Incitando as massas |
Sim, o papa Francisco está encorajando a
desobediência civil, levando a uma rebelião. Olhando atentamente, Francisco
sabe que está incitando uma rebelião política, um levante das massas contra os
capitalistas super ricos do mundo. Mas os conservadores de direita ainda continuam
na negação, distorcendo a mensagem do papa, esperando que ela simplesmente
desapareça, como aconteceu com o movimento “Ocupe Wall Street”. Nunca. O vício
narcisista americano às políticas presidenciais está emburrecendo nosso cérebro
coletivo. Atenção: esqueça Bernie x Hillary. Esqueça as distrações e palhaçadas
criadas por Trump x os 15 fabulosos do Partido Republicano.[1] O papa francisco
é o único líder político real que importa neste ano. Esqueça o resto. Aqui está
o porquê: o papa Francisco não está apenas liderando uma “Segunda Revolução
Americana”, ele está reunindo pessoas através da Terra, tanto de classe média
como de pobres, levantando bilhões para criar uma revolução econômica global,
uma que pode repentinamente varrer o planeta, como a tomada da Bastilha
francesa, em 1789.
Infelizmente, os capitalistas
conservadores – grandes petrolíferas, os bilionários Koch,[2] nosso congresso republicano
e todos os negadores da ciência climática dos combustíveis fósseis – estão
cegos ao fato de que sua ideologia está no lado errado da História, que por
lutar uma batalha sem vencedores eles estão cometendo suicídio, autodestruindo
sua própria ideologia.
O fato é: a era do capitalismo está
rapidamente morrendo, uma vítima do seu próprio sucesso, sabotada pela cobiça e
pela perda do código moral. Em 1776, o capitalismo de Adam Smith se tornou o
núcleo do princípio econômico da América. Nós entesouramos esse ideal do
capitalismo em nossas liberdades constitucionais. Nós prosperamos. A América se
tornou a maior superpotência econômica na história mundial.
Mas, ao longo do caminho, a América
esqueceu que o fundamento original de Smith estava na moral, nos valores, fazer
o que é correto para o bem comum. Ao invés disso, nós nos desviamos para um
“capitalismo mutante” narcisista, de Ayn Rand, como Jack Bogle, fundador da Vanguard,
chamou de distorção dos princípios de Adam Smith no seu clássico A Batalha Pela Alma do Capitalismo. A
batalha está perdida.
Na geração desde a revolução Reagan, o
capitalismo autocentrado, direcionado ao consumidor e mutante perdeu sua
bússola moral, indo à deriva: a desigualdade explodiu, o crescimento da renda
estagnou, os pobres continuaram ficando mais pobres. Ainda, pelo mundo,
bilionários explodiram de 322 em 2000 para 1.826 em 2015, com a previsão de 11
famílias trilionárias controlando o Planeta por volta de 2100.
Mas não por muito mais tempo, ao
acelerar-se a revolução do papa Francisco, como deixa clara sua implacável
mensagem de direitos sagrados. Por quê? Nossa elite do capitalismo mutante
disparou um massivo revés, uma “crise humana profunda, a negação da primazia da
pessoa humana. A adoração ao antigo bezerro de ouro se tornou um novo e
desumano disfarce da idolatria do dinheiro”.
Um papa Francisco agressivo está em uma
missão de transformar a ideologia mutante do mundo capitalista atual, com sua
rampante negação da ciência climática centrada no lucro. Felizmente, o papa irá
logo confrontar e desafiar o Congresso do Partido Republicano diretamente,
então a Assembleia Geral das Nações Unidas, para desafiar a falha do mundo
capitalista para tomar ações sobre mudanças climáticas. Talvez eles finalmente acordem.
A recente viagem do papa Francisco para a
América do Sul revelou um claro anticapitalismo, uma mensagem socialista,
chamando para uma “mudança estrutural para uma economia global que corre contra
o plano de Jesus”, como reportado na Time
por Christopher Hale. Francisco advertiu: “O futuro da humanidade não repousa
somente nas mãos dos grandes líderes, dos grandes poderes e das elites.” O
futuro “está fundamentalmente nas mãos dos povos e em sua habilidade de
organizar. Está nas mãos deles, os quais podem dirigir, com humildade e
convicção, esse processo de mudança. Eu estou com vocês.” O papa está
advertindo todos os capitalistas em todos os lugares. Como Jesus diz na Bíblia,
os pobres sempre estarão convosco, mas os ricos podem não estar após a
revolução que está chegando.
Sim, pessoal, o papa Francisco é um
revolucionário destinado a terminar nos livros de história ao lado de Lenin e
Marx, Mao e Castro. Ele está obviamente incitando a revolução, quer a
desobediência civil e a insurreição política, está levando os pobres à rebelião
contra os ricos, grandemente suplantados numericamente.
De fato, Francisco se tornou um dos
maiores líderes revolucionários mundiais. Ele não está apenas incitando um
levante das massas contra os bilionários capitalistas afortunados, ele está lá
no fronte da revolução global emergente, encorajando as massas, chorando as
lamúrias da batalha, um líder na tradição de Washington.
