A
propósito do texto “A retórica ‘científica’ em ação: evolução e gravidade”,
esta declaração comprometedora de Richard Lewontin se encaixa muito bem: “Nós
ficamos do lado da Ciência, apesar do patente absurdo de algumas de suas
construções, apesar de seu fracasso para cumprir muitas de suas extravagantes
promessas em relação à saúde e à vida, apesar da tolerância da comunidade
científica em prol de teorias certamente não comprovadas, porque temos um
compromisso prévio, um compromisso com o materialismo. Não que os métodos e
instituições da ciência de algum modo noa compelem a aceitar uma explicação
material dos fenômenos do mundo, mas, ao contrário, somos forçados por
nossa adesão prévia ao conceito materialista do Universo a criar um aparato de
investigação e um conjunto de conceitos que produzam explicações materialistas,
não importa quão contraditórias, quão enganosas e quão mitificadas para os não
iniciados. Além disso, para nós o materialismo é absoluto; não podemos permitir
que o ‘pé divino’ entre por nossa porta.”
(Richard Lewontin, considerado
o pensador evolucionista mais influente e um dos biólogos mais celebrados da
atualidade. New York Reviews of Books, maio de 1987)