Bíblia e ciência de mãos dadas |
Os
adventistas do sétimo dia são orientados desde cedo a seguir o padrão alimentar
estabelecido por Deus na semana da criação: “Eis que vos dou todas as plantas
que nascem por toda a terra e produzem sementes, e todas as árvores que dão
frutos com sementes: esse será o vosso alimento” (Gn 1:29, King James
Atualizada). Esse era o plano para que o ser humano vivesse um estilo de vida
saudável que lhe proporcionasse mais saúde e longevidade, pois o propósito do
Criador para o ser humano era o de que tivesse “vida e vida com abundância”
(Jo10:10), e esse propósito nunca mudou. Porém, após o dilúvio, devido a um
conjunto de fatores, tais como o pecado e a permissão da passagem da alimentação
natural (vegetais, legumes e sementes) para o consumo temporário (emergencial)
de carne, devido à escassez de vegetação pós-diluviana (Gn 9:3), a duração da
vida humana encolheu drasticamente (compare Gênesis 5 com Gênesis 11:24, 25) e,
eventualmente, chegou até cerca de 70 anos de idade, como no caso do rei Davi
(2Sm 5:4, 5; Sl 90:10). O fato é que a permissão temporária de carne (após o
dilúvio) fez com que o ser humano sentisse tanto prazer em sua ingestão, que
desde então não parou mais.
Vendo
Deus que as gerações pós-diluvianas se distanciaram das orientações dietéticas
dadas por Ele na semana da criação, foram instituídas, por meio de Moisés, ordenanças
alimentares para o Seu povo a fim de que se minimizasse, assim, o impacto da ingestão
cárnea sobre a saúde humana. As leis dietéticas do Antigo Testamento são
encontradas em Levítico 11 e Deuteronômio 14. Essas leis tiveram, e ainda
hoje têm o propósito de separar os animais limpos e comestíveis dos animais
imundos e não comestíveis (Lv 11:47). Mas quais seriam as evidências que
dariam o respaldo necessário para afirmarmos que essas leis vigoram ainda hoje?
A ciência certamente pode nos “dar uma mãozinha”!
Em
1953, um estudo realizado pelo médico farmacologista David I. Match, publicado
pela John Hopkins University School of Medicine, realizou três experimentos com
as categorias de animais quadrúpedes, aves e peixes.[1] Os resultados
demonstraram que todos esses animais descritos em Levítico 11 e Deuteronômio 14
como sendo impuros (proibidos como alimentos) foram considerados tóxicos para o
ser humano, ao passo que todos os animais descritos na Bíblia como limpos (liberados
como alimentos) não ofereceram risco algum de toxicidade à saúde humana. Esse
estudo forneceu provas científicas sólidas de que as carnes declaradas imundas em
Gênesis realmente poluem nosso corpo com toxinas prejudiciais. Essas toxinas,
com o tempo, se acumulariam no organismo fazendo-o adquirir todos os tipos de
doenças.
Nós,
criacionistas adventistas, entendemos que a morte de Cristo na cruz eliminou o
significado cerimonial das leis dietéticas das Escrituras, não sendo a ingestão
de carnes o motivo de salvação ou perdição, no entanto, o sacrifício na cruz em
nada mudou a anatomia do ser humano ou a anatomia de um porco ou outro animal
imundo. Animais impuros e insalubres para a saúde humana daquela época continuam
sendo em nossa época também.
