Darwin tinha razão em ficar "gelado" |
Ao
contrário do consenso evolucionista, estudos realizados tanto por cientistas
evolucionistas quanto do design
inteligente revelaram a ocorrência de acúmulo de mutações deletérias nos seres
vivos, levando à degeneração e à perda de informação genética em curto espaço
de tempo.[1-4]. O que não se observa é um aumento de nova informação genética, já
que para o “surgimento” de novos órgãos funcionais e planos corporais seria
necessário acréscimo de muita informação complexa e específica. Dito isto, vamos
nos ater à complexidade revelada atualmente no olho humano. Por exemplo, o olho
é um órgão bastante excepcional em termos de função.[5] A luz passa
através da córnea e, em seguida, através da lente, onde é focada na retina, que
contém os fotorreceptores (cones e bastonetes) para detectar essa
luz. Cada haste e cone que recebe luz dispara um sinal para o aparelho
neural, que transmite o sinal para o nervo óptico, que passa para o cérebro a
fim de realizar o processamento. Esse processo inclui a inversão da imagem
e a interpretação do que é visto.
O
design da retina também é muito peculiar. A
retina é composta de fotorreceptores que enfrentam a entrada de luz, seguida
pela camada neural e as camadas subjacentes que fornecem nutrientes e oxigênio por
meio de um leito capilar.[5] Os evolucionistas dizem que a retina humana é
“invertida”, uma vez que as camadas neurais estão expostas à luz enquanto as
células fotorreceptoras estão afastadas da luz incidente. Para eles, esse
arranjo foi o resultado da evolução improvisada em que os supostos erros no projeto
se deram através de sucessivas alterações mutacionais a
fim de torná-lo funcional.
De
acordo com Richard Dawkins,[6] um dos principais defensores da evolução, “qualquer
engenheiro poderia naturalmente supor que as fotocélulas apontariam para a luz,
com seus fios sendo conduzidos para trás em direção ao cérebro. Ele iria rir de
qualquer sugestão de que as fotocélulas [ficam longe da incidência da luz], com
seus fios partindo do lado mais próximo da luz. [...] Cada fotocélula é, efetivamente,
ligada atrás, com seu fio saindo no lado mais próximo da luz. O fio tem de
viajar sobre a superfície da retina a um ponto onde ele mergulha através de um
furo na retina [...] para se juntar ao nervo óptico. Isso significa que a luz,
em vez de ser garantida uma passagem livre para as fotocélulas, tem que passar
através de uma floresta de fios de ligação, provavelmente sofrendo, pelo menos,
alguma atenuação e distorção (na verdade, provavelmente não muito, mas, ainda
assim, é o princípio da coisa que poderia ofender qualquer engenheiro neuronal).
Eu não conheço a explicação exata para esse estranho formato” (p.93).
Dawkins
não sabe o motivo de a retina dos vertebrados ser projetada de maneira invertida
porque ele realmente não entende como o olho funciona. Na verdade, a
retina é projetada com capacidades ligeiramente subóptimas de captação de luz, com
suas extremidades sensoriais localizadas em um abrigo contra a luz incidente, de
modo a garantir sua funcionalidade por pelo menos muitas décadas.[5, 7] Se
a retina fosse projetada pelos “engenheiros neuronais” de Dawkins, ela certamente
não funcionaria tão bem. Isso porque todo o sistema óptico é impactado pelos
raios ultravioleta.[5]
O
olho contém uma camada especial de células, o epitélio pigmentar da retina
(EPR), que tem mecanismos complexos para lidar com moléculas tóxicas e radicais
livres produzidos pela ação da luz. Enzimas específicas, tais como as
superóxidodismutase, catalases e peroxidases estão presentes para eliminar
moléculas potencialmente prejudiciais. Os antioxidantes, tais como
a-tocoferol (vitamina E) e o ácido ascórbico (vitamina C) também estão
disponíveis para reduzir o dano oxidativo. Mas, devido ao dano contínuo causado
pela luz, os discos (juntamente com os fotopigmentos) das células
fotorreceptoras são continuamente substituídos pelo EPR.[8, 9] Se não
fosse esse o caso, os fotorreceptores acumulariam rapidamente defeitos fatais,
o que impediria sua função.
