [Continue lendo.]

segunda-feira, dezembro 22, 2014

Deus e a história de dois soldados

Com o casal Jorge e Ide Malty
Na última sexta-feira, tive o privilégio de conhecer o pracinha (ex-combatente brasileiro na Segunda Guerra Mundial) Jorge Levy Malty, um simpático senhor de 92 anos, perfeitamente lúcido e bem saudável. Fui até a casa dele, em Gaspar (perto de Blumenau, SC), e passei quase duas horas ouvindo as histórias dele. Malty nasceu em 1923, no município de São José, SC. Passou a infância no bairro Estreito e, como o pai (um dos fundadores da Igreja Adventista Central de Florianópolis), trabalhou nos Correios. Com 18 anos, ele decidiu participar de um concurso para um cargo melhor na empresa, mas precisava da carteira de reservista. Foi até o batalhão, alistou-se e não voltou mais para casa. Era o ano de 1942 e o Brasil havia declarado guerra contra a Alemanha, devido aos ataques injustificados de submarinos alemães contra barcos comerciais brasileiros. Malty ficou um ano e quatro meses na Itália, e participou de muitas batalhas, inclusive da famosa batalha de Monte Castelo. Praticamente perdeu a fé que havia tido na infância e na juventude. “A guerra embrutece”, disse-me ele. A única lembrança da experiência com Deus que ele havia tido se resumia a uma Bíblia que a mãe havia colocado entre seus pertences e às poucas orações que ele fazia pedindo para não morrer.

Quando voltou da guerra, Malty começou outra batalha, dessa vez contra os vícios do álcool e do cigarro, e contra os pesadelos e os muitos traumas que passou a carregar e que o atormentaram por vários anos. Longe de Deus, a vida começou a mudar mesmo com o nascimento do filho Jorge Malty Júnior. Maltynho não tinha um rim e sofreu com insuficiência renal por muito tempo. Foi ele que começou a levar a família de volta para Deus e para a religião dos avós. Com 16 anos, Maltynho faleceu com a certeza de que iria se encontrar com seu Salvador. E sua vida tocou a do pai. Malty, o soldado cansado, entendeu que somente em Deus encontraria paz. E na década de 1980, pediu para ser batizado. Os pesadelos nunca mais o atormentaram e ele sentiu o poder curador do perdão de Deus. De lá para cá, leu a Bíblia mais de 40 vezes, e seu maior sonho é poder um dia colocar aos pés de Jesus todas as medalhas que ganhou como soldado na Segunda Guerra Mundial.

A história de Jorge Levy Malty (que é irmão do criador da revista Nosso Amiguinho) tem muitos outros detalhes interessantes. É uma verdadeira inspiração e rende, sem dúvida, um bom livro. Dei-me conta de que havia arranjado mais trabalho para as férias (rsrs).

Ontem, meu sogro me convidou para visitar um policial militar aposentado que mora no mesmo bairro dele, a Barra do Aririú, em Palhoça. Fomos até a casa do senhor João e pude ouvir parte da história dele. Depois de viver distante de qualquer religião, ele começou uma busca pelo caminho de Deus. Visitou algumas igrejas. Leu alguma coisa. Mas ficou feliz mesmo foi de ouvir os sermões do Pr. Luís Gonçalves e outros pregadores adventistas, na rádio Novo Tempo. Identificou-se com a mensagem adventista e nos disse que “essa igreja ensina o que está na Bíblia”, o que, para ele, é o mais importante. Foi então que decidiu pedir uma visita ao meu sogro. Na casa dele, oramos pela família e o convidei para ir à igreja adventista do bairro, no culto daquela noite. Ele aceitou de pronto. Às 20h, ele estava lá, sentado com a esposa e a filhinha. No início do sermão, contei rapidamente a história do Sr. Malty, sabendo que João se identificaria com o soldado de Gaspar, pois também está em busca de paz. No fim do culto, fiz um apelo e João foi à frente, com a família. Ele vai começar um estudo bíblico com meu sogro.

A história do Sr. Malty e do Sr. João, ambos militares aposentados que carregam cicatrizes das batalhas que enfrentaram, me mostra que nunca é tarde para alguém entregar a vida a Deus, Aquele que é capaz de curar as feridas da vida e trazer a verdadeira paz.

Você já conhece esse Deus?

