Evolução ou uso inadequado? |
Um
dos exemplos que os evolucionistas utilizam para fundamentar suas alegações é o
fato de que temos problemas com os dentes do siso. O “dente
do siso” é um termo popular para os nossos terceiros molares, que por vezes não
se desenvolvem adequadamente. Os terceiros
molares são muitas vezes rotulados de “vestigiais” e tidos também como
evidência para apoiar a suposta evolução humana a partir de um antepassado
primata.[1-5] Esse ponto de vista foi inicialmente
proposto por Darwin, que concluiu: “O molar posterior [dente do siso] foi tendendo a se tornar
rudimentar nas raças humanas mais civilizadas. [...] Eles não cortam as
gengivas até cerca do décimo sétimo ano, e eu tenho certeza de que eles são
muito mais sujeitos à degradação, e são perdidos mais cedo do que outros
dentes; mas isso é negado por
alguns dentistas eminentes. Eles
também são muito mais suscetíveis de variar, tanto na estrutura quanto no
período do seu desenvolvimento, do que os outros dentes. Nas raças com mais melanina [negros],
por outro lado, os dentes do siso são geralmente equipados com três dentes
separados, e são geralmente sadios; eles
também diferem dos outros molares em tamanho, menos do que nas raças caucasianas. Prof. Schaaffhausen aponta para essa
diferença entre as raças pela ‘porção dental posterior da mandíbula sendo
sempre ‘encurtada’ [...]. Eu fui informado pelo Sr. Brace que isso está se
tornando uma prática comum nos Estados Unidos para remover alguns dos dentes
molares de crianças, uma vez que a mandíbula não cresce suficientemente para o desenvolvimento
perfeito do número normal.” [6: p. 20]
De forma geral, os evolucionistas acredita que a mandíbula humana
encolheu de tamanho a partir da mandíbula do macaco (bem maior que a do ser humano),
à medida que o homem evoluiu. Mas a
evolução dos dentes se iniciou num momento em que os
nossos supostos antepassados hominídeos ainda estavam mastigando grandes
tubérculos e outros alimentos a base de amido. Mais
tarde, nossos ancestrais teriam começado a complementar sua dieta com carne
crua. Posteriormente, ainda, as pessoas teriam descoberto
que a carne cozida era bem melhor do que a carne crua. E,
então, passaram a cozinhar.
Nesse
processo, devido ao fato de os legumes e a carne cozida serem muito mais fáceis
de mastigar, a mandíbula humana teria diminuído consideravelmente de tamanho,
enquanto os dentes se mantiveram mais ou menos inalterados durante supostos milhões
de anos. Isso teria causado uma rápida explosão no tamanho do
cérebro humano. Em suma, a evolução teria
produzido “um aumento no tamanho do cérebro às custas do tamanho da mandíbula”.[7: p. 3] Assim, a mandíbula teria se
tornado pequena demais para os últimos dentes (terceiros molares) entrarem em
erupção. Esse ponto de vista é
geralmente explicado da seguinte forma:
“Nossos antepassados tinham mandíbulas maiores, por isso havia
espaço na boca humana para 32 dentes permanentes, incluindo os terceiros
molares. Mas, agora, nossas
mandíbulas são menores. O
resultado: não há mais lugar na maioria das bocas para abrigar 32 dentes. Assim, os últimos dentes que desenvolvemos
- dentes do siso - frequentemente tornam-se
impactados ou bloqueados para a erupção.”[8]
Essa alegação de que os dentes do siso são uma parte do corpo
humano que perdeu todo o propósito ainda aparece em diversas fontes bibliográficas.