Além
disso, as células EPR contêm o pigmento melanina, que absorve a luz difusa e
dispersa para melhorar a acuidade visual.[8, 9] O EPR se encontra em contato
com a camada coroide, que contém um grande leito capilar com o maior fluxo
sanguíneo por grama de qualquer tecido do corpo. Mas por que existe um
fluxo de sangue tão alto na coroide? Uma vez que as células
fotorreceptoras estão em constante regeneração, elas exigem uma elevada taxa de
troca de oxigênio e nutrientes. Além disso, verifica-se que a elevada taxa
de fluxo de sangue é necessária para remover o calor da retina e para evitar
danos resultantes do foco de luz.[10]
Então,
por que o projeto dos “engenheiros” de Dawkins é uma péssima ideia? Dawkins
acha que a camada neural deve estar sob os fotorreceptores, colocando-os entre
os fotorreceptores e a coroide. Mas para onde iria o EPR (que é necessário
para regenerar os fotorreceptores)? Se fosse entre a camada neural e a
coroide, o EPR estaria muito longe dos fotorreceptores para ser regenerado. Além
disso, esse projeto iria colocar outra camada entre os fotorreceptores e o seu
fornecimento de sangue, reduzindo a troca de oxigênio e nutrientes, e
minimizando a eficácia da coroide na remoção de calor dos receptores. A ideia
de Dawkins impediria os fotorreceptores de serem regenerados e provavelmente
levaria a danos causados pelo calor. Esse projeto certamente falharia no
primeiro ano de utilização. Nessa perspectiva, ainda bem que qualquer que
seja o designer inteligente ele não tenha projetado o olho da mesma forma que os
evolucionistas o fariam!
Ademais,
alguns evolucionistas afirmam que a retina invertida (em que fotorreceptores se
encontram na superfície, expostos à luz incidente) de cefalópodes, tais como
lulas e polvos, é mais eficiente do que a retina invertida do ser humano.[11] Mas
isso pressupõe que a retina invertida é ineficiente em primeiro lugar. No
entanto, eles não conseguiram demonstrar que a retina invertida seja um projeto
ruim que funciona mal. Eles ignoram as muitas boas razões para isso.
Os
evolucionistas também não mostraram que cefalópodes realmente enxergam
melhor. Pelo contrário, os olhos desses animais apenas se aproximam de
alguns olhos de pequenos vertebrados em termos de eficiência, e eles
provavelmente são daltônicos.[7] Evidências indicam que a retina de cefalópodes
é menos complexa do que a retina “invertida” em humanos.[12] Sabe-se
também que os cefalópodes em seu ambiente natural são expostos a uma
intensidade de luz muito menor do que são os humanos, e eles geralmente vivem
apenas dois ou três anos, no máximo. Nada se sabe sobre a vida útil da lula
gigante que vive em grandes profundidades em que há pouca luz.[7] Assim, os
cefalópodes necessitam de menos proteção contra danos em células
fotorreceptoras. Devido a ser projetado de forma diferente para um ambiente
diferente, o olho dos cefalópodes pode funcionar bem com uma retina “invertida”.
É
fácil de perceber que os evolucionistas são muito tendenciosos em fazer
comparações “científicas” quando lhes convém. Mas o que dizer do olho humano em comparação com o das lulas?[13]
Embora o olho da lula seja maior que o do ser humano, ambos os olhos são muito
parecidos em termos de estrutura - são compostos
de íris, pupila e retina. Mas por que ninguém sugere ancestralidade comum entre
essas espécies? Os cientistas do design
inteligente sabem que usar a homologia estrutural e fisiológica entre as
espécies como base para a ancestralidade comum é ilógico, pois sabem que as
semelhanças são apenas um projeto comum que deu certo.
Explicado
isso, vamos às descobertas da complexidade desse órgão tão privilegiado. Em
2007, cientistas alemães descobriram no olho uma sofisticada rede de fibras
ópticas de alta performance, que canaliza toda a luz com menos distorção antes
de chegar às células fotorreceptores, sem qualquer perda, assim como uma placa
óptica.[14] É uma camada de células em forma de cone − chamadas de células
Müller -
que funciona como uma segunda lente dentro do olho, canalizando a luz incidente
através da camada opaca e colocando-a exatamente onde ela é necessária. Os
autores comparam esse sistema a uma placa óptica, mas tais placas normais têm
pacotes simples de fibras ópticas. Os pesquisadores descobriram que o
olho dos vertebrados é mais complexo, pois as células em forma de funil recolhem
mais luz na superfície do olho. Para eles, essa descoberta pode ter aplicações
técnicas úteis para engenheiros ópticos.