Michelson Borges

domingo, dezembro 21, 2014

Isaac & Charles: casal no espaço

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Robô da Nasa identifica “arrotos” de metano em Marte

Muito barulho e pouca evidência
[Os comentários entre colchetes são do estudante de química Hilton Bastos.] O robô Curiosity – criado pela Nasa para explorar a superfície de Marte – identificou metano [o gás metano - CH4 - é o hidrocarboneto mais simples; um átomo de carbono e quatro de hidrogênio] no planeta “vizinho” à Terra, o que poderia ser um sinal de vida  por lá no passado ou mesmo no presente. [Puxa, legal! Uma molécula de um gás que pode vir de fontes não biológicas e já existe vida em Marte!] O robô detectou a presença constante de níveis bastante baixos do gás, mas também registrou “picos” de concentração bem mais elevada. O fato de existir metano em Marte é intrigante porque, na Terra, 95% desse gás vem de organismos microbiais, como bactérias. Pesquisadores também levantaram a hipótese de que a presença dessas moléculas em Marte possa ser um sinal de existência de vida no planeta. [Basta um pouco de metano, que fontes não biológicas também produzem, para despertar hipóteses de vida em outro planeta. Animação mais que justificada! rs]

A equipe do Curiosity não conseguiu identificar de onde vinha exatamente o metano encontrado, mas a maior probabilidade é de que tenha vindo dos estoques subterrâneos que são periodicamente vasculhados pelo robô. O cientista do projeto Sushil Atreya disse que era possível que os chamados hidratos de metano estivessem envolvidos.

“Essas coisas são como gaiolas moleculares de água-gelo, onde o gás metano está aprisionado. De vez em quando, essas moléculas poderiam ser desestabilizadas, talvez por alguma tensão mecânica ou térmica, e o gás metano seria liberado para encontrar o seu caminho através de fendas ou fissuras na rocha para entrar na atmosfera”, explicou o professor da Universidade de Michigan à BBC News.

A questão que ainda permanece no ar é como o metano teria chegado às reservas de hidrato. Pode ter vindo de micro-organismos; pode também ter vindo de um processo natural, como reações químicas decorrentes da interação de água com alguns tipos de formações rochosas [como disse, o metano é uma substância formada por moléculas simples; basta água interagir com uma rocha que contém olivina, 
um mineral presente no planeta vermelho em quantidade significativa, e pronto, metano será formado por meio de reações químicas que envolvem dióxido de carbono e hidrogênio, também presentes em Marte. Quanto à água, acredita-se que o nosso vizinho possua água subterrânea]. Até o momento, tudo é especulação. Mas pelo menos o Curiosity já identificou o gás. [Ah! Que alívio! O dinheiro não foi jogado fora.]

O fato de o robô ter demorado para detectar o gás - que já vinha sendo observado por satélites em órbita em Marte e por telescópios na Terra - causou um certo estranhamento. O Curiosity se encontra em uma cratera na superfície de Marte chamada Cratera Gale. Ele tem sugado o ar de Marte para investigar seus componentes desde que aterrissou no planeta, em agosto de 2012. Para gases que têm concentrações muito baixas na atmosfera, o robô utiliza uma técnica especial que expele a molécula mais abundante – dióxido de carbono – antes de analisar a amostra. Isso tem o efeito de enriquecer e ampliar qualquer resíduo químico.

E ao fazer isso com o metano, o Curiosity descobriu que há uma presença constante de algo perto de 0,7 parte de bilhão por volume (ppbv). [Isso significa que o volume é muito pouco, comparado com o da Terra.] “O pano de fundo sugere que há cerca de 5.000 toneladas de metano na atmosfera”, disse o Dr. Chris Webster, do Jet Propulsion Laboratory da Nasa, que liderou a investigação. “Você pode comparar isso com a Terra, onde há cerca de 500 milhões de toneladas. A concentração aqui na Terra é de cerca de 1.800 ppbv.”

Os picos de metano detectados pelo Curiosity ocorreram em quatro ocasiões durante no curso de um período de dois meses. Eles variaram entre cerca de 7 e 9 partes de bilhão por volume. É provável, segundo a equipe, que o gás esteja sendo liberado em um lugar relativamente perto do robô, seja no interior da cratera [eis um local por onde o gás pode estar escapando do subterrâneo] ou do lado de fora. A estação climática do Curiosity sugere que o gás está vindo do norte, na direção da borda da cratera.

