Patrimônio ameaçado |
Uma
equipe de cientistas norte-americanos afirma que seu estudo mostra “sem
qualquer dúvida significativa” que estamos entrando na sexta grande extinção em
massa. O estudo diz
que as espécies estão desaparecendo a uma taxa 100 vezes mais rápida do que
seria normalmente esperado. Uma perda tão catastrófica como a prevista de
espécies animais representa uma ameaça real para a existência humana, alertam
os especialistas. Ecossistemas cruciais, tais como a polinização das culturas
por insetos e de purificação de água em zonas úmidas em risco, seriam fatores
essenciais para o equilíbrio na Terra. No ritmo atual de perda de espécies, os
seres humanos perderão muitos dos benefícios da biodiversidade no prazo de três
gerações, de acordo com Paul Ehrlich, professor de Estudos Populacionais em
Biologia e membro sênior do Instituto Woods para o Meio Ambiente, em Stanford,
nos EUA, que liderou a pesquisa. “Estamos serrando o galho no qual estamos
sentados”, metaforizou Ehrlich.
O
estudo adverte que os seres humanos estão causando um espasmo mundial de perda
de biodiversidade, e que a janela para a conservação de espécies ameaçadas está
se fechando rapidamente. “O estudo mostra, sem dúvida significativa alguma, que
estamos entrando no sexto grande evento de extinção em massa”, afirmou Ehrlich.
O estudo, publicado na revista Science
Advances, mostra que, mesmo com estimativas extremamente conservadoras, as
espécies estão atualmente desaparecendo de forma assustadora.
“Se
permitirem que isso continue, a vida levaria milhões de anos para se recuperar,
e a nossa própria espécie provavelmente desapareceria logo no início do
processo”, disse o autor do estudo, Gerardo Ceballos, da Universidade Autônoma
do México.
Os
autores temem que 75% das espécies na Terra, hoje, poderiam desaparecer em
apenas duas gerações. “Ressaltamos que nossos cálculos, muito
provavelmente, subestimam a gravidade da crise de extinção, porque o nosso
objetivo era colocar um limite inferior realista sobre o impacto da humanidade
sobre a biodiversidade”, escrevem os pesquisadores.
Durante
toda a história humana, o consumo per
capita e a desigualdade econômica vem alterando ou destruindo habitats
naturais. Agora, o espectro da extinção paira sobre cerca de 41% de todas as
espécies de anfíbios e 26% de todos os mamíferos, de acordo com a União
Internacional para a Conservação da Natureza, que mantém uma lista oficial de
espécies ameaçadas e extintas.
Apesar
do cenário sombrio, há uma maneira significativa de combate, de acordo com
Ehrlich e seus colegas. “Evitar uma verdadeira sexta extinção em massa exigirá
esforços muito rápidos, intensificando a conservação das espécies ameaçadas
desde já, para aliviar as pressões sobre as suas populações. Principalmente
pela perda de habitat, exploração para o ganho econômico e mudanças climáticas”,
disseram os autores do estudo.
“Eu
estou otimista no sentido de que os seres humanos reajam. No passado, fizemos
saltos quânticos quando trabalhamos juntos para resolver nossos problemas”, acrescentou
Ceballos.
Os
pesquisadores esperam que seu trabalho intensifique os esforços de conservação,
a manutenção dos serviços dos ecossistemas e políticas públicas.
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