Em
2010, pesquisadores israelenses descobriram que as células Müller fazem muito
mais do que apenas transportar a luz para os fotorreceptores.[15] Elas agem
como filtros de ruído, afinadoras e focalizadoras de cor. Pelo menos dois tipos
de luz entram nos olhos: luz informativa, que vem diretamente através da
pupila, e “ruído” que já foi refletido múltiplas vezes dentro do olho. As
simulações mostraram que as células Müller transmitem maior proporção das
primeiras, enquanto as últimas tendem a se esvair. Isso sugere que as células
agem como filtros de luz, mantendo as imagens nítidas e as cores em foco. Do
mesmo modo que a luz se separa num prisma, as lentes dos nossos olhos separam
as diferentes cores fazendo com que algumas frequências fiquem fora do foco na
retina. O largo topo das células Müller permite que elas recolham qualquer cor
separada e voltem a focá-la para dentro da mesma célula-cone. Isso garante que
todas as cores de uma imagem fiquem no foco.
Em
2011, estudo realizado por cientistas norte-americanos sugeriu complexidade no
olho humano ao encontrar uma proteína que age como bússola.[16, 17] Essa proteína
chamada criptocromo está presente no olho humano e é responsável pela sensibilidade
ao campo magnético da Terra no que se refere ao senso de orientação. Em
2012, estudo cingapuriano sugeriu a capacidade do olho humano de funcionar como
detector óptico de alta sensibilidade.[18] As células fotorreceptoras da retina
detectam a diferença entre distintas fontes de luz, ou seja, interpretam as
propriedades estatísticas da luz. Isso é algo que só pode ser mensurado pelas
propriedades quânticas da luz. O estudo ainda sugere que a complexidade do olho
humano supera qualquer dispositivo artificial desenvolvido. Como podemos
observar, a ciência tem feito grandes descobertas, mas, mesmo assim, a
complexidade do olho humano ainda não foi totalmente compreendida.
(Everton Alves)
(Everton Alves)
Referências:
[1] Lynch M. “Rate, molecular spectrum, and consequences of human mutation.” Proc Natl Acad Sci USA. 2010; 107(3):961-8.
[2] Lamb TD. “A
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2012; 483(7389):324-7.
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[5] Deem R. “Bad Designs in
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[6] Dawkins R. The Blind Watchmaker: Why the evidence of
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[7] Gurney PWV. “Is our
‘inverted’ retina really ‘bad design’?” Journal
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[8] Young RW. “The Bowman
Lecture: Biological renewal: Applications to the eye.” Trans. Ophthalmol. Soc. UK 1982;
102:42-67.
[9] Guerry RK, Ham WT,
Mueller HA. “Light toxicity in the posterior segment.” In Tasman W, Jaeger EA. Clinical Ophthalmology, v. 3, New
York: Lippincott-Raven, 1998.
[10]
Parver LM, Auker C, Carpenter DO.
“Choroidal blood flow as a
heat dissipating mechanism in the macula.” Am J Ophthalmol. 1980;
89(5):641-6.
[11] Diamante J. “Voyage of
the Overloaded Ark.” Discover 1985,
p. 82-92.
[12] Budelmann BU. “Cephalopod
sense organs, nerves and brain.” In: Pörtner HO, O’Dor RJ, Macmillan DL. Physiology of cephalopod molluscs: lifestyle
and performance adaptations. Basel, Switzerland: Gordon and Breach, 1994.
[13] Nilsson DE, Warrant EJ, Johnsen S, Hanlon R, Shashar N. “A unique advantage for giant eyes in giant squid.” Curr Biol. 2012; 22(8):683-8.
[14] Franze K, Grosche J, Skatchkov SN, Schinkinger S, Foja C, Schild D, Uckermann O, Travis K, Reichenbach A, Guck J. “Muller cells are living optical fibers in the vertebrate retina.” Proc Natl Acad Sci USA. 2007; 104(20):8287-92.
[15] Labin AM, Ribak EN. “Retinal glial cells enhance human vision acuity.” Phys Rev Lett. 2010;
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[16] Baker RR. “Goal orientation by blindfolded humans after long-distance
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[17] Foley LE, Gegear RJ, Reppert SM. “Human cryptochrome exhibits light-dependent
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[18] Sim N, Cheng MF,
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photoreceptor cells.” Phys. Rev. Lett.
2012; 109:113601.