Uma forma de investigar se o metano de Marte tem origem biológica ou geológica seria estudar os tipos, ou isótopos, de átomos de carbono no gás. [Nada confirmado, só especulado, e as fontes geológicas podem produzir metano, como já vimos.] Na Terra, a vida favorece uma versão mais leve do elemento (carbono-12) sobre uma mais pesada (carbono-13). Uma proporção alta de C-12 em relação a C-13 em rochas antigas da Terra foi interpretada como prova de que existia atividade biológica no nosso mundo quatro bilhões de anos atrás. [Segundo a cronologia evolucionista.]

Se os cientistas descobrirem provas similares em Marte, seria surpreendente. Mas, infelizmente, os volumes de metano detectados pelo Curiosity são simplesmente pequenos demais para fazer esse tipo de experimento. “Se tivéssemos enriquecido nossa amostra durante um dos picos, poderíamos ter tido uma chance de examinar esses isótopos”, explicou o Dr. Paul Mahaffy, investigador-chefe de Análise de Superfície do Curiosity em Marte (SAM). “Eu acho que ainda há alguma esperança. Se o metano voltar, e pudermos enriquecê-lo, vamos certamente estar tentando.” [Você não acha que tem coisa melhor para fazer do que apostar em uma hipótese que parece furada?]

Outra grande descoberta do Curiosity é que o robô também confirmou a existência de compostos orgânicos (ricos em carbono) em amostras de rochas. [Compostos orgânicos são formados por carbono. Estranho seria se compostos formados por carbono só existissem na Terra.] É a primeira vez que são identificados elementos orgânicos em materiais da superfície do Planeta Vermelho. O robô encontrou evidências de clorobenzeno em um pedaço de rocha pulverizada extraído de um lamito (tipo de rocha sedimentar) apelidado de Cumberland.

Clorobenzeno é um anel de carbono com cinco átomos de hidrogênio e um átomo de cloro ligados. A equipe não consegue ter certeza se o elemento químico estava especificamente presente no Cumberland ou se foi produzido durante o aquecimento na análise. Mas mesmo que seja o último caso, os cientistas parecem confiantes de que a molécula seria, no mínimo, derivada de estruturas de carbono maiores que as que estavam no local. [Quanta especulação!]

Mais uma vez, os cientistas estão interessados em confirmar a existência de tais produtos orgânicos porque a vida como a conhecemos só pode existir onde há capacidade de troca de moléculas de carbono. [Sim, é verdade. No entanto, não é tão simples (carbono e pronto, a vida surgiu), pelo contrário, a vida é tão complexa que até hoje ninguém sabe como ela “surgiu”. O que existe por aí são só teorias, e só. Nada confirmado.]

Se elas não estão presentes, então não poderá haver biologia. No entanto, assim como com a identificação do metano, isso por si só não é um indício automático de vida em Marte, agora ou no passado, porque há uma abundância de processos abióticos [quer dizer, sem vida] que irá produzir estruturas de carbono complexas também. [Então, por que tanta animação e tanta divulgação? Só para causar alvoroço nas pessoas de que há vida extraterrestre?]

“É um grande dia para nós - é uma espécie de coroamento de 10 anos de trabalho duro -, em que relatamos que há metano na atmosfera e também existem moléculas orgânicas em abundância sob a subsuperfície”, comentou o cientista do projeto Curiosity John Grotzinger. [Realmente, estou muito animado, existe metano em Marte!]


Note: Conforme destacou o amigo Hilton, tudo nessa pesquisa e nesse texto é muito especulativo e baseado em evidências mínimas, no entanto, para justificar uma década de (muito) investimento, os pesquisadores, apoiados pela mídia sensacionalista, sempre procuram sugerir que existem prováveis evidências de vida em Marte. Mas até agora nada de vida lá. Note o sensacionalismo já no título dessa matéria da BBC, que preservei na postagem: "Robô da Nasa identifica 'arrotos' de metano em Marte". Seres vivos é que arrotam. E na cabeça no povo fica a ideia de que já encontraram sinais inequívocos de vida no planeta vermelho. Quanta irresponsabilidade! [MB]

sexta-feira, dezembro 19, 2014

Num berço de palha, dormia...