Por muitas décadas afirmou-se que os dentes do siso serviam apenas para gerar problemas,
e que a mastigação não seria prejudicada caso eles fossem removidos
cirurgicamente. Assim, a extração de dentes do siso foi durante muitos anos
uma das intervenções cirúrgicas mais comuns no mundo ocidental.[9] Ademais, muitos dentistas foram aconselhados a extrair rotineiramente todos
os dentes do siso, independentemente de
eles estarem ou não causando problemas - alguns até mesmo removeram dentes do siso durante a adolescência,
se houvesse a indicação de que eles poderiam mais
tarde se tornar impactados.[10, 11]
Influenciados, portanto, pela alegação evolucionista de que os
dentes do siso não serviam para nada, os dentistas não faziam esforços para
proteger os dentes do siso da mesma forma como faziam com os outros dentes;[12] assim, a extração de bilhões de
dentes ao longo da história pode ter sido desnecessária. Embora um cirurgião competente possa, sim,
reduzir problemas graves mais tarde na vida pela remoção adequada dos terceiros
molares, a remoção profilática de rotina é atualmente desaconselhada por muitos
pesquisadores.[13]
Um dos motivos citados para a remoção dos dentes do siso é a
possibilidade de cistos e tumores se desenvolverem no saco que envolve um dente
do siso impactado. Essa anomalia
(cistos), porém, é relativamente rara, geralmente fica em torno de 1% de todos
os terceiros molares impactados, embora outro estudo verificasse que a taxa foi
de 11%.[14, 15] Além disso, devido
ao desenvolvimento do cisto ser extremamente lento, essa preocupação pode,
muitas vezes, ser monitorada e tratada antes que acometa uma quantidade
significativa de osso. Os tumores
também são raramente um problema, e em um estudo revisado por Leff, o número é
de “cerca de um em um milhão de dentes do siso impactados”.[10: p. 84]
Outro motivo frequentemente usado no passado para
a extração incluía a crença de que os dentes do siso podem empurrar os outros
dentes para frente, causando congestionamento. No entanto, a investigação nos últimos
anos tem mostrado que os dentes do siso têm a mesma função de mastigação que os
outros dentes, e que a crença de que os dentes do siso danificam a posição de
outros dentes na boca é completamente infundada.[10] Como Leff conclui, “não há
virtualmente nenhuma evidência” para apoiar a afirmação de que os dentes do
siso empurram outros dentes para a frente.[10: p. 85] Aliás, pesquisas constataram que
todos os dentes tendem a ir para a frente, pelo menos na meia-idade,
independentemente se os dentes do siso forem ou não removidos.[16, 17]
Em outro estudo, Southard concluiu que o “deslocamento
não pode ser evitado simplesmente pela extração de terceiros molares não
irrompidos”,[18: p. 76] e que “a remoção desses dentes com a
exclusiva finalidade de aliviar a força interdental e evitar, assim, a
aglomeração é injustificada.”[18: p. 79] Samsudin e Mason encontraram
em uma amostra de 423 pacientes agendados para remoção de dentes do siso que
apenas 5% destes foram avaliados por ortodontistas como realmente necessitando
de remoção por causa de superlotação.[19]
Como Daily observou em uma revisão de 145 estudos
empíricos, a extração do terceiro molar com a finalidade de prevenir doença não
é mais lógica do que a extração dos primeiros ou segundos molares para os
mesmos fins.[20] O problema da superlotação dos dentes da frente geralmente
ocorre por várias razões, tais como: a base do osso alveolar é muito pequena
para o tamanho e a forma do dente, a falta de atrito, a maturação dos tecidos
moles e a deriva mesial.[13, 21] Assim, é possível
observar que a rotina de extração de dentes do siso é apenas um dos muitos
exemplos em que as implicações da teoria da evolução têm contribuído para
práticas médicas errôneas.
Por
outro lado, pesquisas
têm observado que há outras maneiras de resolver os problemas com os dentes do siso, em vez de apenas
extraí-los.[20] Fato é que os
dentes do siso têm uma função de mastigação assim como todos os outros, e não
há nenhuma justificação científica para a crença de que eles não servem para
nada. Então por que os dentes do siso causam
um número significativo de problemas em humanos? Os cientistas descobriram que as
dificuldades com os dentes do siso se manifestaram de forma diferente entre as
comunidades humanas, e em momentos diferentes da história.
