Uma
descoberta paleontológica no Agreste pernambucano intriga moradores da região e
pesquisadores. Com a forte estiagem que abate o Nordeste brasileiro, uma
espécie de lago entre pedras no topo de uma serra no sítio Carneirinhos, em
Dois Riachos, na zona rural de Caruaru, a 130 quilômetros do Recife, secou
completamente pela primeira vez, revelando centenas de fragmentos de fósseis de
animais pré-históricos [sic]. Entre eles, há exemplares da megafauna, que
habitaram a região na conhecida Era do Gelo, há pelo menos 10 mil anos atrás. Com
as chuvas das últimas semanas, o reservatório voltou a encher, mas a
curiosidade permanece. Aos poucos, o local começou a virar ponto turístico. A
comunidade científica já se debruça sobre o material a fim de datar os ossos e
descobrir quando eles foram parar naquele lugar. O G1 foi conhecer o “cemitério
de fósseis”, que ainda guarda possíveis pinturas rupestres.
O
responsável pela descoberta dos ossos foi o agricultor José Carlos Silva,
contratado pelo proprietário do sítio para limpar a lama que cobria o
reservatório, cujo fundo chega a quatro metros. Pelas diferentes colorações nas
paredes é possível enxergar os níveis que a água chegou ao longo do tempo. “Logo
no primeiro metro, já apareceu um ‘bocado’ [de ossos]. Eu tomei um susto. Moro
há 41 anos aqui e nunca tinha visto isso. Achei fantástico, pensava que era de
dinossauro. Parei o serviço para avisar ao patrão”, contou.
Professora de História, Elenilma Melo, esposa do proprietário do terreno, foi quem percebeu o valor da descoberta. “Eu disse: ‘Não bole em nada aí’, pois sabia que era tudo muito frágil, podia quebrar. Procurei outros colegas de trabalho, que entraram em contato com a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). A notícia tem se espalhado e a gente está cada vez mais ansioso para saber o que tem lá [na lago]”, comentou. “Nossa ideia é preservar o local para guardar esse pedaço da história. A casa está aberta para quem quiser nos visitar”, complementou o comerciante José Severino Silva, dono do sítio.
Professora de História, Elenilma Melo, esposa do proprietário do terreno, foi quem percebeu o valor da descoberta. “Eu disse: ‘Não bole em nada aí’, pois sabia que era tudo muito frágil, podia quebrar. Procurei outros colegas de trabalho, que entraram em contato com a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE). A notícia tem se espalhado e a gente está cada vez mais ansioso para saber o que tem lá [na lago]”, comentou. “Nossa ideia é preservar o local para guardar esse pedaço da história. A casa está aberta para quem quiser nos visitar”, complementou o comerciante José Severino Silva, dono do sítio.
O
biólogo Alexandre Nunes já analisou algumas peças e identificou, por exemplo,
partes de uma mandíbula, de um fêmur e de uma terminação do rabo de uma
preguiça gigante, que devia medir seis metros. Também há fósseis de tatus, que
na época eram do tamanho de um Fusca; de mastodonte e toxodonte, parentes
distantes do elefante e do hipopótamo, respectivamente. “Sabe aquele filme ‘A
Era do Gelo’? São animais daquele período geológico, o Pleistoceno, que
habitavam essa região, favorável à sobrevivência deles, sem mata fechada e com
comida. Eles foram extintos por conta das mudanças climáticas, passaram por
quatro eras glaciais”, explicou.
O
paleontólogo Gustavo Ribeiro, professor do Departamento de Biologia da UFRPE,
está responsável pela análise do material. "Já pegamos mandíbula, ossos
longos e ossos menores, cerca de 10 a 15 materiais, que serão estudados para
divulgação científica até o fim deste ano. Acredito que os animais iam buscar
água naquele local e morriam próximo dali, e as enxurradas levavam os ossos
para o fundo daquela depressão [sempre a explicação das enxurradas...]. Agora, quando foram parar ali, vamos ter que
usar técnicas de isótopos radioativos, como caborno-14, para datação",
argumentou o estudioso, que voltará ao sítio, na próxima semana, para recolher
mais amostras.
Esta não é a primeira jazida fossilífera localizada em Pernambuco. Segundo a paleontóloga da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Alcina Magnólia Barreto, há ocorrências em pelo menos 40 municípios do estado. A maior parte fica em Brejo da Madre de Deus, perto do sítio em Dois Riachos, onde há 15 depósitos identificados.
Esta não é a primeira jazida fossilífera localizada em Pernambuco. Segundo a paleontóloga da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Alcina Magnólia Barreto, há ocorrências em pelo menos 40 municípios do estado. A maior parte fica em Brejo da Madre de Deus, perto do sítio em Dois Riachos, onde há 15 depósitos identificados.
E
eles dão pistas sobre as características dos fósseis encontrados na região.
"A datação deles tem ficado entre 50, 60 e 70 mil anos atrás [segundo a cronologia evolucionista]. Entre os
fragmentos coletados, estavam ossos petrificados de preguiças, lhamas,
toxodontes, mastodontes", apontou. "É importante preservar essa
recém-descoberta porque ela pode ser um local chave na compreensão da ocupação
da área pela fauna e pelo homem pré-histórico [sic]", complementou.
No sítio em Dois Riachos, um paredão com a ponta mais curva, que serviria de abrigo aos nossos ancestrais, tem possíveis pinturas rupestres, que ainda serão pesquisadas. "São desenhos que representam o cotidiano dos homens pré-históricos, que podem ter coexistido ou não com os animais gigantes, isso precisa ser estudado", explica o biólogo Alexandre Nunes.
No sítio em Dois Riachos, um paredão com a ponta mais curva, que serviria de abrigo aos nossos ancestrais, tem possíveis pinturas rupestres, que ainda serão pesquisadas. "São desenhos que representam o cotidiano dos homens pré-históricos, que podem ter coexistido ou não com os animais gigantes, isso precisa ser estudado", explica o biólogo Alexandre Nunes.
Nota:
Mudanças climáticas, simplesmente, parecem não explicar convenientemente a
abundância de fósseis (que precisam de soterramento instantâneo em lama para
serem preservados) numa região alta e tão distante do mar – e isso ocorre em
diversas partes do mundo. É mais uma evidência de que em alguma ocasião no
passado o sertão virou mar, e essas águas cobriram rapidamente animais de
grande porte, diferentes dos seus descendentes atuais (algo previsto pelo
criacionismo).[MB]
Leia também: "O coelho gigante de Menorca"
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