Sem
a esperada presença dos ministros de Minas e Energia (Edison Lobão) e de
Ciência e Tecnologia (Marco Antônio Raupp), a CPRM (Companhia de Pesquisas de
Recursos Minerais) anunciou hoje (6), no Rio, indícios de um continente submerso
em frente à costa brasileira. Fruto de uma missão em parceria com o Japão, os
primeiros mergulhos feitos na região conhecida como Elevado Rio Grande, uma
cordilheira submersa no sul do país, a mil quilômetros da costa do Rio de
Janeiro, revelaram a existência de granito, rocha continental, onde se pensava
existir apenas rochas vulcânicas. Outras expedições já haviam encontrado
indícios de outros minerais no fundo do oceano, como minério de ferro,
manganês, cobalto e até mesmo terras raras. De acordo com o diretor da CPRM,
Roberto Ventura, a descoberta do continente perdido é a maior novidade da
expedição em parceria com o governo japonês, que lidera uma campanha no
Atlântico Sul feita pelo navio Yokosuka, que hospeda o submersível Shinkai
6.500.
O
navio custou US$ 100 milhões ao governo japonês e o Shinkai 6.500, US$ 130
milhões, investimentos que segundo pesquisadores brasileiros estão fora da
realidade do Brasil. Sem esses equipamentos, o país levaria anos para confirmar
as suspeitas de que uma parte do continente sul-americano se desprendeu durante
a separação do Brasil e da África, caindo no solo do oceano. Nos últimos quatro
anos, o Brasil investiu cerca de R$ 80 milhões em pesquisas no Elevado Rio
Grande.
“O
Elevado do Rio Grande sempre foi compreendido como sendo de rochas vulcânicas,
semelhantes às da África, mas vimos agora que não são vulcânicas, são
continentais”, disse Ventura. “É como se um continente tivesse afundado na época
da separação da África. Não sei o que juridicamente isso implica, mas do ponto
de vista científico e técnico, encontrar um continente perdido é uma grande
novidade”, complementou.
A
CPRM abrirá uma licitação nos próximos dois meses para que uma empresa de
perfuração recolha mais amostras e confirme a existência do continente
submerso, o que só deve ocorrer no final do ano, avaliou Ventura.