terça-feira, setembro 30, 2014

Mãe produz leite diferente para meninos e meninas

Adequação perfeita
O sexo do filho é um fator determinante para o teor do leite que será produzido pela mãe – e isso, dizem cientistas, inclui humanos e outras espécies de mamíferos. A evidência mais recente dessa relação é o resultado de um estudo conduzido por equipe liderada por uma bióloga ligada à Universidade de Harvard, nos Estados Unidos. A pesquisa é destaque no periódico científico PLOS One e mostrou que, no caso de vacas, o sexo do filhote influencia a produção do leite materno assim que o filhote nasce. O estudo analisou 1,49 milhão de vacas durante o período de dois ciclos de lactação (a produção de leite), cada um com 305 dias de duração. Nesses dois períodos, as vacas produziram, em média, 445 litros a mais de leite quando o filhote era fêmea na comparação de quando o filhote se tratava de um macho. Mas outros estudos também reiteram a relação sexo da cria x leite produzido, mostrando que, geralmente, filhotes machos recebem leite com mais proteína ou gordura em sua composição (logo, capaz de gerar mais energia), e fêmeas, em maior quantidade. O mesmo se repete com humanos e macacos. A razão ainda não é totalmente conhecida da ciência e, por isso, existem diversas teorias para tal.

“Poderia ter relação com a adaptabilidade da cria, já que, no caso das fêmeas, receber mais leite de suas mães as permitia chegar antes à idade reprodutiva”, disse a bióloga líder do estudo, Katie Hinde, à agência de notícias AFP. Para ela, no que diz respeito aos humanos, ainda há muito a se descobrir sobre como a amamentação impacta o desenvolvimento infantil. Saber disso, sugere a bióloga, poderia ajudar no desenvolvimento de fórmulas similares ao leite materno, criadas para suprir a necessidade de gestantes que têm dificuldade em produzir leite.

“Enquanto o aspecto nutricional do leite materno é razoavelmente bem replicado nessas fórmulas, os fatores imunológicos e os sinalizadores hormonais do leite ainda não são”, explicou.


Nota: A amamentação, em si, já é um milagre de adequação, afinal, a mãe fornece ao bebê todos os nutrientes e a imunização de que ele necessita em seus primeiros e críticos dias e meses de vida (confira aqui, aqui e aqui). Agora tem mais esse “detalhe” impressionante da diferenciação do tipo de leite de acordo com o sexo do bebê. São “detalhes” que deveriam estar presentes desde o início da criação dos mamíferos, afinal, eles dependem do leite para sobreviver. [MB]

Teoria da cegueira deliberada

Não querer ver isenta da culpa?
A teoria da cegueira deliberada (willful blinedness), objeto do presente estudo, também é conhecida no meio doutrinário como teoria das instruções da avestruz (Ostrich Instructions), justamente devido ao fato de que o mencionado animal tem o costume de enterrar sua cabeça para não ver e ouvir as coisas que se passam a sua volta. Destaque-se, de princípio, que essa teoria teve sua origem na Suprema Corte dos Estados Unidos, no chamado caso “In re Aimster copyright litigation”, que envolvia uma disputa sobre violação de direitos autorais. Nessa decisão, a Corte firmou o entendimento no sentido de que o acusado não poderia alegar em sua defesa que não tinha conhecimento sobre a violação dos direitos autorais nos arquivos disponibilizados por ele, conforme se depreende do seguinte trecho da decisão:

“Nós também rejeitamos o argumento de Aimster no sentido de que o recurso de criptografia do serviço oferecido por Aimster o impedia de saber quais músicas estavam sendo copiadas pelos usuários de seu sistema. Dessa forma, não pode prosperar a alegação de que ele não tinha o conhecimento da atividade ilícita, o que é uma exigência para a responsabilização pela conduta de contribuir para a infração de direitos autorais. Cegueira voluntária é o conhecimento [...] é a situação em que o agente, sabendo ou suspeitando fortemente que ele está envolvido em negócios escusos ou ilícitos, toma medidas para se certificar que ele não vai adquirir o pleno conhecimento ou a exata natureza das transações realizadas para um intuito criminoso. Em ‘United States v. Giovannetti’ (1990) restou estabelecido que o esforço deliberado para evitar o conhecimento da ilicitude é tudo que a lei exige para estabelecer a culpa do acusado. Em ‘United States v. Josefik’ (1985), restou estabelecido que não querer saber porque se suspeita, pode ser, se não for o mesmo estado de espírito, o mesmo que a prática de uma conduta culposa. Em ‘United States v. Diaz’, o acusado deliberadamente isola-se da transação de drogas real para que pudesse negar o conhecimento da transação ilícita, o que fez, por vezes, ao se afastar da entrega efetiva da droga. [...] O acusado não pode fugir as suas responsabilidades pela manobra, não pode sustentar a alegação de que o software de criptografia o impede de ter conhecimento da violação de direitos autorais, que ele fortemente suspeita que ocorre [...], suspeita essa de que todos os usuários do seu serviço são, de fato, infratores de direitos autorais”.

Em linhas gerais, a teoria da cegueira deliberada pode ser aplicada em determinadas situações em que o agente finge não perceber a origem ilícita dos bens adquiridos por ele com o intuito de auferir vantagens. Em outras palavras, ele se faz de bobo visando a não tomar ciência da extensão da gravidade da situação em que ele está envolvido.

Contudo, para que a teoria possa ser aplicada, é necessário que fique demonstrado que o agente tinha ciência da elevada possibilidade do objeto material do crime ser de origem ilícita. Trata-se, na maioria dos casos, de uma clara situação de dolo eventual, onde o sujeito ativo vislumbra a possibilidade do resultado lesivo proveniente de sua conduta, mas pouco se importa com a sua ocorrência.