Assim, a mídia deve parar de confundir a
natureza agradável de Francisco, seu perpétuo sorriso, esquecendo-se de suas
verdadeiras intenções. Ele está em um agressivo chamado às armas, um chamado
por uma revolução global atacando o atual “capitalismo mutante” fora de
controle, orientado ao consumidor, um chamado a substituir o capitalismo com um
novo socialismo econômico dando aos pobres “os direitos sagrados” pareadamente
com os super ricos.
Hale, da Time, destacou as quatro “fundações” da vindoura “revolução” do papa.
Hale cobriu o tour do papa na América do Sul, em “O papa Francisco não
está na defensiva – e os políticos dos EUA devem ficar atentos”. Na Bolívia,
Francisco advertiu que capitalismo global é um fracasso e precisa de uma
“mudança estrutural” porque ele corre contra o “plano de Jesus”. Hale então
adicionou que os “líderes de ambos os partidos podem se arrepender de aceitar o
convite do pontífice jesuíta de 78 anos de idade” para falar a uma sessão do
Congresso [dos EUA] em dois meses. Cinco razões fazem o aviso suficientemente
óbvio:
Socialismo:
todos têm um direito sagrado à terra, habitação e trabalho
“O papa Francisco argumenta que todos têm
um direito divino de ter um trabalho, de possuir uma terra, e de ter um lar.”
Esses direitos vão “muito além do ensino tradicional social da Igreja Católica,
que pleiteia pela dignidade do trabalho, mas não vão tão longe a ponto de dizer
que todos têm um direito dado por Deus de ter um trabalho”. Mas, claramente, o
papa Francisco diz que os pobres de fato têm “direitos sagrados” inalienáveis,
em par com aqueles garantidos na Constituição Americana. E, claramente, Scott
Walker e o Partido Republicano já negam uma similar agenda liberal de “direitos
sagrados” de salário mínimo, propriedade e trabalho.
Os
humanos, não os lucros capitalistas, devem estar ao centro da economia global
A mensagem do papa Francisco é
inconfundível: “o capitalismo descontrolado” que se tornou um “ditador sutil” é
agora o próprio “excremento do diabo”. Ai! Isso deve machucar mesmo o gélido empedernido
ego dos Koch. Francisco diz que a ganância capitalista “irrefreada na
perseguição do dinheiro” está destruindo o “bem comum”, preparando o palco para
revoluções. O papa apelou às massas para “dizer não à uma economia de exclusão
e desigualdade, onde o dinheiro domina”, porque os capitalistas irão “destruir
a Mãe-Terra” para enriquecer a elite super rica. Ainda outro chamado revolucionário
à batalha.
Milhões
ao redor do mundo não podem esperar muito tempo por ação
A encíclica do papa Francisco advertiu
que “as previsões apocalípticas” sobre o clima “não podem mais ser vistas com
ironia e desdém”, ou repelidas sem uma ação. Agora, Francisco está
agressivamente empurrando os líderes mundiais e humanos de todos os lugares a
lutar contra todas as injustiças econômicas aos indivíduos. O tic-tac do
relógio ressoa, o tempo está “se esgotando: nós ainda não estamos nos
destruindo uns aos outros, mas nós estamos destruindo nosso lar comum” aqui na
Terra. O papa Francisco também encoraja as pessoas a começar a reclamar “nós
queremos mudança!”. Lembra o filme de 1976 “A Rede”, no qual um âncora
televisivo conclama telespectadores a gritar: “Eu estou louco e não vou mais
aguentar isto!”
Revoluções
começam com cidadãos irados, não com políticos ou filantropos
Hale da Time diz que o chamado do papa por uma “mudança estrutural não será
o resultado de nenhuma decisão política”. O papa entende que os políticos
raramente lideram. A mudança é iniciada de baixo, por multidões iradas; ela é
“apanhada nas lutas das vidas das pessoas”, incendiadas, rebeldes, motivadas a
agir; então a revolução se incendeia e se move rapidamente como fogo em
combustível para jatos.
Advertência:
o socialismo é agora uma obrigação moral, um mandamento a obedecer
Há de se admitir: o papa Francisco está
claramente incitando as pessoas a se rebelarem com sua mensagem passional,
provocativa e inspiracional, a qual rememora Marx, e ainda diretamente o
Evangelho de Jesus: “Trabalhar por uma justa distribuição dos frutos da Terra e
trabalho humano não é meramente filantropia”, não apenas uma esmola de
bilionários capitalistas.
Ao invés disso, o papa Francisco muda
nosso foco: o socialismo é agora “uma obrigação moral. E para os cristãos a
responsabilidade é ainda maior: é um mandamento. Diz respeito a dar aos pobres
e aos povos o que é seu como um direito sagrado”. E se nós falharmos em
dar-lhes livremente, não se surpreenda quando as revoluções explodirem pelo
planeta Terra.
(Market Watch; tradução: Alexsander D. da Silva)
¹ N.T.: Atualmente, há 15 candidatos
republicanos à presidência da República norte-americana.
² N.T.: Família Koch, detentora das
Indústrias Koch, a segunda maior companhia privada dos EUA, com receitas de 115
bilhões de dólares, em 2013.