"Ele" ainda nasce assim
Nesta época do ano, as pessoas gostam de recontar a história do casal pobre que buscou um lugarzinho para dormir em Belém, na Judeia, mas só encontrou portas fechadas e estalagens lotadas. A esposa do carpinteiro estava prestes a dar à luz um menino, mas nem isso pareceu sensibilizar os moradores daquela cidadezinha agitada pelo recenseamento romano. Até que foi cedida a José e Maria uma estalagem para que pudessem passar a noite com um mínimo de conforto, pelo menos abrigados do relento e do frio. E foi lá, na companhia de animais, que nasceu o Salvador do mundo, o Rei do Universo em forma humana. Pouca gente sabia do milagre tremendo que estava acontecendo naquela noite especial. A maioria dos moradores da cidade dormia indiferente aos eventos grandiosos previstos nas profecias, séculos antes. E o Criador do Universo foi colocado numa manjedoura. Aquele que Se assentava num trono de ouro foi envolto em panos e colocado em um “berço” improvisado, uma manjedoura forrada com palha. Em cada Natal, em milhões de lares, essa história é relembrada com festa, muita comida, troca de presentes e estatuazinhas em presépios. Mas, de certa forma, essa história continua se repetindo bem debaixo do nosso nariz. Veja só o que escreveu minha sobrinha [Ester Borges Nunes], no Facebook:

“Nos últimos meses, chegaram em massa haitianos e africanos em Criciúma, SC, em busca de emprego [só para lembrar, o Haiti é aquele país que foi devastado por um terremoto em 2010]. Alguns concordam com a permanência deles aqui, outros não. Concordando ou não, cabe a nós, criciumenses, acolhê-los da melhor forma possível na nossa cidade, assim como acolheríamos qualquer pessoa que aqui chegasse, em minha opinião. Essas pessoas no geral estão de peito aberto e felizes pelas oportunidades de emprego que estão encontrando por aqui. Minha mãe conhece um casal de haitianos que vai ter um bebê na próxima semana (ele está trabalhando na pintura do Hospital São José e ela vai procurar emprego após ganhar o bebê) e que, mesmo tendo muito pouco, agradece a todos pelo pouco que tem recebido de doações. Hoje mesmo minha mãe foi à casa deles e viu a situação extrema do berço de vime e do carrinho de bebê que eles receberam de doação, praticamente inutilizáveis, e decidiu comprar esses dois itens para dar para o casal. Ela está aceitando doações para fazer uma ‘vaquinha’ e comprar esses itens. Deixo aqui o apelo para que, quem puder ajudar, com o mínimo que for, seja com dinheiro (posso passar a conta da minha mãe), ou com algum item que tenha, que ajude. Quem puder me chame inbox ou mesmo deixe um comentário aqui. Acho que é uma ótima maneira de terminar o ano!”

E minha irmã, Michela Borges Nunes, escreveu:

“Amigos do Face, conheço um casal [adventista] do Haiti que ganhará um bebê agora próximo do Natal. Eles não têm berço ainda e ganharam um carrinho de bebê enferrujado e rasgado. Estou pensando em comprar os dois itens no bom negócio e mais um colchãozinho, e peço ajuda através de uma ‘vaquinha’ para que possamos ajudar esse casal necessitado. Posso passar minha conta por inbox e mantenho todos informados. Abraços!”

Aí está uma ótima oportunidade (entre tantas) de manifestar o verdadeiro “espírito do Natal”.

Se você tem Facebook, é só clicar aqui. Se não, envie-me um e-mail através do “Contato”, aí no menu do blog, que eu encaminho para minha irmã. Muito obrigado!

Michelson Borges

Espiritualidade ateísta: a nova moda

Grande esforço para negar o óbvio
[A propósito da entrevista com o ateu militante Sam Harris, publicada no site da revista Veja, o amigo Frank Mangabeira escreveu o texto as seguir para este blog.] Se um ateu, um agnóstico ou qualquer pessoa indiferente a assuntos religiosos pudesse fazer uma oração, talvez seria esta: “Deus, que Tu existas!” É a impressão que me vem à mente neste clima de “morte de Deus”, tão hegemônico na academia e nos círculos intelectuais ateus. Foi também a sensação que tive ao ler O Espírito do Ateísmo, do filósofo André Comte-Sponville – pequena obra em que o conhecido autor discorre acerca de uma espiritualidade não religiosa, uma “mística ateia”. Essa é a nova proposta de “transcendência” que surge como um tipo de consolação amenizadora da cinzenta e fria visão de mundo propugnada pelo “espírito do ateísmo”. Satisfaz? É a pergunta. Acho meio difícil. Que os ateus (como o radical Sam Harris e cia, ou os mais “espiritualizados” e tolerantes, à maneira de Sponville e Alain de Botton) o digam. A prova da experiência terá a palavra final.