No Brasil, a teoria da cegueira deliberada vem sendo aplicada, especialmente, nos crimes de lavagem de capitais, como ocorreu no caso do furto ao Banco Central de Fortaleza, no ano de 2005. Na ocasião, os criminosos se valeram do dinheiro furtado para adquirir onze veículos em uma concessionária, pagando, para tanto, o valor de um milhão de reais em espécie.

Na decisão em primeira instância, o Juiz entendeu que os donos da concessionária fecharam os olhos para os fortes indícios de que o dinheiro utilizado no negócio era de origem ilícita, especialmente devido ao grande furto ocorrido no dia anterior.

Apesar disso, os suspeitos foram absolvidos em segunda instância, pois o Tribunal Regional Federal da 5ª Região entendeu que o crime previsto no inciso II, do § 2º, do artigo 1º, da Lei 9.613/98, exige a ciência expressa por parte do agente e não, apenas, o dolo eventual. A decisão destacou, ainda, que a aplicação da teoria da cegueira deliberada nesse caso beiraria a responsabilidade penal objetiva, que, por sua vez, não é admitida no direito brasileiro. 

Feita esta breve introdução, consignamos que o objetivo principal deste estudo é defender a aplicação da teoria da cegueira deliberada ao crime de receptação, que, assim como os crimes de lavagem de capitais, é tido pela doutrina como delito parasitário ou acessório, o que, em nosso entendimento, apenas reforça a aplicação da teoria.

O delito de receptação está tipificado no artigo 180 do Código Penal e tem como objeto jurídico o patrimônio, punindo, em linhas gerais, a conduta daqueles que adquirem, recebem, transportam, conduzem ou ocultam, em proveito próprio, coisa que sabem ser produto de crime anterior. [...] [Se quiser ler mais sobre esse delito em específico, clique no link abaixo.]

(Francisco Sannini Neto, JusBrasil)

Nota: Em relação ao texto acima, o leitor André Fletcher chama atenção para um paralelo que pode ser feito com a questão da ignorância voluntária por quem, não conhecendo, não quer conhecer a vontade de Deus, bem como por quem, conhecendo, não quer se aprofundar mais. “O que se evidencia, em ambos os casos, o eximir-se das responsabilidades quanto a conhecer o que se deve ou não fazer para que a consciência não os acuse após obterem conhecimentos de cunho moral”, escreve ele.

Alemanha pode legalizar o incesto

Sem "travas" morais, vale tudo
O Conselho Nacional de Ética da Alemanha tomou decisão bastante polêmica nesta quarta-feira (24) ao sugerir o fim da criminalização do incesto. O pedido foi feito após a análise do caso de um homem que teve quatro filhos com sua irmã. O caso em questão tem como réu Patrick Steubing, adotado quando criança e que conheceu sua irmã biológica apenas aos 20 anos. Desde 2008, quando foi preso por incesto, ele trava batalha judicial que chamou a atenção de toda a comunidade alemã para o tema. De acordo com a lei local, relações sexuais entre irmãos ou entre pais e filhos são crime e podem render mais de dez anos de prisão. Nesta quarta, porém, o Conselho decidiu rever esse tipo de decisão. Na recomendação para que esse tipo de instrução seja revogada, o Conselho de Ética afirma que o risco de deficiências em crianças frutos desse tipo de relação não é suficiente para justificar a criminalização do incesto, considerado um “tabu social” pela entidade.

“O incesto entre irmãos parece raro nas sociedades ocidentais por conta dos dados disponíveis, mas a realidade é que os envolvidos têm muitas dificuldades de falar de sua situação por conta da ameaça de punição. Isso faz com que eles tenham suas liberdades fundamentais violadas e são forçados a negar seu amor”, afirmou Christiane Woopen, membro do Conselho.

O governo alemão, porém, parece sinalizar contra a medida do Conselho de Ética. Porta-voz do partido da premiê alemã Angela Merkel, Elisabeth Winkelmeier-Becker, afirmou que considera a medida um passo para o lado errado da situação. “É uma medida que vai completamente de encontro à proteção do desenvolvimento não perturbado de crianças”, disse ela ao Deutsche Welle.

A recomendação do Conselho de Ética, porém, se aplicaria apenas ao caso entre irmãos, fazendo com que o incesto entre pais e filhos não fosse descriminalizado.


Nota: Quando se soltam as “travas” morais, só Deus sabe para onde a “coisa” vai. Por conta da militância gay, o conceito de casamento já não mais se limita à união monogâmica entre um homem e uma mulher. Biblicamente falando, esse conceito não mudou nem vai mudar, mas a sociedade, bombardeada pela mídia, já aceitou a mudança. Na verdade, foi condicionada para isso. Ainda que o Conselho Nacional de Ética da Alemanha não consiga ver agora sua proposta atendida, parece que isso é uma questão de tempo. Depois do “casamento” de pessoas do mesmo sexo e do incesto, o que virá? O “casamento” entre espécies diferentes? E quem vai objetar? Com base em quê? [MB]

Em tempo: Ninguém deve hostilizar pessoas de mesmo sexo que decidem se unir civilmente. Pode-se até discordar disso, mas o direito à liberdade de escolha e de decisão (uma vez que esse direito não fira direitos dos outros) é estabelecido por lei e respeitado até mesmo por Deus, haja vista que Ele nos dotou de livre-arbítrio. [MB]

segunda-feira, setembro 29, 2014

Testemunhas do vácuo

Nada a declarar
[Interessante este artigo de um sociólogo ateu de Portugal:] De vez em quando, regressa a ofensiva. Agora foi o físico britânico Stephen Hawking a proclamar, com vasta repercussão, que Deus não existe. Mesmo para um ateu como eu, ou sobretudo para um ateu, estas batalhas de certo ateísmo para aborrecer os crentes são um nadinha tontas. Pelos vistos, há por aí imensa gente a quem não basta não acreditar numa entidade divina: dá-se a uma trabalheira para converter os outros à sua falta de fé. Um ateu a sério não perde um minuto a pensar na existência ou na inexistência de Deus. Aparentemente, os ateus militantes perdem boa parte da vida a pensar nisso. O fervor deles é religioso.

