Em muitos
lugares ao redor do mundo, casais estão vivendo mais e tendo menos filhos. A
mudança na reprodução e longevidade humana pode estar afetando o modo como a seleção natural age sobre o tamanho do
corpo feminino. Uma nova pesquisa mostra que, graças a esse novo estilo de vida
das pessoas, as mulheres tendem a ser mais altas e magras. Isso porque mulheres
com esse biotipo tendem a ter mais filhos. O fenômeno foi observado em
comunidades rurais na Gâmbia, mas estudiosos acreditam que pode ser observado
no resto do mundo. Pesquisadores da Universidade de Durhan (Inglaterra)
analisaram dados de duas comunidades femininas na Gâmbia, coletados pelo
Conselho de Pesquisa Médica do Reino Unido entre 1956 e 2010. Essas informações
forneceram o peso, altura e índice de massa corporal (IMC) das habitantes das
aldeias durante quatro gerações.
Durante
esse período, a vida das mulheres mudou consideravelmente, com o declínio
acentuado de taxas de mortalidade e natalidade. Pesquisadores acreditam que isso
está relacionado com a melhoria da nutrição e cuidados médicos nas comunidades,
que receberam uma nova clínica de saúde em 1974.
O peso e a
altura das mulheres também mudou ao longo dos anos. A análise feita no estudo
mostrou que a seleção natural para a reprodução inicialmente favorecia as
mulheres baixas e mais gordas, mas com o tempo passou a beneficiar as mulheres
mais altas e magras, que passaram a ter mais filhos que a média.
Os
pesquisadores afirmam que não é totalmente claro por que a seleção natural
mudou a média do tamanho do corpo das mulheres ao longo dos anos. Em parte,
isso pode ter acontecido porque a seleção começou a atuar menos na mortalidade
– anteriormente elevada na região – e mais na fertilidade ao longo do tempo.
Mas outras mudanças ambientais podem ter desempenhado um papel importante
também.
Como as
taxas de mortalidade e natalidade estão se alterando por todo o planeta, a
seleção pode ser observada em ação por outras regiões do mundo, de acordo com
pesquisadores.
Nota:
Esse é um bom exemplo de “microevolução” (ou diversificação de baixo nível) em
ação. Quando certa característica já
presente na espécie se torna vantajosa, acaba predominando, sendo
selecionada. Mas note que não há qualquer tipo de adição de informação genética
aqui (o que ocorre, muitas vezes, é a perda de informação). Há apenas a seleção
de uma informação já presente no patrimônio genético. A configuração do corpo
feminino pode mudar ao longo do tempo, mas, por causa disso, as mulheres nunca
deixarão de ser o que são para se tornar, digamos, girafas.[MB]