Conforme o conceito de Rahner, “em cada ser humano existe uma carência pelo existencial sobrenatural e esse é o princípio fenomenológico da fé. Nessa concepção, há um vazio com a forma de Deus no coração dos seres humanos. Quando esse vazio não é preenchido por Ele, a tendência é preenchê-lo com elementos alternativos que não satisfazem cabalmente a necessidade humana”. Ou na expressão do escritor russo Dostoievski: “O homem não pode viver sem se ajoelhar. Não o poderia suportar. Ninguém seria capaz disso. Se rejeita Deus, ajoelhar-se-á diante de um ídolo de lenho ou de ouro, ou um ídolo imaginário.”

O Homo sapiens, essencialmente Homo religiosus, parece sentir “saudades” do Ser, ao mesmo tempo em que foge dEle. Como diria uma amiga filósofa: “Eu acho graça dos ateus que buscam sentido para suas reflexões na repetição deste mantra: ‘Deus não existe.’ Eles são semelhantes à criança que, no final do passeio no parque, no meio da multidão, larga a mão do pai; e ao ser questionada por outro adulto: ‘Cadê seu pai?’, ela mente dizendo: ‘Estou só.’ No entanto, não consegue se entregar às brincadeiras, pois perde tempo se esgueirando para não se encontrar com o pai, ao mesmo tempo em que tem medo de perdê-lo de vista para não ficar realmente só.”

A meu ver, ateísmo nada mais é do que uma fuga do Absoluto sobrenatural, mas, ao mesmo tempo, uma forma estranha de não se fugir dele. As afirmações enfáticas sobre a inexistência de Deus não são mais do que sintomas dessa maneira paradoxal de buscá-Lo, negando-O. Os ateus, por meio da transcendência da consciência, deveriam reconhecer nessa “voz” a presença ignorada de Deus. Alguns já reconheceram; outros continuam lutando contra, largando a mão do Pai.

“DEle fugi, noites e dias adentro;
 DEle fugi, pelos arcos dos anos;
 DEle fugi, pelos caminhos dos labirintos
 De minha própria mente; e no meio de lágrimas
 DEle me ocultei, e sob riso incessante.
 Por sobre esperanças panorâmicas corri;
 E lancei-me, precipitado,
 Para baixo de titânicas trevas de temores abissais,
 Para longe daqueles fortes Pés que seguiam, seguiam após mim.
 Mas com desapressada perseguição,
 E com inabalável ritmo,
 Deliberada velocidade, majestosa urgência,
 Eles marcavam os passos – e uma Voz insistia
 Mais urgente que os Pés –
 ‘Todas as coisas traem a ti, que traíste a Mim.’
[...]
Meu Deus, Tu não sabes
O quão pouco digno de qualquer amor Tu és!
A quem encontrarás que Te ame, ignóbil,
Salva-me, salva só a mim?
[...]
Tudo o que tirei de ti, obstante tirei,
Não por tuas injúrias,
Mas para que tão somente pudesses buscá-lo em Meus
braços...
Levanta-te, segura a Minha mão, e vem!

(Francis Thompson)

quarta-feira, dezembro 17, 2014

Papa intermedeia acordo histórico EUA-Cuba

Papel importante do Vaticano
Os presidentes Barack Obama e Raúl Castro anunciaram nesta quarta-feira (17) o restabelecimento das relações dos Estados Unidos com Cuba. Obama confirmou que Cuba libertou nesta quarta o prisioneiro americano Alan Gross e, em troca, três agentes de inteligência cubanos que estavam presos nos Estados Unidos voltaram à ilha. O presidente norte-americano anunciou algumas medidas que deverão restabelecer a relação entre os EUA e a ilha. Ele disse que espera um debate sério do Congresso norte-americano para que levante o embargo a Cuba. Obama disse que a normalização das relações com Cuba encerram uma “abordagem antiquada” da política externa americana. Ao justificar a decisão, o presidente disse que a política “rígida” dos EUA em relação a Cuba nas últimas décadas teve pequeno impacto. [...]