Deixando a discussão teológica a cargo de especialistas de ambos os lados da trincheira, o facto é que a formulação do senhor Hawking tende para o pueril. De que maneira é que o homem chegou à conclusão acima? Há um teorema demonstrativo, passe a redundância? Viu a Luz? Ou apenas se levantou de manhã (sem brincadeiras com a doença do senhor) e decidiu assim? E depois temos a arrogância implícita da coisa: o senhor Hawking leva-se em tão alta conta a ponto de supor que a sua afirmação influenciaria um único devoto que fosse?

Qualquer dia, no frenesim de espalhar a palavra contra o Senhor, os evangélicos da descrença batem-me à porta de casa. E eu não abro.

(Alberto Gonçalves, DN Opinião)

Cinco argumentos contra o ateísmo

1. A cosmologia moderna indica que o Universo físico teve um ponto inicial de existência. Se o Universo teve um ponto inicial de existência, então ele tem que ter uma Causa não física que exista fora do tempo e do espaço. Logo, é pelo menos plausível que o nosso Universo tenha sido feito do nada pelo Criador.

2. Começando nas estruturas em larga escala no Universo até ao mundo microscópio das partículas subatômicas, a ciência revelou uma ordem espantosa no nosso Universo. O nosso Universo não precisava ser assim: existe muito mais probabilidades de um universo ser caótico do que ser ordenado. Se Deus não existe, seria muito pouco provável que o nosso Universo fosse ordenado. No entanto, a partir das nossas observações e das nossas experiências diretas, sabemos que mentes criam sistemas ordenados, e desde logo, parece muito mais provável que um Agente Racional tenha ordenado o nosso Universo.

3. Evidências recolhidas no limiar da física moderna revelam que se qualquer uma das características do Universo tivesse sido ligeiramente diferente, a vida tal como nós a conhecemos seria impossível. Várias constantes físicas têm o valor certo até a um nível de precisão espantoso. Por exemplo, as forças gravitacionais e as forças eletromagnéticas têm que estar muito bem calibradas até uma parte em 10 elevado a 40, ou 1 em 10000000000000000000000000000000000000000 (1 seguido de 40 zeros). A vida é requintadamente bonita, e como tal, é o tipo de bem complexo que um Agente Racional valorizaria. A vida tem um valor imenso (será preciso fazer um desenho aos humanistas?), e como tal, faz mais sentido que o nosso Universo tenha sido obra de um Agente Poderoso e Racional.

4. A matemática funciona! Ela desempenha um papel fundamental na física e possibilitou inúmeras previsões acertadas que foram confirmadas por observações. Por que as leis da física podem ser escritas na linguagem da matemática? Mais uma vez, não dá para evitar a conclusão de que uma Mente (Mente com a qual os humanos partilham algumas características comuns, embora numa escala infinitamente menor) seja responsável pela composição deste nosso Universo.

5. É espantoso que o Universo seja ordenado, mas é ainda mais espantoso que nós sejamos capazes de o entender. Pode não ser surpreendente para um ateu que nós sejamos suficientemente racionais para sobreviver no nosso meio ambiente mais imediato, no entanto, é muito surpreendente que nós sejamos capazes de descobrir coisas sobre o mundo quântico. O sucesso da ciência depende da correspondência entre nossa mente e a estrutura profunda do nosso mundo. O teísmo cristão consegue explicar essa correspondência, mas o ateísmo apenas assume que o ser humano “teve sorte” e que essa correspondência não tenha qualquer significado. Para o cristão, o Universo pode ser compreendido porque a Mente que fez o Universo conferiu ao ser humano algumas das Suas capacidades (isto é, fomos feitos à Sua imagem). É por isso que o Criador com frequência ordena ao ser humano estudar e analisar a natureza porque, ao fazê-lo com o espírito aberto às evidências, o ser humano facilmente se apercebe de que essa natureza nunca poderia ser obra do acaso, mas sim efeito de um processo criativo intencional.

“Vai ter com a formiga, ó preguiçoso: olha para os seus caminhos, e sê sábio” (Provérbios 6:6). “Olha para a altura das estrelas; quão elevadas estão!” (Jó 22:12). “Sabes tu o tempo em que as cabras monteses têm os filhos, ou consideraste as dores das cervas?” (Jó 39:1). “Tudo o que o Senhor quis, Ele o fez, nos céus e na terra, nos mares e em todos os abismos” (Salmo 135:6).

Troca de casais gospel?

O casal "cristão"
Dean e Cristy Parave se dizem cristãos devotos. E apaixonados pela musculação. Eles aproveitaram o gosto pelo mundo fitness para criar um site que prega o swing. O casal da Flórida (EUA) lançou o [site], que tem como objetivo pregar a “palavra de Deus” com troca de casais [!]. A ideia partiu de uma decepção com casais que Dean e Cristy haviam conhecido na internet em outros sites. Assim, eles decidiram tocar o próprio projeto para divulgar a prática sexual liberal. Cristy, de 44 anos, que tem três filhos e está casada com Dean, de 50, há sete anos, disse ter se tornado bissexual. Durante os encontros com outros casais, ela e o marido leem a Bíblia e fazem sexo com outros parceiros. “Não acho que Deus fique triste com o que estamos fazendo. No início, eu vivia um conflito, mas quanto mais eu ia observando, mais ia fazendo sentido para nós”, disse a americana, de acordo com reportagem do Daily Mirror. “Deus pôs as pessoas na Terra para se multiplicar e se curtir. Sinto que Deus está sempre comigo e que nos pôs aqui por alguma razão”, acrescentou ela.