Ambos, egípcios pré-dinásticos e nubians (grupo
étnico que habita a região sul do Egito), por exemplo, raramente tiveram
problemas com dentes do siso, mas, muitas vezes, os problemas eram evidentes em
pessoas que viveram em períodos posteriores a esses na história.[22] Os povos
mongolóides apresentaram um percentual maior de agenesia (ausência) de
terceiros molares do que outros grupos, e poucas pessoas nas sociedades
primitivas tiveram problemas de dentes do siso.[23] Como observa Dahlberg, terceiros
molares foram “muito úteis nas sociedades primitivas” para mastigar a dieta seguida
para aquela época.[23: p. 171] Compreende-se, portanto, que os problemas com os dentes do siso
raramente foram vistos em sociedades pré-industriais. Tem sido descoberto que a maneira como
os alimentos sólidos deram lugar aos macios, ao longo dos últimos cem anos, em
particular, afetou negativamente a forma como a mandíbula humana se desenvolveu.
Entretanto,
voltando à perspectiva evolucionista, um grande
problema em sua explicação está na dificuldade em identificar qual a vantagem
que uma mandíbula menor teria para a sobrevivência dos humanos modernos [24]. A evolução para uma mandíbula menor,
na melhor das hipóteses, é um resultado da involução, isto é, a ação da disgenia
(processo hereditário desvantajoso em uma espécie) causada pelo acúmulo de mutações, provavelmente devido a alguma mudança que teria ocorrido em um passado
recente nos seres humanos.[7, 25].
Porém, essa mudança não tem nada a ver com a macroevolução ou
alguma “atrofia” evolutiva, e sim com a adaptação dentária a uma nova dieta. Muitos pesquisadores concluíram que a mudança na dieta para alimentos
processados e refinados nas sociedades modernas resultou em nosso uso
reduzido de dentes do siso. Esse uso reduzido causou uma diminuição na demanda mastigatória (a teoria do
desuso), resultando em mudanças no relacionamento entre os dentes e a mandíbula,
o que poderia levar à falha dos dentes do siso em entrar em erupção na
posição normal e à má oclusão (quando não há um encaixe
perfeito).[26]
Em 2011, um estudo explicou como hábitos alimentares
contribuem para o desenvolvimento da mandíbula.[27] Segundo essa pesquisa, quem
consome alimentos mais sólidos, como caçadores, possui maxilar mais
desenvolvido e maior, o que permite o nascimento e posicionamento normal dos
dentes, sem problemas com o siso. Por sua vez, os agricultores, cujos alimentos
são mais macios, possuem maxilar menor, causando problemas dentários como, por
exemplo, a má oclusão.
Isso soa como macroevolução? Além
disso, e como vimos, praticamente não há culturas “primitivas” com dentes
impactados, porque sua dieta saudável exigia dentes do siso para moer e esmagar
os alimentos crus e não processados. Acredita-se, também, que a má
oclusão “é uma doença de civilização, e [está] confinada ao homem moderno,
descendente de europeus”.[28: p. 46]
O último ponto a ser discutido – porém, não menos importante - diz respeito ao registro fóssil. Os documentos fósseis mostram
excelentes padrões de dentes, bem projetados, encontrados em quaisquer animais
desenterrados - sejam eles macacos ou
dinossauros. Assim, o registro fóssil está em desacordo
com o darwinismo. Segundo o zoólogo e escritor Frank Sherwin, se a
evolução fosse verdadeira, especialistas em fósseis deveriam encontrar bilhões
de criaturas fossilizadas com mandíbulas e dentes mal formados − testemunho
para o conserto cego da evolução.[29] Cada vez
que os dentes do siso − ou qualquer outro
tipo de dentes − são encontrados no
registro fóssil, eles estão bem formados e prontos para o uso. Portanto,
o registro fóssil mostra que os dentes sempre foram dentes.
Em suma, as evidências sugerem que os problemas verificados com os
dentes do siso na sociedade moderna não são devidos a mutações selecionadas
naturalmente pelo ambiente, mas em grande parte, à adaptação a um novo padrão
alimentar que não dá aos dentes o treino que eles exigem para assegurar a
relação adequada com a boca.
(Everton Alves)
Referências:
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[30] Bergman J. “Are
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