Segundo Obama, o papa Francisco [sempre ele...] teve papel importante na negociação, pressionando pela libertação do americano Alan Gross. Raúl Castro também mencionou a participação do Vaticano nas negociações, e agradeceu o apoio do papa Francisco para “ajudar a melhorar as relações entre Cuba e os EUA”. Ele também agradeceu ao Canadá pelo apoio logístico.

(G1 Notícias)

Nota: A influência e o poder político do papa Francisco crescem numa velocidade espantosa. Se ele conseguiu motivar o reatamento de uma relação que não existia fazia mais de 50 anos, de que mais não será capaz? Quem deixará de ouvi-lo, quando tratar de outros temas relevantes para o mundo? Pelo menos Cuba (comunista) e os Estados Unidos (capitalistas) terão uma eterna dívida com ele. E creio que ela será cobrada com juros, num futuro próximo. [MB]

Leia também: "O milagre de Francisco"

segunda-feira, dezembro 15, 2014

“Êxodo”: mais um filme bíblico antibíblico

Moisés e a maré baixa
“Êxodo: Deuses e Reis”, o filme do diretor Ridley Scott, que chega aos cinemas brasileiros em 25 de dezembro, vai mostrar, é claro, o mais famoso de todos os milagres bíblicos: a travessia do Mar Vermelho. Mas sua representação será bem diferente daquela feita no clássico “Os Dez Mandamentos”, de Cecil B. DeMille. No filme de 1956, Charlton Heston, que fez o papel de Moisés, divide o mar em duas grandes muralhas de água, entre as quais os filhos de Israel cruzam o leito seco do mar até a praia oposta. O exército do faraó persegue os fugitivos e acaba sendo engolido pelo mar, quando Moisés faz um sinal para as águas se fecharem novamente. Scott disse que sua nova versão da história terá uma explicação mais realista e natural sobre o que aconteceu e não dependerá de Moisés para pedir a intervenção miraculosa de Deus. O diretor decidiu que as águas se “abrirão” em consequência de um tsunami provocado por um terremoto. Antes de um tsunami ser deflagrado, as águas costeiras geralmente recuam, deixando o leito do mar praticamente seco até a onda gigante chegar.

Mas há problemas com essa versão da história também. O tempo em que as águas recuam antes da chegada de um tsunami geralmente dura apenas 10 ou 20 minutos, muito pouco para que todos os filhos de Israel cruzassem o leito temporariamente seco. E também não haveria jeito de Moisés saber que um terremoto e um tsunami iriam acontecer, a menos que Deus contasse a ele. Nesse caso, porém, a história manteria algum elemento milagroso.

Há uma explicação natural muito melhor de como uma passagem através do Mar Vermelho pode ter ocorrido. Essa teoria envolve a maré, fenômeno natural que poderia ter se encaixado perfeitamente no plano de Moisés, porque ele seria capaz de prever sua ocorrência.

Em certos lugares do mundo, a maré pode deixar o leito do mar seco durante horas e depois voltar com ímpeto. De fato, em 1798, Napoleão Bonaparte e um pequeno grupo de soldados a cavalo cruzaram o Golfo de Suez, na ponta norte do Mar Vermelho, quase no mesmo local onde Moisés e os hebreus teriam atravessado. Numa extensão de mais de um quilômetro de águas baixas, a maré voltou repentinamente, quase afogando Napoleão e seus soldados.

Na versão bíblica, os filhos de Israel estavam acampados na costa ocidental do Golfo de Suez quando avistaram as nuvens de poeira geradas pelas bigas do Faraó. Os hebreus estavam encurralados entre o exército do Faraó e o Mar Vermelho. Por outro lado, as nuvens de poeira foram provavelmente um sinal importante para Moisés, que pôde calcular quanto tempo o exército levaria para chegar à praia.

Na infância, Moisés havia vivido no deserto próximo e sabia onde as caravanas atravessavam o Mar Vermelho na maré baixa. Ele conhecia o céu noturno e os métodos antigos de prever a maré, baseado na localização da lua e sua fase. O faraó, ao contrário, vivia ao longo do Rio Nilo, que é conectado ao Mar Mediterrâneo, onde praticamente não há marés. Assim, o exército faraônico provavelmente tinha pouco conhecimento das marés do Mar Vermelho e de seus perigos.