Nota: Depois do funk gospel, da balada gospel, da rave gospel, tem agora a troca de casais gospel... É como sempre tenho dito aqui: estão cavando o fundo do poço. Até quando, Senhor? Cristy se baseia muito em sentimentos, e esse é justamente o perigo que correm muitos cristãos. Como diz a Bíblia, o coração do ser humano é enganoso (Jr 17:9). Por isso mesmo, nosso guia seguro em matéria de comportamento, relacionamento e tudo o mais é a Palavra de Deus, devidamente compreendida, evidentemente. O casal acima está colocando seus desejos pervertidos acima da Revelação de Deus e usa a religião como desculpa para suas práticas sexuais. Se lessem corretamente a Bíblia, descobririam que Deus condena o adultério, a poligamia e a imoralidade sexual. [MB]

Seleção do Catar se retira após proibição da hijab

Só faltou chamar de fundamentalistas
A seleção feminina de basquete do Catar se retirou de quadra antes do início da partida contra a Mongólia, válida pelos Jogos Asiáticos. O motivo foi a impossibilidade de jogar com o hijab, acessório que cobre a cabeça das jogadoras. Segundo Anna Jihyun You, membro do Comitê Organizador, os árbitros não receberam instruções para permitir que as jogadoras atuassem com hijab. Segundo ela, o uso de chapéus, acessórios de cabelo e joias é absolutamente proibido. O chefe de missão do Catar, Khalil Al Jabir, reclamou da atitude dos juízes: “Se viemos até aqui, é porque achávamos que poderíamos jogar com hijab. Ninguém nos disse que não seria permitido. Esperamos esclarecimentos”, desabafou o dirigente. Os Jogos Asiáticos reúnem quase 10 mil atletas de 45 países em mais de 35 modalidades. Em esportes como badminton, tiro e atletismo, as atletas do Catar puderam entrar em ação com o hijab na cabeça. Porém, cada federação rege sua modalidade e algumas entidades realmente não permitem o uso de acessórios. A Federação Internacional de Basquete (FIBA) afirmou que está lançando, em forma experimental, um regulamento que permite o uso de acessórios na cabeça. Porém, essa regra só é permitida em competições nacionais. Uma revisão completa em 2016 irá decidir se vai ocorrer uma mudança de regra permanente após os Jogos Olímpicos.


Comentário do leitor Rafael Francisco Dummer, de Porto Alegre, RS:Da série direitos com que quase ninguém se preocupa. Parabenizo a firmeza delas. Viva a liberdade religiosa!”

domingo, setembro 28, 2014

Isaac & Charles: teoria inútil

Conheça a página da tirinha no Facebook e o blog.

Cientista brasileiro afirma sua crença em Deus

Ricardo Castro
“Tenho 35 anos, sou casado, tenho um filho e espero outro para novembro. Nasci em Brasília, fiz minha formação em São Paulo, moro nos EUA e estou de férias no Rio. Sou um cientista católico devoto. Não vejo contradição entre religião e ciência, e a fé em Deus me dá inspiração para trabalhar e vencer.” Essa declaração corajosa foi feita pelo cientista Ricardo Castro, em entrevista concedida ao jornal O Globo (confira). É interessante notar que ela vem menos de uma semana depois da declaração de “fé” de outro cientista, o britânico Stephen Hawking (confira). Castro é nanocientista e seu trabalho já obteve vários prêmios internacionais, ensina e pesquisa há cinco anos e meio na Universidade da Califórnia (UCDavis). Leia a entrevista abaixo:

O que é, mais precisamente, nanotecnologia?

É uma ciência que desenvolve materiais com propriedades diferentes em função do tamanho reduzido. Fazemos interferência em átomos. Há muitas coisas por aí que se dizem nanotecnológicas sem ser. Há uma certa moda nano. Nem tudo o que fazemos é sexy como o marketing das indústrias gostaria.

O que você faz, na prática?

Investigo como atuam as interações entre átomos de um material e que alterações podemos fazer para aperfeiçoá-lo. Toda a matéria é governada pelas interações em nível nano. Sabemos por testes que isto ou aquilo funciona, mas não como, nem o que acontece com as propriedades desse material. Há pouca ciência básica nessa área, é fundamental se queremos avançar. É o que faço: tentar entender o nano e controlá-lo.

No que você está trabalhando no momento?

São vários projetos, mas um dos que mais gosto está no programa Ciência Sem Fronteiras, em que atuo com pesquisadores brasileiros e a indústria local. Estudamos como melhorar as propriedades de um material muito usado chamado aluminato de magnésio. É uma cerâmica cristalina e resistente, substitui o vidro. É usada em blindagem, exploração offshore. Hoje, é feita com cristais grandes. Se a produzimos com nano, cristais menores, ela se torna mais resistente e transparente, só que é muito sensível ao calor. Tentamos substituir um átomo por outro e obter um material muito melhor, mais estável.

Fale de outros projetos.

Meu trabalho interessa, por exemplo, ao Departamento de Energia dos EUA porque nosso grupo estuda materiais com aplicação nuclear, que podem ajudar a resolver o problema do lixo atômico e tornar a atividade nuclear mais segura e com menor custo.

Que materiais?

Um deles é a zircônia, uma das cerâmicas mais usadas do mundo. Pode ser empregada, por exemplo, em células de combustível. A nanozircônia é ainda mais resistente e durável. Porém, fica instável no calor. A manipulação atômica, no entanto, pode torná-la mais resistente às altas temperaturas e mecanicamente. A nanozircônia é resistente à radiação, ela a captura. Em testes, fica intacta. Por isso, é tão promissora. E, pelo mesmo motivo, minha pesquisa interessa ao Departamento de Energia, ao Laboratório de Los Alamos e à UCDavis.

Você é um cientista brasileiro de nível internacional. Como vê a ciência no Brasil?