Por
outro lado, a ciência tem nos ajudado a entender que os planos originais de
Deus para o ser humano – a dieta vegetariana – ainda são, em nossos dias, a
melhor opção para uma vida mais saudável e longeva. Em 2014, um estudo
demonstrou que o consumo de carne está diretamente associado ao desenvolvimento
da Doença de Alzheimer.[3] O líder da pesquisa é o Dr. Neal Bernard, professor
de medicina na Universidade George Washington e presidente do comitê de
Medicina Responsável dos Estados Unidos. Para ele, “comer carne e queijo é como
ir adicionando balas num revolver para brincar de roleta russa, no que diz
respeito à doença de Alzheimer”.[4]
Foi
observado no estudo que pessoas que ingeriam gorduras saturadas e gorduras
trans tinham entre 2 e 3,5 vezes maior chance de desenvolver a doença de
Alzheimer do que aqueles que consumiram menor quantidade dessas gorduras. O
estudo sugeriu também que os alimentos bons para o coração são igualmente bons
para a cabeça. “Se você tem colesterol alto, o risco de contrair a doença de
Alzheimer foi demonstrado muito maior”, disse Barnard.[4] Além disso, “as
pessoas que tiveram mais vitamina E em sua dieta tiveram uma redução de cerca
de 50% do risco da doença de Alzheimer”, disse Barnard. A vitamina E deve
vir de alimentos como nozes, vegetais de folhas verdes e cereais integrais, em
vez de suplementos, de acordo com as orientações.
Ademais,
está bem estabelecido que, à medida que uma pessoa envelhece, o organismo usa
um mecanismo de compensação para que a multiplicação celular continue a
acontecer, ao passo que os telômeros (ponta dos cromossomos) vão se desgastando
e encurtando. Em 2013, um estudo já havia descoberto que é possível reverter
esse processo e fazer com que os telômeros voltem a crescer.[5] Ou seja,
tornando o ser humano literalmente mais jovem. A amostra do estudo (10 idosos)
foi submetida a uma dieta controlada, com apenas 10% de gordura e rica em
alimentos saudáveis (verduras, legumes e grãos integrais). Também tinham que
fazer exercícios diários. Cinco anos depois, seus telômeros haviam crescido 10%
– quando o normal seria encolherem 3%.
Assim,
é possível perceber que podemos, sim, decidir viver mais. A Bíblia nos diz onde
estão os limites. Se ignorarmos suas diretrizes, vamos pagar o preço em
nosso corpo e em nossa vida; mas, se vivermos de acordo com as orientações
bíblicas, teremos vida em abundância.
(Everton Alves)
Referências:
[1] Macht DI. “An experimental
pharmacological appreciation of Leviticus XI and Deuteronomy XIV.” Bull Hist Med. 1953
Sep-Oct;27(5):444-50. Disponível em: http://www.friendsofsabbath.org/Further_Research/Health/-Appreciation%20of%20Leviticus%20XI%20and%20Deuteronomy%20XIV.pdf
[2] Barnard ND, Bush AI,
Ceccarelli A, Cooper J, de Jager CA, Erickson KI, Fraser G, Kesler S, Levin SM,
Lucey B, Morris MC, Squitti R. “Dietary and lifestyle guidelines for the
prevention of Alzheimer’s disease.” Neurobiol
Aging. 2014 Sep;35 Suppl 2:S74-8.
[3] Barnard ND, et al. “Dietary
and lifestyle guidelines for the prevention of Alzheimer’s disease.” Neurobiol Aging.
2014 Sep;35 Suppl 2:S74-8.
[4] Condon S. “Aspen Institute
speaker: Go vegan to reduce Alzheimer’s risk.” The Aspen Times, 2015. Disponível em: http://www.aspentimes.com/news/17559443-113/aspen-institute-speaker-go-vegan-to-reduce-alzheimers
[5] Ornish D, Lin J, Chan JM,
Epel E, Kemp C, Weidner G, Marlin R, Frenda SJ, Magbanua MJ, Daubenmier J,
Estay I, Hills NK, Chainani-Wu N, Carroll PR, Blackburn EH. “Effect of
comprehensive lifestyle changes on telomerase activity and telomere length in
men with biopsy-proven low-risk prostate cancer: 5-year follow-up of a
descriptive pilot study.” Lancet Oncol.
2013 Oct;14(11):1112-20.