Com o conhecimento das marés, Moisés pôde planejar a fuga dos hebreus. Ao escolher a lua cheia para a fuga, ele sabia que a maré baixa seria maior e o leito do mar ficaria seco por mais tempo, dando tempo para os hebreus atravessarem. A maré alta também seria maior, podendo mais facilmente submergir o exército do faraó.

O cálculo do tempo foi crucial. O último hebreu tinha que cruzar o leito seco antes de a maré voltar, atraindo o exército do faraó para o leito exposto do mar, onde eles se afogariam quando as águas da maré voltassem. Se as bigas chegassem antes de a maré voltar, Moisés teria planejado alguma maneira de retardá-las. Se o exército chegasse depois de a maré ter voltado, ele teria atravessado os hebreus e depois, na próxima maré baixa, enviado alguns de seus melhores homens através do leito seco para atrair as bigas do faraó. [...]


Nota: Uau! Se essa é a explicação natural, me soou bem milagrosa! Quase mais que o relato bíblico. Em primeiro lugar, é bom lembrar que não foi Moisés quem escolheu o dia de os hebreus deixarem o Egito. O faraó é quem os deixou ir, depois de ter o filho primogênito morto. Interessante que Scott aceita tudo o mais que o relato Bíblico conta (será que vai mencionar que existem provas arqueológicas das pragas ou vai dizer que também são mito?), menos o relato da travessia milagrosa. O Êxodo foi um evento sobrenatural em si. Os poderosos egípcios jamais deixariam um povo escravo humilhá-los e abandonar suas terras, deixando o reino desprovido de mão-de-obra útil. Como se já não bastasse o estrago do filme “Noé”, que não tinha nada de bíblico, mas fez de conta que tinha para atrair cristãos incautos e curiosos em geral (confira aqui), agora vem mais essa peça hollywoodiana querendo reler a história bíblica, causando mais distorção. E sempre na época no Natal, valendo-se do oportunismo de sempre. Curiosamente, quando hollywood produz algum filme baseado em quadrinhos ou em literatura e se distancia das fontes originais, um monte de gente reclama. Mas, quando certos roteiristas e produtores resolvem distorcer a Bíblia, os defensores dessa "arte" dizem que é só entretenimento. [MB]

O verdadeiro presente

domingo, dezembro 14, 2014

Isaac & Charles: pulador de cerca

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Carl Sagan e o design inteligente


Placa enviada ao espaço na Pioneer 10
Carl Sagan teria dito: Não é possível convencer um crente de coisa alguma, pois suas crenças não se baseiam em evidências; baseiam-se numa profunda necessidade de acreditar.” Mas o próprio Carl Sagan tinha a necessidade de crer que só poderia acreditar em evidências e, mesmo assim, não acreditava nas suas próprias evidências. Nos anos 1970, enviou uma “imagem” ao espaço. Ela continha um casal humano e o sistema solar. Foi feita com 1.271 bits de informação. Sagan dizia que quem a encontrasse “saberia que aquela imagem havia sido feita por alguém inteligente, pois demonstrava que fora planejada e executada”. Não era possível que uma imagem como aquela não tivesse um construtor (Hebreus 3:4). Então, aquela simples imagem mostrava que havia um criador que a havia feito. No entanto, ele achava que o ser humano não havia sido criado por Deus. Se aquela simples imagem de 1.271 bits de informação exigiu um criador, que dizer do ser humano, com muitos milhões de bits em suas células? (confira) O ser humano é um projeto muito mais complexo. Muito mais elaborado. Portanto, a imagem exige um criador e o ser humano não? Ele queria acreditar que não.

Assim, a frase de Sagan poderia ser corrigida e ficaria assim: “Não é possível convencer um cético da existência de Deus, pois suas crenças não se baseiam em evidências lógicas, defendidas por eles próprios.” Eles dizem que os religiosos “acham”, “creem” e “querem acreditar”, mas eles fazem a mesma coisa e não se baseiam em evidências. Parece que “coam o mosquito e engolem o camelo”, como Jesus disse em Mateus 23:24. Ou seja, “coam” (ou não aceitam) Deus e a Bíblia, por considerá-los “besteira”, mas “engolem” (ou aceitam) besteira muito maior, como a existência de algo ou de alguém sem que tenha havido um Criador que os tenha feito (Hebreus 3:4).

(Pergres, Antineoateísmo, no Facebook)

O átomo de hidrogênio, a distância de 14 pulsares e o sistema solar
A sonda Pioneer 10 foi lançada no dia 2 de março de 1972