O Brasil forma excelentes cientistas e produz ciência de boa qualidade. Fiz toda a minha formação aqui e consegui reconhecimento lá fora. Mas a ciência brasileira precisa se abrir mais, precisa se internacionalizar. Necessita de uma estrutura mais ágil, motivadora, produtiva, competitiva. O pesquisador brasileiro é muito menos competitivo que o americano, por exemplo. O brasileiro tem grandes qualidades, é adaptável e criativo. Todavia, falta a ele autoestima quando no exterior. E mais foco em resultado.

sexta-feira, setembro 26, 2014

Evangelismo a 50 graus abaixo de zero

Missionário na Mongólia
Elbert Kuhn nasceu em Taquara, RS, no dia 19 de julho de 1969. Cursou o ensino fundamental no Colégio Adventista Pr. Ivo Souza, em Rolante, e o ensino médio no Instituto Adventista Cruzeiro do Sul (IACS), em Taquara. Começou a faculdade de Teologia em 1988. Trabalhou em Bento Goncalves, por dois anos, depois Sarandi, em Porto Alegre, por três anos, e em Camaquã, também em Porto Alegre, por quase três anos. Foi pastor na Igreja Central de Curitiba, PR, e concluiu o mestrado em Teologia em 2004. Ainda pretende cursar o doutorado na Andrews University. Gosta muito de passar tempo com a família, os irmãos e os cunhados. Também gosta de viajar, conhecer lugares, pessoas e culturas. É casado há 20 anos com Cleidi Kuhn, formada em Pedagogia com pós-graduação em Terapia Familiar. Nesta entrevista concedida ao jornalista Michelson Borges, o pastor Kuhn fala de seu trabalho na Mongólia e dos desafios de evangelizar aquele país.

Fale um pouco sobre a Mongólia: cultura, povo, hábitos curiosos, clima, etc.

A Mongólia e um país situado no norte Asiático, que faz divisa com duas grandes potências mundiais – ao sul, com a China, e ao Norte, com a Rússia, particularmente a Sibéria. É o país do grande conquistador Gengis Khan, que por volta do século 12 quase conquistou toda a Europa e a Ásia. É um país de clima extremamente difícil, onde as temperaturas giram entre menos 20 e menos 55 ºC durante os sete meses de inverno. Tem a capital mais fria do mundo, Ulan Bator. A Mongólia ainda e conhecida como um país de nômades, “a country with no fences”. Um país sem cercas, como eles gostam de dizer. Ainda hoje a atividade primária é o cuidado dos rebanhos de ovelhas, cabritos e cavalos. Eles vivem em tendas chamadas “Gers”, fáceis de montar e desmontar, para que eles possam mudar de região, de acordo com a necessidade dos animais.

A alimentação é precária para a maioria das pessoas. O solo é árido e tudo aquilo que requer mais de três meses para crescer não se produz na Mongólia, em função do frio. A base da alimentação é a carne, com ênfase na gordura. O consumo de álcool e tabaco é muito alto, por isso a saúde do povo em geral é comprometida. Uma curiosidade com relação a isso foi um dia em que a Cleidi viu um bebê de poucos meses com um pedaço de gordura pura de carneiro, do tamanho de uma mão, na boca, como se fosse uma chupeta. São as tradições passadas de geração a geração.

Os mongóis em geral são amigos e hospitaleiros. Sempre dispostos a ajudar quando preciso.

Quais são as condições de trabalho nesse país? Como vivem os irmãos e os pastores?

As condições de trabalho são muito desafiadoras, devido ao clima, às distâncias e à precariedade do transporte. Em toda a Mongólia apenas um aeroporto, o da capital, tem asfalto. Todos os demais aeroportos são de estrada de chão batido, e os aviões, extremamente velhos. Muitas vezes, enviamos nossos jovens líderes para regiões remotas, alguns lugares a mais de dois mil quilômetros de distância, a fim de fundar igrejas. Lá eles chegam com uma mala de roupa e alguns materiais. Assim foi iniciada a maioria das igrejas na Mongólia.

A vida de muitos de nossos pastores não é nada fácil, com recursos limitados que muitas vezes não são suficientes para a comida diária. Deus tem aberto portas e hoje a vida deles tem melhorado. [Clique aqui e continue lendo.]



Parte da água da Terra pode ser mais antiga que o Sol?

Hipótese para o "caminho da água"
Um estudo apresentado nesta quinta-feira (25) indica que metade da água do planeta talvez seja mais antiga do que o Sistema Solar, o que aumenta a possibilidade de existir vida fora de nossa galáxia, a Via Láctea. Utilizando um sofisticado modelo que permite simular as fórmulas químicas entre as moléculas de água formadas no Sistema Solar e as que existiam antes, os pesquisadores da Universidade de Exeter, na Inglaterra, descobriram que entre 30% e 50% da água consumida hoje em dia é cerca de um milhão de anos mais antiga do que o Sol. O trabalho, divulgado na revista americana Science, vai alimentar o debate sobre se as moléculas de gelo de água nos cometas [que parecem não ter água] e nos oceanos se formaram no disco de gás e poeira ao redor do jovem Sol há 4,6 bilhões de anos, ou se provêm de uma nuvem interestelar mais antiga.

“Determinando agora a parte antiga da procedência da água na Terra, podemos ver que o processo de formação de nosso Sistema Solar não foi único e que, portanto, os exoplanetas podem se formar nesses ambientes onde a água é abundante”, explicou Tim Harries, do Departamento de Física e Astronomia da universidade britânica e um dos autores da pesquisa.

Levando-se em consideração que a água é um elemento crucial para o desenvolvimento da vida na Terra, os resultados desse estudo podem sugerir que a vida existe em outro lugar mais além da nossa galáxia, ressaltaram os cientistas. “Trata-se de um passo importante em nossa busca para saber se a vida existe em outros planetas”, afirmou Harries.

Os resultados “aumentam a possibilidade de que alguns planetas fora de nosso Sistema Solar (exoplanetas) contem com as condições propícias e recursos de água que permitam a existência de vida e sua evolução”, afirmou.


