Linda.
Provocante. Dona de um corpo quase perfeito. Ninguém teve maior intimidade com
as câmeras do que ela. As objetivas pareciam sugá-la, transformando-a num ícone
feminino que exalava sensualidade. Expunha-se sem constrangimento e adorava ser
vista nua. A maior estrela produzida por Hollywood, Marilyn Monroe, era dona
não só de um belo corpo, mas também de uma triste história. Por trás da bela
atriz, havia uma mulher solitária e esquizofrênica. Marilyn tinha obsessão por
espelhos. Era vista muitas vezes parada, horas a fio, diante da própria imagem,
idolatrando-se. Uma atriz em pânico, que vomitava antes de cada tomada de cena
e tinha convulsões quando precisava interpretar uma fala. Com uma vida
desregrada e frustrada em seus casamentos, Marilyn não tinha limites para suas
aventuras sexuais. Vivia à custa de barbitúricos, anfetaminas, tomava injeções
de Nembutal três ou quatro vezes por dia e tinha pilhas de remédios
antidepressivos e estimulantes. Usou drogas de todos os tipos e quilates até
sua morte, precoce, aos 36 anos – por overdose. Ninguém no cinema foi mais
insegura, solitária, desesperada e infeliz que Marilyn Monroe: uma prisioneira
de si mesma.
“Ser
livre é fazer o que eu quero, não ter limites.” Esse é o conceito de liberdade
mais comum hoje. O exemplo de Marilyn mostra que “fazer o que eu quero” nem
sempre implica ser livre. Uma vida sem princípios morais pode, no fim das
contas, ser um grande prejuízo – uma existência vazia.
Estudos
mostram que os limites fazem parte da formação do ser humano. A ausência deles
pode levar à histeria, ataques de raiva, distúrbios de conduta, incapacidade de
concentração, dificuldade para concluir tarefas, baixa produtividade, problemas
psiquiátricos, etc.
Por
outro lado, quem aprende a viver com os limites tem mais chances de afirmar a
autoestima e a autonomia, ser equilibrado e bem-sucedido. Por isso, a Bíblia é,
ao mesmo tempo, o livro dos limites (Êx 20:3-17) e da liberdade (Jo 8:32; Lc
4:18; 2Co 3:17; Gl 5:1; Tg 2:12). Os “nãos” de Deus são sempre para o nosso
bem.
(Eduardo Rueda, editor
associado de livros na Casa Publicadora Brasileira)
Fontes: Marilyn Últimas
Sessões, de Michael Schneider (Alfaguara, 2006); “Minha pele, meu vestido”,
resenha de Ignacio de Loyola Brandão; “A importância do senso de limites para o
desenvolvimento da criança”, de Daisy A. Almasan e Alex L. T. Álvaro (Revista
Científica Eletrônica de Psicologia, nov. 2006)