Nota: O objetivo de tudo isso está na última palavra do texto: evolução. É isso o que eles sempre querem provar. Usam a palavra “resultados”, mas tudo o que têm é um modelo computacional que simula fórmulas químicas e que parte de hipóteses assumidas a priori pelos pesquisadores. O fato é que não existe nada de concreto sobre a presença ou não de água em exoplanetas. E, ainda que houvesse, já vimos que as condições para manter vida não são tão simples assim (confira aqui). De qualquer forma, para o criacionista, não é estranho o pensamento de a água preceder a vida e mesmo o Sol, afinal, o livro de Gênesis informa que o Espírito de Deus pairava (literalmente, rahap) sobre a face das águas, na fase “sem forma e vazia” da Terra. E o nosso Sol somente foi criado no quarto dia da semana da criação (veja aqui e aqui). [MB]

A seleção e a origem das raças de cães

Exemplo de "microevolução"
O cachorro é um dos bichos de estimação mais comuns entre os seres humanos, conhecido largamente como “melhor amigo do homem”. Sendo assim, esses animais estão presentes por todo o mundo. Com a globalização, diferentes raças de cachorro se espalharam por todo o planeta, mas não deixaram de ter suas origens. Alguma vez você já se perguntou onde os ancestrais de seu cão viveram? Essa pergunta foi respondida pela ilustradora Lili Chin, que criou uma série de pôsteres chamada “Dogs of The World” (em português, “Cães de Todo o Mundo”), que apresenta mais de 200 raças de cães classificadas por seus lugares de origem. “Eu criei a série para me divertir. Faço retratos de animais de estimação por encomenda há sete anos, para angariar fundos para a Boston Buddies Rescue, instituição onde adotei meu cachorro Boogie”, explica Lili Chin. “Eu ainda doo uma percentagem das comissões a cada ano. Eu também ilustro livros e infográficos para treinadores de cães, veterinários e empresas relacionadas com cães, quando não estou trabalhando em meus próprios projetos de arte.”

Lili Chin estava pesquisando sobre raças de cães asiáticas para um projeto de ilustração e, por estar se divertindo muito, se empolgou e começou a pesquisar e desenhar raças de cães de outros países. “A internet serviu como a minha biblioteca de pesquisa de imagem e um amigo com mestrado em Ecologia, Evolução e Comportamento Animal foi consultor”, conta a desenhista.


Nota: A diversidade de raças de cães serve bem para explicar o poder da seleção (natural e artificial). Há poucas décadas, muitos dos cães retratados abaixo por Lili Chin sequer existiam, o que indica que o poder de variabilidade é grande. No entanto, apesar de tantas diferenças morfológicas, de pelagem, de cor, de comportamento, etc., todos eles continuam sendo cães. Portanto, temos aqui um bom exemplo de “microevolução”, ou diversificação de baixo nível. Agora imagine o seguinte cenário hipotético: por algum motivo (uma inundação, talvez), todos os cães fossem sepultados e fossilizados. Num futuro mais ou menos distante, pesquisadores começassem a desencavar esses fósseis – semelhantes, mas com tamanhos e formas bem diferentes e sepultados em extratos geológicos diferentes, pois os animais viviam em habitats diferentes, em locais diferentes e porque a inundação simplesmente os sepultou em profundidades diferentes. Se fossem evolucionistas, quais seriam as conclusões desses paleontólogos? Nem precisa imaginar. Você já sabe. [MB]  







Implausibilidade de ciclos metabólicos na 'Terra pre-biótica'

A implausível Terra pré-biótica
Cycles occur widely in all branches of chemistry. The definition of a catalyst as an agent that facilitates the conversion of reactants to products without itself being changed almost guarantees that a catalyst can initiate successive “cycles” of the same reaction. Metabolic cycles are different. Strictly, they are by definition restricted to biochemistry. Like catalytic cycles, they too result in repeated conversions of substrates into products, but they involve much more complex sequences of chemical reactions. As far as I am aware, the formose reaction, which converts formaldehyde to a complicated mixture of products, including various sugars [1], is the only known nonenzymatic reaction sequence that is at all similar to a metabolic cycle, although the existence of one or two much simpler cycles has been established or made probable in the literature of prebiotic chemistry [2,3]. The possibility that reactions of hydrogen cyanide (HCN) might form the basis for a complex cyclic organization has been proposed [4], but there is as yet no experimental evidence to support this proposal.

If complex cycles analogous to metabolic cycles could have operated on the primitive Earth, before the appearance of enzymes or other informational polymers, many of the obstacles to the construction of a plausible scenario for the origin of life would disappear. If, for example, a complex system of nonenzymatic cycles could have made nucleotides available for RNA synthesis, many of the problems of prebiotic chemistry would become irrelevant. Perhaps a simpler polymer preceded RNA as the genetic material—for example, a polymer based on a glycerol-phosphate backbone [5] or a phosphoglyceric acid backbone. Could a nonenzymatic “metabolic cycle” have made such compounds available in sufficient purity to facilitate the appearance of a replicating informational polymer?

It must be recognized that assessment of the feasibility of any particular proposed prebiotic cycle must depend on arguments about chemical plausibility, rather than on a decision about logical possibility. Any reaction sequence that is allowed by thermodynamics could, in principle, be realized, given a sufficiently active and specific family of catalysts. Plants synthesize complex alkaloids, such as strychnine, from CO2, NH3, and reducing equivalents, so it must, in principle, be possible to achieve these syntheses starting from CO2, NH3, and H2, given a family of sufficiently active and specific prebiotic catalysts. However, few would believe that any assembly of minerals on the primitive Earth is likely to have promoted these syntheses in significant yield. Each proposed metabolic cycle, therefore, must be evaluated in terms of the efficiencies and specificities that would be required of its hypothetical catalysts in order for the cycle to persist. Then arguments based on experimental evidence or chemical plausibility can be used to assess the likelihood that a family of catalysts that is adequate for maintaining the cycle could have existed on the primitive Earth.

The metabolic cycles that have been identified by biochemists are of two kinds: simple cycles and autocatalytic cycles. The citric acid cycle, which brings about the oxidation of acetate to CO2 with the concomitant synthesis of ATP, and the urea cycle that results in the conversion of toxic NH3 to relatively harmless urea, are both examples of simple cycles. The initial step of the former cycle is the synthesis of citric acid from oxaloacetic acid and acetyl-CoA. After one turn of the cycle, acetate is completely “burned” to CO2 as one molecule of oxaloacetate is regenerated. The Calvin dark cycle and the reverse citric acid cycle, both of which result in the fixation of CO2 into important biochemical intermediates, are examples of autocatalytic cycles. The reverse (reductive) citric acid cycle (Figure1) is initiated by the splitting of citric acid to give oxaloacetic acid and acetyl-CoA. After one turn of the cycle, two molecules of citric acid are formed, so long as no material is diverted from the cycle. That is why the cycle is described as autocatalytic—each molecule of citric acid introduced into the cycle results, after a turn of the cycle, in the generation of two molecules of citric acid. The proposal that the reverse citric acid cycle operated nonenzymatically on the primitive Earth has been a prominent feature of some scenarios for the origin of life [6–8].

(PDF GRATIS: PLoS Biology)

quarta-feira, setembro 24, 2014

A maior mobilização pelo clima da história

Manifestação em Barcelona
No domingo, centenas de milhares de pessoas tomaram as ruas de Nova York e de outras duas mil comunidades ao redor do mundo, no que ficou conhecido como a maior mobilização pelo clima da história. “Foi uma linda expressão do nosso amor por tudo aquilo que as mudanças climáticas ameaçam, e da nossa esperança de que podemos salvar este planeta e construir uma sociedade com energia 100% limpa”, diz o texto no site de uma das entidades organizadoras do evento, a Avaaz. Clique aqui para ver algumas fotos e conferir a capa de jornais importantes que deram cobertura ao evento. Para quem ainda duvidava do poder de mobilização da “bandeira verde”, aí está uma amostra do que vem por aí. Só para lembrar: (1) no ano que vem haverá uma reunião envolvendo representantes de várias religiões, a fim de discutir o problema do aquecimento global; (2) cientistas pediram ao papa que encabece os esforços para “salvar o planeta”; (3) o papa Francisco está preparando uma encíclica sobre que assunto? Sim, meio ambiente; e (4) uma das propostas do Vaticano para reduzir as emissões de carbono é reservar o domingo como dia de repouso para todos. Finalmente, eu o convido a assistir ao vídeo logo abaixo das fotos, para entender a correlação entre o ambientalismo e as profecias bíblicas.






terça-feira, setembro 23, 2014

Stephen Hawking deixa clara sua (des)crença

Hawking e sua crença no não
O astrofísico britânico Stephen Hawking revelou [no] domingo que é ateu. Em entrevista ao jornal espanhol El Mundo, Hawking, cujas investigações sobre o Universo são consideradas das mais relevantes da história da ciência, disse que “no passado, antes de entendermos a ciência, era lógico acreditar que Deus criou o Universo”, mas que atualmente tal crença não fazia sentido. “Agora a ciência oferece uma explicação mais convincente. O que quis dizer quando disse que conheceríamos ‘a mente de Deus’ [escreveu isso no livro Uma Breve História do Tempo] era que compreenderíamos tudo o que Deus seria capaz de compreender se por acaso existisse. Mas não há nenhum Deus. Sou ateu. A religião acredita em milagres, mas estes são incompatíveis com a ciência”, disse.

A afirmação do cientista surge depois de anos de alguma especulação sobre as suas verdadeiras crenças, uma vez que, se em Uma Breve História do Tempo havia dito que era possível conhecer “a mente de Deus”, noutras intervenções e no livro The Grand Design admitia a hipótese de o Universo se ter criado a partir do nada.

Em Uma Breve História do Tempo, Stephen Hawking tinha exposto a sua ideia de que, um dia, seria possível à humanidade saber tudo sobre tudo. E, ao El Mundo, reitera a sua posição. “Penso que sim, que conseguiremos entender a origem e estrutura do Universo. Na verdade, agora já estamos perto de atingir esse objetivo. Em minha opinião, não há nenhum aspecto da realidade fora do alcance da mente humana”, afirmou.

É por isso que, diz, o investimento na investigação científica por parte dos governos mundiais deve continuar. “Não se pode incentivar os jovens a estudar cursos científicos com cortes no campo da investigação”, refere. Até porque esses jovens poderão ser importantes em campos como a exploração espacial, que Hawking diz ser importante para o futuro da raça humana. “Poderá evitar o desaparecimento da humanidade devido à colonização de outros planetas”, explica, sublinhando ainda que “a exploração espacial impulsionou e continuará a impulsionar grandes avanços científicos e tecnológicos”. [...]


Nota: Li recentemente a minibiografia de Hawking na qual ele descreve situações que, para mim, são muito reveladoras (confira aqui). Quanto a essa recente declaração de fé (a fé na não existência de Deus) do físico para quem a morte é conto de fadas, mas ETs existem, gostei do comentário de João Pereira Coutinho, publicado no site da Folha (confira aqui). [MB]

segunda-feira, setembro 22, 2014

Uma ficção preconceituosa sobre TDI e criacionismo

O preconceito cega
[E continua a propaganda enganosa contra A teoria do Design Inteligente (TDI) e o criacionismo. Desta vez, é a revista Galileu que volta à carga com o texto “Complexidade irredutível e design inteligente: provas do criacionismo ou tentativa de levar religião para aulas de ciência?”, publicado em seu site. Trata-se de um libelo ultradarwinista “cometido” por Carlos Orsi, em sua coluna “Olhar Cético”. Orsi é escritor de ficção científica e horror. As duas coisas se aplicam ao que ele escreveu abaixo. Meus comentários céticos seguem entre colchetes, porque não tive paciência de esperar até o fim do artigo para dizer alguma coisa. – MB]

“Nunca consegui entender”, disse Mr. Pond, “como uma mudança que deveria ter ajudado um animal, se acontecesse depressa, pode ajudá-lo se acontece devagar. E se acontece em seu tataraneto, muito depois de passada a hora de o animal ter morrido sem sequer deixar netos. Poderia ser uma vantagem se eu tivesse três pernas, digamos, para me apoiar em duas enquanto chuto um burocrata com a terceira. Poderia ser melhor se eu tivesse três pernas; mas não seria melhor se eu tivesse apenas uma perna rudimentar [...] até que seja longa o bastante para correr ou escalar, a perna seria apenas um peso extra.”

O Mr. Pond do parágrafo acima é um detetive de ficção, criado pelo escritor britânico G. K. Chesterton (1874-1936). Chesterton tem um dos textos mais charmosos da língua inglesa, e seus contos de mistério são, geralmente, muito bons. O trecho destacado, no entanto, está aí não pelo valor literário, mas filosófico: representa a mais clara e elegante articulação do argumento criacionista da “complexidade irredutível” [o argumento da complexidade irredutível foi proposto por Michael Behe, que não é criacionista].

Popularizada no início dos anos 90 pelo bioquímico americano Michael Behe [pelo jeito, Orsi não leu A Caixa Preta de Darwin], a expressão “complexidade irredutível” refere-se a estruturas onde as partes são tão bem encaixadas e adaptadas umas às outras que, na ausência de uma só delas, o todo se torna tão inútil quanto prejudicial: como a tal “perna rudimentar” que só serviria de peso morto.

Do ponto de vista biológico, diz Behe, a existência de fenômenos “irredutivelmente complexos”, se comprovada, refutaria a evolução por seleção natural. Formas irredutíveis marcariam a assinatura de um “designer inteligente”, que é a expressão-chave de mais uma tentativa hipócrita de contrabandear religião para dentro das aulas de ciências. [Aqui o autor da “pérola” em forma de artigo revela toda a sua ignorância e/ou preconceito. Primeiro, os teóricos da Teoria do Design Inteligente não estão preocupados com religião. Eles não apelam para livros ou argumentos religiosos – basta ler Behe para perceber isso. Há entre os defensores da TDI ateus, agnósticos e, sim, religiosos. Mas nenhum deles defende que se ensine religião em aulas de ciência. Jamais! Aliás, não defendem qualquer tipo de religião. Aliás, nem criacionistas defendem uma ideia dessas, pelo menos não os criacionistas esclarecidos. A própria Sociedade Criacionista Brasileira se opõe ao ensino do criacionismo nas aulas de ciência. Pelo visto, o autor da peça de ficção aí não se deu ao trabalho de conversar com um defensor da TDI nem do criacionismo.]

Há vários problemas com a ideia de “complexidade irredutível” aplicada à biologia. O primeiro e mais fundamental é ignorar a versatilidade da vida: a “perna rudimentar” de Mr. Pond não serve para correr ou escalar, mas pode funcionar como nadadeira [em terra seca? Sei...], ou facilitar os primeiros passos de um animal aquático sobre a terra firme [ainda dentro d’água? Sei...], como mostra o fóssil Tiktaalik, descrito na revista Nature em 2006. Está bem longe, portanto de ser “apenas um peso extra”. [A história do Tiktaalik já foi analisada aqui e aqui.]

A versão do argumento popularizada por Behe se vale de exemplos da bioquímica – ele gosta de citar cadeias de interações entre moléculas que produzem resultados específicos, como a coagulação do sangue, e dizer que cada elo da cadeia é, ao mesmo tempo, essencial para o todo e inútil em si. O jargão bioquímico tende a impressionar mais o público leigo que a “perna rudimentar” de Mr. Pond, mas o raciocínio é, em essência, o mesmo – e sofre das mesmas falhas. [Não, não é o mesmo. Behe desce ao nível da complexidade molecular e bioquímica para mostrar que uma coisa é teorizar sobre “patas de baleia” – como se elas pudessem surgir do nada a partir de informação genética que antes não existia – e outra bem diferente é tentar explicar a bioquímica da visão, da coagulação do sangue ou do sistema de defesa que, de fato, dependem de várias “partes” inter-relacionadas e interdependentes para funcionar; sistemas de cujo perfeito funcionamento a vida dependeu desde o início, caso contrário, não estaríamos aqui agora escrevendo/lendo isto. Chesterton viveu entre os séculos 19 e 20. Em que pese sua genialidade, ele não dispunha dos conhecimentos da biologia molecular e da bioquímica, caso contrário, a tentativa de desconstrução de Orsi seria muiiiiito mais difícil, pois o autor de Ortodoxia teria exemplos melhores para utilizar em seus textos primorosos. Hipocrisia é tentar comparar o argumento da perna com o da complexidade bioquímica da vida.]  

Outro ponto, bem concreto, é que existem explicações plausíveis para a evolução gradual de várias características dos seres vivos, às vezes apontadas como “irredutivelmente complexas”. O livro Creationism Trojan Horse, de Barbara Forest e Paul Gross, por exemplo, indica listas e mais listas de artigos científicos que explicam e evolução das cadeias bioquímicas que Behe e seus colegas insistem em chamar de inexplicáveis. Ou, como escrevem os autores, “mostrando que o que Behe diz que não existe, existe”. [Por que Orsi não cita o livro não traduzido de Behe, The Edge of Evolution, no qual ele rebate essas críticas? Bem, se ele não leu A Caixa Preta de Darwin, duvido que tenha lido este.]

Agora, só como hipótese, vamos supor que haja, escondidos por aí, casos em que nenhuma explicação razoável para a evolução das partes variadas do todo complexo esteja disponível. E então? Poderíamos concluir que houve “design inteligente”? De jeito nenhum: “inexplicado” não implica “inexplicável”. Na verdadeira ciência, a ignorância é ponto de partida, não de chegada. [Mas na ficção científica, em que não importa tanto a verdade dos fatos, a ignorância pode ser o ponto de partida e também o de chegada. Mas horror mesmo é quando os dados são manipulados para se encaixar numa opinião preconceituosa e pré-concebida.]